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Um zumbi na Presidência. Por Edmilson Siqueira

UM ZUMBI NA PRESIDÊNCIA

EDMILSON SIQUEIRA

…Bolsonaro entrou também para o rol dos políticos zumbis, que nada mais fazem a não ser andar sem rumo, à procura de alimentos para suas sandices. Sem perder as características anteriores, Bolsonaro conseguiu a elas acrescentar a pior de todas: passou a encarar a morte de brasileiros como algo saudável para suas intenções e a insinuar desafios impossíveis, como agir com pólvora contra a maior potência militar…

Zumbi

A semana que ainda não acabou alterou o padrão de comportamento do presidente Jair Messias Bolsonaro. De um político destrambelhado, envolvido na baixa corrupção das rachadinhas desde sempre – ele e a família toda – bravateiro, mentiroso e com fortes suspeitas de envolvimento e parceria com as terríveis milícias do Rio de Janeiro, Bolsonaro entrou também para o rol dos políticos zumbis, que nada mais fazem a não ser andar sem rumo, à procura de alimentos para suas sandices.

Sem perder as características anteriores, Bolsonaro conseguiu a elas acrescentar a pior de todas: passou a encarar a morte de brasileiros como algo saudável para suas intenções e a insinuar desafios impossíveis, como agir com pólvora contra a maior potência militar – e nuclear – que a humanidade já viu. Só para se ter uma ideia da sandice em usar termos bélicos para criticar o presidente eleito dos EUA, Joe Biden (e que ele faz questão de não reconhecer como tal, o que é, no mínimo, burrice), o Estadão fez uma comparação do poder de fogo dos dois países. É pior, muito pior que os 7 a 1 que a Alemanha sapecou na nossa seleção de futebol. Por exemplo:  os americanos têm cerca de 715 caças de combate, enquanto o Brasil tem 78; 5.768 helicópteros contra 242; 6.289 tanques contra 437; 39.253 veículos blindados de combate contra 1.820 e 1.366 lançadores de foguete contra 84. Há, ainda, o poderio nuclear, onde os EUA aparecem com mais de 5 mil ogivas nucleares e o Brasil com nenhuma.

Claro que vão dizer – aliás, o vice-presidente, Hamilton Mourão, que vive de passar o pano nas asneiras ditas pelo presidente, já disse – que foi uma frase retórica, muito usada na diplomacia (“Quando acaba o diálogo entram os canhões”), mas quem conhece o ex-capitão sabe muito bem que na sua diminuta cabeça, desprovida de massa cinzenta suficiente para raciocínios mais elaborados, saliva é saliva e pólvora é pólvora, não se admitindo figuras de linguagem e, muito menos, de pensamento.

Para ilustrar mais ainda a insignificância a que se propôs, Jair Bolsonaro, não contente em ser um zumbi liderando outros e em número cada vez menor, depois de declarar que não ia participar das eleições municipais, decidiu entrar de corpo e alma no pleito, fazendo “lives” diárias que ele chamou de “horário político”. Nele, Bolsonaro revela os nomes de candidatos em que seu séquito de mortos-vivos deve votar. E, para surpresa de ninguém, quase todos os nomes apoiados por ele, estão à beira do fracasso nas eleições de domingo.

O caso mais notório se passa na maior cidade do país: o apoio a Celso Russomanno não só fez despencar as intenções de voto no candidato, como o está alijando de um segundo turno. Mais ainda: muitos eleitores, ao repudiar o apoio bolsonarista, mudaram seu votos para o candidato de João Doria e atual prefeito, Bruno Covas, levando sua campanha a sonhar com uma vitória no primeiro turno.

… os americanos têm cerca de 715 caças de combate, enquanto o Brasil tem 78; 5.768 helicópteros contra 242; 6.289 tanques contra 437; 39.253 veículos blindados de combate contra 1.820 e 1.366 lançadores de foguete contra 84. Há, ainda, o poderio nuclear, onde os EUA aparecem com mais de 5 mil ogivas nucleares e o Brasil com nenhuma…

No Rio, o prefeito Marcelo Crivella, que abrigou um dos filhos de Bolsonaro em seu partido, está lutando desesperadamente para ir para o segundo turno, estatisticamente empatado com outros dois candidatos. O favorito, Eduardo Paes, ganha num segundo turno de todos eles, mas sua maior vitória seria sobre o próprio Crivella: 58% a 22%. Esses dados todos são do Datafolha e foram publicados nesta quinta-feira. E o fracasso de candidatos apoiados por Bolsonaro se repete na maioria das cidades do Brasil. Em Campinas, onde vivo, o “bolsonarista” Artur Orsi, não consegue chegar aos 10% das intenções voto, num pleito em que os dois primeiros nas pesquisas se aproximam dos 30%.

Como se vê, o zumbi presidencial, além de cometer bravatas, ser notório mentiroso e tentar criar mais um inimigo imaginário, está sendo repudiado em todos os grandes centros do país.

Mas, em se tratando de Bolsonaro, quando as coisas podem piorar elas pioram mesmo: seu comportamento diante da pandemia, que já é considerado o pior do mundo (até o arrogante Trump, que tinha comportamento semelhante, percebeu, mas não a tempo de se salvar, que estava errado enfrentar o vírus com cara feia) chegou ao ápice do auge no caso da morte de um cidadão brasileiro que estava entre os voluntários para os testes da vacina CoronaVac. Por ser a vacina que o governo de São Paulo resolveu comprar, participando de sua produção, e por ser o estado governado por um possível adversário na eleição presidencial, Bolsonaro festejou a morte do voluntário e acusou Dória de produzir uma vacina assassina que o povo paulista será obrigado a tomar.

A asneira já seria gigantesca só com a manifestação inicial, mas ela ganhou ares de conspiração política contra a saúde do povo brasileiro quando se descobriu que a morte do voluntário não tinha nada a ver com a vacina – foi suicídio e 23 dias após a aplicação – e que a Anvisa, órgão federal, submetido ao Ministério da Saúde e, por consequência, à Presidência da República – suspendeu os testes da vacina sem tomar as devidas precauções protocolares. Tanto que, no dia seguinte, e diante da enorme  e negativa repercussão de seu ato, se viu obrigada a revertê-lo, autorizando a continuidade dos testes e sem, aparentemente, causar um atraso significativo na produção.

Ao nos aproximarmos do final da semana, o sentimento no Brasil, às vésperas da eleição municipal, é de indignação com o inacreditável comportamento do presidente brasileiro. Tão inacreditável que Bolsonaro pode ser considerado como um presidente protocolar que, até o final de seu mandato, vai viver feito um zumbi à procura de um cérebro humano para comer e, quem sabe, adquirir alguma vida. Como não conseguirá, a tendência é que definhe em sua própria incompetência e, tomara, termine o mandato antes que faça o Brasil definhar com ele.

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Edmilson Siqueira é jornalista

 

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1 thought on “Um zumbi na Presidência. Por Edmilson Siqueira

  1. No levantamento comparativo dos arsenais de EUA x Brasil o articulista não citou o único item em que o Brasil deixa os EUA à beira de pedir rendição: o fator humano. A quantidade e o efeito dos imbecis verde-amarelos tem um efeito mais devastador do que várias bombas atômicas. E pode matar (de rir) os adversários…

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