O futebol, assim como o vinho… Coluna Mário Marinho

O futebol, assim como o vinho…

COLUNA MÁRIO MARINHO

O vinho mais caro é sempre o melhor, certo?

Nem sempre.

O time com jogadores mais caros é sempre o melhor, certo?

Nem sempre.

Vamos começar pelo vinho.

Muita gente escolhe o vinho pelo preço ou pela idade.

Há uma certa verdade na afirmação de que o vinho quanto mais velho, melhor.

A afirmação é até citada no evangelho de São Lucas: “Ninguém que bebeu do vinho velho, quer já do novo”.

A maioria dos vinhos requer envelhecimento. Veja bem: a maioria, não todos.

Quanto ao preço, assisti a um vídeo em que o dono de um famoso restaurante francês convidou meia dúzia de pessoas especializadas (jornalistas, enólogos, sommeliers e enófilos) para um teste às cegas.

Cinco tipos de vinhos foram colocados à prova.

Entre eles estava o Romanée-Conti, produzido na Borgonha, apontado como um dos mais caros do mundo. Custa hoje, no Brasil, em torno de R$ 10 mil o litro e foi muito consumido por Lula quando era presidente do Brasil.

Mas havia também o Château Prieurs de la Commanderie 2012 que, apesar do nome pomposo, custa cerca de 60 euros ou, mais ou menos, R$ 200,00.

Pois não deu outra. O nobre Romanée-Conti amargou um humilde terceiro lugar, enquanto o plebeu Prieurs ocupou o degrau mais alto do pódio.

O futebol também está cheio de exemplos assim.

Lembro-me do Corinthians de 1985.

Na época, com alta grana da venda de Sócrates (cera de 3 milhões de dólares), o Corinthians resolveu montar um super time.

Da Ponte Preta vieram o goleiro Carlos, o lateral Edson e zagueiro Juninho. O uruguaio De León da Seleção Uruguaia e que defendia o Grêmio foi contratado. Dunga, então revelação do Internacional, também veio. Arthuzinho, grande nome do Vasco, foi contratado. Do Santos, chegaram o artilheiro Serginho Chulapa e o arisco ponta João Paulo, apelidado, na época, de o Papinha da Vila.

O “imbatível” time teve três técnicos no ano: Jair Picerni, Carlos Alberto Torres e Mario Travagilini.

Título? Nenhum.

O tal esquadrão não se qualificou sequer para as semifinais do Paulistão ou do Brasileirão.

Pois aí está o Palmeiras que montou elenco milionário. Gastou R$ 110 milhões e chega ao fim do ano sem um título.

A eliminação da Libertadores pelo modesto Barcelona, de Guayaquil, não foi mero acidente.

O Verdão terminou 2016 como legítimo e inquestionável campeão brasileiro.

Com a saída do técnico Cuca, a diretoria cometeu seu primeiro e maior erro: contratou o inexperiente Eduardo Batista para comandar um elenco tão caro e de tantas estrelas.

Cuca voltou e pegou o bonde andando. Não se questiona a sua competência como técnico, mas nestes três meses de trabalho não conseguiu montar um time.

Ninguém: técnico, cartola, dirigente, torcedor, adversário, ninguém é capaz de escalar o time titular do Palmeiras.

No jogo decisivo desta quarta-feira, o Verdão voltou a jogar mal. Teve bons momentos e até criou ótimas situações. Mas o efeito gangorra continuou: ora no alto, ora no baixo.

Veio a decisão por pênaltis que não é nenhuma loteria. É competência, é treino, é cabeça no lugar, é calma, é controle de nervos – tudo isso, menos loteria.

E agora?

Agora, é manter Cuca e partir para a melhor classificação possível dentro do Brasileirão. De preferência entre os classificados para a Libertadores.

Veja os melhores momentos: a festa, a alegria e a triste eliminação:

https://youtu.be/KjcSVrHoUXk

Em Minas, o Galo não teve competência para marcar um golzinho sequer contra o Jorge Wilstermann: ficou no 0 a 0 e foi eliminado.

Veja os gols da rodada dessa quarta feira:

https://youtu.be/zl1hCI8FOIo

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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