O que esperar dos anos vinte. Por Aylê-Salassié F. Quintão*

O QUE ESPERAR DOS ANOS 20

AYLÊ-SALASSIÊ QUINTÃO

… As epidemias virais e a expansão tecnológica sem limites parecem indicar os limites para a configuração que moldará os anos vinte e um novo tipo de convivência no planeta…

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Pandemias, oportunismo empresarial e midiático e atividades conspiratórias? Tudo isso caberia aparentemente nessa vertiginosa difusão do coronavírus pelo mundo. Até agora, 150 mil infectados, 5 mil mortos, e presença em 110 países: uma crise viral, chancelada, como tal, pela Organização Mundial de Saúde.

O vírus teria surgido na China em abril de 2019. A Coreia do Sul foi a segunda a ser atingida pelo coronavírus. Logo depois ele pulou para Singapura, Taiwan, Irã, Turquia, Itália, chegando à França, à Alemanha, à Inglaterra, à Israel e a alguns países de menor expressão econômica no mundo ocidental. Moto-contínuo, contaminaria os Estados Unidos e o Brasil.

Embora os vírus tenha se espalhado de maneira rápida no Ocidente capitalista, pouco se sabe sobre a disseminação do coronavírus nos países do Leste europeu. O tratamento da questão ali pela mídia parece ser acompanhando de maior bom senso e precaução. Novela é só aqui para quem gosta de assistir seriados.

A China está passando por uma crise inflacionária, em função da alta nos preços internacionais das commodities e, consequentemente, de abastecimento interno. Em razão disso, nos meios políticos e econômicos internacionais circulou, no ano passado, a informação de que a China poderia provocar um dumping nos preços do comércio mundial.

 Ora, o coronavírus chinês gerou, de fato, uma súbita deterioração da economia internacional, com a suspensão de atividades produtivas, queda nas bolsas, dos preços do petróleo, interrupção nos esportes, no turismo, na área da educação, cuja consequência imediata é promover uma poderosa inversão no crescimento do Produto Interno Bruto mundial. Nas bolsas, os prejuízos começaram a ser contabilizados em trilhões de dólares. Está sendo recomendado fazer negócios via redes digitais. À educação, sugeriu-se manter o ano letivo funcionando online, por meio das redes digitais.

Na China, onde surgem com frequência certos tipos de gripe, o Convid-19 teria causado a morte de quase 2.000 pessoas, a maioria idosos. Os chineses aproveitam, entretanto, para comprar empresas estrangeiras que atuam por lá. No Brasil existem mais de 200 supostamente infectados. Já há uma more confirmada hoje, 17 de março. Mesmo assim, já se prevê queda de 1% do PIB, o fechamento de indústrias, a retomada do desemprego e, certamente, da indignação pública.

Se coube às grandes empresas de transportes aéreos e marítimas de turismo globalizadas a disseminação do Covid-19 pelo mundo; à mídia convencional as antecipou assumindo espontaneamente a difusão do pânico.  No Brasil, a mídia privada, numa avalanche de informações e advertências sobre o Covid-19 transformou-se em porta-voz do vírus. A mídia digital tenta dar conta do recado, mas não tem credibilidade suficiente, e a oficial está, de fato, desacreditada. Os próprios dirigentes do ministério fazem previsões catastróficas. Salva-se a moderação do ministro da Saúde.

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Um grupo de cientistas, consorciados nos maiores laboratórios de pesquisas imunológicas do mundo, ainda busca entender o coronavírus como uma patologia. Mas, ela expõe, ao mesmo tempo, um forte componente vindo do campo da política.

Parece mesmo uma vertente da teoria da conspiração. Ora, por quê, não? Tem tanta gente maluca, narcisista, sem qualquer compromisso social, ocupando o poder, chefiando países, as leis e os grandes negócios! Os líderes mundiais passam a vida em constantes confrontos. Sacrificam, sem constrangimentos, o tempo e a vida de milhares de cidadãos e inocentes. Estimulam abertamente o caos e o pânico, com encenações teatralizadas da democracia. Mas a coisa é bem mais grave.

O problema do mundo atual não está, parece, na forma de organização da sociedade, a nível global, mas na quantidade de vírus patogênicos (malignos, mórbidos) presentes nos meios naturais, entre animais, inclusive domésticos, e até no corpo humano. São centenas deles, alguns conhecidos, outros controlados, outros ainda totalmente fora de controle. Essa é a verdadeira guerra na qual o ser humano deveria se envolver. Na busca de ampliar sua influência virtual, a rede Avaaz corrobora com o quadro que aí está, fazendo uma alarmante abaixo-assinado, sustentando miticamente a ideia de que: “Algo grande está prestes a acontecer com a humanidade: muito maior do que apenas uma gripe”.

Ora, depois do vazamento de óleo cru na costa brasileira, sem que o responsável fosse detectado; da expulsão de milhões de pessoas dos territórios de origem – um assassinato cultural e étnico -; e da apologia sistemática as tecnologias disruptivas, tudo é possível. Governantes e a mídia lobista, com as repetidas advertências de pânico, estão contribuindo para disseminar esse estado de pré-loucura dos cidadãos e de desvio da rota dos recursos mundiais. No Brasil, os governantes se recolhem, preocupados com a crise fiscal, com as vantagens individuais e até com as mordomias.

Mas o perigo é mesmo viral. Mais de 500 vírus – dengue, ebola, varíola, chicungunha, HIV, Zica, etc. – alguns conhecidos, outros controlados e a maioria ignorada, colocam a humanidade em risco. Portanto, no lugar da modernidade, e da crise fiscal, o mundo está sob a ameaça, de um lado, das patogenias virais, que se reproduzem na natureza, nos animais e no próprio corpo do homem – algumas não afloraram ainda; e pelas tecnologias disruptivas, que desqualificam sistemas tradicionais de produção e , sem qualquer remorso de seus manipuladores, expandem,   o desemprego e a miséria. As epidemias virais e a expansão tecnológica sem limites parecem indicar os limites para a configuração que moldará os anos vinte e um novo tipo de convivência no planeta.

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Aylê-Salassié F. Quintão*Jornalista, professor, doutor em História Cultural. Vive em Brasília

 

 

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