Dia do Jornalista – 7 de abril

Por Paulo Renato Coelho Netto

… Fiquei na minha, no fundo, quase pedindo para ser invisível …

Publicado originalmente no Portal Top Vitrine, edição de 7 de abril de 2016
Coluna O Animal Político

Trabalhava na editoria de polícia em um jornal em São Paulo. Uma hora da tarde toca o telefone na redação.

Havia uma manifestação de moradores na periferia da periferia pelo atropelamento e morte de uma criança por um ônibus.

Não tinha carro e chamaram um táxi. Chega um fusca, com um cara aflito. Entro e sinto um cheiro de bosta no ar. Meu banco estava úmido. Calor infernal.

Perguntei ao motorista o que havia acontecido ali, com aquele cheiro estranho. Ele contou que tinha acabado de levar um idoso a um posto de saúde, que estava nas últimas.

A morte era o prato do dia.

Senti um arrepio pelo corpo inteiro, já úmido e untado com aquele cheiro. Não tinha como descer e pegar outro táxi. Era aquele que o jornal ia pagar.

Meia hora assim até chegar onde precisava.

Em frente ao velório vi a fumaça preta de pneus incendiados no meio da rua. Havia centenas de pessoas. O menino atropelado tinha apenas cinco anos.

Fiquei na minha, no fundo, quase pedindo para ser invisível. Só queria anotar o que precisava e ir embora. E a bosta do fusca, literalmente, me esperando.

No entanto, alguém disse para a família do garoto que havia um jornalista ali.

O pai, então, me encontrou e disse: “Vem aqui comigo. Faço questão que você veja meu filho dentro do caixão para você não escrever que ele era menino de rua. Pelo contrário: ele foi atropelado porque nunca saiu sozinho de casa. Você tem que ver a cara dele”.

Agradeci mas o pai fez questão, insistiu. E lá fui eu, com uma caneta e um bloco nas mãos.

Foi o pior dia da minha vida como jornalista.

Lá se foram 24 anos.

Hoje vejo muita gente nova querendo ser jornalista para ser apresentador de televisão.

Não é assim. Jornalismo é vida real.

É a bosta no táxi, o menino morto, o velho que sentou no mesmo banco que eu e que daria, para um repórter, outra excelente história para contar.

Até hoje não esqueço de outro menino, com seis ou sete anos, me oferecendo um restinho de iogurte de morango que ele encontrou no lixão de Itaquaquecetuba. “Qué tio? Tá gostoso”.

Eu lá com ele naquele lixão, entre dezenas de famílias inteiras esquecidas pela sorte…

Entrevistei tudo quanto é tipo de gente. Até apresentação de sexo ao vivo, em um cinema só para peão de fábrica, eu fui.

Chegou a mulher pelada e os caras entraram em êxtase coletivo na plateia. Gritavam como se fosse final de Copa do Mundo.

O ator, vendo aquilo, broxou.

Ao perceber a falta de ânimo do ator pornô a peonada veio abaixo. O cara virou alvo e a piada da noite.

O show, encomendado e pago por uma fábrica, foi cancelado.

A muralha?

Considerado indefectível e fiel pelos companheiros, José Dirceu começa a apresentar fraquezas na prisão em Curitiba, seu endereço desde setembro de 2015, onde é réu na Operação Lava-Jato.

A defesa apresentou atestado médico apontando que Dirceu é idoso, tem quadro de cefaleia sem melhora há quase um mês, hipertensão arterial de difícil controle, hipercolesterolemia (aumento da concentração de colesterol no sangue), distúrbio de ansiedade e faz uso de medicamentos controlados.

Precisa de cuidados médicos não disponíveis no atual endereço, o Complexo Médico Penal, em Pinhais, Região Metropolitana de capital paranaense.

Efeitos colaterais da Lava-Jato

Após passar praticamente noventa dias preso, a Lava-Jato também não fez muito bem à saúde do senador Delcídio do Amaral (ex-PT/MS). Desde fevereiro ele está de licença médica. Termina uma de 15 dias, pede outra. Alega sofrer de angústia, insônia e ansiedade.

Na terça-feira (5) Delcídio foi submetido a uma cirurgia na vesícula no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

É sabido que Nestor Cerveró, o diretor da Petrobras que Delcídio do Amaral queria ajudar na fuga do Brasil por questões humanitárias, também precisa de fortes medicamentos controlados na prisão em Curitiba.

Outros envolvidos no maior esquema de corrupção brasileiro também têm apresentado problemas semelhantes, como ansiedade, síndrome do pânico e depressão.

Alguns sentem ainda uma enorme vontade de falar, falar muito, tudo que sabem. Contar o que sabe será o único remédio para ficar alguns anos a menos na cadeia, que tanto mal faz à saúde.

Segundo Roberto Jefferson, delator do mensalão, “cadeia não faz bem a ninguém”.

Nem Dilma, Nem Temer

“Nem Dilma, Nem Temer, Nova Eleição é a Solução” é o slogan da campanha lançada na terça-feira (5) pela Rede Sustentabilidade, pedindo por nova eleição presidencial.

Grito de guerra no Palácio do Planalto

“A forma de enfrentar a bancada da bala contra o golpe é ocupar as propriedades deles ainda lá nas bases, lá no campo. E é a Contag, é os (sic) movimentos sociais do campo que vão fazer isso. Ontem dizíamos na passeata: vamos ocupar os gabinetes, mas também as fazendas deles. Porque se eles são capazes de incomodar um ministro do Supremo Tribunal Federal, nós vamos incomodar também as casas, as fazendas e as propriedades deles”.

A fala é do secretário de administração e finanças da Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Aristides Santos, em cerimônia oficial no Palácio do Planalto, dia 1º de abril.

Será mentira?

Detalhe: entre os ouvintes estava a presidente Dilma.

O que mais falta neste país?

Relatos Selvagens

Filmaço argentino passando na Rede Telecine. Fique atento.

É excelente. Daqueles que você pensa “é assim mesmo!”, se emociona, ri e fica aflito.

Na Argentina, Relatos Selvagens levou três milhões de espectadores ao cinema.

Dirigido por Damián Szifron, o filme é dividido em seis episódios. Todos excelentes.

O foco principal é a vingança que toma proporções inimagináveis a partir de fatos comuns do dia-a-dia.

Não perca.

 O casamento, um dos episódios de Relatos Selvagens

O casamento, um dos episódios de Relatos Selvagens

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renatoPaulo Renato Coelho Netto Criador do Portal Top Vitrine, Paulo Renato é jornalista com pós-graduação em Marketing pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), em Campo Grande (MS). É autor de nove livros, entre os quais “Mato Grosso do Sul”, obra em português e inglês e “Minha Vida Até os 40 – Uma biografia de João Leopoldo Samways Filho”. É coautor do livro “Campo Grande, Imagens de Um Século”, obra em português e francês. Foi roteirista dos filmes “Pantanal – Um Olhar sobre o Patrimônio da Humanidade”. Publicou seu primeiro livro aos 19 anos, “Ciência do Beijo”. Trabalhou como repórter no jornal Diário do Grande ABC, em Santo André (SP), e na sucursal em Campo Grande do jornal Gazeta Mercantil. Foi diretor e editor-chefe na TV Morena (Rede Globo) e TV Educativa de Campo Grande. Idealizou e implantou a TV UNAES – Centro Universitário de Campo Grande. Na mesma Instituição de Ensino Superior foi diretor da TV UNAES, responsável pelo site, pelo jornal O Centro e a Assessoria de Comunicação do Centro Universitário.

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