Lexotan neles! Coluna Mário Marinho

Lexotan neles!

 Quando era presidente da República, Fernando Henrique Cardoso recebeu relatório de seus assessores informando que havia certa turbulência na economia. Perguntou o que estava acontecendo e ouviu a informação:

– O mercado está nervoso, Presidente.

O assessor ouviu sábia resposta:

– Então, dê Lexotan para ele.

Foi o que pensei ontem durante os primeiros 20 minutos do jogo São Paulo e Atlético, pela Libertadores.

– É um jogo tenso.

– Os jogadores estão nervosos.

– Há muito nervosismo no ar.

E a frase que já se tornou um chavão.

– É a Libertadores, amigo. Libertadores é assim mesmo.

Acredito que o Lexotan, um ansiolítico, hipnótico, relaxante neuro-músculo-esquelético e sedativo, é considerado doping. Portanto, não é possível receitá-lo para os jogadores.

Mas, deve haver um Lexotan moral que explique a jogadores e dirigentes que não se pode confundir partida bem disputada com porradas a torto e a direito como se viu no Morumbi.

Os 22 jogadores não procuravam a bola, procuravam o adversário. Mesmo quando o juiz já havia apitado a falta, a violência continuava como se a jogada não houvesse sido interrompida.

Só melhorou um pouco depois que o juiz chamou os dois capitães no centro do campo e passou-lhes um sabão que serviu para os dois times.

Mas o nível técnico do jogo não melhorou.

Durante os 90 minutos do jogo, os dois goleiros não fizeram uma defesa importante.

Os 61.297 torcedores, público recorde no futebol brasileiro deste ano, mereciam um pouco mais de futebol.

A rigor, a única bola mandada para o gol foi a cabeçada de Michel Bastos que deu no gol da vitória do São Paulo.

Veja o gol.

https://youtu.be/a8BQubYgDnE

Como a história do futebol é escrita certa com dribles tortos, Michel Bastos que, até há poucos dias, era o grande vilão time, tornou-se o herói da noite nesta vitória apertada.

Mas, vitória muito importante, pois dá ao São Paulo a vantagem de um empate no jogo de volta, na próxima quarta-feira, em Belo Horizonte.

O jogo será no Independência que se torna um caldeirão em jogos do Atlético e faz sua torcida acreditar e gritar que acredita.

A missão do Tricolor não será fácil.

E Você, torcedor, prepare-se para aquelas cenas ridículas em que até a marcação de uma simples cobrança de lateral vira bate-boca, empurra-empurra e ameaça de agressões.

Lexotan?

O acidente

Com os torcedores

Sete torcedores ficaram feridos no desabamento da grade que deveria protegê-los no estádio do Morumbi.

É o tal negócio: depois da porta arrombada, coloca-se a tranca.

Agora, com toda certeza, o São Paulo vai reforçar essas grades que separam o torcedor do campo de jogo.

Mais Lexotan

Calma, brasileiro. É preciso muita calma nesta hora.

O Brasil tem um novo presidente, pelo menos por 180 dias, e quem foi eleito é um político, um professor de direito constitucional e, portanto, muito longe de ser um mágico.

Não há magia possível que faça colocar nos trilhos essa imensa massa descarrilada que é o Brasil.

Há muito que fazer. Há muita desorganização, há muita desconfiança e haverá muita oposição. Oposição por oposição, pura e simplesmente.

O primeiro passo, sem dúvida alguma, é restabelecer a confiança do brasileiro, confiança que virá junto da esperança de melhores dias.

Se isso acontecer, creio, estaremos no caminho certo.

Caso contrário, Bolsa Lexotan.

______________________________________________________________________

FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo

A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO.

_____________________________________

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter