A Taça dos Invictos. Coluna Mário Marinho

A Taça dos Invictos

COLUNA MÁRIO MARINHO

O título de Campeão Brasileiro, que os palmeirenses estão ansiosos para conquistar, virá a qualquer momento.

Pode ser até que venha na próxima quarta-feira, depois de amanhã.

Eu particularmente torço para que não venha.

O Palmeiras merece ser o Campeão Brasileiro, mas não precisa ser logo em cima do meu América que luta desesperadamente para não cair, né?

Por pouco, muito pouco mesmo (com diria a falecido e eletrizante narrador Geraldo José de Almeida) o título para foi para o Parque Antártica.

Era o jogo dos dois extremos, o líder Palmeiras e o já rebaixado lanterna Paraná. Mais do que o fraco adversário, o Verdão enfrentou temporal com direito a raios, trovoadas e ventania. E dá-lhe ventania.

Assim, ficou no 1 a 1.

O Internacional, que seguia de perto o Verdão, foi derrotado e, assim, não aproveitou a oportunidade para chegar mais próximo do líder. Mais do que isso, perdeu a posição de vice-líder para o Flamengo.

Não serve de consolo, mas o Palmeiras atingiu marca importante: chegou aos 20 jogos sem perder, ultrapassando ao Corinthians que era o detentor do recorde do Brasileirão com 19 jogos.

O torcedor não vai à avenida Paulista comemorar, não fará carnaval, nem mesmo comemorações mais efusivas.

Mas conquistas assim já foram motivos de desfiles pelas então pacatas ruas de São Paulo.

No final dos anos 1930, mais precisamente em 1939, o jornal “A Gazeta Esportiva” resolveu criar a “Taça dos Invictos” premiando o time que permanecesse o maior número de jogos disputados pelo Campeonato Paulista.

“A Gazeta Esportiva” tinha tremenda influência entre os torcedores de São Paulo. A ponto de criar e usar o slogan “Se a Gazeta não deu, ninguém sabe que aconteceu”.

Assim, ao criar o novo troféu e atribuí-lo ao Corinthians que, naquele ano de 1939 chegou a 17 jogos invictos, o jornal criou também enorme celeuma.

A polêmica se deu porque o então Palestra Itália reivindicou o troféu por ter atingido a marca de 22 jogos em 1932. E exigiu a premiação retroativa.

Com a polêmica atingiu a níveis não imaginados pelos seus idealizadores, a jornal acatou a solicitação e declarou o Verdão como o primeiro vencedor da Taça dos Invictos.

Cujo time, campeão de 1932, aparece na foto ao alto da coluna.

Sua escalação: Nascimento, Loschiavo e Junqueira; Tunga, Goliardo e Adolpho; Avelino, Sandro, Romeu, Lara e Imparato.

O último jogo daquele campeonato foi disputado no dia 11 de dezembro de 1932, no campo do São Bento, na Ponte Grande. O Palestra Itália venceu o Santos por 8 a 0.

Um
pequeno alento

No ano passado, quando o América foi campeão Brasileiro da série B, muitos amigos americanos como eu, não entenderam por que eu não estava vibrando com a conquista. “Estamos de volta à Série A” exultavam eles não entendendo o meu ceticismo.

Sem querer jogar água no chope de ninguém, nem mesmo mostrar pessimismo exacerbado, me mantive em penosos silêncio.

E a razão era muito simples.

Eu fazia a pergunta que nenhum deles queria ou sabia responder: o América tem estrutura para ficar na Série A ou vai ser um bate-volta?

Na primeira metade do Brasileirão, o meu Coelho se houve bem: ficou ali entre o 8º e 10º colocado.

Mas, na segunda metade, a falta de estrutura se fez sentir.

Começam as contusões, as suspensões e cadê um bom banco de reservas para suprir as ausências forçadas?

Não, o América não tem.

E aí, começa-se a viver o drama de ver cada vez mais perto a zona do rebaixamento.

Até colocar o pé lá. E é difícil sair. A lama do rebaixamento é pegajosa e grudenta como o visgo.

Neste domingo, um pequeno alento surgiu: a vitória sobre o Santos, 2 a 1. Vitória categórica.

Ainda há possibilidade de escapar.

Mas os próximos adversários são difíceis: o Palmeiras nesta quarta-feira, jogo no Allianz Parque que estará lotado com a possibilidade da conquista do título; na sequência, o Bahia em casa e o último jogo o Fluminense, fora.

É muito difícil.

Oremos.

Veja os gols do Fantástico:

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FOTO SOFIA MARINHO

Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
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