A economia, só a economia vale. Coluna Carlos Brickmann

A ECONOMIA, SÓ A ECONOMIA VALE.

COLUNA CARLOS BRICKMANN

Resultado de imagem para trump, bolsonaroEDIÇÃO DOS JORNAIS DE QUARTA-FEIRA, 20 DE MARÇO DE 2019

Bolsonaro não fala inglês, oh céus! Guilherme de Orange não era inglês nem falava inglês, mas liderou a Revolução Gloriosa e foi um dos grandes reis da Inglaterra. Stalin não falava inglês, se aliou a Roosevelt e Churchill e ninguém se queixou – até porque ninguém era besta. Pedir outra Águia de Haia – para quê? Na visita de Bolsonaro aos EUA, só a economia importa. O resto é besteira, inclusive as tosquices e a tietagem do presidente.

Em economia, que veio para nós? Dois velhos pedidos foram atendidos: os EUA recomendaram o ingresso do Brasil na OCDE, Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, onde os países mais ricos do mundo decidem as normas da economia internacional; e passaram a considerar o Brasil aliado preferencial fora da OTAN – do ponto de vista militar, garante mais equipamento para as Forças Armadas; do econômico, exportação de armas made in Brasil. E na Base Aeroespacial de Alcântara haverá cooperação, ótima para o desenvolvimento de tecnologia nacional. Em troca, o Brasil dispensou os americanos (e japoneses, canadenses, australianos) de visto de entrada, sem que estes países deem a mesma regalia a brasileiros. É chato? É. Mas abre o Brasil a muito mais turistas.

Bolsonaro se entusiasmou ao ver de perto seu ídolo Trump. Tietagem desnecessária. Mas se a viagem der bom resultado econômico, ele pode até botar orelhas de Mickey. Ridículo? Nada é ridículo quando tem êxito.

Moro na CIA

Oh, céus, Moro visitou a nefanda CIA. Mas com quem conversaria sobre cooperação na luta contra o crime organizado? Bolsonaro foi com ele. Dos presidentes brasileiros em visita aos EUA, é o primeiro a visitar o QG da CIA, em Langley. Mas Juscelino teve longas reuniões nos EUA com Allen Dulles, o chefão da CIA – em sigilo, fora da agenda.

Guedes é o nome

O ministro da Economia, num discurso fluente, em inglês, usou palavras pouco polidas, ao se referir à ousadia de Bolsonaro no corte de privilégios. Oh, céus!!! Falar em “balls”! Lá ninguém achou ruim – só aqui, em que um presidente jamais disse que tinha “aquilo roxo”.

Guedes deixou excelente impressão – talvez por ter o que mostrar, num Governo em que só ele tem grande importância: a Bolsa passou a barreira dos cem mil pontos, o leilão dos aeroportos foi um sucesso (o preço obtido superou de longe o previsto), há algum superávit nas contas públicas, a inflação se mantém baixa, há fortes indícios de que a privatização está sendo bem planejada. Para os investidores, isso conta mais do que um eventual mau uso de palavras.

A fala dos números

O XP Investimentos elaborou pesquisa sobre a popularidade do Governo Bolsonaro. O presidente teve uma pequena queda, mas continua sendo muito bem visto. Há esperança de que leve adiante seus projetos. Duas coisas importantes: as redes sociais – menina dos olhos de Bolsonaro e seus filhos – são vistas como pouco confiáveis. E a grande imprensa continua sendo vista como o meio mais confiável de informação. Importante: o XP encomenda a pesquisa para ajudá-lo na busca de bons investimentos.

Não é questão ideológica: a precisão na pesquisa e análise dos fatos vale dinheiro.

Brigas e briguinhas

Há parlamentares ameaçando derrubar o decreto pelo qual só quem tem ficha limpa poderá ser nomeado para cargos em comissão (aqueles que não exigem concurso). Querem que o decreto valha a partir de 1º de janeiro, dia da posse de Bolsonaro. Quem foi nomeado a partir daquela data só fica no cargo se tiver ficha limpa. O decreto fixa a data de 15 de março. Acham os parlamentares que Bolsonaro quer restringir as indicações que fizerem. Não gostam também do decreto que eliminou 21 mil cargos federais. A ameaça é dificultar a reforma da Previdência. Mas se a economia estiver dando certo, quem terá coragem de fazer isso? A economia é a chave do Governo.

Briga de…

O Ministério Público ofereceu denúncia, já aceita pela 6ª Vara Criminal, contra três dos quatro proprietários do grupo Marabraz, gigante do varejo. A denúncia enviada à 6ª Vara Criminal é de prática de crime tributário.

…gente grande

A Junta Comercial do Estado de São Paulo enviou ao Ministério Público informações de que a alteração societária da empresa LP Administradora de Bens, parte do grupo Marabraz, tem texto diferente do que consta em escritura pública do 26º Tabelião – segundo a informação, falta a parte em que consta um irmão e sócio. O Ministério Público investiga o caso.

Novidades na Folha

Sem discutir o afastamento de Cristina Frias da direção da Folha de S. Paulo, decidido por seu irmão, Luís Frias: o substituto de Cristina, Sérgio Dávila, é um jornalista extremamente competente e respeitadíssimo.

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1 thought on “A economia, só a economia vale. Coluna Carlos Brickmann

  1. Só a economia vale. Descendentes intelectuais de Maquiavel se entusiasmariam com esse pensamento. Os fins, ou seja, resultado econômico positivo, justificam a estupidez restante que um governo comete desde que seu objetivo seja pôr a economia pra cima. Somos mesmo um país que permanece de quatro. Joguem a ética e a política pela janela, destruam os princípios do respeito pela diversidade, façam do governo uma polícia de costumes, disseminem mentiras para destruir jornalistas discordantes, falem grosso com comunistas ditadores e toscos, mas transformem o país no capacho do Primeiro Mundo. Não importa o que mais façam. Se a economia criar 1% de empregos e gerar negócios para o grande empresariado, tudo está perdoado. “Nada é ridículo quando tem êxito.” Bela frase. Fins econômicos, afinal, justificam tudo, inclusive nosso desfazimento como nação. Estamos à venda. Façam seus lances. O resto é o resto.

    E lá na Disneylândia, terminado o espetáculo de puxa-saquismo, Tio Patinhas chama o Pateta de lado e lhe pergunta: “Afinal, você é um cachorro grandão ou um cavalo pequenininho?” E o Pateta: “O que o senhor quiser.”

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