Lies, damn lies, and statistics

Na categoria “enrolando com os dados”, o mapa abaixo, tirado de uma apresentação do Ministério da Fazenda, lidera com folga a apuração em 2011 (pelo menos até a presente data). Segundo o mapa, a aceleração da inflação (isto mesmo, a segunda derivada dos preços) no Brasil está entre as menores do mundo. Não bastasse a óbvia falsidade dos dados (espera-se, pelo Focus, que a inflação no Brasil atinja algo como 0,4% a mais que no ano passado), o mapa dá a entender que a situação inflacionária dos EUA é pior que a Argentina.
Finalmente, a versão para colorir (infelizmente já colorida)

Pergunto ao Leo Monastério: vale o Prêmio Eço?

51 thoughts on “Lies, damn lies, and statistics

  1. Alex e "O",

    Uma pergunta que se for estúpida pode me colocar na dimensão Z. Se o governo eleva tributos como forma de conter a demanda (vide IOF) e se este mesmo governo é gastador e deficitário o efeito seria o inverso do pretendido? O consumidor que paga mais IOF poderia ter poupado este montante adicional de imposto pago, já o governo ao extrair este recurso e não poupar acaba por multiplicá-lo na economia. Estou certo?

    Abs.

    M.

  2. "o" anonimo.

    tem uma respostinha no post anterior pro Jeg.. ""Jenio"".
    Alias, esse "o" deve significar aquele furiculo retal, que no caso do nosso bravo economista, deve ser tanto fedorento quanto sua sapiencia

  3. "Se o governo eleva tributos como forma de conter a demanda (vide IOF) e se este mesmo governo é gastador e deficitário o efeito seria o inverso do pretendido?'

    Se gastos e tributos são elevados no mesmo montante, sob certas condições a demanda interna aumentaria, o que teria o efeito inverso ao supostamente pretendido.

  4. Aceleração inflacionária do Brasil é menor que nos EUA, onde a demanda doméstica está se recuperando de uma bruta crise, e que no Japão (!!!), que há anos não sai da deflação????
    Isso passa do limite do aceitável. Melhor continuar com a cabeça enterrada, dizendo que a culpa é do choque de alimentos.

  5. "Estamos no meio de um ciclo de aperto, estamos apertando as condições monetárias no Brasil, e por outro lado estamos lidando com esses efeitos diretos e indiretos dos fluxos de capital", disse Tombini, em palestra no seminário Perspectivas Econômicas para a América Latina, promovido pelo Brookings Institution, em Washington.

    Enfim reconhece que está lidando com um quadro complexo, difícil e que precisa de muita firmeza, além disto, passar isto para o mercado. O correto seria falar: o BC fará o que for necessário para controlar a inflação, como sempre fez.
    O Tombini pode escolher: ser demitido por deixar a inflação voltar (desmoralizado), ou fazer o correto e controlar a inflação (se for demitido será com prestígio).

  6. Depende do fator multiplicador, mas e a corrupção, os modelos captam? Como a corrupção aqui está feroz perigas cair a demanda, a menos que a "grana" seja torrada aqui mesmo e não enviada para algum paraíso fiscal.Como muitos ex-membros do último governo não param de visitar a Africa e Oriente Médio, tenho um palpite que estão lavando dinheiro por lá, quem sabe trocando dólares roubados daqui, trocando-os por diamantes…….só palpite

  7. Qual a surpresa? Eh bem conhecido o que o Mantega faz com relatorios dos tecnicos da fazenda que nao sejam alinhados. O dano institucional do Mantega ao Brasil nao eh brincadeira.

  8. Fugindo deste assunto específico, vcs viram a análise do lucro do BNDES feito pelo Mansuetto?
    O Tesouro se ferra e o BNDES (funcionários e diretoria, incluídos) vangloriam-se da boa administração!
    Palhaçada!

  9. Bolão: o que o Tombini vai colocar na cartinha obrigatória que terá de escrever para a presidenta no começo do ano que vem?

  10. Vai colocar a verdade, culpando indiretamente o min. da fazenda e deixando claro que a culpa foi do estado gastador…

    É uma boa estratégia para derrubar o mantega antes mesmo do próximo carnaval 😉

  11. Lendo acima sobre o mão peluda me veio a mente a seguinte frase:

    'O que é um blogueiro progressista? É um candidato ao dinheiro público.'

    Fabulous

  12. Dica de livros de macroeconomia bons:

    Macroeconomic Theory, by Jean-Pascal Bénassy.

    Advanced Modern Macroeconomics, by Max Gillman.

    Macroeconomics, by Stephen Williamson.

  13. "TV Brasil contrata blogueiro por R$ 660 mil sem licitação."
    O que dói é que tenho que pagar impostos para sustentar estas e outras picaretagens. O noticiário já fala na necessidade de aumentar a tributação. E falar que a Dilma é boa gerente? Se fosse boa gerente não teria permitido este absurdo e que o Mantega (e o BC embarcou) passasse insegurança para o mercado (expectativas) na correção das medidas a serem tomadas no combate à inflação (trabalharam contra eles mesmos).

  14. Mais uma decepção! a entrevista do Samuel Pessôa no OESP…a solução dele?

    "Uma maneira de resolver tudo isso é a presidente Dilma conseguir no Congresso um aumento de carga tributária: recria a CPMF, aumenta impostos sobre royalties de mineração, impostos indiretos, algo assim. Aí ela arrecada algo entre 1,5% e 2,5% do PIB a mais, e com isso tem recursos para fazer um superávit primário maior, que ajuda no combate à inflação. Tem recurso para manter a regra do salário mínimo e outros gastos sociais, e ainda sobra um pouquinho para manter compra de reservas".

    Vou definitivamente concordar com SB; SELVA!SELVA!SELVA!

  15. O Pessoa é realista. Superávit com aumento tributário é ruim, mas é melhor que déficit…

    O governo Dilma foi eleito pra gastar, a Constituição estrutura um Estado propenso a gastar, não tem jeito.

  16. O Banco Central tem autonomia operacional. O Banco Central tem autonomia operacional. O Banco Central tem autonomia operacional. O Banco Central tem autonomia operacional. O Banco Central tem autonomia operacional. O Banco Central tem autonomia operacional…

    http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/04/16/ex-ministro-revela-que-lula-vetou-alta-de-juros-no-fim-de-seu-mandato-924261572.asp

    O mensalão não existiu. O mensalão não existiu. O mensalão não existiu. O mensalão não existiu. O mensalão não existiu. O mensalão não existiu. O mensalão não existiu. O mensalão não existiu. O mensalão não existiu…

  17. "O Pessoa é realista. Superávit com aumento tributário é ruim, mas é melhor que déficit…"

    Meu filho…o Pessoa é mais um academico louco, desconectado da realidade….

    E quem garante que aumentando os impostos, o governo vai se controlar e não vai gastar este dinheiro também ?

    Acredita em promessa deste tipo vinda de algum governo ? E pior , vinda DESTE governo ?

    Mais crível é papai noel….

    Então o Pessoa está falando uma besteira teórica, nenhum problema se ficasse trancada na academia, mas é uma baboseira perigosa para todo mundo que paga imposto neste país.

  18. Pessoa pode ser um acadêmico, mas ele agora está na Tendência Consultoria Integrada, então está bem ligado à realidade econômica.

  19. "E quem garante que aumentando os impostos, o governo vai se controlar e não vai gastar este dinheiro também ?

    Acredita em promessa deste tipo vinda de algum governo ? E pior , vinda DESTE governo ?"

    Não tem promessa nenhuma. A lógica é que é melhor menos déficit do que mais déficit.

    E não vai ter equilíbrio fiscal rígido no Brasil nem nos próximos 4 nem nos próximos 40 anos.

    Um motivo é conjuntural. O governo Dilma foi eleito para gastar. Era essa a campanha, foi isso que o povo escolheu democraticamente.

    Outros 2 motivos são estruturais: (1) a Constituição não só permite como exige que o governo gaste muito em serviços e infraestrutura; (2) o grande empresariado industrial e agrícola no Brasil ou é estatal, ou é contratado/parceiro do Estado, ou tem como principal fonte de financiamento o crédito estatal.
    [isso para não entrar na questão mais espinhosa do serviço da dívida pública]

    Portanto, um governo "equilibrado" precisaria uma de duas: desrespeitar/reformular a Constituição em pontos chave e/ou quebrar a elite não financeira nacional.

    Ok, chutar a bunda de fazendeiros, Zezés de Camargo e Correa e caras de sobrenome alemão não seria má ideia. O que acha?

    Outra solução é convocar uma constituinte agora… Que tal?

  20. Meus caros,
    Vamos tomar cuidado com os comentários. O Samuel se baseia em dois pontos para fazer sua análise (e veja bem, ele está tentando prever o que governo fará, não está dizendo o que ele gostaria que o governo fizesse):
    1- Inflação arrebenta com o capital político do governo. Este é o ponto básico que diversas pessoas levantam quando dizem que o governo vai segurar a inflação de qualquer jeito. Eles podem até fazer alguma mágica, mas se não funcinar (e não vai funcionar), eles aumentam a taxa de juros, sim.
    2- Ajuste fiscal pelo lado dos gastos neste governo não vai existir (e este é necessário devido ao ponto 1, não porque o governo queira). E aí vem ajuste pelo lado da receita (e consequente aumento da carga). Isto já começou (o aumento do IOF). Os dois impostos que dão para criar seriam a CPMF e o imposto sobre grandes fortunas.
    Acho as críticas ao Samuel equivocadas. Ele não estaria falando sobre as políticas ideias a serem implementadas no Brasil. Ele está fazendo uma previsão sobre o que ocorrerá no Brasil. É muito diferente.
    Saudações.

  21. A Solution to Fiscal Procyclicality: The Structural Budget Institutions Pioneered by Chile

    Jeffrey A. Frankel

    Historically, many countries have suffered a pattern of procyclical fiscal policy: spending too much in booms and then forced to cut back in recessions. This problem has especially plagued Latin American commodity exporters. Since 2000, fiscal policy in Chile has been governed by a structural budget rule that has succeeded in implementing countercyclical fiscal policy. Official estimates of trend output and the 10-year price of copper – which are key to the decomposition of the budget into structural versus cyclical components – are made by expert panels and thus insulated from the political process. Chile’s fiscal institutions hold useful lessons everywhere, but especially in other commodity exporting countries.

    This paper finds statistical support for a series of hypotheses regarding forecasts by official agencies that have responsibility for formulating the budget.

    1) Official forecasts of budgets and GDP in a 33-country sample are overly optimistic on average.

    2) The bias is stronger at longer horizons

    3) The bias is greater among European governments that are politically subject to the budget rules in the Stability and Growth Pact (SGP).

    4) The bias is greater in booms.

    5) In most countries, the real growth rate is the key macroeconomic input for budget forecasting. In Chile it is the price of copper.

    6) Real copper prices mean-revert in the long run, but this is not readily perceived.

    7) Chile has avoided the problem of overly optimistic official forecasts.

    The conclusion: official forecasts tend to be overly optimistic, if not insulated from politics, and the problem can be worse when the government is formally subject to budget rules. The key innovation that has allowed Chile to achieve countercyclical fiscal policy in general, and to run surpluses in booms in particular, is not just a structural budget rule in itself, but a regime that entrusts to independent expert panels responsibility for estimating long-run trends in copper prices and GDP.

  22. "O Samuel se baseia em dois pontos para fazer sua análise (e veja bem, ele está tentando prever o que governo fará, não está dizendo o que ele gostaria que o governo fizesse)"

    Uma ova!

    Mas aumentar a carga tributária não é ruim?

    "Reduz a capacidade de crescimento a longo prazo. Mas, dadas as circunstâncias do País hoje, eu sou a favor".

  23. Aumentar a carga tributária num país que bate sucessivos recordes de arrecadação, é uma piada, e de muito mau gosto.
    E a propósito inimputáveis são os menores, indigenas e loucos de todos os generos.Em qual modalidade se encaixa o gênio que está sugerindo aumento de carga tributária?

  24. "Em qual modalidade se encaixa o gênio que está sugerindo aumento de carga tributária?"

    É uma Pessoa "de menor", não sabia?

  25. Uma coisa bem simples que a gente poderia fazer é correr um modelo básico (com distorting taxes) de ciclo econômico real calibrado para o Brasil e ver o que resulta. Tem muitos economistas usando esses modelos pois acabem representando bem a realidade econômica…

  26. "Na boa", o cidadão que acredita que é melhor um aumento da carga tributária para 'equilibrar numericamente' o balanço da União (tal como fizeram na Ptbrás), se enquadra em 3 opções (não necessariamente excludentes entre si):
    Tolo, inocente ou mal-intencionado.
    O Brasil, a exemplo da vasta maioria dos países, não possui elite política inteligente e compromissada com o bem-estar nacional, apenas com os próprios bolsos e interesses.
    Nunca será um país avançado no IDH enquanto tiver tamanha carga tributária, taxas de juros, corrupção e baixeza moral e ética.
    E tudo, como já o disse anteriormente, desagua nos títulos públicos. Puxa burro de carga!

  27. "Uma coisa bem simples que a gente poderia fazer é correr"

    Foi a estratégia mais realista para a oposição que encontrei até agora no blog…

  28. Prezado Alex,

    vc viu a matéria ontem da Globo News com o Mantega a Dilma e o Tombini falando sobre a inflação?

    o primeiro ponto é que vc não ouve a voz do Tombini, só a do Mantega. Game Theory: a soberba amantegada querendo aparecer tira o medo do mercado sobre o BC. Mas isso é outra discussão.

    o principal ponto é que essa matéria deu foco num dos slides da apresentaçao do governo ao Conselhão ontem. Pareceu-me claramente que era justamente esse slide do post que estava na tela! Dê uma olhada se puder! abs

  29. A questão nao eh cultura de indexação, mas sim pressão de demanda e perda de credibilidade do bacen. O alongamento do horizonte de convergência da meta nao eh uma idéia ruim, mas foi adotada casuisticamente para vender essa conversa furada de que inflacao no Brasil eh temporária e reflete choque externo. O Tombini esta assinando embaixo disso ai, ao menos publicamente.

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