O embalado Verdão. Coluna Mário Marinho

O embalado Verdão

COLUNA MÁRIO MARINHO

Ao contrário da música de Baby do Brasil que canta: “Lá vai o Brasil descendo a ladeira”, o que se vê no Paulistão atual é o Verdão subindo, impávido e colosso, a ladeira do nosso futebol doméstico.

Time que mais investiu – e investiu certo – o Palmeiras tem 9 pontos ganhos em 12 disputados.

Parece não ser nada assim tão fabuloso, pois o Corinthians tem os mesmos números.

A diferença é que o Verdão encanta quem gosta de bom futebol, enquanto o Corinthians faz sofrer até quem não torce por ele.

Um pouco mais de números: o Corinthians marcou 3 gols em 4 jogos; nestes mesmos quatro jogos, o Verdão marcou 7.

Dos grandes, outro que brilha, é o São Paulo que já marcou 12 gols nos mesmos 4 jogos (só que sofreu 9).

O Santos, atual campeão e favorito para vencer pela terceira vez consecutiva, amarga o terceiro lugar em seu grupo, com seis pontos em quatro jogos – duas vitórias, duas derrotas.

Como acontece constantemente no Paulistão, sempre aparece um time do interior para brilhar.

Desta vez, é o Mirassol, clube da cidade de mesmo nome que fica a cerca de 450 quilômetros da Capital, ao norte do estado, com cerca de 58.000 habitantes.

Pois o Mirassol é o único invicto após quatro rodadas do Paulistão e soma 10 pontos, com 3 vitórias e 1 empate; marcou 10 gols e sofreu 4.

Como só foram disputados até agora quatro rodadas das 12 previstas nessa fase de classificação, ainda resta muita água para fazer rodar moinhos.

Estaremos acompanhando.

Agora, se divirta com os gols do Fantástico.

https://youtu.be/jH6AFGv_TCk

Ainda
Jorge Mendonça

jorge mendonça
Há poucos dias, falei aqui neste espaço sobre o 11º aniversário da morte de Jorge Mendonça.

Recebo hoje um belíssimo texto que me foi enviado pelo jornalista Toinho Portela, apaixonado torcedor do Náutico onde se extasiou com as jogadas magistrais de Jorge Mendonça.

Ele me explica que o belo texto em questão é de autoria do médico Lucídio José de Oliveira, 80 anos, verdadeira enciclopédia no que se trata da história do Náutico, fundado em 1901.

Leia o texto:

Jorge Mendonça deixou saudade

Uma avis rara no futebol de hoje. Como ele não se vê mais. Jogava com elegância e leveza, como se o primeiro compromisso fosse com a arte do jogo e a beleza do espetáculo. No Náutico criou uma legião interminável de fãs. Mas teve de lutar o tempo todo contra a incompreensão dos que vão ao estádio em busca apenas do resultado. Claro, ninguém quer sair de campo derrotado. Mas a vitória através do talento e da arte tem muito mais sabor.

Jorge Mendonça deixa saudades aos amantes do bom futebol. Vocação de artilheiro, tratava a bola com a delicadeza dos iluminados e a precisão do chute a gol de quem via na jogada dentro da área o que ninguém mais via. Surpreendia a todos com o toque refinado e a bola bem colocada, longe do alcance do goleiro. Seu treinador no Náutico, Orlando Fantoni, vaticinou para ele toda a glória e o reconhecimento do futebol mundial. Comparava-o a Cruyff, numa época em que o holandês, o craque da moda, servia de parâmetro assim como acontecera com Pelé uma década antes.

Pena que a ele, Jorge Mendonça, uma das estrelas na inesquecível conquista do Náutico em 74, tivesse faltado gana para desfazer um equívoco criado em torno do seu futebol. Refiro-me à existência de um disfarçado desencontro dele com sua torcida, aqui e por onde passou, no Palmeiras, no Vasco, no Guarani, torcida que estava sempre a exigir do artilheiro além dos gols e das belas jogadas, um futebol de mais vigor, o que não fazia sentido com seu inconfundível estilo de jogador leve e cerebral.

Jorge Mendonça descendia de uma linhagem de craques hoje em extinção, que ia, para ficar na comparação apenas com os do seu tempo, de Reinaldo do Atlético a Zico do Flamengo. Quem hoje se atreve a jogar assim, em especial vindo com a bola dominada desde o meio-campo, como habitualmente fazia Jorge Mendonça, sem espaço e sem o rigor que seria lícito esperar dos árbitros com relação aos volantes de contenção e zagueiros ruins de técnica, destinados apenas a parar a jogada a qualquer custo?

Lembrado pelo viés folclórico de ser o recordista de aquecimento à beira do gramado, com seus mais de trinta minutos de espera para substituir Zico num jogo da Copa da Argentina em 78, Jorge Mendonça detém, porém, duas marcas de fazer inveja a qualquer um. O de recordista brasileiro como autor de todos os tentos de uma goleada, na vitória do Náutico contra o Santo Amaro por 8 x 0 em agosto de 74, o que lhe valeu no dia seguinte, a honrosa e precisa manchete de um jornal da cidade: “Jorge Mendonça 8 x 0 Santo Amaro”. O outro recorde, nada desprezível: o de segundo maior artilheiro do Campeonato Paulista na era pós-Pelé, com seus 38 gols pelo Guarani em 1981, depois de o craque da camisa 10 ter ido além dessa marca, convém registrar, em mais de uma oportunidade nos seus tempos de reinado no Santos.

Jorge Mendonça deve ser lembrado ainda por um fato raro, hoje mais difícil de ocorrer do que antigamente. Trocando o futebol carioca pelos gramados recifenses, o Bangu pelo Náutico, aqui revelado como craque e artilheiro, retornou consagrado aos estádios do eixo Rio/São Paulo, para o encontro com a glória de ser convocado para a Seleção Brasileira na disputa de uma Copa do Mundo.

(Toinho Portela)

Gente que Fala

Nesta segunda-feira, compareci ao programa Gente que Fala, criação do jornalista Fausto Camunha e apresentação do também jornalista Zancopé Simões.

gente que fala

São 60 minutos de um agradável bate-papo – transmitido pela rádio Trianon – SP, pelo YouTube e pela All TV.

Entre no link:

www.youtube.com/watch?v=0Yn3ZqTKwJU&feature=youtu.be

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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