O direito de escolher. Coluna Carlos Brickmann

O direito de escolher

 Coluna Carlos Brickmann

EDIÇÃO DOS JORNAIS DE QUARTA-FEIRA, 25 DE ABRIL DE 2018

O recordista nacional de votos para deputado federal é Enéas Carneiro (“Meu nome é Enéas”). O segundo é Celso Russomanno. O terceiro, eleito e reeleito com mais de um milhão de votos, é Tiririca (“pior do que está não fica”). Os três por São Paulo, o Estado mais rico do país.

O Rio tem agora uma ótima chance de superar esses campeões de votos. A funkeira DJ MC Carol, filiada ao PCdoB fluminense, quer candidatar-se a deputada federal (espera apenas a convenção partidária para ser candidata de direito). A DJ MC Carol ganhou popularidade com este funk de grande sucesso, letra e música de sua autoria, também cantado por ela:

“Tô, Tô/ Tô usando crack/ Tô usando crack

Larguei minha família, a escola/ Você sabe
Parei com a maconha/ Tô usando crack

A maconha te engorda/ Use crack que é mais light
Tô usando crack/ Tô usando crack

Vou perder os meus amigos/ Se prostituir faz parte
Tô usando crack/ Tô usando crack”

O partido, quando lança um candidato, acena para o eleitor com alguém presumivelmente ligado à sua ideologia política. O eleitor vota em quem quiser, presumivelmente em quem tenha sua tendência – no caso, esquerda.

OK – mas, por favor, depois não reclamem do Congresso que elegeram.

Talvez, quem sabe

A data marcada é 25 de abril: hoje. O ministro Marco Aurélio, do STF, pretende levar a plenário a Ação Direta de Constitucionalidade do PCdoB para que seja retomada a norma de só prender alguém após o trânsito em julgado, encerrados apelos, recursos e embargos. Marco Aurélio já avisou que levará a ADC a plenário, mas talvez adie seus planos: neste momento, não há quem creia que a proposta busque apenas a aplicação da norma constitucional. Atribui-se à ADC o objetivo de tirar Lula da cadeia, apenas isso (Lula foi preso depois de condenado em segunda instância). A ideia de que a proposta busca beneficiar um único condenado pode levar ministros a votar contra, derrotando-a. A resposta será conhecida hoje à tarde.

Vergonha 1

O paranaense Sandro Kozikoski foi, até o dia 9, advogado de Juliano Borghetti, réu na Operação Quadro Negro (que investiga a destinação de verbas, para reforma e construção de escolas, que teriam sido pagas, mas não executadas). No dia 11, Sandro Kozikoski foi nomeado procurador-geral do Estado pela governadora Cida Borghetti, PP – irmã de seu antigo cliente. Os procuradores paranaenses protestaram: a tradicional festa de boas-vindas que promovem quando da nomeação do novo procurador-geral não foi realizada. Cida Borghetti é esposa do ex-ministro da Saúde, Ricardo Barros, que deixou o posto para tentar se reeleger deputado federal.

Vergonha 2

O prefeito de Bariri, SP, Paulo Henrique Barros de Araújo, do PSDB, suspeito de tentar estuprar uma menina de oito anos, foi preso preventivamente e expulso do partido. O PSDB divulgou nota oficial: “O partido se solidariza à família da vítima e espera que o caso seja esclarecido e o culpado severamente punido”. Barros de Araújo é presidente da Câmara e prefeito em exercício. Como prefeito, responde já a dois processos por improbidade administrativa.

Facebook emagrecendo

Trabalho da agência internacional de pesquisas de consumo Toluna, obtido com exclusividade por esta coluna, mostra que 45% dos usuários do Facebook têm hoje menos confiança no sigilo daquilo que partilham. As desconfianças nasceram com as notícias de violação de dados por parte da Cambridge Analytica; e se estenderam a outros serviços, como o Google, o Twitter e o Instagram. Entre os pesquisados, 54% refizeram suas configurações de privacidade no Facebook; 5% encerraram suas contas.

“Os brasileiros estão realmente preocupados com a privacidade de seus dados on-line e estão tomando medidas para se sentir mais seguros”, diz Luca Bon, diretor da Toluna para a América Latina. Considerando-se que, como diz o Facebook, pouco mais de cem milhões de pessoas utilizam a plataforma, uns cinco milhões de brasileiros suspenderam a assinatura.,

Para ver o relatório completo das pesquisas acesse:

https://www.dropbox.com/s/dru2j0oykm4wb8p/Report__FACEBOOK_CAMBRIDGE_ANALYTICA_04-11-2018.pptx?dl=0

https://www.dropbox.com/s/nb9uk0hhcfvkr0p/Report_Facebook_e_Cambridge_Analytica_04-11-2018.pptx?dl=0

Como é mesmo?

O caro leitor conhece mais alguém, além do segurança de Lula, que guarde o passaporte e o talão de cheques dentro do carro?

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1 thought on “O direito de escolher. Coluna Carlos Brickmann

  1. O mais curioso, no caso da tal MC Carol, é que ela parece consumir maconha, não crack. É só dar uma olhada na figura pra constatar. Talvez a agradável musiquinha da moça exprima apenas seu projeto pessoal para um futuro melhor… Brilhante!
    (Em tempo: maconha engorda, mas apenas indiretamente, assim como qualquer canabinoide de ação anticolinérgica gabaérgica. Em geral, só engorda, lentamente, além de deixar meio lorpa – o que, creio, o exemplo da moça bem o demonstra -, mas, salvo exceções muito específicas, não mata ninguém. Crack, ao contrário, emagrece muito mais rapidamente, embora a ação também seja indireta e polissindrômica. A rapidez e a potência da ação é tal que costuma levar o adicto ao necrotério – consequência dos distúrbios cardíacos, neurológicos, psiquiátricos, respiratórios, digestivos, etc., que cocainoides em geral provocam não apenas imediatamente, mas também a longo prazo. E, diferentemente da maconha, ainda causa dependência química irreversível! De novo: é brilhante a opção da moça. E vai saber, pelo exemplo, quantos idiotas ela não levará junto para a cova.)

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