O São Paulo agradou. Coluna Mário Marinho

O São Paulo agradou

A estreia do São Paulo na Libertadores não foi, tecnicamente, o que se esperava.

O time ainda mostrou falhas na defesa, confusão no meio campo e, principalmente, muito nervosismo após levar o gol.

O adversário foi Cesar Vallejo, que deve ter sido um grande poeta peruano, mas não é nome de time de futebol. O estádio acanhado e de gramado ruim não recebem nem metade do público para lotá-lo.

Ou seja, na cidade de Trujillo, ninguém estava ligando para o jogo.

Um tanto melhor para o São Paulo que poderia jogar com mais tranquilidade.

Por isso, esperava-se a qualquer momento o gol do São Paulo que dominava o jogo. Mas quem marcou primeiro foi o dono da casa num chute espetacular de Hohberg que, certamente, se tentar de novo cem vezes não vai conseguir outro gol igual.

O São Paulo se apavorou e o adversário gostou do jogo.

No segundo tempo, o argentino Calleri fez sua estreia: na primeira jogada, cartão amarelo; na segunda, o gol. E que gol. Um gol realmente de quem sabe marcar, de quem é artilheiro.

Nos últimos minutos, o Tricolor submeteu o adversário a um sufoco sem igual. Com certeza, se o time tivesse apertado um pouco antes, teria saído do Peru com a vitória.

Ou se o juiz tivesse validado o gol de Kardec, absolutamente legítimo. A bola entrou e não foi preciso ver e rever o lance muitas vezes para chegar a essa conclusão.

Lamentavelmente, o bandeirinha que corria ali por aqueles lados não viu.

E o lance foi limpo, cristalino, não havia confusão na área. É um absurdo que não tenha visto.

O torcedor gostou do resultado. Pelo menos foi o que aferiu o MMData em pesquisa realizada na feira livre desta manhã de quinta-feira.

Se o torcedor gostou, é o que interessa.

Veja os gols na narração de Nivaldo Prieto.

 Almir, o

craque encrenqueiro.

Era bom de bola, raçudo, artilheiro mas entrou para a história do futebol como o mais encrenqueiro dos jogadores.

Neste sábado, dia 6, fará 33 anos que Almir morreu. Morreu de morte violenta, como foi a história de sua vida.

Nascido no Recife, em 28 de outubro de 1937, Almir Morais de Albuquerque foi revelado pelo Sport, do Recife, em 1956. No ano seguinte estava no Vasco, clube que defendeu até 1960. Daí, teve passagem de um ano pelo Corinthians, quando chegou até ser apelidado de Pelé Branco.

No ano seguinte, transferiu-se para o Boca onde ficou também um ano. Em 1962 teve a sua passagem europeia pelo Fiorentina e depois o Gênova.

Em 1963, defendeu, também por um ano, o Santos e tornou-se campeão Mundial em 1963.

Foi peça importantíssima na conquista do título.

No primeiro jogo contra o Milan, na Itália, o Santos foi batido por 4 a 2. Mas, talvez, o pior de tudo tenha sido a perda de Pelé para a decisão no Maracanã.

O jogo na Itália, em 16 de outubro, foi muito violento e além de Pelé o Santos perdem também Calvet e Zito.

No primeiro jogo, no Rio de Janeiro, em 14 de novembro, Almir foi escalado para substituir Pelé. Mas o Milan não deu bola e meteu dois gols logo de cara. Parecia impossível a reação do Santos.

Mas, as coisas mudaram no segundo tempo. Almir voltou como um maluco. Partia de todo jeito para cima dos italianos, fazia gestos, ameaças.

E o segundo tempo foi disputado debaixo de muita chuva.

ALMIR E PELÉ APÓS A CONQUISTA DO TÍTULO MUNDIAL DE 1963
ALMIR E PELÉ APÓS A CONQUISTA DO TÍTULO MUNDIAL DE 1963

Pepe, o Canhão da Vila, aproveitou o mau tempo e fez o primeiro gol do Santos, de falta. Pouco depois Almir empatou caído, empurrando a bola com a cabeça. Lima fez o terceiro e Pepe o último: 4 a 2.

O jogo decisivo foi disputado dois dias depois e o Santos venceu por 1 a 0, gol de Dalmo, convertendo um pênalti sofrido por Almir.

Depois de ser campeão do mundo pelo Santos, Almir se transferiu para o Flamengo que defendeu de 1965 a 1967.

Na Gávea, como não poderia deixar de ser, marcou seu nome pela raça e pelas encrencas. A maior delas aconteceu na decisão do campeonato carioca de 1966.

O adversário foi o Bangu que tinha um timaço na época.

O jogo foi no dia 18 de dezembro de 1966 e os times foram estes: Bangu: Ubirajara, Fidélis, Mário Tito, Luís Alberto e Ari Clemente; Jaime e Ocimar; Paulo Borges, Ladeira, Cabralzinho e Aladim. Flamengo: Valdomiro; Murilo, Jaime, Itamar e Paulo Henrique; Carlinhos e Nelsinho; Carlos Alberto, Almir, Silva e Oswaldo.

Almir, na briga contra o Flamengo - 1966
Almir, na briga contra o Flamengo – 1966

Sem muita dificuldade, o Bangu meteu 3 a 0, gols de Ocimar, Aladim e Paulo Borges.

Para evitar uma goleada maior e também que o Bangu desse volta olímpica para comemorar o título, Almir não teve dúvidas: aprontou uma briga que começou com uma corrida atrás do atacante ladeira.

Quase todos os jogadores se envolveram.

Ao final, o juiz expulso cinco jogadores do Flamengo e quatro do Bangu. Como nmão havi anúmero suficiente de jgaodres, o juiz deu por encerrada a partida.

E o Bangu não deu sua volta olímpica.

Veja as imagens da época:

 Almir encerrou a sua carreira no América Carioca.

E encerrou a vida como sempre viveu: violentamente. Ele tomava cerveja na Galeria Alaska, no Rio de Janeiro, quando viu que o grupo de atores e bailarinos do Dzi Croquettes estava sendo assediado por um grupo de turistas.

Tomou a defesa do grupo de bailarinos e, na confusão, acabou levando um tiro na cabeça.

Talvez, quem sabe?, tenha sido uma morte gloriosa para ele.

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FOTO SOFIA MARINHO
MARIO MARINHO, agora qui no Chumbo Gordo.com.br

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em  livros do setor esportivo

A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO.

… e sempre que tiver alguma novidade extra!

 

1 thought on “O São Paulo agradou. Coluna Mário Marinho

  1. Sempre bom, Marinho, o seu blog.
    Almir (“Pernambuquinho”) foi do juvenil do Sport, ali pela década de 1950, e, no Recife, não era conhecido.
    Meio doido, acabou levando um tiro, mas fez história, como você mostrou.
    Abraço.
    Toinho Portela

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