Protestos, ciclovias, preços. Para investigar. E hífens para usar certo. Cacalo não desiste

mao apontando direitaFinalmente, a turma do passe livre em São Paulo disse a que veio, é contra o capitalismo! Querem parar a produção, prejudicar os empresários. Que gênios! Estão prejudicando os trabalhadores, que se atrasam para chegar ao local de trabalho e, exaustos, demoram mais para voltar pra casa. E se, eventualmente, conseguissem (isso passa só na cabeça oca deles) prejudicar a produção, acabariam por aumentar o desemprego, num momento em que qualquer motivo é justificativa para demissões. Arrisco-me até a dizer que boa parte tenta prejudicar os próprios pais, pois quem tem tanto tempo para gastar em manifestações não trabalha, nem estuda, deve ter grana. O povo está perdendo a paciência, já, já, vão começar a apanhar dele e, então, vão dizer o quê? Que são burgueses? Quem sabe, “asinhas”, em contraposição a “coxinhas”? Ah, Einstein, bem que você disse que a única coisa a respeito da qual não tinha dúvidas sobre ser infinita é a burrice… Quem sabe, a imprensa perca a preguiça e tente descobrir quem está por trás desse pessoal, que me parece um bando de inocentes úteis manipulados. E são todos muito bem-educados, jogaram garrafa contra o prefeito, chutaram o carro do governador. O Estadão deu o primeiro passo, mas ficou nisso.

Sinto que a cobertura das manifestações tem sido feita com viés, simpatia ou rejeição, não mostra bem os fatos. Opinião, só de entrevistado, editorialista, cronista e articulista, pauta parcial não vale. Não, não sou de direita e nem de esquerda (apesar de canhoto) – e não fico em cima de muro de espécie alguma –, tento enxergar o que acontece, sem paixão, sem parti pris, sou capaz até de dizer que um gol do Corinthians foi em impedimento ou que um pênalti marcado a seu favor não aconteceu.

Li que o pessoal das TVs por assinatura está montando um grande lobby no Congresso para tentar atrapalhar a Netflix. Assim é o empresário brasileiro, detesta concorrência e, em vez de melhorar seu serviço, quer destruir o dos outros. Assim acontece com o Uber (o taxista não deixa de ser um empresário individual), com o What’s App (as telefônicas estão querendo barrar, tadinhas). Se cuida, Netflix, com o tipo de gente que temos em Brasília, tudo pode acontecer… Dá uma boa matéria ligar isso tudo, não?

O ministro da Saúde vai acabar perdendo o cargo não pela incompetência ou vulgaridade, mas pelo único mérito que tem, a sinceridade. Aliás, é o único ministro que fala a verdade, “[le] duela a quien [le] duela”, apud Collor, grande aliado do governo.

A ombudsman da Folha trata, no domingo (24), de maneira delicada, da hipocrisia das pessoas. Guilherme Boulos, membro do MTST, está indignado com o fato de a Folha ter contratado Kim Kataguiri, líder do Movimento Brasil Livre, como colunista. Leitores de Boulos estão também indignados, esquecendo-se da reação que houve dos agora leitores de Kim quando da contratação dele. E aparece o famoso “vou cancelar minha assinatura”. É impressionante como o comportamento “facebookiano” impera, “só aceito aqueles que são do meu pensamento”. Pra mim, é simples, não gostou? Não leia… Ou leia e discorde, com educação.mao apontando esquerda

(CACALO KFOURI)

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Na TV Globo

No Bom Dia Brasil

Finalmente, no dia 26/1, uma reportagem benfeita sobre as ciclovias de São Paulo. Mostrou os totens medidores do número de ciclistas, alertou para o fato de que estão em pontos privilegiados, que as medições estarão longe da realidade do uso das vias em geral. E, no entrevistismo que caracteriza as matérias da Rede Globo, até que enfim ouviu gente que disse coisa com coisa, a maior parte das pessoas falou que a maioria das ciclovias ou está em locais inadequados e/ou não é usada. A ressalva que faço é que não precisaria ouvir o pessoal, seria melhor que deslocassem as equipes para mostrar as ciclovias vazias, com piso ruim, em ladeiras difíceis de serem vencidas.

Mas, sempre tem a adversativa, a Central Globo de Babaquice marcou presença. Na matéria sobre a alta dos preços de arroz e feijão em razão da quebra de safra, a famosa pergunta “O que a senhora está achando?” E teve também uma inacreditável pela criatividade: “Vai botar mais água no feijão?”! Em outra reportagem sobre o mesmo assunto, o repórter fala que “não tem ninguém pra eu entrevistar aqui agora”! E, então, ele diz tudo o que precisaria ser dito, poupando-nos de respostas óbvias para perguntas bobas. Será que vai cair a ficha de que essas entrevistas são tolas e desnecessárias? Gentem, se não sabem, a agricultura é a atividade mais sujeita a chuvas e trovoadas que existe, choveu demais ou na hora errada, não choveu ou não choveu na hora certa, a produção cai e, inevitavelmente, o preço sobe. Sugestão de entrevista: São Pedro ou Cacique Cobra Coral…

Êta (sic) Mundo Bom

Ao que tudo indica, a Globo mantém o erro, aquela história de haver trocado o circunflexo pelo seu apelido, chapéu, como saiu no UOL, vale só pro logo, não pros textos. Como não sou vedor de novelas, copiei do GloboPlay:

ÊTA

Êta Mundo Bom!

Notem, chapéu no logo, “chapéu” na legenda.

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No Blog do Gois

Ponto fora da curva

Do historiador José Murilo de Carvalho:

— A expressão foi usada pelo ministro Barroso do STF para criticar o julgamento do Mensalão. Dilma fez o mesmo para criticar a Lava-Jato (é sem hífen, mas insistem no erro). Os brasileiros preocupados com a impunidade endêmica no país acham que o problema não está no ponto, está na curva.

Obs.: – Pois é, mais difícil que as curvas da estrada de Santos, aquelas a que Roberto Carlos se referiu.

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Na Folha

ERRAMOS

COTIDIANO (25.JAN, PÁG. B5)Em “Próxima parada: habitação”,a Redação deixou de incluir na declaração do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (sem teto e sem hífen)(*),

(*) Erramos de novo: o Volp – que é o mandante – e o Aurélio classificam sem-teto (e sem-terra) como adjetivo e substantivo, o Houaiss só como substantivo (perdeu, malandro!), mas no nome oficial de ambos os movimentos, dos Sem Teto e Sem Terra, não consta o hífen.

PAINEL

DE FELIPE SIGOLLO, secretário-adjunto(sem hífen)(*) de Desenvolvimento Social de SP,

(*) De acordo com o Volp, o único secretário agraciado com o apêndice é o geral.

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No UOL

Humorista de “A Praça é Nossa” sofre sequestro (-) relâmpago no Rio

(…) sofreu sequestro(-)relâmpago na noite desta segunda-feira (25),

(…), Manfrini estava acompanhado da mulher quando foi abordado por cinco suspeitos(???). (…). Os bandidos (???) levaram o carro e joias.

(???) Eu só quero entender: suspeitos ou bandidos? Esse pessoal não tem nem ao menos coerência ao escrever, se é que se pode chamar isso de escrever…

Jobs é uma obra(-)prima, mas ninguém está interessado

(…). O filme é brilhante, urgente, uma montanha(-)russa

Governo dá ajuda de última hora e libera R$ 19 mi a atletas para a Rio-2016(XXX)(Rio 2016)

olimpicod

Copiado do site dos JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016

Obs.: – O pessoal gasta hífen onde não tem, falta pra pôr onde tem.. E é impressionante o desleixo, é anúncio na TV, nos jornais e os escribas não prestam atenção, vai de qualquer jeito.

Jogadores do Atlético-MG não querem (se)(*) concentrar.

(*) Concentrar o quê, grana, riqueza? No caso, é verbo pronominal. Está errado em todo o texto. Não sabiam? Da próxima vez, escrevam “não querem concentração” que não tem erro. Mas tem de pensar, dá um trabalhão, né?

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lupa animada

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