Feminismo. Por Meraldo Zisman

Feminismo

 Por Meraldo Zisman

… Para as mulheres, esta história de pós modernidade não existe. Aprendi no meu tempo de escola, que o estado físico ou líquido de um corpo, como aquilo que flui ou corre, toma sempre a forma dos recipientes em que se encontra. Pelo que sinto, vejo e, escuto, a mulher d’agora, não é mais liquida como outrora, e sim, bastante sólida, como a mulher costuma ser.
Feminismo é movimento político daqueles que preconizam a ampliação legal dos direitos civis e políticos da mulher, ou a equiparação dos seus direitos aos do homem. Do ponto de vista médico: é a presença, congênita ou adquirida, de caracteres sexuais secundários femininos em homem.
Assunto sobre feminismo sempre me atraiu. Razões as tenho, e de sobra, pelo ramo da medicina que abracei (pediatria), durante a maior parte de minha vida profissional e, agora, exercendo a Psicoterapia. Lidei com elas como mães, esposas, namoradas, colegas, amigas, companheiras, empregadas e patroas. Não menos com jovens, velhas, maduras, inteligentes, burras e, tenho encontrado nelas, das mais diferentes situações socioeconômicas e categorias sociais, um sentido de vida bem diferente do homem. Atendo seus filhos e filhas, muitos deles e delas, agora, também, pais e mães.
As antigas mães de meus clientes de pediatria, me procuram para conversarmos e, algumas delas, tornam-se minhas pacientes. No caso, não por doença e, sim, para tirarem melhor proveito da vida nos tempos atuais.  Algumas vezes, o pai, também me procura.  Mas, é menos comum.  Sorte a minha, se é que isto existe, de continuar convivendo com elas e eles, ainda que não assiduamente, mas, por mais tempo. A pediatria acaba, mais a amizade permanece.
Há mais mulheres em busca de psicoterapia, não porque exista, demograficamente, mais mulheres que homens, mas, porque as condições das mulheres evolucionaram-se, de tal maneira, que a camada do social, ou, do aprisionamento, foram rompidas e, jamais, em tempo algum, significaram e abrangeram tão intensa e rápida aberturas conseguidas, ainda que, à força.
Apesar de saber, que o caminho a percorrer é muito amplo, um vasto território a ser desbravado, perdura em perder-se na linha do infinito, mas, elas não se abatem. Estes acontecimentos, jamais podem ser explicados por razões apenas demográficas e/ou psicossociais, econômicas e, muito menos, por razões de Mercado. Elas mudaram, sendo elas mesmas, as principais agentes da própria evolução e, com isto, arrastaram a dinâmica social para novos espaços, e, compreensivamente, desejam estar/ser mais adaptadas e adotantes à nova etapa que alguns respeitáveis intelectuais, denominam de Tempo Líquido. Pouco tem de liquido. É sólida e real. É verossímil.
… Elas lutam por uma melhor qualidade de vida para a Humanidade e, são, sem dúvida alguma, por natureza, persistentes e corajosas.
Para as mulheres, esta história de pós modernidade não existe. Aprendi no meu tempo de escola, que o estado físico ou líquido de um corpo, como aquilo que flui ou corre, toma sempre a forma dos recipientes em que se encontra. Pelo que sinto, vejo e, escuto, a mulher d’agora, não é mais liquida como outrora, e sim, bastante sólida, como a mulher costuma ser.
De qualquer maneira, sem a emancipação feminina o que hoje vemos e assistimos, demoraria mais tempo para acontecer. A implicação do prolongamento/qualidade da vida, seria impossível, e, seria, no mínimo, insuportável sem elas e, sobretudo, a quebra de tabus pareceriam eternos.
Apesar disto, contado e provado, um dia desses, passeando pelo Google, o que me chamou a atenção, foi a repercussão, ainda enorme, de um livro de uma psicanalista mexicana-americana, não somente pela abordagem do assunto, e mais, pelo título:  Mulheres que correm com os lobos – mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem; tradução de Waldéa Barcellos Rocco/ Rio de Janeiro/1999 – título original, Women Who Run With The Wolves / Copyright 1992, By Clarissa Pínkola Estés, Ph.D. No prefácio escreve a autora:
“Todas nós temos anseio pelo que é selvagem. Existem poucos antídotos aceitos por nossa cultura para esse desejo ardente. Ensinaram-nos a ter vergonha desse tipo de aspiração. Deixamos crescer o cabelo e o usamos para esconder nossos sentimentos. No entanto, o espectro da Mulher Selvagem ainda nos espreita de dia e de noite. Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas.”
Termino este comentário, com o que diz Millôr Fernandes, embora, também, não concorde com ele: “É a verdade, irmão. / É o que querem as mulheres, / A cada dia que passa / Mais e mais estão/ Presas à liberação”.
Não é verdade caríssimo Millôr! Você tem uma visão crepuscular do tempo!
Elas lutam por uma melhor qualidade de vida para a Humanidade e, são, sem dúvida alguma, por natureza, persistentes e corajosas.
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23/02/2011. Credito: Cecilia de Sa Pereira/DP/D.A Press. Recife/PE. Vida Urbana. Materia sobre a visita do presidente nacional da Associacao dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, o brigadeiro Helio Goncalves a sede dos Diarios Associados PE. O brigadeiro esteve acompanhado pelos senhores Eudes Souza Leao e Meraldo Zisman (NA FOTO).

Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. Foi um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha)

   

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