A última do Pochmann

“O presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcio Pochmann, defendeu a adoção de jornada semanal de trabalho de três dias com expediente de quatro horas. Disse ainda que o Brasil deveria preparar seus cidadãos para começar a trabalhar depois dos 25 anos de idade. (Folha Online, 12/12/2007 http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u354096.shtml) ”

Comentário: Acho idéia excelente se aplicada ao seu próprio autor. Só ficaria melhor se ele prometesse trabalhar nenhuma hora de nenhum dia. Não há dúvida que isto aumentaria o bem-estar no país.

19 thoughts on “A última do Pochmann

  1. Curioso, é verdade… enquanto isso, nem uma palavra sobre a redução dos impostos que incidem na folha salarial, e que poderiam redundar em aumentos salariais substantivos.

    Bilu, que tal você declinar de que forma um imposto pode deixar de ter efeitos inflacionários?

    Porque de fato, os países escandinavos conseguem conviver com altos impostos, sem inflação. Qual é a mágica?

    É claro que se a gente for depender “deste” IPEA atual para isso, nunca chegaremos “lá”, quero dizer, não em BSB, onde parece que se encontra o pote de ouro do arco-íris tributário brasileiro… o “lá” a que me refiro é ao país que queremos, mais justo e mais eficiente, né?

  2. Imposto e inflação não guardam uma relação direta (claro que um aumento de impostos inicialmente faz preços subirem, mas inflação é aumento generalizado e persistente de preços; falhando a segunda condição, não é inflação), mas uma relação mediada pelo déficit do governo.

    Caso a inflação num dado momento resulte das dificuldades do governo em financiar seu déficit, um aumento de impostos – ao reduzir o déficit e, portanto, a emissão de moeda – deve reduzir a inflação.

    Em outras palavras, para o caso de inflação resultante de emissão de moeda (ou expectativa de emissão de moeda) por conta de um déficit público insustentável, impostos mais altos podem ser a solução. Para quem gosta do assunto, isto equivale a trocar o imposto inflacionário (equivalente à desvalorização do poder de compra do estoque de moeda) por um imposto explícito.

    Não há mágica.

  3. Não Bilu, você não entendeu ainda que me refiro à natureza intrínseca do imposto… puxa, isso me valeria um título de doutorado em Harvard, hein?

    Vejamos: o que é um imposto, senão um montante de moeda que é confiscado do mercado?

    Dinheiro que retorna ao mercado, mas antes de retornar ao mercado, ele significa, em si mesmo, abstratamente falando, um montante de recursos monetários que não gerarão valor pelas mãos daqueles que os produziram, certo? Daí ele ser um “confisco”, já que retira dos agentes produtivos capacidade de agregar valor.

    O imposto é assim, e apenas, um mecanismo de transferência de recursos monetários líquidos que estavam nas mãos do mercado, compreendendo agentes produtivos e consumidores, e que passam para as mãos do Estado.

    Vai depender portanto da forma como esse dinheiro vai ser gasto que o imposto poderá ou não perder seu caráter intrínsecamente inflacionário, em sendo um aporte de recursos monetários líquidos não resultante de agregação de valor.

    Vejamos no caso brasileiro: 25 mil contratados por Luizinácio e seu governo para cargos comissionados ganhando anualmente um total de 9 bilhões de reais…. do outro lado, 11 milhões de famílias sendo “assistidas” com valor semelhante… isso dá um total de R$18 bilhões que entram na economia como demanda pura, strictu sensu, e não como fruto de geração de valor em atividade produtiva.

    Se pensarmos então na corrupção, superfaturamento, desvio de recursos, o cenário para que os impostos desempenhem seu papel inflacionário está mais do que dado, né?

    Pensa-se inflação como resultado de emissão de moeda, mas esquecemos que a inflação é também fruto de um desequilíbrio na velha da demanda e da oferta, resultante de excesso de liquidez, em comparação com a oferta. Liquidez essa gerada por gastos de governo como os citados acima que contribuem para criar um aumento no poder de compra artificial, porque não derivado do aumento de valor agregado à economia, portanto da oferta.

  4. Pois é. É o gasto (no seu exemplo, a contratação de funcionários ou Bolsa Família), não o imposto, que gera a pressão inflacionária. Havendo o gasto, há a necessidade de financiá-lo. Só existem três meios para isto: (1) impostos; (2) dívida; (3) emissão de moeda. O terceiro é inflacionário; o segundo acaba sendo, se a trajetória da dívida não for sustentável; o primeiro é o único que permite financiamento não-inflacionário, obviamente às custas de outras distorções. Na raiz do desequilíbrio está o gasto público. Imposto é conseqüência.

  5. Meus caros,
    Isto é mais um exemplo do poder das trocas e dos contratos de aumentar o bem-estar social. A sociedade brasileira pagaria o dobro do que paga atualmente ao Pochman para ele ficar em casa, sem trabalhar (se ele insistir em trabalhar as tais doze horas semanais, pagaríamos a ele menos). ISTO AUMENTARIA O BEM-ESTAR DE TODO MUNDO!!!!!!!!!
    É um excelente exemplo!!!! Ele só queria nos brindar com um bom exemplo para ser dado em sala de aula.
    Saudações.
    PS: Se ele insistir em trabalhar as tais doze horas, podemos aumentar o salário (para ele ficar em casa) para o quintuplo ou o sextuplo, acho que ainda assim sairíamos ganhando.

  6. Assino embaixo e participo da vaquinha. Vamos lançar o projeto “Deixe o Pochmann em casa (de preferência com o Sicsú)”. A única exigência do programa é que o ínclito participante terá que prometer guardar para si tudo o que ruminar.

  7. e que tal se a gente incluísse nesta lista de “dispensados-remunerados”, para o bem do Brasil, a rapeize da Sealoprados, dos 40 “ministérios”, sem esquecer do Mantega?

    O único problema é que, desocupados, elles certamente iriam fundar um novo partido, encher o saco até conseguirem se eleger e aí teríamos que inventar uma nova “bolsa” para que elles ficassem na praia tomando cerveja e conspirando…

    (cá entre nós, a solução encontrada pelo Pokman para resolver o déficit de empregos para jovens é “genial”: no hay empregos, entonces eliminemos os que procuram emprego nesta faixa de idade… e fica combinado assim, revogando-se todas as disposições e indisposições em contrário!!!)

  8. quem conheçe um pouco o trabalho do pochman, nunca falaria que se ele ficasse sem trabalhar isso aumentaria o bem estar do pais
    caro Alexandre, de um pouco de credito aos estruturalistas de nossa naçao
    ate o Simonsem tinha seu lado desenvolvimentista

  9. Eu conheço o trabalho dele, como, por exemplo, a afirmação que o Brasil era o país com maior número de desempregados do mundo (obviamente não calculou o número de desempregados com relação à população economicamente ativa – PEA), ou o cuidado estatístico que ampara sua afirmação (para lá de errada) que apenas 20 mil famílias recebem o pagamento de juros da dívida, ou ainda que o Estado brasileiro é raquítico, mesmo sendo o segundo maior gastador entre países com PIB superior a US$ 100 bilhões.

    Só estas observações já deveriam ser suficientes para convencer a nação da conveniência de pagá-lo para não trabalhar.

    Acredite, ficamos melhor assim (seria, em jargão, uma política melhor no sentido de Pareto).

  10. Bilu, acho que você foi magnânimo… nem lembrou da contribuição de Pokiman para o respeito à liberdade de pesquisa, de pensamento e de opinião, que ele deu no recente episódio do expurgo no IPEA…

    que a posteridade lhe faça justiça, né?

  11. Não foi magnanimidade; foi esquecimento mesmo. Podemos incluir as contribuições à liberdade de pensamento à enorme lista de serviços prestados pelo nobre professor.

  12. Senhor Alexandre,
    Gosto muito de seus artigos publicados na Folha.
    Parabenizo-lhe pelo conteúdo e astúcia dos mesmos.
    Confesso apenas que me decepcionei com os ataques, quase pessoais, às características do Pochmann, expressos pelos comentários acima.
    Confere ao leitor a impressão de imparcialidade científica e constrói a imagem de uma ‘briga de egos’ (ortodoxos x heterodoxos.

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