MÃOS

De mãos dadas. Por Edmilson Siqueira

DE MÃOS DADAS

EDMILSON SIQUEIRA

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… No fim, não se sabe, claro, quem vai ganhar. Dizer hoje que o PT tem chances de voltar a governar é o mesmo que dizer que Bolsonaro está garantido para um segundo mandato. O que se sabe que é que ambos almejam o poder e farão de tudo para nele permanecer ou reconquistá-lo.

O lulopetismo acha que só vence a eleição de 2022 se tiver o bolsonarismo como adversário. Já o bolsonarismo acha que só vence as eleições de 2022 se tiver o lulopetismo como adversário. Então, pra chegar lá com esse quadro, ou seja, Bolsonaro de um lado e Lula ou um poste seu de outro, ambos devem se preservar até lá. Consequentemente, o que veremos de “embates” entre os dois, serão cenas de ficção, preparadas para manter os respectivos rebanhos devidamente hipnotizados até o aperto final do botão da urna eletrônica, aquele botão do barulhinho que encerra as propagandas da Justiça Eleitoral.

Do lado bolsonarista, continuaremos vendo nas redes sociais posts que mostram facetas terríveis do lulopetismo, como a corrupção desenfreada desde o mensalão até o petrolão, discursos desconexos daquela presidenta, lembram?, que costumava ensacar vento, dobrar metas imaginárias e achar cachorro tão importante quanto uma criança ou vice-versa.

Do lado lulopetista, vamos assistir às cenas de bravatas do ex-tenente do Exército que virou capitão quando reformado, falando coisas terríveis quando deputado, louvando torturadores, metendo o pau no centrão e depois beijando na boca deputados do bloco, traindo amigos, enrolado com corrupções familiares e afundando o Brasil, como o PT fez aliás, com seu governo de rumos erráticos.

Mas tudo isso não deverá impedir que Lula ou seu poste se apresente para a candidatura presidencial. Do mesmo modo, todos os ataques lulopetistas a Bolsonaro, inclusive os pedidos de impeachment que serão feitos apenas para causar impacto no rebanho, mas não serão suficientes para tirar o ocupante do cargo, proporcionando assim totais condições para que ele se apresente como candidato à reeleição.

O que vamos assistir até outubro de 2022 será uma grande farsa, produzidas pelas duas maiores forças eleitorais que o Brasil tem hoje, mas que estão em visível decadência. E é justamente por essa razão – a decadência em consequência de suas próprias lambanças – é que uma precisa se agarrar desesperadamente na outra. Se uma se evaporar antes da eleições, o outro não terá o clássico inimigo real para combater e, principalmente, para dizer a todos que “isso que está aí não pode continuar” ou “se perdermos eles voltam”.

Holding Hands Outline Vector - Stock Vector , #spon, #Hands, #Holding, #Outline, #Stock #AD | Hand outline, Outline, Material design background… Podemos não saber, hoje, quem vai ganhar, mas quem vai perder nós sabemos sim: é o povo brasileiro, mais um vez preso na sua própria ignorância política e feito massa de manobra dos espertos e poderosos, ou melhor, dos desonestos e poderosos…

No fim, não se sabe, claro, quem vai ganhar. Dizer hoje que o PT tem chances de voltar a governar é o mesmo que dizer que Bolsonaro está garantido para um segundo mandato. O que se sabe que é que ambos almejam o poder e farão de tudo para nele permanecer ou reconquistá-lo.

Podemos não saber, hoje, quem vai ganhar, mas quem vai perder nós sabemos sim: é o povo brasileiro, mais um vez preso na sua própria ignorância política e feito massa de manobra dos espertos e poderosos, ou melhor, dos desonestos e poderosos.

Lula ganhou a primeira eleição por incompetência do PSDB e por vontade de FHC em não apoiar como deveria seu candidato, achando “lindo” (ou sei lá o quê) que fosse sucedido por um ex-operário de esquerda (sonho marxista?), deixando de lado tudo que sabia sobre regimes socialistas no mundo. Claro que o PT não reproduziu Cuba ou Coreia do Norte por aqui, mas bem que tentou e quase conseguiu. O caminho das pedaladas era esse, com a economia em frangalhos e a estrada pronta para o “partido” dominar tudo. E FHC tem uma parcela enorme de culpa nisso.

Depois de chegar ao poder foi fácil: bastou comprar os eleitores mais pobres com esmolas sociais, garantindo vantagem estrondosa nesse eleitorado, compensando a derrota por pequena margem no eleitorado mais esclarecido. Foi reeleito assim e elegeu e reelegeu seu poste disléxico.

Bolsonaro chegou ao poder graças à corrupção do PT: o que fez felizes políticos e empresários, além de servidores do alto escalão, acabou proporcionando um discurso fácil ao opositor que soube perceber que havia maioria no eleitorado contra a desenfreada desonestidade.

Eleito, Bolsonaro iniciou a campanha de reeleição logo de cara, mas deu com os burros n’água ao perceber que não tinha coragem, competência e inteligência suficientes para manter as promessas de campanha. De resto, sua família era uma orcrim do baixo clero político, que estava se dando bem com as práticas comuns de corrupção nas casas legislativas brasileiras: pegar boa parte da grana dos salários dos seus funcionários. Não há legislativo no Brasil em que isso não ocorra. O que, claro, não ameniza o crime de corrupção.

Então, para pavimentar seu caminho à reeleição, a receita adotada foi a mesma do seu “inimigo”, já que esse “inimigo”, fora do poder, não pode adotá-la. Primeiro se livrou de possíveis empecilhos aos seus propósitos. Um bom ministro da Saúde e um excelente ministro da Justiça não podem ficar no governo contradizendo o presidente populista e ignorante. Então fora com eles. Um ministro da Economia que quer privatizar estatais, diminuir impostos e tentar um desenvolvimento sustentável também não pode, pois são medidas que desagradam o status quo político que vive das mamatas burocráticas, do dinheiro público e dos cargos em ministérios e estatais. Antes de demiti-lo, vão fritá-lo em banho maria, vão deixá-lo cada vez mais sem poder.

O passo seguinte foi a união com a maioria dos deputados. No Brasil, como se sabe, essa maioria é corrupta e só se une a quem pode lhe dar os agrados de sempre: ministérios ou diretorias com gordos orçamentos e com autonomia para executar obras e oferecer serviços à população contratados junto a terceiros. Em suma: órgãos que fazem licitações e emitem notas de empenho.

Assim o cenário para 2022 está pronto: de um lado um grupo dizendo que o outro lado é a pior coisa do mundo e de outro, um grupo dizendo que o outro lado é a pior coisa do mundo.

Se até 2022, as forças democráticas do Brasil não se unirem (e não me venham com essa história de FHC e Marta Suplicy no mesmo barco, porque esse filme nós já assistimos) o que teremos como resultado das próximas eleições presidenciais será mais um desastre. Lulopetismo ou bolsonarismo têm o mesmo objetivo: manterem-se no poder custe o que custar. E geralmente custa muito a todo o povo pagador ou não de impostos.

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Edmilson Siqueira é jornalista

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