CONVERSAS -PORTUGAL

Conversas de 1/2 minuto (4). Por José Paulo Cavalcanti Filho

CONVERSAS DE ½ MINUTO (4)

JOSÉ PAULO CAVALCANTI FILHO

Portugal

Continuo com histórias de livro que estou escrevendo (título da coluna).

Esta, em homenagem a nossos irmãos da terrinha e sua muito especial forma de pensar.

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ALBERTO TEIXEIRA, empresário.  Em Arouca, num dia de finados, foi rezar no túmulo da família. E comentou, desconsolado, com o sobrinho José Brandão:

– O lugar estar à pinha (cheio). Vim encontrar meus mortos e só vejo vivos dos outros.

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JOÃO REGO, pensador. Na recepção do hotel, querendo saber se iria poder caminhar:

– Amigo, você acha que amanhã vai fazer sol?

– Olhe, senhor, aqui em Lisboa sempre tem sol. Só que, de vez em quando, algumas nuvens ficam entre o sol e a gente.

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Dom JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA, Cardeal. Nas Vicentinas. Ele:

– Acredita em Deus?, José Paulo.

– Infelizmente, não. Acredito no Destino.

– O amigo está usando o nome errado. Isso, que você chama Destino, é a Providência Divina. A presença de Deus, na sua vida.

– Então tá certo. E acho até bom.

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MARCELO NAVARRO RIBEIRO DANTAS, Ministro do STJ. Num café do Rossio, a seu lado, três brasileiros fazem os pedidos:

– Por favor, um expresso!.

– Dois!

– Três!

E o garçom, matematicamente (ou por picardia), trouxe para eles seis cafés.

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MARIA LECTÍCIA. Apontando, ao garçom, prato no cardápio do Grêmio Literário:

– Eu gostaria de experimentar esse Bacalhau à Braz.

– Gostaria? E por que não experimenta?

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ONÉSIMO TEOTÓNIO ALMEIDA, gênio, professor na Universidade de Brown (Estados Unidos). Na recepção do Hotel Fayal (na Horta, Açores), pediu um táxi. A recepcionista, no telefone com a companhia de táxis, perguntou:

– Quer que o táxi venha à recepção?

– Não é preciso. Ele pode ficar lá fora.

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RAUL CUTAIT, médico. Atrasadíssimo para reunião pergunta, na rua:

– O senhor sabe onde fica a Cidade Universitária?

– Sei.

E o cidadão, depois da resposta, simplesmente foi embora.

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José Paulo Cavalcanti FilhoÉ advogado e um dos maiores conhecedores da obra de Fernando Pessoa. Integrou a Comissão da Verdade. Vive no Recife.

jp@jpc.com.br

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LEIA TAMBÉM:

Conversas de 1/2 minuto (1). Por José Paulo Cavalcanti Filho

Conversas de 1/2 minuto (2). Por José Paulo Cavalcanti Filho

Conversas de 1/2 minuto (3). Por José Paulo Cavalcanti Filho

5 thoughts on “Conversas de 1/2 minuto (4). Por José Paulo Cavalcanti Filho

  1. “MARIA LECTÍCIA. Apontando, ao garçom, prato no cardápio do Grêmio Literário:
    – Eu gostaria de experimentar esse Bacalhau à Braz.
    – Gostaria? E por que não experimenta?”

    “Deliciosa” e emblemática essa passagem. E que explica, em grande parte, o entrave que nos obstrui o progresso: esse famigerado tempo verbal… meio que “viúva Porcina”, a que deixou de ser, sem nunca ter sido!

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