7 a 0. E daí? Coluna Mário Marinho

7 a 0. E daí?

COLUNA MÁRIO MARINHO

Em qualquer parte do planeta, com um time que vence seu adversário por 7 a 0 será aclamado, elogiado, incensado, aplaudido delirantemente.

Mas, infelizmente, a verdade planetária não se aplica à Seleção Brasileira.

A vitória por 7 a 0 foi sobre a fragilíssima seleção de Honduras.

Dias antes o Brasil havia vencido a seleção do Catar por 2 a 0.

Pode-se dizer, com boa margem de segurança, que a Seleção está preparada para a Copa América que começa esta semana aqui no Brasil?

Não, não pode.

Além dos adversários serem frágeis, o histórico mais ou menos recente de nossa seleção determina calma nessa hora.

A verdade é que o torcedor vem sofrendo muito com a seleção desde a Copa de 2006, na Alemanha, sofrimento agravado com os inesquecíveis e doloridos 7 a 1 para a Alemanha, na Copa de 2014, jogo disputado no Mineirão.

No ano anterior à Copa, 2013, o Brasil venceu a Copa das Confederações dando baile nos adversários.

Veio a Copa do Mundo, a festa do futebol, a festa no Brasil todos os dias – até aquele fatídico 8 de julho de 2014.

Começamos do zero de olho na Copa da Rússia.

A Seleção não tinha o menor carisma.

Quando Tite assumiu, as coisas mudaram e o brasileiro, sempre pronto a crer, passou a acreditar a Seleção.

Perdemos outra vez. Sem vexame, é verdade.

A Copa América pode ser um fator motivador de uma nova união entre o torcedor e a Seleção. Pode ser.

Mas, volto a dizer, os dois adversários foram muito fracos.

O jogo de ontem, além do adversário fraco, contou com a colaboração do juiz que expulsou um jogador hondurenho ainda no primeiro tempo.

A missão, portanto, ficou facilitada ao extremo.

A favor da nossa seleção, é preciso dizer que os jogadores se apresentaram com vontade.

Ao contrário do jogo contra Catar que, constatada a fragilidade do adversário, nossos craques fizeram 2 a 0 e mostraram total desinteresse pelo jogo.

Estaremos sem Neymar nesta Copa América.

Com isso, o time brasileiro é bom, porém absolutamente normal.

Não temos um craque capaz de botar medo no adversário por sua capacidade de desequilibrar o jogo.

Por outro lado, essa ausência pode levar nossos jogadores se empenharem mais.

Oxalá.

Honduras 2,
Brasil 0.

Sim, meu amigo, Honduras já venceu a nossa seleção.

Não só venceu, como nos eliminou da Copa América.

Isso aconteceu na Copa América de 2001, na Colômbia.

Aquela foi uma Copa meio conturbada e que esteve ameaçada de não se realizar.

A Colômbia vivia momentos conturbados com as Farcs realizando ataques terroristas e sequestros um atrás do outro.

Só para ter uma ideia da situação na época: nós, jornalistas, ficamos hospedados no hotel Intercontinental, em Cali, cidade em que o Brasil mandou seus três primeiros jogos.

Pertinho do hotel está a Catedral de Cali.

Pois esta suntuosa Catedral foi palco do maior sequestro do mundo, acontecido alguns meses antes.

Estava sendo celebrado um casamento que reuniam duas das mais ricas famílias da região. Eis que as Farcs (Forças Armadas Revolucionária da Colômbia) encosta três ônibus na porta da igreja e sequestra todo mundo.

Foram cerca de 189 reféns, número nunca atingido em outro sequestro.

O pessoal era ousado.

Com muito esforço, o jornalista e empresário J. Hawilla, que era o organizador e praticamente dono do torneio, convenceu os países a participarem.

Menos a Argentina que não quis se arriscar e foi substituída por Honduras.

O Brasil também teve uma baixa: Mauro Silva, então capitão da seleção dirigida por Luis Felipe Scolari, já com as passagens no bolso resolveu dar o cano e não viajou.

Felipão montou sua seleção sem estrelas do calibre de Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Roberto Carlos…

O Brasil fez sua estreia perdendo para o México, 1 a 0. Na sequência, venceu o Peru, 2 a 0 e o Paraguai, 3 a 1.

Classificado o Brasil foi para a cidade Manizales, uma espécie de Campos do Jordão da Colômbia. Cidade serrana, 2.200 metros de altitude, clima ameno, cidade tranquila, bonita, bem cuidada e conhecida como a Capital Mundial do Café.

Foi lá, no estádio Palo Grande, que o Brasil caiu frente à Venezuela.

Marcos (Palmeiras); Juan (Flamengo), Luisão (Cruzeiro que foi substituído por Juninho Pernambucano que era do francês Lyon) e Cris (Cruzeiro); Belletti (São Paulo), Emerson (Roma), Eduardo Costa (Bordeaux que foi substituído por Jardel que jogava no Galatasaray), Alex (Palmeiras foi substituído por Juninho Paulista que estava no Vasco) e Júnior (Parma); Denílson (Parma) e Guilherme (Atlético MG).

Certamente não se tratava de um grande time, mas era o que havia para o momento.

O Brasil perdeu por 2 a 0 e foi eliminado da Copa América que teve como vencedora a Colômbia.

Injustiça
no Corinthians

O Timão segue aos trancos e barrancos nesse Brasileirão. E um dos motivos para permanecer ainda entre os 10 primeiros colocados são as grandes atuações do goleirão Cássio.

Pois bem, Cássio está na Seleção Brasileira. Neste domingo, ele foi substituído pelo Walter, outro excelente goleiro, no jogo contra o Cruzeiro, no Mineirão.

O empate sem gols, um bom resultado, deve ser creditado às excepcionais defesas do goleiro Walter, que pode ser titular em muitos times brasileiros, mas se sente bem na reserva corintiana.

Ontem, depois do empate e das ótimas defesas, um repórter perguntou ao presidente André Sanchez por que Walter não terá seu contrato renovado. A resposta lacônica e arrogante do presidente:

– A resposta é a sua pergunta: não vou renovar porque não vou renovar.

Absurdo.

Veja os gols do Fantástico:

Vitória das meninas na Copa do Mundo feminina: 3 a 0 sobre a Jamaica, com três gols da artilheira Cristiane (foto).

Acompanhe:

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FOTO SOFIA MARINHO

Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
 NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

1 thought on “7 a 0. E daí? Coluna Mário Marinho

  1. Marinho. Em minha adolescência sabia “declamar” a seleção, do nome do goleiro ao ponta esquerda. É seguia-se a escalação completa dos reservas. Hj não consigo repetir mais do que quatro e me confundi nas posições. O mesmo acontecia com as pessoas que assistiam o jg na minha companhia. É os estádios? Tanto Brasília quanto Porto Alegre sobrando espaços. Novos tempo, jogadores que falam nossa língua com sotaque . Muito dinheiro e pouca “CAMISA”. ABÇ.

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