Eita, país mais chato. Coluna Carlos Brickmann

Eita, país mais chato

Coluna Carlos Brickmann

Edição dos jornais de Quarta-feira, 20 de julho de 2016

Dilma viaja a São Bernardo para ser homenageada pelos alunos de uma faculdade – ainda bem que com dinheiro da vaquinha, não o nosso. Em suas viagens a Porto Alegre, essas com dinheiro público, a presidente afastada leva duas malas grandes. E daí? O presidente Michel Temer diz que o Brasil está preparado para enfrentar possíveis atos de terrorismo nas Olimpíadas do Rio. Não está, e Temer sabe disso.

É uma de suas grandes preocupações; mas que é que queriam que declarasse? Com alguns dias de diferença, Temer garantiu que “que os turistas podem ir ‘tranquilos’ ao Rio para a Olimpíada”. Ir com tranquilidade, podem; os problemas são a permanência e o regresso. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse a verdade, que o Rio se preparou mal para o evento e pouco ganhará com os investimentos que fez. Levou paulada até explicar que tinha sido mal interpretado. Aí sossegou. Falar a verdade tem alto custo político.

Paes e Temer esqueceram que, a partir do momento em que o Rio foi definido como sede dos Jogos Olímpicos, o partido que administrou Estado e cidade foi o seu PMDB. O Rio em que uma linda ciclovia durou menos de um mês, em que vigas de aço de 20 toneladas foram roubadas, em que o orçamento de um ano dura sete meses faz parte do prontuário do PMDB.

É por isso que, em qualquer página do jornal, em qualquer caderno de qualquer assunto, o tema seja sempre o mesmo: crime. É chato demais.

What I see

O substituto de Eduardo Cunha foi um Maranhão, sucedido por outro Maranhão, um mais fraquinho que o outro. Ministros e aliados de Temer estiveram ao lado de Fernando Henrique, de Collor, de Sarney.

Como diria o garoto do filme O Sexto Sentido, se os conhecesse, “I see dead people”.

Lé com lé

O primeiro chefe de Estado a ser recebido por Michel Temer deve ser o presidente suíço Johann Schneider Ammann.

Nada mais adequado: os dois representam o Estado, mas não governam.

Cré com cré

O vereador paulistano José Police Neto, do PSD de Kassab, teve uma ideia: pagar um pixulequinho com dinheiro público a quem for trabalhar de bicicleta, para desafogar o trânsito e reduzir a lotação dos ônibus. Partidos diferentes, cabeça igual: o prefeito paulistano Fernando Haddad, inimigo de Kassab e do PSD, aderiu na hora à ideia. De certa forma, os políticos vão gostar: basta ligar a TV numa sessão do Congresso e ver quantos já pintaram os cabelos de amarelo, a cor de uma ciclovia com pouco uso.

Abundância exige abundância

Nunca ocorreu ao caro leitor perguntar-se o que é que leva pessoas de certa idade e ar exótico a pintar o cabelo de acaju, comprar um terno novo e gastar dinheiro para criar um partido, além de investir no horário gratuito de rádio e TV, mesmo sabendo que não tem chance nenhuma nas eleições?

O jogo é complicado, pode envolver a cessão do horário de TV a outro partido, nunca, naturalmente, a leite de pato. Mas há como simplificá-lo, reduzindo embora os lucros: basta contentar-se com as generosas verbas do Fundo Partidário. No primeiro semestre deste ano, o Partido Novo, com zero deputados, recebeu R$ 527 mil. O PSTU, sem deputados federais, recebeu R$ 1,2 milhão.

Dá para tocar a vida em defesa do povo sofrido.

Reduzindo a hemorragia

O presidente Michel Temer aguarda o fim do impeachment para reduzir um pouco essas despesas (que, a propósito, já têm alta programada pelo Congresso). Em primeiro lugar, a cláusula de barreira. Partido, para que seu pessoal se eleja, terá de obter no mínimo 2% dos votos em nove Estados (as exigências deve crescer nas eleições seguintes). Com isso, Temer espera reduzir os atuais 35 partidos a oito. Até o PCdoB estaria morto.

Por falar em sobrevivência

A informação foi enviada por um advogado gaúcho ao excelente portal “Espaço Vital”, do jornalista e jurista Marco Antônio Birnfeld (www.espacovital.com.br ). Diz o leitor que encontrou na segunda-feira, no portal do Banco Itaú, o seguinte aviso:

“Fique atento aos encargos para o próximo período (26/07/16 a 25/08/16): juros máximos: 17,52% a.m.; juros do contrato: 612,90% ao ano”.

Pergunta o leitor: “Que vai acontecer conosco e com nosso país?”

É isso aí

O que vai acontecer conosco e com nosso país é aquilo que já está acontecendo: inadimplência geral e paralisia total dos negócios Pior será quando o banco se oferecer para renegociar a divida: “Aproveite que o gerente ficou louco e regularize hoje mesmo a sua conta em condições muito especiais, criadas especialmente para você!!! Pague seu débito de dez mil reais em 24 suaves parcelas de dez mil reais cada uma!”
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