Leônidas no São Paulo executando a maior das suas obras, a bicicleta, jogada em que o jogador pula de costas para dar a pedalada no ar para acertar a bola. E foram vários os gols marcados, principalmente no Tricolor Paulista e no Flamengo, clubes em que atuou por mais tempo e foi ídolo (Foto: Reprodução)

Será Majestoso este Clássico? Coluna Mário Marinho

Será  Majestoso este Clássico?

COLUNA MÁRIO MARINHO

Leônidas no São Paulo executando a maior das suas obras, a bicicleta: o jogador pula de costas para dar a pedalada no ar para acertar a bola.  (Foto: Reprodução)

No dia 24 de maio de 1942, o belíssimo e novo estádio Pacaembu (que havia sido inaugurado dois anos antes) recebeu o maior público de sua história: 71.281 torcedores, um recorde que jamais será batido.

Os torcedores se acotovelaram, se espremeram para assistir à estreia de Leônidas da Silva no São Paulo.

Era tanta gente que o jornal “Esporte Ilustrado” usou esta manchete: “Formigueiro Humano no Pacaembu”.

Mas coube a Thomaz Mazzoni, o criativo redator chefe de A Gazeta Esportiva, eternizar aquele jogo ao classificá-lo de “Choque Majestoso”.

Foi brilhante e feliz Thomaz Mazzoni.

Majestoso foi a palavra perfeita para definir um espetáculo que terminou com seis gols, 3 a 3, para um público daquele tamanho.

Leônidas da Silva teve atuação discreta, já que ele estava sem jogar há um ano.

O São Paulo contratou Leônidas, 29 anos, por 200 contos de réis – um absurdo para aquela época e a maior transferência do futebol da América do Sul.

Leônidas, o Homem Borracha, apelido que ganhou na Copa do Mundo de 1938, por jornalistas europeus refletindo o entusiasmo e o espanto daquela jogada mais tarde apelidada de bicicleta inédita no futebol mundial.

Marcou época no São Paulo, clube que defendeu até 1950, realizando 212 jogos e marcando 140 gols.

A história do Majestoso registra 338 jogos,, com 127 vitórias do Corinthians, 104 do São Paulo, 107 empates. Os corintianos marcaram 489 gols; os sãopaulinos, 462.

No próximo domingo, Corinthians e São Paulo se enfrentam mais uma vez.

E quanto Majestoso poderá ser esse clássico?

Certamente haverá um bom público. Pelo menos 35 mil torcedores deverão comparecer, já que o corintiano adora assistir jogos em sua casa e até mesmo treinos.

O futebol, provavelmente, não será tão majestoso.

Corinthians e São Paulo andam em fase de vacas magras.

O Tricolor começou bem o Brasileirão, liderou por boa parte do tempo, até que a realidade de seu fraco elenco foi se impondo.

Hoje, é o quarto colocado, com 57 pontos ganhos em 32 jogos; 15 vitórias; 12 empates e 5 derrotas. Marcou 43 gols e sofreu 29.

Mas a situação corintiana é bem pior e deixou de ser preocupante para atingir níveis de desespero com a possibilidade muito real de cair para a Série B novamente.

Em 32 jogos disputados somou apenas 39 pontos ganhos, com 10 vitórias, 9 empates e 13 derrotas. Marcou 32 gols e sofreu 31.

É o 12º colocado e apenas 5 pontos separam o Timão da zona maldita do rebaixamento.

Esse é  quadro que o torcedor encontrará no domingo.

Tecnicamente, a possibilidade de um bom jogo é bastante remota.

Porém, o futebol é matreiro.

E, em se tratando de um clássico, de repente pode ficar Majestoso.

À procura

da grana

O Corinthians está à procura de parceiros que o ajudem a pagar a dívida monstruosa com a construção de seu estádio.

Só com a Caixa Econômica a dívida alcança cerca de R$ 6 milhões ao mês com prazo de 30 anos.

Espaços que estão ociosos na Arena passarão ser ocupados.

No próximo dia 22, será inaugurada a academia Spider Fit com capacidade para receber até 6 mil pessoas.

Depois será vez de um restaurante.

De ambos os locais, os frequentadores poderão assistir a jogos.

É uma forma inteligente de fazer com que a Arena pague pelo menos sua manutenção, o que não é barato.

O que não dá para entender é que um clube que divide com o Flamengo a maior torcida do Brasil, não consiga transformar essa forte marca em atrativo para patrocínios na camisa ou no nome do Estádio.

Há alguma coisa de errado.

Alguns anos atrás, encontrei-me com Andes Sanchez em um programa de televisão. Ele já não era mais o presidente do Clube, mas presidia a Comissão de Gerenciamento do Estádio.

Fiz-lhe a seguinte pergunta.

– O senhor não está preocupado pelo fato de até agora não ter conseguido uma empresa para adquirir o direito de nome do estádio? Quanto mais o tempo passar mais difícil será chamar a arena pelo nome do patrocinador. Itaquerão vai ficando cada vez forte.

Respondeu-me ele:

– Não me preocupo com isso. Tenho um acordo com a Globo e quando vendermos o nome, a Globo vai chamar sempre pelo nome do patrocinador. E se a Globo falar, todos vão falar. Na verdade, já está praticamente fechado o nome do patrocinador.

Achei a posição um tanto prepotente.

Anos depois, verifico que o praticamente, na prática, não praticou.

Lanterninha

Muito feia

Sou de um tempo em que o professor, a professora, era respeitadíssimo.

No curso primário, a professora era uma espécie de segunda mãe: merecia todo o respeito e carinho por parte dos alunos e dos pais.

A palavra dela, professora, era ouvida e respeitada.

Hoje não é mais assim.

Alunos não só desrespeitam os mestres, como costumam agredi-los em plena sala de aula.

E o que é pior que mesmo em casos extremos, eles não têm o apoio dos pais que tomam partido dos amados e mimados filhinhos. Também eles os pais batem boca com professores, ameaçam fisicamente e até com processos.

O resultado de tudo isso é que o Brasil ocupa vergonhoso 35º lugar numa pesquisa que avaliou o respeito aos mestres em 35 países.

Somos, vergonhosamente, lanternas nesse campeonato de bons modos e de educação.

A pesquisa foi organizada pela Varkey Foundation, organização internacional voltada para a educação.

Em 2013 quando foi feita a primeira pesquisa que avaliou 21 nações, o Brasil foi o penúltimo colocado. Agora, somos os lanternas.

Em primeiro lugar está a China.

Pode ser apenas coincidência, mas, segundo relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) a China é a segunda potência econômica mundial, com um PIB de 14 trilhões de dólares. O Brasil é o 9º colocado, com 2,14 trilhões.

Não, acho que não é coincidência.

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FOTO SOFIA MARINHO

Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
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