Amanhã talvez seja outro dia. Coluna Carlos Brickmann

AMANHÃ TALVEZ SEJA OUTRO DIA

CARLOS BRICKMANN

EDIÇÃO DOS JORNAIS DE QUARTA-FEIRA, 21 DE NOVEMBRO DE 2018

País parado, desemprego, a turma atual do poder pensando só no deles, a turma do poder futuro dizendo, desdizendo e contradizendo – ruim, né?

Surpreenda-se: talvez não. O emprego não aumentou, mas o desemprego parou de crescer e voltou ao nível menos péssimo de alguns meses atrás. O pessoal escolhido para a área econômica tem sido bem visto no Exterior. Uma publicação importante, o Wall Street Journal, cita a “equipe de falcões fiscais” do futuro Governo (acredite, é elogio). Há sugestões que parecem viáveis para superar a crise dos aumentos em cascata que ameaça a Regra de Ouro, o teto dos gastos públicos. E a língua comprida dos novos poderosos parece não ter causado danos incuráveis à imagem do país.

O Partido Comunista Chinês, por exemplo, acaba de convidar o partido de Bolsonaro, o PSL, a visitar a China, ainda em 2018, para “intercâmbio de experiências de governança e cooperação pragmática entre os partidos”. O PC chinês pagará todos os gastos da delegação de dez pessoas do PSL.

E há a interessante observação de Ricardo Kotscho, amigo de Lula há quase 40 anos, seu secretário de Imprensa nos dois primeiros anos de governo, ótimo jornalista: nota que várias empresas, “em vez de ficarem reclamando da situação, decidiram botar a mão no bolso e ampliar seus parques produtivos”. Isso pode indicar, diz, os primeiros sinais de retomada da economia. “Apesar de tudo”, conclui, “o mundo não acabou”.

 Conferindo

No Balaio do Kotscho, www.balaiodokotscho.com.br, estão o link das notícias e o valor dos investimentos – uns US$ 4 bilhões. Vale ler. Não vale dizer que o Kotscho é petista, ou melhor, lulista. Eu sei. E confio nele.

 A corrida Bolsonaro

O presidente eleito chegou ontem a Brasília e fica até amanhã, em reuniões com a equipe de transição. Na sexta deve estar em São Paulo, para os exames pré-operatórios da terceira cirurgia a que será submetido, em 12 de dezembro, para tirar a bolsa e recolocar o intestino na posição normal.

 A festa

Ônix Lorenzoni, que será chefe da Casa Civil de Bolsonaro, casa-se hoje em Brasília, aproveitando a presença do amigo. Amor em alta: o general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, casou-se em junho último.

 Dilma, sempre Dilma

Muita gente ficou triste quando Dilma tomou aquela surra de criar bicho e não conseguiu se eleger senadora. Iríamos ficar sem suas notáveis frases? Não, Dilma não nos abandona. A ex-presidente falou no 1º Foro Mundial do Pensamento Crítico, em Buenos Aires, para outros ex, como Pepe Mujica, Uruguai, e Cristina Kirchner, Argentina, todos gritando “Lula Livre”.

Disse Dilma que, com Bolsonaro, o Brasil corre o risco de sair da democracia para um Estado neoliberal e fascista. Curioso: o italiano Mussolini definia o regime que criou em uma frase, “Tudo para o Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”. O neoliberalismo é o contrário, Estado mínimo, com o mínimo possível de poder. Só Dilma pode explicar.

 Lula cá

José Dirceu, acusado dos mesmos crimes que Lula, defendendo-se da mesma maneira (nada era propina), e punido com quase o triplo da pena, está em prisão domiciliar, com tornozeleira. Por que Lula não recebe o mesmo benefício? Em parte, porque disse que não o aceitaria: só queria ser absolvido. Em parte, porque, tentando o tudo ou nada, confrontou a Justiça.

Mas há, nos tribunais superiores, quem queira trocar sua cela por uma tornozeleira. O tempo é curto: o recesso do Judiciário começa no dia 20 de dezembro. A maneira mais viável de tirar Lula da cela é o pedido da defesa para que o STF considere que o juiz Sérgio Moro se comportou de forma a prejudicar o réu, por ter interesse na vitória eleitoral de seu adversário. O ministro Edson Fachin relata o caso e já pediu parecer à Procuradoria Geral da República. A rapidez é essencial por outro motivo: Lula responde agora a processo pelo sítio de Atibaia, e se for condenado tudo fica mais difícil.

 Corrigindo

O professor Paulo Roberto de Oliveira, diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, profundo conhecedor da vida e obra de Roberto Campos, corrige dois erros cometidos pela coluna na edição anterior. Um: Roberto Campos não foi historiador. Dois: fez mestrado em Economia pela George Washington University, de Washington. Joseph Schumpeter, então em Harvard, disse que a dissertação de Campos valia por um doutorado.

O professor Paulo Roberto de Oliveira é organizador do livro O Homem que pensou o Brasil – trajetória intelectual de Roberto Campos; e autor de A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988.

Grato pelos esclarecimentos. Mas o professor vai-se arrepender de uma palavra que usou: “Disponha”. Claro!

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3 thoughts on “Amanhã talvez seja outro dia. Coluna Carlos Brickmann

  1. ” Dilma, sempre Dilma”:
    Essa “figura” falando no “1º Foro Mundial do Pensamento Crítico” (sic!) é, mal comparando, o mesmo que eu dar uma palestra a pinguins sobre as vantagens do Parto Leboyer para avestruzes! Primeiramente, não sou médico. Segundamente, apesar de ser “A.”, na prática sou “O”, como nos tempos pretéritos. São dois também os motivos pelos quais Dilma deu com os burros n’água: “pensamento” e “crítico”. Não há petismo na face do Universo que consiga acasalar essas duas expressões…

  2. 1º Foro Mundial do Pensamento Crítico, em Buenos Aires.
    Estrelando Pepe Mujica e Cristina Kirchner.
    Dilma se junta à turma, e, em catarse coletiva, todos gritam “Lula Livre”.
    Tem certeza de que não é um 1º congresso latino-americano de asnos?

  3. Brickmann estranho vc dizer que o Zé Dirceu “está em prisão domiciliar, com tornozeleira”. Pô, o cara tá fazendo um passeio pelo Brasil, sorridente e simpático, dando uma de camelô com seu livreco. Como está “em prisão domiciliar”? Só se o domicílio dele for o Brasil, aí sim. E qual tornozeleira acompanha o cara dentro de um avião e os mil estados e cidades que ele está se divertindo? Não entendi picas.

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