Enfim, o ano de 2018 vai começar. Coluna Mário Marinho

Enfim, o ano de 2018 vai começar

COLUNA MÁRIO MARINHO

É muito difícil, quase impossível, o Ano Novo começar no dia 1º de janeiro, como, irritante e repetidamente, os fabricantes de calendários ficam a exigir.

Para muito, começa na segunda-feira seguinte.

Para outros, começará um pouco mais à frente. Há quem espere o Carnaval chegar. Mas, claro, não começará na Quarta-feira de Cinzas. Isso é lá dia de começar o ano?

Pode-se começar então na segunda-feira, após a Quarta-feira de Cinzas.

Não para todo mundo, claro.

Os mais religiosos preferem esperar a chegada da Semana Santa.

E, aí, dá-se o inevitável: começa o ano. Não tem mais escapatória.

Mas, para quem gosta de futebol o ano começa mais cedo.

Aqui em São Paulo, começou no dia 3 de janeiro com a disputa da Copa São Paulo de futebol júnior, injustificadamente chamada de Copinha.

Afinal, são 128 times participantes. Seriam necessários quantos times para ser chamada de Copa ou de Copão?

Também já não pode ser chamada de “vitrine do futebol”, como até há alguns anos. Com tantos times, com tantos jogadores, está mais para “Rua 25 de Março”.

O calendário do futebol, pra valer mesmo, começa com os campeonatos estaduais.

Muita gente torce o nariz quando se fala em estaduais. Não tem a menor importância, dizem uns. São deficitários, gritam outros. É preciso acabar com isso, esguelham-se os mais escandalosos.

De minha parte, eu gosto dos estaduais. É um bom aperitivo. E, como se sabe, todo bom banquete começa com bons aperitivos. Além disso, serve também para a preparação, como pré-temporada.

Vejo ainda outra vantagem: tem o condão de manter viva a rivalidade com o vizinho mais próximo.

Se você está em São Paulo e seu time joga contra outro de Minas Gerais, por exemplo, não vai ter graça o papo da segunda-feira na padaria. Bom mesmo, é corintiano encontrar o palmeirense; é americano gozar o atleticano; é o colorado tirar sarro do gremista; e o flamenguista em cima do Pó de Arroz? E por aí vai.

Então, começam os estaduais.

Todo mundo está careca de saber que carioca é apaixonado por trabalho. Nesse quesito, perde só para os baianos.

Assim, os cariocas não deram a menor bola para feriados do fim de ano e o Carioca de 2018 começou no dia 27 de dezembro de 2017. Isso é que amor ao trabalho: nada de descanso entre Natal e Ano Novo.

O Flamengo é candidato natural ao bicampeonato, mesmo sem Guerrero, seu artilheiro pego em doping. O Fluminense, quem diria, que há alguns anos era chamado de o Rei do Tapetão, com um time de suprema eficácia de advogados, agora anda às turras com a Justiça cheio de processos e perdendo jogadores importantes, como o bom Gustavo Scarpa que já assinou com o milionário Palmeiras.

Nesta quarta-feira, o meu América faz sua estreia no Campeonato Mineiro jogando contra o Patrocinense. O jogo será em nossa casa, o Independência. Os outros dois clubes também importantes, Atlético e Cruzeiro, fazem sua estreia nesse fim de semana. O Galo é o atual campeão mineiro.

O Gauchão começa também nesse meio de semana com o Grêmio do Belmiro Celso Dupont Sauthier tentando abater o Novo Hamburgo, bravo campeão do ano passado, ao vencer o Inter nos pênaltis.

Pernambuco, terra de Antônio Maria e Toinho Portela, também vê a bola rolando neste meio de semana e o alvo a ser abatido é Sport, campeão do ano passado quando era dirigido por Vanderlei Luxemburgo.

Lá na Bahia, onde todo campeonato terminaria empatado se a superstição ganhasse jogo, a bola começa a rolar no próximo fim de semana. Algo me diz que o título ficará entre o Vitória e o Bahia. Sei não…

Na terra que outrora foi da garoa e hoje é muito mais do asfalto, o campeonato começa nesta quarta-feira com um bom aperitivo: Corinthians e Ponte Preta, no Pacaembu.

O Corinthians perdeu seu artilheiro, Jô, e acaba de assinar com Sheik, aquele que já passou pelo Timão e por outra dezena de clubes.

Aos 39 anos, Sheik poderia até estar sendo pretendido pelos Masters que o saudoso Luciano do Valle tanto prestigiou.

O milionário continua sendo o Palmeiras que contrata jogadores a torto e a direito. Na temporada do ano passado, o Verdão usou essa mesma tática: investiu muita grana em jogadores famosos e caros, mas não conseguiu montar uma equipe.

E viu o Corinthians, apontado há exato um ano como a quarta força de São Paulo, levantar o caneco do Brasileirão com muita competência e garra.

O São Paulo que passou o ano de 2018 lutando para não cair, perdeu dois jogadores importantes: Hernanes, o grande artífice, o artista operário que evitou a tragédia; e o artilheiro Lucas Prato, sempre perigoso.

A melhor contratação do São Paulo até agora foi Diego Souza, que fez excelente temporada pelo Sport no ano passado. Diego é um excelente jogador, mas é pouco para quem passou o ano inteiro na corda bamba.

O Santos perdeu Lucas Lima e Ricardo Oliveira. Algo como perder o arco e a flecha. Seu melhor reforço, até agora, é o meia Eduardo Sasha, emprestado pelo Internacional.

Parece que, dentro de campo, continuará sem arco e sem flecha. Porém, chegou um bom reforço: o técnico Jari Ventura que fez ótimo trabalho no Botafogo no ano passado.

Enfim, o gramado é vasto, é intenso: são oito milhões e quinhentos mil quilômetros quadrados de norte a sul.

Espaço para muito futebol, para muita emoção.

Boa Notícia

Há cerca de um mês, foi com tristeza que vi um Pelé abatido e desconfortável em uma cadeira de rodas, no dia do sorteio dos Grupos da Copa do Mundo.

Pois hoje, segunda-feira, 15,  um Pelé sorridente e otimista apareceu para o público carioca na cerimônia de lançamento do Estadual do Rio, apoiado em um andador.

Não perdeu a chance para mostrar seu estado de espírito e falou assim sobre o andador que o ajudava: “Deus me deu uma nova chuteira. Tenho que usá-la”.

Dá-lhe, Pelé!

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FOTO SOFIA MARINHO
MARIO MARINHO

Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTA

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