O ministro e as passas

Depois do insucesso dos últimos anos, nosso
Ministro da Fazenda, autodenominado “levantador de
PIB
”,
parece ter desistido do halterofilismo econômico. Agora, diz o ministro, “a geração de
empregos formais no País é tão ou mais importante do que o PIB
”. Caso algum dos 18
leitores tenha uma epifania com uma raposa desprezando um suculento cacho de
uvas peço não se culpe pelo clichê; também passei por isto e concluí que o
problema não era meu, mas do ministro, que não consegue escapar dos clichês nem
quando o país enfrenta uma situação inédita. Ou melhor: não consegue escapar
deles principalmente quando o país enfrenta uma situação inédita.
De fato, o ministro – conhecido na imprensa
internacional como o duende
previsor

–prometia até há pouco crescimento acelerado do PIB e publicamente fez pouco de previsões do setor
privado que apontavam para um desempenho muito inferior àquele por ele
garantido. Agora, finalmente percebendo o otimismo exagerado das suas
“previsões”, tenta, de forma nada discreta, um recuo, nem tático, nem
estratégico, apenas lento o suficiente para não passar (muita) vergonha, mas rápido
o bastante para não parecer provocação.
À parte o
constrangimento provocado por este triste espetáculo, o preocupante é a
dificuldade do governo em entender o que vem ocorrendo, em particular a
vagarosa retomada do crescimento num cenário em que a inflação permanece alta e
pressionada.
Esta combinação é o
resultado típico de uma economia que enfrenta restrições pelo lado da oferta.
Não se trata, é bom deixar claro, dos tais “choques de oferta” aos quais uns
tantos ainda atribuem (contra um caminhão de evidências em contrário) a
aceleração da inflação. Estas limitações refletem problemas mais sérios e
persistentes, como o esgotamento da disponibilidade de mão-de-obra, que
permitiu a aceleração do crescimento a partir da segunda metade da década passada,
bem como o nível reduzido do investimento, em particular em infraestrutura.
Posto de outra forma,
o desempenho recente sugere que a capacidade de crescimento sustentável do
Brasil é muito inferior àquilo que imaginávamos. No entanto, se há economistas
capazes de entender o problema, não estão no Ministério da Fazenda, que permanece
ainda preso à visão que atribui o fraco crescimento à demanda deficiente.
Não por outro motivo
as medidas tomadas com o objetivo de acelerar a expansão da economia têm como
foco precisamente a demanda, como incentivos ao consumo e uma considerável
expansão fiscal, seja pela via da desoneração tributária, seja pelo aumento do
gasto federal, com ênfase no gasto corrente. E, não por outro motivo,
fracassaram fragorosamente na tarefa de trazer o crescimento para qualquer
nível próximo daquele que o governo havia estabelecido como seu objetivo no
começo do mandato.
Sem as uvas do PIB,
restam, portanto, as passas do desemprego na lista de realizações
governamentais. Nada mal para quem, como eu, as aprecia, mas aí precisamos
saber se a façanha é sustentável, ou se, pelo contrário, acaba gerando novos
problemas que inviabilizem sua permanência.
No caso, como tive a
oportunidade de argumentar diversas vezes neste espaço, a elevação dos salários
por conta do mercado de trabalho apertado, a um ritmo muito acima do
crescimento da produtividade, tem sido um dos principais fatores impulsionando
a inflação. Apesar disto, é muito pouco provável que esta questão venha a ser abordada,
sobretudo às vésperas da eleição.
Isto dito, a teoria
econômica e a experiência histórica sugerem que se trata de situação
insustentável. Tentativas de manter o desemprego reduzido à custa de inflação
alta produzem apenas mais inflação sem ganhos persistentes de emprego. Cedo ou
tarde mesmo as passas ficarão verdes e não haverá fabulista capaz de escrever
uma história convincente sobre o nosso desempenho.
Levantando o PIB…
(Publicado 14/Mai/2013)

146 thoughts on “O ministro e as passas

  1. Excelente !!!
    Estas ações de curto-prazo, para perpetuar o governo no poder, vão destruir o que resta de um país.
    Infelizmente, daqui a pouco, vai chover bobagem da patrulhada.
    Parabéns.

  2. A saída do Nelson Barbosa tem a ver com a incapacidade do duende de "levantar o pib"? Até que ponto isso arranha ainda mais a imagem da equipe do duende?

  3. Meus caros,
    Como assim, não se olha a oferta? O governo neste momento está estudando palno de concentração econômica em diversos setores econômicos, buscando dar musculatura suficiente às empresas para que estas possam implementar planos duradouros de inovação tecnológica. É claro que alguns de vocês (que ESTUDARAM!!!!) devem estar se perguntando, como estas empresas vão poder se dedicar ao aumento de produtividade se estão sendo bombardeadas constantemente por concorrência externa? Simples, para manter a consistência deste magnífico plano, o governo estuda adotar, simultaneamente, forte proteção não-tarifária a estas empresas, permitindo qu estas gastem a força recém-adquirida na busca de maior produtividade, menor custo e maior e melhor produção para o consumo dos trabalhadores brasileiros!!!!!
    E vamo-que-vamo!!!!!
    Saudações
    PS: Esqueci do crédito!!!!! Isto tudo só será permitido e POTENCIALIZADO através de empréstimos especiais do BNDES (a fundo perdido???) finaciados através da trsnaferência de recursos do Tesouro ao mesmo banco (sei lá, uns 100 bilhões está bom???). VIVA O GOVERNO PROGRESSISTA!!!!

  4. "Precisa ver o currículo, né?"

    Mas vc já conhece o CV dele…

    Ele não tem pinta de que vai se colocar em um banco.

    Vai dar uma chance para ele ou não?

    Abraço.

  5. "Vc avalia convidar o Nersão para sua empresa de consultoria?

    Precisa ver o currículo, né?"

    Taí a maravilha:

    http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=P295639

    O sujeito que coloca como prêmio ter um paper selecionado pra publicação numa revista de 3a. linha nacional já está dizendo que a mediocridade será a marca d'água impressa em quase tudo que virá a fazer.

    Verdade seja dita: no universo dessas m…a de economista heterodoxo, ele está bem acima da média em termos de treino e raciocínio. Mas isso como dizer que ele é "the tallest midget in the room".

    Dito isto, ele nunca se propôs ser acadêmico, nem mesmo um ruim, de modo que via estar em boa companhia na consultoria do Alex.

  6. "Dito isto, ele nunca se propôs ser acadêmico, nem mesmo um ruim, de modo que via estar em boa companhia na consultoria do Alex."

    ô gênio, mostra seu CV pra gente…

  7. "ô gênio, mostra seu CV pra gente…"

    Hi Alex!

    er..meu anonimato não te diz nada?

    Anyhow…pelo seu argumento apenas chefs de cozinha podem reclamar da comida que comem em restaurantes. What a brilliant logic…burro much?

  8. A minha intenção ao sugerir ao Alex a contratação do Nersão foi só uma brincadeira, e tenho certeza que ele entendeu desta forma, o que não podia ser diferente…
    Não há a necessidade de discórdia, todos aqui concordamos que ele, como muitos outros, "estudou muito", mas aprendeu teorias equivocadas.

  9. Segundo o que sei do bizarro world da heterodoxia, Nelson Barbosa é da ala pró-politica fiscal em qualquer momento. O Arno seria da ala "cambio cambio cambio" e possivelmente aberto a ajuste fiscal… Acho que o Barbosa sair é um bom sinal.. Bom sinal seria todos sairem na verdade

  10. Alex,

    Poderia esclarecer para um de seus 18 leitores (talvez nao dos mais atentos) o que teria nesse "caminhão de evidências em contrário".

    Muito encarecido se pudesse listar de forma didatica. Do jeito que esta, parece mais retorica…

    Abracao

    Julio

  11. "Poderia esclarecer para um de seus 18 leitores (talvez nao dos mais atentos) o que teria nesse "caminhão de evidências em contrário"."

    Eu não sou dos mais atentos, e, portanto, não posso condenar os demais, mas, no caso, não precisa ser atento; só descer um pouco nos posts do blog.

    Leia e depois comente.

  12. alexandre,

    voce poderia parar com essa tonteria de "os 18 leitores" ja que sabe que tem muito mais e que esse cliche ja cansou. muito usado por ai. justo voce um cara que tem uma cabeca um pouco mais cheia de conhecimento util. inclusive comemora e agradece quando os numeros aumentam (outra besteira pois a qualidade ou carater dos leitores pode ser bem baixos — no meu caso a qualidade he baixa).

  13. Alex

    Anônimo 16 de maio de 2013 09:11 está certo.

    Talvez no começo fossem "18 leitores". Mas acho que agora você acertou a mão. No estreito limite de coluna de jornal você tem conseguido escrever bem e com clareza para um público que não necessariamente tem formação em economia.

    E mais. Fossem apenas "18 leitores" a turma do esgoto financiada por grana estatal não estaria ocupada com o que você escreve. Não é o caso, conforme pude ver pelo link enviado acima por outro leitor.

    Lancei pesquisa no Google: "Alexandre Schwartsman" + "brasil247"

    "Aproximadamente 919 resultados", informou o Google.

    Não fui olhar o conteúdo de cada resultado. Simplesmente não me interessa. Registro o score do Google somente a título de curiosidade, como um indicador do que escorre nesse esgoto.

    No link da 247 enviado acima por outro leitor, registro:

    Paudurolato de Gebamicina 15.05.2013 às 11:35
    Esses economistas sempre sugerem oque os patrões banqueiros pedem…Especificamente esse JUDEU de merda, deveria ir para ISRAEL e lá ficar com os seus. Juros é algo que nem deveria existir visto que o leverage desses caras é um absurdo. Emprestam dinheiro que não existe e recebem de volta o suado dinheiro do brasileiro. Aumento de juros é algo simples para esses FILHOS DA PUTA. Quero ver é ser mais competitivo.

    Para que serve um judeu-sionista como este vagabundo? 15.05.2013 às 10:33
    Para bagunçar a nação onde vive, pois sendo apátrida, quanto mais estrago fizer melhor, deseja apenas espalhar o caos, pois assim a pilhagem da nação onde vive se torna mais fácil.

  14. Realmente lamentável esses comentários do esgoto Brasil247.

    Se esses babaquas soubessem o valor que Economistas do calibre do Alexandre, Mansueto, Léo Monastério, e demais tem… concerteza não iriam falar isso.

    Mas que pena para eles, vão continuar burros do mesmo jeito, ou melhor, vão se f…

    Abs

  15. Eu li uma vez um artigo na Lancet ou na Nature que estabelecia que nunca foi encontrado um anti-semita com um pênis maior que 10 centimetros. Não sei se é verdade, mas consigo entender a alta correlação entre anti-semitismo, predisposição à crença em teorias de conspiração e impotência ou inabilidade de satisfazer uma mulher.

    Marquês de Safo

  16. Anti-semitas são a escória, mas na semana em que o Stephen Hawking se manifestou contra o governo de Israel, teve muito judeu no meu facebook com argumentos tão bons quanto desse site aí que postaram.

    Criticar o governo Chines = Ser contra o governo Chinês

    Criticar o governo Francês = Ser contra o governo Francês

    Criticar o governo de Israel = Ser um nazista anti-semita maléfico que quer ver a morte de todos os judeus

  17. "Esses turcos irresponsáveis, deve estar cheio de quermesseiro por lá, não é mesmo?"

    E como! Nos últimos 7 anos tiveram inflação, em média, quase 3 pontos acima da meta.

    Aliás, foi este pessoal que inventou usar compulsório para lidar com inflação em 2010-11 e perdeu a meta de 2011 por singelos 5 pontos percentuais (4,9%, mas quem está contando?).

    São um exemplo para o resto do mundo…Legal você ter percebido a influência quermesseira lá, parabéns.

  18. Alex, texto irretocável e a imagem hilariante pra variar.

    Não sei pq me lembrei da imagem do burro correndo atrás da cenoura pendurada na vara, presa no proprio burro.

  19. Aposto que o naçif entra aqui escondido
    aposto que ele comenta, algumas bobagens só podem vir de alguem do quilate dele

    Amigo Naçif, deixei de ler o seu blog no exato dia que vc iniciou uma campanha antisionista agressiva entre os piores elementos do seu blog que vc sempre dizia, jurava, moderar. Fiquei indignado com isso e olha que nem sou judeu, pra sua sorte cara, senão tinha lhe arrebentado a cara, o que ainda pode lhe ocorrer se um dia vc se meter com os meus. abraços Naçif

  20. A função objetivo do governo central é minimizar a taxa de desemprego (digamos d). Eles sabem que d menos do que um d "natural", dispara a inflação que tem lá um custo social. Mas acreditam que o bem-estar geral líquido desse custo inflacionário é maior do que seria se estívessemos estacionados em d*.

    Assim, o governo está sendo consistente com suas preferências e com o que acredita ser a preferência da maioria das pessoas, qual seja: melhor ganhar X num horizonte de tempo ao longo do qual ele tenderá a se depreciar em termos reais do que ganhar nada.

    Há grounds pra dizer que o governo pode estar sendo míope. Mas a conta por trás desse tipo de policy choice é fuzzy e non-trivial de ser feita e a verdade é que nem mesmo a literatura empírica sobre o tema (trade-offs entre produto e inflação) tem dado accounts que possam fundamentar sem sombra de dúvida agir de outra forma (a menos que você use uns pesos estranhos na sua funçào de bem-estar).

  21. "Há grounds pra dizer" (…) "tipo de policy choice é fuzzy e non-trivial" (…) "dado accounts"

    Sorry, não adianta mix inglês e portuguese para look mais sofisticado.

    Não há troca permanente de desemprego por inflação e, portanto, não há ambiguidade sobre qual situação domina a outra em termos de bem-estar.

    Try again

  22. "Sorry, não adianta mix inglês e portuguese para look mais sofisticado.

    Não há troca permanente de desemprego por inflação e, portanto, não há ambiguidade sobre qual situação domina a outra em termos de bem-estar."

    1. Não seja matuto. O mix de inglês e portugues nada tem haver com parecer sofisticado. Vc estudou fora e sabe que quando se opera num idioma (inglês), vai fatalmente haver "contaminação".

    2. Dá pra ver que vc parou de acompanhar a literatura acadêmica no tema. Ao contrário da impressão que teve, eu também penso que não há uma taxa fixa de troca entre emprego e inflação. Tudo o que disse é que existe pros e cons em qualquer par de (desemprego, inflação) que o policymaker escolha (explorando o trade-off que existe no curto prazo) e que a evidência empírica sobre o assunto é mixed demais para sugerir que o bem-estar associado a certos pares (não estou falando de desemprego zero com inflação de dois dígitos) são piores d que outros.

    Por favor não seja defenisvo. Não quis lhe atacar e queria apenas oferecer um ponto de vista que justifique as escohas que esse governo comunista tem feito.

  23. Alex,

    todo mundo sabia que o PIB iria ser fraco em 2013. E, por se tratar do Mantega, que a inflacao iria ser alta. Ate eu, simples bacharel, conseguia prever isso.

    Vendo essa reportagem da Exame;
    http://exame.abril.com.br/economia/noticias/4-economistas-fazem-suas-projecoes-para-2013?page=1

    Esses economistas sao ruins ou, por alguma razao, nao podem dizer o que pensam?

    O Golfajn chegou a prever a Selic em 6,25%!!! Voce eh amigo pessoal dele. Ele realmente achava isso ou o banco precisava ficar alinhado com o governo?

    Nerson.

  24. "1. Não seja matuto. O mix de inglês e portugues nada tem haver com parecer sofisticado. Vc estudou fora e sabe que quando se opera num idioma (inglês), vai fatalmente haver "contaminação"."

    Preciso entender: você escreve "não tem nada haver" ao invés de "não tem nada a ver" e eu que sou matuto?

  25. "Esses economistas sao ruins ou, por alguma razao, nao podem dizer o que pensam?"

    Todo mundo tem telhado de vidro no quesito "previsões" e não sou exceção. Acredito que acertei mais do que errei, mas não errei pouco.

    Isto dito, se minha trajetória profissional serve para alguma coisa é para alertar sobre os riscos da franqueza.

  26. "O Golfajn chegou a prever a Selic em 6,25%"
    Ele errou pois não contava com o Real sendo desvalorizado na marra, preços de alimentos subindo e que o crescimento fraco não teria impacto relevante no mercado de trabalho. Mas estava certo ao confiar nas desonerações sem fim e um BC cagando para a inflação.
    Dantas

  27. Coutinho:

    “A contribuição positiva das commodities para o crescimento, o investimento e, acima de tudo, a bal ança comercial foi intensificada pelo comportamento favorável dos preços das exportações nos anos recentes”, disse o presidente do BNDES em seu discurso. “No entanto, o ciclo das commodities está passando por uma mudança. Portanto, olhando em direção ao futuro, não é recomendável contar com quaisquer bônus decorrente de preços mais altos de commodities.”

    agora so falta Dilma/Lula admitir que o crescimento no periodo foi commodities beta e nao politics alpha….

  28. Alex:

    Os Turcos são irresponsáveis e quermesseiros ? Parece que os economistas da Moody’s também. Acabam de aumentaram o rating soberano de Ba1 para Baa3 (ver o Valor de hoje, pág. A12). Não dá para confiar em mais ninguém. Deus nos acuda.

  29. "Preciso entender: você escreve "não tem nada haver" ao invés de "não tem nada a ver" e eu que sou matuto?"

    Noça, que técnica rastêra e boba di não discutir ideias. Achei que fosse menos tosco. O engraçado é que você sabe que seus textos não sobreviveriam a uma análise de gramatical. Mas entendo: você não gostou da alcunha de matuto.

  30. "Os Turcos são irresponsáveis e quermesseiros ? Parece que os economistas da Moody’s também. Acabam de aumentaram o rating soberano de Ba1 para Baa3 (ver o Valor de hoje, pág. A12). Não dá para confiar em mais ninguém. Deus nos acuda."

    Uai, aumentaram o nosso também (sem contar o tanto de CDO com rating AAA), mas fique à vontade para curtir o trabalho impecável das agências de risco…

  31. "Achei que fosse menos tosco. O engraçado é que você sabe que seus textos não sobreviveriam a uma análise de gramatical. "

    Não, eu sou tosco assim mesmo, mas meus textos sobrevivem a uma análise gramatical (ou "de gramática", mas jamais sobreviveriam a uma análise de gramatical).

    Isso sem contar que não acredito que suas ideias valham discussão: são mais toscas que eu.

  32. Alex os modelos DSGE são uma vergonha, temos de reconstruir a macro baseado no modelo multiplicador-acelerador, adicionando um shoque e um lag e pronto.. ja e melhor q dsge

  33. Alexandre,

    Estou em meio a uma discussao junto a um colega tambem economista e temos um duvida importante. Ajude-nos por favor.

    Uma contracao fiscal valoriza ou desvaloriza a taxa de cambio?

    Eu acho que valoriza, pois decorre-se uma queda da absorcao, reduzindo a demanda por importados (dolares) e, com isso, cai o preco do dolar (valorizacao cambial).

    Ele acha que desvaloriza. Uma contracao fiscal eleva a poupanca publica o que, ceteris paribus, reduz o fluxo de poupanca externa para o pais (deficit em transacoes correntes), logo, desvaloriza o cambio.

    O que acha?

    Saudacoes

    Guilherme

  34. Uma contração fiscal permite uma taxa de juros nominal mais baixa para manter o produto em seu nível potencial, a tendência é uma desvalorização do câmbio.

  35. Já deram a resposta Guilherme.

    Uma contração fiscal, num mundo não-ricardiano, eleva a poupança e gera um superávit em CC (ou reduz o deficit). A mudança de preços relativos que induz à esta alteração é a desvalorização do cambio.

    O mesmo fenômeno, por outra ótica, é o descrito acima: queda na taxa de juros e desvalorização da moeda.

    Dá para complicar o tema com equivalência ricardiano ou considerações sobre o efeito da expansão fiscal sobre estabilidade da dívida, mas a resposta passa por aí.

    Quanto ao efeito das importações liquidas, ele atenua a desvalorização (há um movimento ao longo da curva, depois do deslocamento da curva), mas nao pode prevalecer sobre o efeito de desvalorização de câmbio.

    Abs

  36. Anônimo (17/05/2013 às 21:54),
    Além da dica do Anônimo (Ou será do De nada) do comentário de sábado, 18/05/2013 às 12:41 e das observações dos Anônimos dos comentários de sábado, 18/05/2013 às 15:01 e às 16:22, deixo a dica que Antonio Delfim Netto deu no artigo "É o câmbio, é o câmbio…" publicado no Valor Econômico de terça-feira, 31/01/2012 (Aqui o link: http://www.valor.com.br/brasil/2511286/e-o-cambio-e-o-cambio). Este artigo do Antonio Delfim Netto foi publicado no blog de Luis Nassif junto ao post "O euro e homogeneidade de interesses, por Delfim Netto" de terça-feira, 31/01/2012 às 10:03 (Aqui o link: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-euro-e-homogeneidade-de-interesses-por-delfim-netto)
    Bem a dica de Antonio Delfim Netto é para o trabalho intitulado "Fiscal Devaluations" (Aqui o link: http://www.nber.org/papers/w17662). Na indicação de Antonio Delfim Netto o título ficou sem o "s", mas a referência que Antonio Delfim Netto faz vale à pena ser transcrita porque ela menciona também a DSGE que está muito em voga depois que dizem que o nosso Banco Central tem o SAMBA e o próprio Antonio Delfim Netto fez reparo no modelo.
    Transcrevo então o parágrafo final do artigo "É o câmbio, é o câmbio…" contendo referência ao trabalho "Fiscal Devaluations". Disse lá Antonio Delfim Netto:
    "Quem tiver disposição para ver os "progressos" dessa ideia usando o modelo novo keynesiano de Equilíbrio Dinâmico Geral Estocástico (DSGE), não deve perder o artigo "Fiscal Devaluation", (NBER – Working Paper 17.662, de dezembro/ 2011), onde outros instrumentos para tentar realizá-la (aumento de impostos indiretos e redução das contribuições sociais) são sugeridos. Fé, coragem e bom apetite!"
    Por fim expresso minha opinião de leigo.
    A contração fiscal pelo lado dos gastos, a menina dos olhos de outro de Alexandre Schwartsman, se pudesse ser realizada reduz o consumo público, o que permite um excedente maior para a exportação correspondendo assim a uma desvalorização da moeda. O difícil é algum governo realizar essa contração, pelo menos de fato e não com palavras.
    A contração que eu gosto é o de aumento da carga tributária. Essa contração é o caminho que todos seguem sabendo até que pela Lei de Wagner e pela experiência histórica há um aumento continuado da carga tributária desde o início do século XX. O único inconveniente do aumento da receita é o fato de ela estar sujeita à maldição de Ronald Reagan que diz que "a receita cria sua própria despesa".
    De todo modo o aumento da receita pode ser com impostos sobre a renda ou sobre os produtos. A redução da renda via aumento dos Impostos sobre a renda reduz o consumo e cria o excedente para a exportação. Ela tem o inconveniente de os produtos importados sofrerem pouca tributação e assim concorrerem com facilidade com os produtos internos que são um tanto inflexíveis no preço para baixo. Além disso, o aumento do imposto de renda é muito difícil de ser implementado.
    O imposto sobre os produtos aumenta os preços dos produtos (O que não é inflação), mas faz o produto importado ficar mais caro com um ligeiro acréscimo em relação ao produto interno. Um produto que custava 100 com um imposto de 30% passa a custar 120 e não 130, pois ele é distribuído em toda a cadeia produtiva e pela lei da oferta e procura não há como ele passar a custar 130. Já o produto importado terá o custo elevado para 130 e assim ou o importador um elemento único da cadeia produtivo perde quase todo o seu lucro vendendo o produto aos mesmos 120 do produto nacional ou ele deixa de ser importado. E como mostrou David Cameron é muito mais fácil aumentar os impostos indiretos do que os impostos diretos.
    Clever Mendes de Oliveira
    BH, 18/05/2013

  37. Fiscal x Câmbio é um dos principais puzzles em macro. Você encontra modelos com diferentes respostas teóricas, embora em geral aponte que contrações fiscais causam desvalorização cambial. As melhores evidências empíricas, contudo, dizem o contrário. Propaganda: minha dissertação investigava isso para o Brasil (separando os gastos de consumo, investimento e transferências). Tenho sérias ressalvas com os resultados, mas pelo menos lá você encontra as referências para esse puzzle.
    http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/biblioteca/php/mostrateses.php?open=1&arqtese=1012742_2012_Indice.html

  38. Alex,

    Teoricamente faz sentido a sua afirmacao de que maiores gastos levam a uma apreciacao.

    Todavia, tambem faz sentido o argumento dado pelo Guilherme la no inicio (maiores gastos ampliam as importacoes, que e' demanda por dolar, portanto, cambio desvaloriza).

    Minha pergunta e': existe evidencia empirica conclusiva sobre o que voce diz?

    abs

    Marcos

  39. Alexandre Schwartsman,
    Outro texto seu bom de se ler, ainda que talvez com excesso de clichês. Em meu antigo científico em BH em colégio médio, o Santo Agostinho – atualmente com nível mais elevado – eu dizia que eu não sentava muito à frente pois revelaria covardia nem muito atrás que manifestaria afronta ou desprezo. Mais tarde quando voltei a estudar, já pensando com ótica mais adulta dizia o contrário: nem muito à frente que demonstraria afronta nem muito atrás revelando covardia. É um cliché que fala mais sobre quem o diz do que sobre o que se diz.
    Isso posto, como diria você, digo eu que não resta dúvida que a evolução da humanidade e o consequente bem estar dela são decorrentes do crescimento do PIB e não da existência de baixo nível de desemprego. No entanto, ridicularizar o ministro pelo apego à geração de emprego é falta que talvez pese ao adentrar no Hades ainda que você venha a se carpir nas suas memórias de um centenário de onde em um arroubo de futurologia de economista você trouxe os primeiros excertos e os levou para o post “Memórias de um centenário” de quarta-feira, 12/09/2012 (Pode ser visto no seguinte link: http://maovisivel.blogspot.com.br/2012/09/memorias-de-um-centenario.html)
    E você talvez tenha expiado um pouco a falta se se considera que você disse:
    “Sem as uvas do PIB, restam, portanto, as passas do desemprego na lista de realizações governamentais. Nada mal para quem, como eu, as aprecia”, . . .
    O ex-ministro Antonio Delfim Netto tem passado mais inglório e a ele serão imputadas penas mais severas. Nos últimos 30 anos, ele, nos escritos, primeiramente para a Folha de S. Paulo e depois acumulativamente no jornal Valor Econômico, faz esforço em redimir-se como na passagem a seguir:
    “A igualdade de oportunidade é objetivo fácil de ser enunciado, mas esconde enormes problemas conceituais e práticos. De qualquer forma, deve começar com a chance de todo cidadão ganhar a vida com o seu esforço. De todos os desperdícios de recursos naturais de uma sociedade, nenhum é mais injusto, mais prejudicial à integração social e à autoestima do cidadão, do que negar-lhe a oportunidade de viver honestamente e sustentar a família com o resultado de seu trabalho”.
    Belo trecho que nem parece ser do ex-ministro. Consta do artigo dele “Metas inflacionárias” publicado no Valor Econômico de terça-feira, 04/10/2011 (Para assinantes no link a seguir: http://www.valor.com.br/brasil/1033724/metas-inflacionarias)
    O artigo foi reproduzido no blog de Luis Nassif junto ao post “As metas inflacionárias, por Delfim Netto” de terça-feira, 04/10/2011 às 11:38, podendo ser visto no seguinte endereço: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/as-metas-inflacionarias-por-delfim-netto
    Junta-se a essa frase boas referências que ele faz nos artigos dele para que no Hades tenha-se por ele maior comiseração. Ainda assim, vez por outra ele usa de certo cinismo, quando não é hipocrisia, nas escolhas das palavras, nos elogios e nas críticas. Aliás, sua manifestação em comentário enviado sexta-feira, 10 de maio de 2013 18:05, no post “Éramos felizes (e eu sabia)” de quarta-feira, 08/05/2013 (Aqui o link: http://maovisivel.blogspot.com.br/2013/05/eramos-felizes-e-eu-sabia.html), parece indicar também esta percepção.
    Antonio Delfim Netto, ainda traz nos anos recentes uma pecha a conspurcar os bons feitos dele. Pecha que se resume no abuso do conhecimento de estatística para escolher os dados que mais bem servem para corroborar o argumento que ele defende. E aqui é de se ver se você não fez o mesmo quando diz em comentário enviado domingo, 19/05/2013 às 10:40, para o Anônimo do comentário enviado domingo, 19/05/2013 às 06:17, o segundo após o meu comentário, que ele deve ter sido o primeiro a ler meu comentário. Conclusão óbvia visto o meu comentário enviado sábado, 18/05/2013 às 18:33, deve ter saído no post após o comentário seguinte enviado também no sábado, 18/05/2013 às 18:59.
    Clever Mendes de Oliveira
    BH, 19/05/2013

  40. " Alex,

    Teoricamente faz sentido a sua afirmacao de que maiores gastos levam a uma apreciacao.

    Todavia, tambem faz sentido o argumento dado pelo Guilherme la no inicio (maiores gastos ampliam as importacoes, que e' demanda por dolar, portanto, cambio desvaloriza).

    Minha pergunta e': existe evidencia empirica conclusiva sobre o que voce diz?

    abs

    Marcos "

    (G-T) + (X-M) + I = Sd + Se

    (G-T) + I – (Y-C) = Se + (M-X)

    (G-T) + I + C – Y = Se + (M-X)

    Suponha que G aumente sem um aumento de T

    Em um mundo Ricardiano, esse aumento de G, gera uma contração de igual valor em I e C

    Em um mundo Kaleckiano, esse aumento de G gera uma expansão de C, de I e muito maior em Y

    Em um mundo real, o aumento de G gera efeitos secundários aumentando Y, diminuindo C e diminuindo Y, mas mesmo assim o lado esquerdo da equação aumenta

    Portando o lado direito também deve aumentar, então

    de qualquer modo, as Importações Líquidas aumentarão mais do que o déficit em transações correntes, de modo que ocorra uma apreciação cambial

    GraduandoX

  41. Alex,

    Pegando carona no episódio da notícia falsa do cancelamento do bolsa familia e na repercussão por vários estados brasileiros ( ontem eu estava no Barrashopping e a fila na agencia da CEF era enorme) pergunto: poderia haver alguma relação entre a escassez de mao de obra com a quantidade de pessoas cobertas por programas sociais?

    Abraço
    M.

  42. "poderia haver alguma relação entre a escassez de mao de obra com a quantidade de pessoas cobertas por programas sociais?"

    Em tese sim, mas eu não conheço nenhum estudo empírico a respeito.

    Noto, como já notei aqui, que a taxa de participação (a razão PEA/PIA) estava quase no seu pico histórico no primeiro tri (na verdade a segunda mais alta da história, logo depois do observado no quarto tri do ano passado, uma observação que não parece casar com a noção do BF gerando incentivos para não trabalhar.

    Obviamente esta observação está sujeito à crítica contrafactual (qual seria a taxa de participação caso o BF não estivesse presente?), assim como ao fato de se limitar às 6 maiores regiões metropolitanas (talvez o efeito do BF seja maior fora das RMs).

    Alguém se habilita?

  43. "Alguém se habilita?"

    Alex,
    Voltando ao tema do BF.
    Estava observando a fila da CEF dentro do Barrashoping e me chamou atenção o fato de que estava em um bom bairro do Rio de Janeiro (ok, as favelas estão por toda a parte). O problema é que a transferência de renda não se resume ao BF, na verdade o governo oferece um conjunto de "Bolsas" que podem estar afetando o incentivo a procurar emprego e também à qualificação (afinal de contas estudar demanda dedicação, tempo, sacrifício, etc.).
    Abraço
    M.

  44. Alexandre,

    Como você afirma tão convictamente que expansões do gasto levam a uma apreciação cambial se não existe evidência empírica para tal?

    Saudações

    Guilherme

  45. "Lógica."

    Aumentam os gastos do governo, aumenta a absorção. O aumento da absorção eleva as importações. O aumento de importações representa maior demanda por dólares. Uma maior demanda por dólares aumenta o preço do dólar o que, aka, se denomina desvalorização cambial.

    Este argumento então não possui lógica? Por favor, defina lógica para seus leitores…

    Abs

    Julio

  46. "Este argumento então não possui lógica?"

    Não, porque confunde um argumento de equilíbrio parcial com um argumento de equilíbrio geral.

    A taxa de câmbio tem que se apreciar para gerar a demanda por importações em resposta à absorção. Coloque na forma de um modelo de equilíbrio geral e verá. Isto é lógica.

  47. "Aumentam os gastos do governo, aumenta a absorção. O aumento da absorção eleva as importações. O aumento de importações representa maior demanda por dólares. Uma maior demanda por dólares aumenta o preço do dólar o que, aka, se denomina desvalorização cambial.

    Este argumento então não possui lógica? Por favor, defina lógica para seus leitores…

    Abs

    Julio"

    Espero que você seja no máximo um graduando no segundo ano.. senão..

  48. "Como você afirma tão convictamente que expansões do gasto levam a uma apreciação cambial se não existe evidência empírica para tal?"

    Eu diria que existe um bocado de evidência que aumentos nos gastos de governo são relacionados (ou se quiser, causam) apreciação cambial. Basta procurar pela literatura sobre estimação dos determinantes da taxa real de câmbio.

  49. segue uma referencia classica:

    http://www.nber.org/papers/w1255

    Real Exchange Rate Effects of Fiscal Policy
    Jeffrey Sachs, Charles Wyplosz
    NBER Working Paper No. 1255
    Issued in 1984
    NBER Program(s): ITI IFM
    This paper develops a framework for analyzing the effects of fiscal policy on the real exchange rate. The short-run impact of various types of fiscal measures are considered as well as the dynamics of adjustment to long-run steady states. The analysis and related simulations suggest that the effect of fiscal policy changes on the real exchange rate can vary widely and will depend closely on a number of structural features, including the degree of asset substitutability,the composition of government spending, and the initial size of the public debt and net external position.

  50. "Não, porque confunde um argumento de equilíbrio parcial com um argumento de equilíbrio geral."

    Entao ter logica significa raciocinar em equilibrio geral? Quanta peninha de vc…

    O argumento do Julio faz total sentido. Nao precisa haver uma valorizacao do cambio para as importacoes ocorrerem.

    Dessa vez vc errou Alex…

  51. Na boa, sem querer ser repetitivo, mas essa não é uma questão de opinião. É um fato. As evidencias mais contundentes mostram que aumento do gasto do governo causa desvalorização do cambio real. Existem modelos de equilibrio geral que apotam nesse sentido, embora esses tenham vindo a reboque da evidencia empirica. Capitulo 1 da minha dissertaçao (link num comemtario anterior) tem todas referências. Podem gostar ou nao desse resultado (eu acho estranho), mas é o que as evidencias mais bem feitas mostram e é um resultado modelavel do ponto de vista da teoria convencional.
    Daniel

  52. "Entao ter logica significa raciocinar em equilibrio geral?"

    Hããã, sim. Se você desconsiderar equilíbrio geral incorre em falácia da composição. Não que você faça a mais p… ideia do que eu esteja falando, mas talvez outros entendam.

  53. "Alex, pode avisar quando será sua próxima aparição na mídia?"

    Por coincidência, hoje à noite na TV Cultura (e, não, não fui eu quem fez o comentário acima apenas para justificar a autopropaganda).

  54. Alex, sabe de alguma crítica ao modelo do acelerador, que é apresentado no livro do Froyen? Me parece algo bem tosco, mas meu prof de macro é hterodoxo

  55. Daniel,

    “Na boa, sem querer ser repetitivo, mas essa não é uma questão de opinião. É um fato.”

    What the fuck? Fato?!? Menas…

    “As evidencias mais contundentes mostram que aumento do gasto do governo causa desvalorização do cambio real.”

    Evidência contundente é um soco na cara. Evidência tem que ser convincente.

    Mas saindo do território da semântica, eu tenho sérias objeções sobre sua leitura da evidência sobre gastos do governo e câmbio real. Como o Alexandre mencionou, existem razões teóricas para esperar que aumentos nos gastos de consumo do governo causam apreciação da taxa real de câmbio de equilíbrio – este é o caso típico em que gastos do governo têm um viés a favor de bens não comercializáveis (exemplo: educação, saúde, alguns tipos de infra-estrutura física).

    Quanto à evidência empírica, é bem ampla e favorável à posição do Alex. Meu primeiro contato com esta literatura foi o artigo de Kenneth Froot e Kenneth Rogoff (“Government consumption and the real exchange rate: The empirical evidence”) no começo dos anos 90. A evidência mais moderna e mais amplamente citada vêm dos modelos de FEER (‘fundamental equilibrium exchange rate”) que estimam os determinantes empíricos das taxas de câmbio real no longo prazo, usando métodos de cointegração (por exemplo: o artigo de Ricci, Lee e Milesi-ferretti, http://ideas.repec.org/p/imf/imfwpa/08-13.html) ou o artigo amplamente citado do José De Gregorio e co-autores (http://www.nber.org/papers/w4438.pdf, mais tarde publicado no EER http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0014292194900701).

    Existe sim uma outra literatura que você cita em sua dissertação (artigos de Monacelli, Perotti etc), mas não consigo ver porque os resultados de VARs seriam mais ‘robustos’ do que a literatura sobre FEER. No mínimo esta literatura é bem mais limitada em termos de cobertura (usualmente cobre apenas as economias avançadas) e não considera a política fiscal dos parceiros comerciais (se EUA aumenta gasto do governo em 2% mas seus parceiros comerciais aumentam em 4%, isso deveria depreciar a taxa real de câmbio americana).

  56. Se considerarmos a taxa de câmbio real como o preço relativo entre os bens comercializáveis e os não comercializáveis, vemos que o câmbio se apreciaria no caso de crescimento do setor de bens não comercializáveis.

    Geralmente elevação do gasto público sem redução no gasto privado acaba elevando a demanda por bens não comercializáveis e portanto a redução na produção de bens comercializáveis (crescimento do setor de serviços, por exemplo). E com isto o câmbio se aprecia. Seria um mal holandês sem ocorrência de descobertas de recursos naturais, a demanda do governo realocaria a demanda interna.

  57. "Se você desconsiderar equilíbrio geral incorre em falácia da composição. Não que você faça a mais p… ideia do que eu esteja falando, mas talvez outros entendam".

    Sua mula, o ponto não é que esteja errado raciocinar em equilíbrio geral, mas, no máximo, o que isto te confere (quando lhe confere algo) é sobre a posição de longo período.

    Raciocinar em equilíbrio geral para o curto prazo é colocar muita fé nos processos de ajuste que modelam seu modelo como um todo.

    Menos Alexandre, volte para a Academia. A retórica da vida pública está acabando com você.

    Ass: EPGE

  58. "Sua mula, o ponto não é que esteja errado raciocinar em equilíbrio geral, mas, no máximo, o que isto te confere (quando lhe confere algo) é sobre a posição de longo período.

    Raciocinar em equilíbrio geral para o curto prazo é colocar muita fé nos processos de ajuste que modelam seu modelo como um todo."

    Os processos que modelam o modelo é o ponto alto do argumento…

    Ô imbecil, o prazo não tem nada a ver. Posso fazer o argumento com modelo de 1, 2, ou infinitos períodos. Em qualquer um deles você tem que considerar os efeitos de equilíbrio geral, sob pena de…

    Nem vou repetir; não há a menor chance de você entender…

  59. Mas o que tem a ver equilíbrio geral e longo período? Será que o ilustre penseiro está argumentando que o equilíbrio geral é relevante apenas no longo período? Eta terrinha ingrata…

  60. Agora os demais devem provar que equilibrio geral tem erros e não os defensores mostrarem que ele esta correto…

    O mínimo que se suplica neste blog é, então, que seus defensores expliquem como ocorre a valorização do cambio a partir dos gastos do governo.

    Certamente não é através da SUPOSIÇÃO de que gastos do governo se baseiam mais em bens não-transacionaveis. Verifiquem na prática se isto ocorre de depois venham com a retórica de sempre.

    Para o caso do Brasil, por exemplo, o que mais cresceu na última década sao transferencias e nao gastos de consumo. Isto nada mais é do que repassar poder de compra para o setor privado. Nesse caso, vamos supor que estes gastos privados são também intensivos em não comerciaizáveis?

    Ademais, a rigor, a taxa real de câmbio vista como relação entre tradables e não-tradables é uma APROXIMAÇÃO. E como toda aproximação, é imprecisa (e quiçá, incorreta). Taxa real de câmbio é taxa nominal multiplicada por preços internacionais e dividida por preços domésticos. Por suposição, toma-se preços tradables como proxy para preços externos e não-tradables para proxy de preços domésticos.

    Marcos Junior

  61. O equilíbrio geral ocorre quando todos os mecanismos de ajustes tenham sido completados.

    Em geral, ocorre no longo período.

    Até lá, há um processo de convergência (quando há, pois alguns ajustes podem nunca se realizar).

  62. Alex Pitbull, se aquela sua colega historiadora-musa-da-esquerda-hollywoodiana estiver ao seu lado na Cultura hoje, mande um beijão!

  63. "no máximo, o que isto te confere (quando lhe confere algo) é sobre a posição de longo período."

    Eu duvido que alguem da EPGE falaria uma asneira tamanha. Isso e' coisa de campineiro

  64. Que tal analisarem a taxa real de cambio tal como ela é definida.

    e = i . P* / P

    Onde i é a taxa nominal, P* o nível de preços externos e P o nível de preços domésticos.

    Um aumento de gastos tem um duplo efeito; (i) aumentam as importações e a demanda por dólar, desvalorizando o cãmbio nominal; (ii) elevam os preços domésticos.

    O efeito líquido destes dois movimentos, a rigor, é desconhecido a priori. Mas, se fosse chutar, diria que o resultado de desvalorização é o mais convincente.

    Não à toa, maior parte da literatura empírica robusta encontra esse resultado…

    Abs

    MB

  65. Então deixa eu ver se entendi bem… da próxima vez que o câmbio chegar a 4 reais, devemos aumentar os gastos públicos… Assim iremos superar a crise cambial.
    É isso mesmo?
    Abs,

  66. “O”,

    O que eu chamei de “fato” é a existência de importantes evidências mostrando aumento do consumo do governo causando depreciação cambial e modelos de equilíbrio geral compatíveis com esse resultado. Eu mostrei isso, sem negar a outra literatura.

    Concordo que a evidência deva ser convincente. Do ponto de vista econométrico, as evidências mostrando aumento de gasto causando depreciação me parecem superiores e nesse sentido mais convincentes. Do ponto de vista teórico, contudo, concordo que a história contrária é mais intuitiva. O problema é que, dado que você parece convencido teoricamente que a relação é de aumento de gasto causando valorização cambial, você acha a evidência em contrário pouco convincente. Se não é esse o caso, pergunto: do ponto de vista econométrico, qual o mérito das estimações que você citou vis-à-vis as produzidas por Perotti e cia?

    Parece-me inclusive curioso que se defenda a relação aumento de gasto -> apreciação com base em determinados modelos de equilíbrio geral (majoritários, é verdade! Inclusive, na dissertação chamo de “benchmark”), mas desqualifiquem-se as estimações estruturais, baseadas nesses mesmos modelos. E mais, desqualifique essas estimações em favor de evidências univariadas de cointegração. Não estou dizendo que essas estimações estruturais estão corretas, mas sim que se você acredita naqueles modelos (teoria), o correto parece ser estimar aquele sistema e não uma equação forma reduzida. Se foi mal estimado, cabe apontar o(s) problema(s). Mas defender a superioridade das evidências de cointegração nesse caso parece mais uma escolha ex-post, viesada por crenças ex-ante.

    A propósito, nesses modelos de equilíbrio geral moderno, por qual mecanismo um aumento do consumo do governo causa valorização cambial? O aumento do gasto público causa um efeito riqueza negativo e a resposta ótima do agente é reduzir seu consumo, o que provoca, via restrição de risk-sharing apreciação cambial. Pois bem, a evidência empírica tipicamente associa aumento do gasto do governo com aumento do consumo privado! Esse “puzzle” está intimamente ligado com o puzzle da resposta cambial.

    Concordo que a evidência é concentrada em economias avançadas. Mas isso não torna errada a afirmação de que o resultado de aumento de consumo sobre o câmbio atualmente é um puzzle na literatura. Não se trata de dizer qual resultado é o correto, mas apenas reconhecer que não existe uma verdade absoluta nesse caso. Nesse sentido, é curioso que a resposta unânime de economistas práticos seja aumento de gastos causam apreciação. Pode-se até acreditar mais numa direção que em outra, mas deveríamos ser mais humildes e reconhecer que essa opinião não tem respaldo inequívoco da literatura. Na verdade a literatura empírica mais recente favorece exatamente o contrário, queiram ou não.

    Por fim, toda literatura que você citou eu apresento. Mas também mostro o contraditório, que não vem de gente boba (vc sabe…). Especificamente, a literatura não é amplamente favorável a sua posição. Embora também não seja unânime em contrário. Com relação a afirmar que a evidência de Perotti e cia não considera a política fiscal de parceiros, de fato não considera diretamente. Mas tampouco a evidência que você defende considera esse aspecto. Se quer saber, eu tendo a achar estranho aumento de gasto público gerar depreciação, mas por ora não tenho elementos para falsificar esse lado da evidência. Você tem?

    Abraços,

    Daniel

  67. “O equilíbrio geral ocorre quando todos os mecanismos de ajustes tenham sido completados.”

    E o Flamengo é aquele time de futebol com camisa verde, seu mais famoso camisa 10 se chamava Edson.

  68. "do ponto de vista econométrico, qual o mérito das estimações que você citou vis-à-vis as produzidas por Perotti e cia?"

    Se eu me lembro corretamente, (1) os métodos de Perotti e companhia não são adequados para identificar um efeito de longo-prazo e (2) essa literature não usa a variável fiscal adequada, que é a diferença entre o impulso fiscal entre um país e seus parceiros comerciais. Por sua vez, a literatura de FEER usa o instrumental econométrico adequado para essa questão, pois estima vetores de cointegração.

  69. "Não estou dizendo que essas estimações estruturais estão corretas, mas sim que se você acredita naqueles modelos (teoria), o correto parece ser estimar aquele sistema e não uma equação forma reduzida. "

    Eu acho esse argumento um tanto juvenil. Se eu quero saber o efeito típico de um aumento nos gastos do governo sobre a taxa real de câmbio, não me interessa qual modelo está correto. Estimando um modelo estrutural impõe restrições derivadas do modelo (que como qualquer outro modelo, é errado) e isso afeta a estimação do efeito que estou interessado. Portanto, diria que estimar um modelo estrutural em macro, é na maior parte dos casos, menos convincente que a alternativa.

  70. "A propósito, nesses modelos de equilíbrio geral moderno, por qual mecanismo um aumento do consumo do governo causa valorização cambial? O aumento do gasto público causa um efeito riqueza negativo e a resposta ótima do agente é reduzir seu consumo, o que provoca, via restrição de risk-sharing apreciação cambial. Pois bem, a evidência empírica tipicamente associa aumento do gasto do governo com aumento do consumo privado! Esse “puzzle” está intimamente ligado com o puzzle da resposta cambial."

    Esse efeito “riqueza” é silly, se você leva isso a sério, meu estimador bayesiano de sua inteligência vai dar um pulo para a esquerda… O aumento do gasto público tem efeito na taxa real de câmbio ao afetar a composição da demanda na direção de um aumento na demanda por não-comerciáveis.

  71. “Por fim, toda literatura que você citou eu apresento. Mas também mostro o contraditório, que não vem de gente boba (vc sabe…). “

    Tem muita gente boba que sabe fazer uma log-linearização e publica em revista de macro de primeira linha. Continua a estudar e um dia você vai entender isso.

  72. "O equilíbrio geral ocorre quando todos os mecanismos de ajustes tenham sido completados.

    Em geral, ocorre no longo período."

    EPGE? Há alguma homônima?

  73. “Com relação a afirmar que a evidência de Perotti e cia não considera a política fiscal de parceiros, de fato não considera diretamente. Mas tampouco a evidência que você defende considera esse aspecto.”

    Errado. É prática comum na literatura de FEER subtrair a política fiscal dos parceiros comerciais.

  74. Francamente, não respondeu aos pontos que coloquei.

    Estimar vetor de cointegração é o instrumental correto? Baseado em que se pode afirmar isso? E mais, não se pode estimar um VAR cointegrado? Você realmente acha que estimar uma equação forma reduzida é superior a estimar um sistema estrutural completo.

    Concordo com seu ponto 1, mas a questão é de curto prazo mesmo.
    Seu ponto 2 é apenas opinião. A questão é se eles conseguem gerar um choque bem identificado com a variavel fiscal. Se você me mostrar de qual modelo sai uma variavel como essa que vc sugere, ok. Do contrário essa não é a questão. Isso não é condição necessária para identificação. E mais um vez, a literatura que vc defende também não utiliza esse tipo de variável.
    Abs,
    Daniel

  75. "Então deixa eu ver se entendi bem… da próxima vez que o câmbio chegar a 4 reais, devemos aumentar os gastos públicos… Assim iremos superar a crise cambial.
    É isso mesmo?"

    Vê-se que você não entendeu nada. Volte lá para cima na caixa de comentários e leia tudo de novo…

  76. "Então deixa eu ver se entendi bem… da próxima vez que o câmbio chegar a 4 reais, devemos aumentar os gastos públicos… Assim iremos superar a crise cambial.
    É isso mesmo?"

    Esse ponto tem até uma lógica sim. Só acho que nesse caso o aumento de gastos vai aumentar ainda mais a aversão ao risco estrangeira, desvalorizando ainda mais o câmbio.

    É por aí Alex?

    Sds,
    Pelé

  77. “Certamente não é através da SUPOSIÇÃO de que gastos do governo se baseiam mais em bens não-transacionaveis. Verifiquem na prática se isto ocorre de depois venham com a retórica de sempre.””

    Gostaria de saber qual item importante dos gastos de consumo do governo brasileiro é transacionável. Estou curioso.

  78. “Esse ponto tem até uma lógica sim. Só acho que nesse caso o aumento de gastos vai aumentar ainda mais a aversão ao risco estrangeira, desvalorizando ainda mais o câmbio.”

    Então você está assumindo que o câmbio real depreciou porque houve um choque de aversão ao risco. É uma estorinha bem diferente.

  79. "Esse efeito “riqueza” é silly, se você leva isso a sério, meu estimador bayesiano de sua inteligência vai dar um pulo para a esquerda… O aumento do gasto público tem efeito na taxa real de câmbio ao afetar a composição da demanda na direção de um aumento na demanda por não-comerciáveis."
    Quem usou os modelos para defender o argumento não fui eu. Volta nos comentários e vê quem falou essas coisas. Sobre afetar a demanda por não comercializáveis, pode ser a maioria dos casos, mas a priori isso é apenas uma hipótese. Não é um caso geral.

    Sobre a questão de gente "boba". Você esta sugerindo que Perotti, Monacelli, Corsetti, Kim, Dellas, etc., são bobos em economia? Ousado…hahaha

    O ponto é simples. Esses cara são as principais referências acadêmicas e eles mostram não haver consenso. Cada um acredita na evidência que quiser. Provavelmente concordamos, inclusive. Mas não me diga que é uma coisa evidente ou que é uma resposta de lógica.

  80. "O",
    O ponto nesse caso não é se a maior parte dos gastos é em bens non tradables, mas sim se na margem o gasto adicional é mais concentrado em non tradables ou não. Pode ser. Então a questão é: o efeito dos gastos do governo sobre a taxa de câmbio depende da composição do gasto na margem. Esse é um dos pontos do meu trabalho. Na margem os governos tem aumentado transferências. Francamente, eu acredito que a demanda final dessas transferências é mais concentrada em tradables. Para o brasil inclusive: o cara compra comida, roupas, etc…se isso for verdade, a expansão fiscal no brasil, utilizando seu próprio argumento, deve ter provocado desvalorização
    cambial. Estranho…
    Daniel

  81. “Estimar vetor de cointegração é o instrumental correto? Baseado em que se pode afirmar isso?’

    Baseado no conhecimento da teoria econômica e econometria, serve? A teoria econômica nos diz que existe uma relação de longo prazo entre a composição da demanda pelo produto de um país e a taxa real de câmbio. Ergo, para estimar este resultado devemos usar um ferramental econométrico que detecta uma relação de longo prazo. Meio óbvio, não?

    “E mais, não se pode estimar um VAR cointegrado? Você realmente acha que estimar uma equação forma reduzida é superior a estimar um sistema estrutural completo.”

    Sim e ficaria bem decepcionado com o treinamento que você recebeu da PUC se você não entende isso. Quando estimamos um modelo estrutural, nós introduzimos erros de especificação. Se queremos responder a questão: “qual o efeito típico de A sobre B?” estimar um modelo estrutural é tão adequado quanto passar uma cantada na irmã de sua mãe.

  82. “ Francamente, eu acredito que a demanda final dessas transferências é mais concentrada em tradables. Para o brasil inclusive: o cara compra comida, roupas, etc…se isso for verdade, a expansão fiscal no brasil, utilizando seu próprio argumento, deve ter provocado desvalorização”

    Transferência não é gasto de consumo do governo.

  83. “Sobre a questão de gente "boba". Você esta sugerindo que Perotti, Monacelli, Corsetti, Kim, Dellas, etc., são bobos em economia? Ousado…hahaha”

    Nem todos desta lista são bobos, mas alguns são.

  84. De fato, você potencialmente introduz erro de especificação. É a vida. Sempre existe erro. A questão é o quao bem o modelo representa determinada realidade. Isto dito, o ponto é como garantir identificação e tentar inferir "causalidade" com uma equação de cointegração. O Marcelo Medeiros me ensinou que a maneira correta de responder a uma questão desse tipo é via resposta impulsional. O problema central é de identificação, mas caso se tenha uma boa solução para isso, resposta-impulso é o melhor método. Não a toa é o que a literatura recente tenta fazer. Talvez esteja errado, mas francamente, ele manja um pouquinho do assunto.
    Daniel

  85. “De fato, você potencialmente introduz erro de especificação. É a vida. Sempre existe erro.”

    Sim, por isso mesmo dependendo da pergunta que você quer responder, usar um modelo estrutural é tolice.

    “A questão é o quao bem o modelo representa determinada realidade. Isto dito, o ponto é como garantir identificação e tentar inferir "causalidade" com uma equação de cointegração. O Marcelo Medeiros me ensinou que a maneira correta de responder a uma questão desse tipo é via resposta impulsional. O problema central é de identificação, mas caso se tenha uma boa solução para isso, resposta-impulso é o melhor método.”

    E se minha tia tivesse barba, seria meu tio. Identificar o choque da política fiscal via VAR no estilo de Perotti e companhia não me parece uma estratégia convincente.

    “Não a toa é o que a literatura recente tenta fazer. Talvez esteja errado, mas francamente, ele manja um pouquinho do assunto.”

    Ele não faz pesquisa em macroeconomia até onde eu me lembro. Identificação em macroeconomia é o diabo.

  86. Irineu de Carvalho Filho (mais conhecido neste blog como "O"),

    Tomou porrada atrás de porrada do Daniel. Parabéns ao garoto.

    Irineu, leia a dissertação dele antes de falar coisas retóricas.

    Daniel, parabéns pelo trabalho e pela coragem de mostrar quem você é aqui no blog, sempre de forma respeitosa.

    Abs

    Marcos Junior

  87. Eu estou assistindo a discussão e sou PhD em Economia.

    Estou impressionado com a performance do Daniel e decepcionado com a do O, que chamou o cara de bobo, feio, chato e usou e abusou das retóricas…

    Abs

    José Julio

    1. Marcos Junior, será que se eu chupar o cacete de um menino de 15 anos no banheiro do shopping eu viro um economista de primeira como você?

  88. Daniel,

    Para de discutir com ele… Não conhece o cara?

    É um ignorante, que acha que sabe tudo de economia e fala qualquer coisa como se fosse o dono da verdade…

    No fim das contas sempre tenta humilhar alguem e manda a pessoa estudar mais.

    Valeu e Parabens

  89. JJ, imaginação sua… O Daniel é bem esperto e está aprendendo. Eu acho que ele está errado – e porque ele põe fé demais na identificação de alguns VARs que são no mínimo controversos. Mas ele está no caminho certo.

  90. Vou mostrar o que ocorre com uma expansão fiscal no contexto do modelo Mundell-Fleming, porque ele ajuda a separar a questão dos movimentos de curva versus movimentos ao longo da curva.

    É precisamente por este motivo que a questão tem que ser abordada em equilíbrio geral.

    Obviamente o modelo Mundell-Fleming é muito simples e um caso bem particular, mas, para quem quiser (e me escrever), eu mando um modelo de equilíbrio geral microfundamentado com as mesmas conclusões (não vou colocar aqui porque dá muito trabalho sem um editor de texto que permita equações).

    No caso o modelo microfundamentado permite a análise em termos de bens comercializáveis e não-comercializáveis, que não é possível no Mundell-Fleming (a propósito, a relação entre preços de comercializáveis e não-comercializáveis não é uma aproximação à taxa de câmbio real; ela é a própria taxa de câmbio real).

    A história é a mesma que contei lá atrás: o aumento do gasto eleva a demanda e requer um aumento das importações (líquidas) para manter a igualdade demanda-oferta. A taxa de câmbio se aprecia em resposta ao gasto e reduz as importações líquidas, igualando demanda e oferta. Vale no contexto abaixo e vale no caso mais geral.

    Mundell-Fleming

    IS: y = a(y,i) + g +nx(y,e); a1>0, a2<0, nx1<0, nx2>0 (1)
    LM: M/P = L(y,i), L1>0, L2<0 (2)
    BP: i = i* (3)

    Experimento: dg>0 (aumento do gasto)

    di=di*=0

    Por (2)

    0 = L1dy, ou seja, dy=0

    Por (1)

    dy(1-a1-nx1) = dg + nx2de
    0 = dg + nx2de
    de/dg = -1/nx2 <0 (câmbio aprecia em resposta à expansão fiscal)

    O que ocorre com nx?

    dnx/dg = n1dy/dg + nx2de/dg = 0 – nx2/nx2 = -1

    As importações líquidas aumentam (exportações líquidas caem) porque a taxa de câmbio se apreciou, i.e., o câmbio se ajusta para a nova configuração da demanda. O multiplicador unitário é um resultado particular, que não deve ser generalizado.

  91. "O",
    Obviamente, da minha parte não existe qualquer briga de ego ou busca da razão a todo custo. Besteira.
    O meu ponto era apenas apontar pro cara que perguntou inicialmente, que, embora haja um grande consenso entre economistas práticos (eu inclusive), o debate acadêmico sobre o tema é controverso. E mais, existem modelos de equilibrio geral para todo gosto.
    De fato, identificação nessas estimações é muito complicado e eu partilho do ceticismo. Meu ponto apenas é que eu acho que o método (VAR estrutural) é, a principio, superior para endereçar a questão. Pode ser que os problemas de ordem prática apontados pelo "O" sejam muito importantes e prejudiquem demais o exercicio. Isso, ao meu ver, é diferente de dizer que esse método é pior.
    Só pra finalizar, eu acho que essa nem é a questão mais relevante e curiosa. Como na prática as transferências se tornaram muito relevantes e esses modelos e estimações ignoram esse tipo de gasto, conhecer os efeito das transferências sobre a taxa de câmbio seria interessante. Na linha da composição dos gastos (tradables ou non tradables), não é claro onde as familias gastariam mais…no caso brasileiro eu desconfio que seja em tradables, o que sugeriria desvalorizacao. Francamente, não gosto muito do argumento nesses termos. Tendo a achar que uma coisa mais mundell fleming (gastos afetando juros) é mais razoável.
    Obs.: o marcelo faz pesquisa com macroeconometria, embora não so nisso. Ja orientou mta coisa…
    Abs
    Daniel

  92. Ai Alex,

    Mudando completamente de assunto, ja percebeu que quando colocamos "Mao Visivel" no google, primeiro aparece seu blog e, logo embaixo, o blog da AKB?

    rs

    Economista X

  93. "Mudando completamente de assunto, ja percebeu que quando colocamos "Mao Visivel" no google, primeiro aparece seu blog e, logo embaixo, o blog da AKB?"

    Na verdade não (nunca procurei a Mão Visível no Google). Vou ver.
    Abs

  94. Meus caros,
    Só algumas dúvidas (não sou da área de internacional):
    1- A discussão é sobre os efeitos de curto ou longo prazo da política fiscal sobre o câmbio (não confundir com aquela bobagem de equilíbrio geral)? Digo isto porque testes de cointegração (e isto foi dito nos comentários) servem para identificar relações de longo prazo (e o poder destes testes não é muito bom – basta olhar a imensidão de séries cointegradas que o povo acha por aí). Testes específicos de ciclos comuns podem estimar relações de curto-prazo, isto foi feito? Para quem trabalha com séries temporais, a teoria sobre este conjunto de estimadores tem avançado?
    2- Sobre a questão do equilíbrio geral. "…existem modelos de equilibrio geral para todo gosto…". Comentário semelhante já apareceu aqui antes. Eu gosto muito deste tipo de comentário porque indica uma certa maioridade da teoria econômica. Digo isto porque situações específicas requerem explicações específicas e intervenções específicas (seja do setor público, seja do setor privado). Ou seja, estamos ficando cada vez mais parecido com dentistas (homenagem ao Keynes) e nos distanciando de igrejinhas (com slogans e frases de efeito). Levanto isto nesta discussão específica porque, como todos nós sabemos, não são só os gastos públicos que determinam o câmbio. E isto torna os métodos empíricos bastante complexos. Como o sujeito do câmbio a 4 reais. Nesta situação, devemos aumentar os gastos públicos? Claro, em situações específicas. Caso o Brasil pare de consumir, gere taxa de poupança absurdamente alta e comece a exportar tudo que produz, a taxa de câmbio estará muito desvalorizada e aumentos do gasto público permitirá que esta se valorize e que o bem-estar aumente. Pense na China. Não seria isto que eles deveriam fazer? Agora, se der uma crise aqui e tudo explodir (junto com a taxa de câmbio), vai ser outra situação. Só isto.
    Saudações

  95. "Parei de ler quando o Alex citou o "modelo" Mundell-Fleming. Sério, o cara tá algumas décadas atrasado na macroeconomia."

    Então leia o resto, otário, aí se pronuncie. Cada babaca que me aparece…

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