O Clássico de 70 Milhões. Coluna Mário Marinho

O Clássico de 70 Milhões

COLUNA MÁRIO MARINHO

Nos meus tempos de adolescente, que já se vão longe, eu não perdia o Clássico das Multidões do futebol mineiro.

E quais eram os dois times que proporcionavam esse Clássico das Multidões?

Se você falou ou pensou em Atlético e Cruzeiro se enganou redondamente.

O Clássico das Multidões das Minas Gerais era Atlético e América, o meu América.

O estádio Independência que, com seus 15 mil lugares, era o maior de Minas, lotava toda vez que Galo e Coelho se enfrentavam.

O Cruzeiro era minguada terceira força.

Até que surgiu o Mineirão e o Cruzeiro despontou graças ao trabalho de dois formidáveis dirigentes: Felício Brandi e Carmine Furtetti.

Clássico das Multidões não era uma denominação original, já que no Rio de Janeiro, Fla-Flu era também conhecido com o mesmo nome.

O mesmo acontecia com Sport e Santa Cruz, no Recife; Bahia e Ypiranga, em Salvador; CRB e CSA, em Maceió – entre outros.

A verdade é que os clássicos tinham nome próprio que os adjetivava.

Em São Paulo, Corinthians x São Paulo foi apelidado pelo jornalista Thomaz Mazzoni, de a Gazeta Esportiva, como o Majestoso. O Apelido nasceu em 1942, quando Leônidas da Silva fez sua estreia no Tricolor, contra o Timão e o Pacaembu recebeu mais de 70 mil torcedores, recorde jamais batido.

Em Curitiba, Atlético e Coritiba ficou conhecido como Atletiba. No Sul, o Grenal divide e soma as paixões de torcedores do Grêmio e do Internacional.

O clássico de Pelotas-RS, entre Brasil e Pelotas, ganhou o nome de Brapel e até um livro que conta toda a história dos Brapéis.

Tem até o Clássico Vovô. Assim é chamado o encontro de Botafogo e Fluminense aclamado como o mais antigos de todos os clássicos, já que o primeiro foi disputado no dia 22 de outubro de 1905.

Como é que poderia ser chamado o clássico entra Corinthians e Flamengo que será realizado neste domingo, em Itaquera, pelo Brasileirão?

Eu arrisquei um Clássico de 70 Milhões.

Os dois times têm as duas maiores torcidas do Brasil segundo todas as pesquisas nessa área.

A grosso modo, pode-se dizer que os dois têm 35% da população brasileira. Daí, portanto, 70 milhões de almas.

Algumas almas mais sofridas, outras menos sofridas, mas todas tremendamente apaixonadas.

O maior público da história do Corinthians aconteceu em 1977, no jogo contra a Ponte Preta, no Morumbi: 146.082. Nesse jogo, acontecido num domingo, o Corinthians foi vencido pela Ponte Preta, 2 a 1. Na quinta-feira seguinte, 13-10, o Timão venceu a Ponte por 1 a 0 e conquistou o Paulistão, quebrando um jejum de quase 23 anos.

Pelo Brasileirão, o maior público entre os dois aconteceu no dia 6 de maio de 1984, no Morumbi: 123.435 presentes. Corinthians 4, Flamengo 1.

O Maior público do Flamengo é um recorde mundial.

Aconteceu na final do Carioca de 1963: 177.020 pagantes, com um público total registrado nas catracas do Maracanã de 194.063. O jogo terminou 0 a 0 e o Flamengo foi campeão.

Públicos como esses já não cabem mais no futebol brasileiro. Os grandes estádios se encolheram em nome da segurança, do conforto e da economia. Os novos estádios, que, na verdade, são arenas, são de tamanho reduzido.

Atualmente, no Campeonato Brasileiro, eis os campeões de média de público em jogos disputados em seus estádios:

1 – Corinthians, 36.652

2 – Palmeiras, 33.453

3 – Grêmio, 25.557

4 – São Paulo, 25.514

5 – Bahia, 18.026

6 – Flamengo, 17.110.

A baixa média de público do Flamengo se explica pelo fato de que são poucos os jogos disputados no Maracanã. O Mengão, por exemplo, manda seus jogos na Ilha do Governador, no estádio da Portuguesa carioca, rebatizado de Ilha do Urubu.

O maior público do futebol brasileiro em 2017 é do jogo Flamengo 4 x 0 San Lorenzo, pela Libertadores, no Maracanã: 54.555 pagantes.

Com certeza, Corinthians e Flamengo baterão o recorde de público de Itaquera.

Mas que seja tudo em paz, em festa, com grande futebol.

 

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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