ALEMANHA

Os nomes da Alemanha. Por José Horta Manzano

…Como se vê, percorrem-se todas as notas, mas a base é uma só. Com quase todos os países funciona assim, adapta-se o nome original e pronto. No entanto há uma notável exceção: a Alemanha. Esse país é um caso à parte…

ALEMANHA

Você sabia?

Na maioria dos casos, quando o nome de um país é “traduzido” em outras línguas, faz-se apenas uma adaptação gráfica e fonética para ficar em conformidade com o espírito da língua em questão.

No nosso caso, veja como fica o nome Brasil numa vintena de idiomas.

Inglês:      Brazil
Tcheco:      Brazílie
Esloveno:    Brazilija
Dinamarquês: Brasilien
Holandês:    Brazilië
Estoniano:   Brasiilia
Finlandês:   Brasilia
Francês:     Brésil
Lituano:     Brazilija
Russo:       Бразилия (Brazilia)
Alemão:      Brasilien
Grego:       Βραζιλία (Brasilía)
Eslovaco:    Brazília
Húngaro:     Brazília
Búlgaro:     Бразилия (Brazilia)
Italiano:    Brasile
Letão:       Brazīlija
Polonês:     Brazylia
Romeno:      Brazilia
Espanhol:    Brasil
Sueco:       Brasilien
Turco:       Brezilya

Como se vê, percorrem-se todas as notas, mas a base é uma só. Com quase todos os países funciona assim, adapta-se o nome original e pronto. No entanto há uma notável exceção: a Alemanha. Esse país é um caso à parte.

Diferentemente da maioria das nações europeias, a Alemanha não existia como país unificado até os anos 1870. Mas os povos que habitavam o território eram conhecidos desde a Antiguidade. Assim sendo, os vizinhos (tanto os mais próximos quanto os mais distantes) não esperaram até o século 19 para dar nome ao país que é hoje a Alemanha. Nas variadas línguas europeias, a região sempre teve um nome.

É que dois milênios atrás, tribos germânicas se espalharam pelo território europeu, num período de expansão conhecido como o das invasões bárbaras. O nome da tribo que entrou em contacto com cada região da Europa acabou por se estender ao nome do que seria a futura Alemanha unificada. Vamos explicar por alguns exemplos.

Os povos da Europa ocidental entraram em contacto com os Alamanes, uma das tribos germânicas. É por isso que deram o nome de Alemanha à região de onde provinham os invasores. Com pequenas adaptações, o nome permanece nas línguas da Europa ocidental (Alemanha, Alemania, Allemagne) e até na Turquia e na África do Norte (Almanya).

Os povos do Mar Báltico oriental conheceram os Saxões, outra tribo germânica. Até hoje, em finlandês e em estoniano (que, diga-se, são línguas irmãs), o nome da Alemanha é Saksa ou Saksamaa (=país dos Saxões).

Os povos da Escandinávia e os das regiões vizinhas à atual Alemanha acabaram adotando o nome que os alemães dão ao próprio país: Deutschland. Com adaptação fonética e gráfica, ficou Duitsland (Holanda), Tyskland (Escandinávia) e Tütschland (Suíça).

Já quem invadiu a região da atual Letônia e da Lituânia, muitos séculos atrás, foram os Valagodos (ou Vagotos), outra tribo germânica. Na língua desses dois países bálticos, a Alemanha, mesmo antes de se constituir como Estado unificado, já era chamada de Vacija (letão) e Voketija (lituaniano).

O nome da Alemanha nos países eslavos (Niemcy em polonês e Nemecko em eslovaco, por exemplo) tem origem curiosa. Provém de uma antiga raiz protoeslava que significa “mudo”. Não é que os povos bárbaros fossem mudos, mas simplesmente não falavam a língua local. Daí terem recebido esse cognome que perdura até os dias atuais.

No total, o mundo pode escolher entre 6 bases etimológicas para nomear a Alemanha – um recorde mundial. O mapa estampado acima é bastante esclarecedor. Cada cor corresponde a uma base etimológica.

Como se vê, além de ser nação rica, a Alemanha conta com rico repertório de nomes.

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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos,  dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.

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