Lá, como cá. Coluna Mário Marinho

Lá, como cá…

COLUNA MÁRIO MARINHO

Consta do folclore do jornalismo que ali pelo final dos anos 1960, ao comparar mal feito de um país de Primeiro Mundo com mal feito parecido no Brasil, o Estadão lascou esta manchete: “Lá, como cá, mazelas há”.

Confesso que não me lembro dessa manchete, mas não duvido nada.

Naquela época, Estadão e Jornal da Tarde dividiam o 5º andar do prédio do número 28 da rua Major Quedinho, no Centro de São Paulo.

De um lado, circunspectos senhores, sempre engravatados, solenes ternos que sequer permitiam que seu jornal fosse chamado de Estadão. Era O Estado de S. Paulo. O máximo de intimidade que se permitia era se chamá-lo, em círculos absolutamente restritos, de Estado.

O Jornal da Tarde era composto por uma redação onde a idade média variava entre os 22 e 24 anos.

A redação do Estadão, ops!, O Estado, tinha a idade média de jornalistas que fariam a alegria da Prevent, plano de saúde específico para clientes acima dos 50 anos.

O corredor que separava as duas redações era conhecido como Túnel do Tempo.

Assim, não teria sido absurda a hermética e quase enigmática manchete. Além disso, o assoberbante diário não precisava de manchetes para aumentar a circulação. Tinha seu público cativo entre milhares de assinantes.

Adaptando a histórica manchete para nosso tema, o futebol, podemos dizer que lá, como cá, mazelas há em se tratando de arbitragens.

Vimos na reta final do mais charmoso e importante torneio de clubes do mundo, a Champions League, erros cabeludos cometidos por juízes que, certamente estarão na Copa do Mundo da Rússia, e diante de plateia mundial.

Veja abaixo os melhores momentos de Roma 4 x 2 Liverpool. Reparem em lance do segundo tempo, quando o zagueiro Arnold corta um cruzamento com a mão. Lance claríssimo de pênalti que o juiz não viu.

Se fosse marcado e convertido o pênalti, o placar seria de 5 a 2 que levaria a decisão para a prorrogação. Veja.

Na eliminação do Bayern pelo Real Madri, aconteceu também o pênalti claro do brasileiro Marcelo, solenemente ignorado pelo juiz.

Aliás, o próprio Marcelo, em entrevista após o jogo, admitiu o lance faltoso. Veja:

https://youtu.be/IKD8yQozFTI

Se o Bayern convertesse o pênalti, o Real estaria eliminado.

E olha que não estamos falando aqui de um Paulistinha qualquer, mas da sacratíssima Champions League.

Fica a verdade: lá, como cá, lambanças há.

Punir jogadores
é a solução?

Como se vê, erro de arbitragem acontece onde acontecem jogos de futebol.

Aqui no Brasil, o STJD (Superior Tribunal de Justiça) está de olho nas reclamações postadas pelos jogadores nas chamadas redes sociais.

Informa o repórter Gonçalo Júnior, do Estadão, que o órgão vem analisando as páginas dos jogadores no Facebook e estuda punições.

Alto lá, cara pálida!

Então o jogador não tem direito de reclamar?

Claro que tem.

O jogador não pode incitar a violência, como fez Neymar há alguns anos, ainda jogador do Santos, quando publicou: “Juiz ladrão vai sair de camburão”. Ele acabou sendo punido com multa.

Mas, o nem sempre exemplar Felipe Mello publicou uma foto em sua página mostrando a posição absolutamente legal do zagueiro Antônio Carlos ao marcar o gol que daria a vitória palmeirense sobre a Chapecoense.

Também o zagueiro Arboleda mostra foto da falta que sofreu o centroavante Fluminense e reclama, embora com um desnecessário palavrão.

Já o meu América, polido como sempre, educado e sutil publicou reclamação contra o juiz com bom humor: “Três erros decisivos contra o mesmo time também valem música? É ou não é fantástico?”

Portanto, sábios senhores do STJD, tenham muito cuidado nessas análises e possíveis punições: a manifestação da opinião é garantida pela Constituição.

Timão
irreconhecível

Cadê o time que toca a bola, que envolve os adversários e parte para fulminantes e letais contra-ataques?

Não se viu nada disso no Corinthians de ontem e pouco se tem visto nos últimos jogos. Será que o esquema esgotou?

Com a derrota para o Independiente na noite de ontem, em Itaquera, o Corinthians deixou de dar largo passo em rumo à classificação na Libertadores. E passa a preocupar o torcedor.

E o Emerson Sheik que foi expulso sem sequer tocar na bola (foto ao alto)? O que aconteceu com ele? Que remédio ele anda tomando? Ou não tomou?

O Cruzeiro não tomou conhecimento do Vasco da Gama, nem mesmo o fato de o jogo ter sido no tradicionalíssimo São Januário (inaugurado em 21 de abril de 1927) e sapecou 4 a 0.

Com a goleada, o Cruzeiro assume a liderança de seu grupo e fica muito próximo da classificação. Já o Vasco da Gama deu adeus à Libertadores.

Pela Copa do Brasil, no Mineirão, o Galo dominou a Chape, chegou a ter 70% de posse de bola, mas não saiu do 0 a 0. O jogo de volta será no dia 16, em Chapecó. Quem vencer se classifica; em caso de empate, a decisão vai para os pênaltis.

Em Campinas, o Flamengo venceu a Ponte Preta por 1 a 0 e agora tem vantagem no jogo de volta que será no próximo dia 10, no Maracanã: basta empatar.

Placar
Da rodada

Veja os gols:

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
 (DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS 
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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