Talking (bald) head

Debate na GloboNews sobre (advinhem!) desindustrialização.

Primeira parte.

Segunda parte.

38 thoughts on “Talking (bald) head

  1. Não é fácil enfrentar a turma do atraso, entre os quais incluo empresariado brasileiro louco por mais benesses e os economistas heterodoxos de todas as cores (Bresser, Delfim, Mantega, etc.). O que essa gente prega, em suma, é a volta ao processo de substituição de importações. Podem me chamar de exagerado, mas daqui a pouco vão propor a ditadura de um partido único e o fim do congresso e do judiciário.

  2. Alexandre, parabéns por suas intervenções sempre esclarecedoras e afiadas. Me preocupa a postura do Brasil que está com "sindrome de Cinderela acreditando no Príncipe encantado". A minha percepção há anos e que permanece inalterada é a de que o Brasil é uma daquelas pessoas (coadjuvantes) no meio da multidão que fica no entorno de uma briga (dos "big players") e que "corre o risco" de levar uma "pancada acidental" e "cair de joelhos".

  3. Percebi – salvo engano meu – que a entrevista quis/ tentou passar uma demasiada importância à questão cambial. Pouco ou nada se falou quanto ao custo Brasil e, timidamente, fez-se uma menção ao sistema tributário brasileiro. Um dos palestrantes pareceu ter pensado num tabu intocável: encargos trabalhistas; todavia, para não ser apedrejado na rua, calou-se. O governo pátrio é capaz de provar que os maiores males ou benesses – da indústria/ economia brasileira – estão atrelados ao câmbio. Reforma tributária, trabalhista, legal, EDUCACIONAL, logística, energética? Isso nunca ou apenas a longo prazo, quando inevitável. Protelar, tanto quanto possível, é o lema. Como viver com menos tributos, se estão são mais consumidos na "atividade" meio do que na atividade fim? Como proceder à reforma trabalhista, se muitos não entendem que a CLT serve apenas para engessar até mesmo o próprio trabalhador e engordar o caixa do governo? Como fazer alterações nas leis, se essas estão a serviço do desserviço, no momento em que são doces/ lenientes/ suaves no combate à corrupção? Aqui o Estado quer normatizar a esfera privada, para que o foco da atenção, na legislação que tange à esfera pública, permaneça em enésimo plano. Educação de qualidade (Não quantidade!) no Brasil? Nesse dia os brasileiros verão que os direitos adquiridos por alguns apenas servem e serviram para pouquíssimos, em detrimento da maioria. Somos um país concurseiro; não um país que investe em educação, ciência e tecnologia. E, em suma: Daqui a seis meses se estará discutindo basicamente a mesma coisa… No âmago da questão, no cerne do que é um verdadeiro desenvolvimento, ainda não se tocou. Querem provar, de qualquer maneira, que a competitividade industrial da terra do pau Brasil é uma questão de dança e humor do câmbio…

  4. Alex

    Valeu bastante a tentativa cética de exercer o contraditório, de expor a questão em debate por uma outra face do multifacetado prisma da economia.

    Se baseado em crença revelada, e não na racionalidade, o acolhimento ao universal produz o inimigo, no mesmo tempo em que se instaura. No caso, o inimigo a combater foi figurado como “o pessimista”, “o desmancha-prazeres”.

    Esta é uma conhecida técnica retórica de refutação, e que foi ativada pelos arautos da boa nova revelada: ataca-se a subjetividade [o mau humor, o pessimismo], chutando para fora do debate a própria coisa [o objeto em oposição ao universal revelado]. Essa técnica sofística é indecorosa. Atenta contra o sagrado princípio que exige que se examine o objeto na sua própria medida [os fundamentos lógico e empírico do objeto], e não o reduzindo a fatores subjetivos [é um pessimismo].

    Li agora no blog do Reinaldo um trecho da entrevista que a Presidente concedeu à revista Veja. Ela reverberou na entrevista o diagnóstico da "crise" e as soluções apresentados por dois dos comentaristas convidados.

    Palavras da Presidente:

    “Ficamos todos de acordo que os impostos têm de cair, os investimentos privados e estatais têm de aumentar e o que precisar ser feito para elevar a produtividade da economia brasileira e sua competitividade externa será feito.”

    Pensei. Claro! Por isso as manifestações de incontido otimismo desses comentaristas! Eles eram os arautos da boa nova palaciana!

    E o estranho no ninho precisou ser figurado: "o pessimista", o "desmancha prazeres".

    No Brasil de hoje, como também já foi em outros tempos, o bacana é acreditar em milagres. O milagreiro arrebanha fanáticos com o otimismo delirante do "melhor dos mundos possíveis". Nesse tempo, os céticos não estão em segurança. A tolerância trazida pela atitude cética não encontra lugar que não seja o mesmo da fogueira.

    Hard times

  5. Parabéns Alex!

    Excelente a parte explicativa sobre a diferença entre política monetária e guerra cambial, além de que aquela tem nos ajudado a aumentar as exportações de manufaturados (inclusive objeto de reclamação do empresariado).

  6. Até o Nelson reconheceu…

    "Em seminário na Fundação Getulio Vargas, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que a valorização do real não é resultado apenas dos juros mais elevados no país, e que está sendo determinada pelos altos preços das matérias-primas no exterior."
    "Qual é a má notícia? Mesmo que baixemos a taxa de juros rapidamente, a moeda continuará valorizada", disse o economista.
    Daniel

  7. A impressão que passa é que a indústria brasileira parou no tempo. Não é pecado nenhum inovar. Falaram da indústria automobilística, mas olhem a qualidade das carroças (ops.. carros) produzidas aqui, e ainda conseguem vender à preços absurdos.

    Mexer no câmbio e partir para o protecionismo não vai resolver muita coisa, além de deixar o país cada vez mais atrasado no mundo.

    O único caminho é o das reformas estruturais, mas parece que isso já virou lenda no Brasil.

  8. Para anônimo:Indústria manufatureira está perdendo participação e a indústria extrativa está aumentando participação por isto vc vê o total mais ou menos inalterado. Exportações que aumentaram são de minério de ferro e petróleo.

  9. Paulo, é claro que a indústria manufatureira está perdendo participação, mas isso se deve porque a concorrência no mercado de commodities é mínima, e no mercado de manufaturas é máxima hehe

  10. Curioso, nenhum rent seeker, ops, empresário, questiona o fato que o governo brasileiro reconhece a China como economia de mercado. Como passe de mágica, esqueceram o custo Brasil. Alguém já disse, a ideologia do empresário é grana no bolso, seja qual for o governo de ocasião.
    Se eu fosse um industrial demitiria todos os meus lobistas e contrataria os lobistas dos bancos. Esses sim sabem como manter sua participação no pib.

  11. excelente participação sua no programa, Alexandre – senti na pele sua frustação de dizer a verdade e nào ser ouvido; não porque os outros dois convidados nào sabem do que se passa, pelo contrário, fazem parte do grupo que manipula a realidade dos fatos em proveito próprio e do grupo que representam em detrimento do país como nação. Sabem que estão errados no diagnóstico porque querem tirar vantagem do estado no processo, deixando as coisas como estão para ver como é que ficam – lamentável ! É por causa desses mesmos indivíduos e grupos o motivo pelo qual o brasil não muda !!! Se não for isso, é pior ainda – não tem capacidade de entender a realidade e não sabem mesmo sobre o que estão falando, e errando no diagnostico por desconhecimento nunca chegarão ao prognóstico correto.

  12. Alex e colegas,

    Embora não tenha conhecimento para avaliar a sua posição de que o câmbio está alto essencialmente por conta do preço das commodities, gostaria de ter ouvido mais sobre a determinação da taxa de juros.

    A taxa de juros define-se também pela oferta/procura de dinheiro? Que mecanismos impedem a sua queda no País, que não a decisão do BACEN?

    Favor indicar estudos realizados sobre a formação do câmbio em países exportadores de commodities.

    Abraço para todos

  13. Assistindo o programa pela 2a vez – lamentável a postura dos outros dois convidados; querem um capitalismo financiado e controlado pelo estado, ou seja, tecnicamente falando, querem um facismo. E se dizem … empresários !!! É um paradoxo !!

    Querem que o país faça politicas de aquisicção internacional tomando empréstimo internamente (?!) tendo a China socialista-comunista como exemplo… impressionante a falta de preparo dos outros 2 para desempenhar as funções profissionais … falta de conhecimento, mesmo.

    Alexandre … volta p/ California, meu caro – a forma de fazer capitalismo e ser empresário no brasil aqui é assim – todos fisiologistas do grupo que representam, e principalmente do estado e suas tetas. Uma vergonha – lamentável ver o país mergulhado nessa preguikça de fazer o que ;é certo, e nào aquilo que seja mais cômodo.

    Alexandre … discutir com essa gente não dá.

  14. Tem gente boa apostando em reversão do bull market das commodities, uma nova realidade cambial e uma nova esperança (vã que seja) para alguns setores industriais brasileiros moribundos com um câmbio depreciado. Inflação ainda mais elevada, crescimento sem gás e o trade crowded de consumo interno pode terminar em dor de barriga.
    Maradona

  15. Gostei tb da correção feita no início, sobre a frase de Mario Simonsen…
    Já mostra o pouco preparo dos outros participantes…
    Sua lógica foi inquestionável, baseada em fatos.

  16. A conversa me mostra muito claramente uma idéia que o Krugman sempre repete. Não adianta o cara trabalhar 30 anos como empresário, e achar que sabe macroeconomia. Não sabe.

  17. Duas interpretações:
    i) Boa apresentação sua, a despeito da má qualidade dos debatedores. Reforça minha compreensão de que empresários não entendem o funcionamento de mercados: quando fala de juros, só vê a demanda por fundos emprestáveis, portanto só pede redução de juros; quando fala de câmbio, só vê oferta de dólares, portanto só pede sua valorização; e têm dificuldades monstruosas para falar sobre produtividade, pois expõem sua incompetência.
    ii) A presidente teve uma epifania, entendeu que o problema é câmbio e agora vai. Mais algumas reuniões e o Brasil será uma potência industrial.

    Abs,

  18. Alexandre,

    O link da segunda parte não funciona. Dei uma procurada na Globonews e não encontrei, acredito que tenham tirado (não faço idéia do motivo). Assim que o reobter, por favor, atualize o post. Infelizmente não consegui acompanhar esse programa no dia.

    Abs,

  19. É meus amigos, a doutrina proposta pela CEPAL continua fazendo fãs e estragos, o resultado como o Alexandre disse no programa é sempre o mesmo.
    Imagine se na década de 60 e 70 esse isolamento do Brasil já nos atrasou muito, hoje seria muito pior.

  20. A parte mais atarrecedora de tudo é que, o paí sainda não tem um plano; sej aesse plano qual for – simplesmnete, não há plano. PAr anada. Vamos a reboque. É incrível comm vamos perdendo o bonde da historia… até o canadá está em conversa de free trade () com o japão do qual não tem nenhuma afinidade, como nos temos.

  21. Desculpe a insistencia, mas não consigo me segurar … assistindo aqui a 2a. parte, de um lado, um Doutor em economia dizendo que "… se os metodos nào mudam, os resultados serão rigorosamente os mesmos …"; do outro, um fulano lá falando que não, que não é assim, quer está errado, etc e tal. Não dá – a diferença intelectual entre os debatedores é muito grande. (sinceramente, não entendi o porque da retirada do video do ar – me decepcionei com o programa.)

  22. A segunda parte do programa foi retirada do site do Globo News Painel. Uma nota da editoria esclarecendo a questão seria oportuna, pois consoante com o que é proclamado nos "Princípios editoriais das Organizações Globo"

    http://g1.globo.com/principios-editoriais-das-organizacoes-globo.html

    Uma nota editorial é necessária, principalmente, porque na parte suprimida o jornalista William Waack, ao final do programa, convidou os debatedores para retornar ao programa "daqui a seis meses", sugerindo que os mesmos seriam chamados para a "prova do pudim". O repórter indicou, ainda, que no futuro esse debate seria reprisado nas passagens mais importantes, com "a gente até passando aqui [inaudível. "Aquilo"?] que foi discutido entre vocês" [11:28]. Ele continua, afirmando que "tenho certeza que o assinante em casa é muito atento, nos prestigia bastante, nos dá uma ótima audiência, vai cobrar isso aí de vocês. Este Globo News Painel está terminando, daqui nos próximos seis meses a gente vai ver ainda."

    Os assinantes atentos, que prestigiam o Globo News Painel e dão ao programa ótima audiência, esperamos poder rever a segunda parte do programa, que foi retirada do site e, até o momento, estamos sem saber o porquê. Não me parece crível que a editoria do Globo News Painel não disponha de meios técnicos para recuperar a parte que falta e, então, recolocar no site o que está suprimido.

    "A verdade exige toda a verdade, assim como a correta ligação das suas partes" [Eric Auerbach. Mimesis]

    PS: Procurei no site do Globo News Painel o endereço eletrônico da editoria para encaminhar este comentário. Não encontrei. Se alguém souber como fazer para que este comentário de leitor do blog e assinante dos canais Globo chegue à editoria, por favor me avise.

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