joio trigo

Diferenças: separando o joio do trigo. Por Alexandre H. Santos

… O desafio imediato consiste em distinguir o que é trigo e o que não é. Noutras palavras, separar e afastar o joio. E por que desafio? Porque ao favorecer a confusão, as trevas se tornam a metáfora perfeita da ignorância.

joio trigo

“Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa.”

Adágio popular

A sabedoria mundana nos ensina que “à noite todos os gatos são pardos”. Na prática nós vemos que são, sim; embora – graças à luminosidade diurna – saibamos que não. Considerando que o país atravessa agora um período de densa escuridão, o propósito desse artigo é cotejar conceitos, definir características e esclarecer diferenças. Quiçá com isso possamos trazer luz, afastar o breu e ampliar a compreensão sobre o que os historiadores do futuro chamarão de a triste noite da democracia brasileira.

O desafio imediato consiste em distinguir o que é trigo e o que não é. Noutras palavras, separar e afastar o joio. E por que desafio? Porque ao favorecer a confusão, as trevas se tornam a metáfora perfeita da ignorância. Como se pode imaginar, trata-se de um tema espinhoso, já que cerca de 30% dos nossos patrícios são cegos e cegas que não querem ver, e se alimentam do joio como se trigo fosse.

Uma coisa é o joio: o Presidente da República que não possui a mais remota noção do decoro que o cargo que ocupa exige. Que fraturou o país em dois extremos conflitantes: de um lado colocou os membros da sua seita; do outro os que não pensam como ele e são considerados e tratados como inimigos.

Outra coisa é o trigo: o Presidente que sabe que, embora escolhido pela parte majoritária do eleitorado, deve se esforçar para presidir com equidade e comedimento toda a população do país. Um líder que trata divergentes e discordantes como cidadãs e cidadãos. Que vê total legitimidade em quem pensa de modo diferente do seu.

Uma coisa é o joio: o Presidente da República que não sabe e não gosta de ser questionado, que se irrita com perguntas incômodas e difíceis de responder. Que agride verbalmente profissionais da imprensa. Mas agride sobretudo, e de preferência, as mulheres.

Outra coisa é o trigo: o Presidente da República que acata como parte intrínseca do exercício do mandato público o se expor a questionamentos desagradáveis, assertivos e perspicazes. Que valoriza o importante papel da imprensa e respeita jornalistas – sejam elas ou eles.

Uma coisa é o joio: o Presidente da República que incita o ódio e propaga violência. Que já defendeu publicamente a tortura, a guerra civil e desejou matar pelo menos 30 mil brasileiros/as. Que previu, sorrindo, metralhar opositores.

Outra coisa é o trigo: o Presidente da República que se propõe a pacificar o país. Que entende e aceita o convívio apaziguado das divergências. Que vê a diversidade como substância vital e imprescindível para uma sociedade democrática. Que trata as pessoas com respeito e civilidade.

Uma coisa é o joio: o Presidente que ao ser perguntado pelo número de mortos na pandemia, responde frio e impassível que não é coveiro. Que imita doentes com falta de ar. Que nega a fome. Que ignora as dores alheias, tratando-as como mi-mi-mi. Que negligencia as dificuldades e perrengues da população carente. Que não demonstra – porque não tem e nem se esforça para ter – nenhuma empatia.

Outra coisa é o trigo: o Presidente que demonstra sensibilidade. Que se preocupa com os problemas reais da sua gente. Que visita a cidade afetada por uma catástrofe e se solidariza com seus habitantes. Que se emociona diante da desgraça que vê e não se envergonha de humedecer os olhos.

Uma coisa é a criatura rancorosa que planeja vingança. Que num dos seus primeiros atos como Presidente da República, tratou de exonerar o fiscal do Ibama que o havia multado por pesca ilegal. Que foi além do impensável e desmontou o próprio Ibama.

Outra coisa é o sujeito que se torna Presidente da República, mas que obedece ao guarda de trânsito. Que não se utiliza do cargo para humilhar ninguém. Que respeita o funcionalismo público e prestigia suas atribuições.

Uma coisa é o Presidente da República que mente, semeia ódio, estimula a compra de armas e a intolerância. Que mente, semeia ódio, estimula a compra de armas e o conflito. Que mente, semeia ódio, estimula a compra de armas e a ruptura institucional.

Outra coisa é o gigantesco trabalho que teremos pela frente para reconstruir o Brasil. Para neutralizar todo o mal que o capitão e seus capangas plantaram nos últimos quatro anos – sob a forma de corrupção, intolerância, fake news, ameaças, agressões verbais e físicas, intimidações e até assassinatos. Nada disso irá desaparecer num estalar de dedos ou da noite para o dia.

Por isso a vitória da Democracia já no primeiro turno é apenas a primeira medicação da longa, difícil e dolorosa terapia nacional contra o câncer do fascismo. O tratamento inteiro e a cura definitiva exigirão de democratas e progressistas suor, compreensão e paciência búdica, pois muita gente ainda seguirá doente e iludida, se lembrando do joio e pensando que era trigo!

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Foto: @catherinekrulik

*Alexandre Henrique Santos – Atua há mais de 30 anos na área do desenvolvimento humano como consultor, terapeuta e coach. Mora em Madri e realiza atendimentos e workshops presenciais e à distância. É meditante, vegano, ecologista. Publicou O Poder de uma Boa Conversa e Planejamento Pessoal, ambos editados pela Vozes..

Acesse: www.quereres.com

Contato: alex@ndre.com.br

 

 

3 thoughts on “Diferenças: separando o joio do trigo. Por Alexandre H. Santos

  1. Infelizmente é isso!
    Lendo este texto, depois de passado o primeiro turno e ainda precisando viver a incerteza de um segundo turno, rogo para que os brasileiros realmente consigam ver que o joio não pode permanecer ocupando a cadeira da presidência da República.

  2. Deus tenha misericórdia dessa nação!
    Jesus esta voltando!
    O joio são aqules que acham que são bonzinhos e vão para o céu sem aceitar Jesus Cristo como seu Salvador.
    Ninguém vai ao pai ao nao ser pelo filho Jesus Cristo.
    Veja segundo as escrituras se vc tem papel de joio ou trigo pra Jesus. Não ameis ao mundo nem o que no mundo há.

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