Karl Lagerfeld. Por Stella de Barros

Karl Lagerfeld

[10 de setembro de 1933 – 19 de fevereiro de 2019]

Stella de Barros

Com sua extraordinária cultura, Lagerfeld manteve a identificação da marca, através de sinais reconhecíveis (tecido, correntes, pérolas, camélia ) ao mesmo tempo que modernizava a silhueta. Em pouco tempo, Chanel tornou-se a griffe, o must …

 

Quando eu cheguei em Paris e comecei a cobrir os desfiles de moda para o Jornal da Tarde (1978), a marca Chanel era algo démodé, uma espécie de roupa que se encontrava nos sótãos, nos baús. Em 1982, Karl Lagerfeld foi contratado para dirigir a criação dessa empresa familiar e, rapidamente, conseguiu ressuscitar a maison adormecida.

Com sua extraordinária cultura, Lagerfeld manteve a identificação da marca, através de sinais reconhecíveis (tecido, correntes, pérolas, camélia ) ao mesmo tempo que modernizava a silhueta. Em pouco tempo, Chanel tornou-se a griffe, o must: desfiles concorridos, butiques de novo cheias, público mais jovem exibindo o logotipo em festas e boates.

Com o sucesso, Lagerfeld rapidamente obteve carta branca para criar e agir segundo sua inspiração: descosturou as franjas, desfilou tailleurs curtos (alguns leitores devem se lembrar que o termo Chanel definia o comprimento no meio ou logo abaixo do joelho), encompridou as correntes e colares de pérolas e pôs tênis nos pés das elegantes.

Com seu look super conhecido – rabinho de cavalo, óculos escuros, veste preta e camisa branca, leque, luvas sem dedos — , Lagerfeld gostava de olhar para o futuro e ser polivalente: além de fazer as fotografias dos dossiês de imprensa dos seus desfiles e das campanhas de publicidade, de criar várias coleções por ano (era o criador de Chloé e Fendi também), ele foi o primeiro a assinar uma coleção efêmera para marcas populares como H&M (2004) e foi o precursor dos fabulosos desfiles-espetáculos de Paris.

Com seu sotaque peculiar (nasceu alemão mas emigrou para a França na maioridade), Lagerfeld costumada contar que sua mãe era uma mulher elegante, mas distante; que seu pai faliu algumas vezes antes de ganhar fortuna importando o leite Glóia para a Europa. Em Paris, ele trabalha para Balmain (1955-1958) e Patou (1959) e Chloé (1964) e, em Roma, para Fendi, com a qual colaborou durante mais de 50 anos. Sem contar a marca com seu nome, criada em 1984.

Diferente daqueles que frequentam o mundo da moda e da jet set, Lagerfeld não bebia nem se drogava e dormia cedo para fazer ginástica pela manha. O fato de ter perdido 48 kg para entrar nas roupas do estilista Hedi Slimane, não alterou seu falar direto e seu humor cáustico.

Seu único amor foi o dândi Jacques de Bascher, falecido em 1989, em decorrência da Aids.

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STELLA DE BARROS – JORNALISTA

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