Mas, ninguém morreu. Blog Mário Marinho

MAS, NINGUÉM MORREU

BLOG MÁRIO MARINHO

Eu imagino o quanto é difícil e desgastantes para os treinadores de futebol as entrevistas coletivas pós jogo, principalmente nos casos de derrotas.

Hoje, até por força de contrato com clubes e patrocinadores, a entrevista coletiva é obrigatória.

Torna-se ainda mais difícil quando o treinador é turrão, gosta de brigar com a imprensa e encara a missão da entrevista com tremenda má vontade.

Se você identificou aí o sr. Luiz Felipe Scolari, acertou em cheio.

Ele vê em cada jornalista um inimigo a ser batido.

Tem jornalista que enche o saco, realmente. Mas essa não é a regra geral.

E o jornalista está ali não para satisfazer curiosidade pessoal, mas para cumprir sua missão de levar as notícias ao torcedor, ao povo de modo geral.

Aí eu me lembro de meu começo como repórter no Jornal da Tarde, lá pelos idos de 1968, quando Dino Sani começou também sua carreira de técnico no Corinthians.

Dino foi excelente camisa 5. Campeão do Mundo em 1958.

Diferente dos volantes da época que, de um modo geral, eram brucutus, Dino Sani era clássico, elegante. Sabia tomar a bola do adversário sem falta, sem violência. E sabia iniciar uma jogada com passes precisos.

Como técnico, Dino era um suplício para nós jornalistas. Suas entrevistas duravam segundos.

Geralmente, o repórter perguntava a opinião dele sobre o jogo seguinte, por exemplo.

Antes de responder, ele encarava o repórter, olho no olho, cara fechada, arqueava uma das sobrancelhas e respondia laconicamente:

– No futebol só pode acontecer uma dessas três coisas: ou vence, ou empata ou perde.

Fim de papo.

Hoje, com vontade ou sem vontade, os treinadores comparecem às coletivas. Se expõem.

Ao ser eliminado pelo Internacional pela Copa do Brasil, Felipão fez cara de desentendido, como se a derrota fosse a coisa mais normal do mundo e disse:

– Mas não morreu ninguém…

Existem derrotas e derrotas.

Aquela, para o Inter, foi mais uma eliminação. Meses antes, houve a eliminação do Paulistão.

E, agora, a eliminação da Libertadores.

Logo a Libertadores, caminho obrigatório para o sonhado Mundial. Logo em casa (foi no Pacaembu, eu sei). Logo depois de uma vitória no campo do adversário e logo depois de sair vencendo o jogo por 1 a 0.

Levou a virada.

Felipão não repetiu aquela frase infeliz. Mas, disse outra, um velho chavão:

– É apanhando que se aprende a bater.

Em assim sendo, torcedor, torça para que o seu time perca mais. Assim, daqui alguns anos, talvez décadas, séculos, ele será o melhor do mundo.

Deu
Mengão

A missão do Internacional não era nada fácil.

Perdeu o primeiro jogo por 2 a 0, no Maracanã, e precisava reverter esse placar jogando em casa, nesta quarta-feira.

Jogou o Inter contra um grande time, contra o relógio, contra os nervos – uma situação tremendamente adversa.

Tão adversa que mexeu com os nervos dos jogadores colorados, até mesmo os mais experientes como Dalessandro e Guerrero que pouco fizeram.

Quem mandou mesmo no jogo, quem criou situações de gol foi o Flamengo.

O Inter só foi realmente guerreiro no começo do segundo tempo, quando conseguiu o seu gol. Depois, foi apenas mediano.

Assim, o Flamengo do discreto mas competente Jorge Jesus, vai se encontrar com o Grêmio do nada discreto mas competente Renato Gaúcho por vaga na final da Libertadores.

Veja os gols:

https://youtu.be/rq9WqGU4GeY

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FOTO SOFIA MARINHO

Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
 NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

1 thought on “Mas, ninguém morreu. Blog Mário Marinho

  1. MMarinho. Realmente, as perguntas formuladas pela maioria dos presentes nas entrevistas são desastrosas. Irritam qualquer um. Da mesma “qualidade ” das feitas aos políticos. Por que os “grandes comentaristas”, não participam dessas entrevistas?

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