Ilustração: Benjamim Cafalli
Implicâncias #6. Os tracinhos, ter ou possuir e outros (des)cuidos

Pessoais, pelamordedeus, entendam, não é implicância no verdadeiro significado do termo, é revolta contra o fato de que aqueles que deveriam usar suas ferramentas de trabalho com exatidão sejam tão desastrados. Repito, tenham melhor sorte se precisarem de uma cirurgia…
Este erro, no caso, folhistico, é generalizado e demonstra a falta de conhecimento idem de que palavras têm força e devem ser usadas de acordo com o contexto… do texto: “Presídio de onde presa foi resgatada em SP não possui câmeras e tem outras falhas de segurança”. Cara-pálida, desde quando inanimados têm posses? E mesmo que fosse animado, ter e possuir têm – notou? têm – potências diferentes. Ou você é daqueles que possui dor de cabeça, gripe? O presídio tem, caramba! Ah, a “Bíblia” atribui outro sentido, mas aí é bão…
Outra situação em que o tracinho dá uma surra nos escribas:“Ele era tão bem-feito e refletia tão bem o que eles faziam, que (os agentes da repressão) achavam útil mostrar algumas cenas.”. A reforma ortográfica, a que veio chacrinianamente para complicar, criou duas formas da expressão. O adjetivo benfeito e a locução adverbial bem feito. Entonces, era bem feito, escriba.
Sinceramente, chefia, não consigo imaginar o porquê da caixa-baixa folhistica ainda mais levando em consideração o tamanho da Amazônia: “Distrito de Humaitá (AM), Realidade está integrada a uma das fronteiras de desmatamento da amazônia brasileira,”.
Que interessante! O colunista manda o mesmo texto para “Folha” e “O Globo”. Na “Folha” chama a atenção o fato de o erro cometido pelo experiente escriba não ter sido corrigido: “Magistrados como Rosa Weber podem até ser a norma, mas não chamam atenção.”. No do RJ foi.
Desconhecimento de imantação pronominal: “Bolsonaro pede que Eduardo ‘feche a boca’ para não prejudicá-lo, mas filho intensifica ataques”. Não o prejudicar, tituleiro. E foi ele, no texto está certo. Gordo, tá vendo daí onde está que o “o” continua a dar problemas?
Outro que não tem ideia do significado das palavras, desta vez um estadonicozinho: “Fiquei muito feliz”, diz Kossoy ao ser questionado pelo Estadão como recebeu a notícia.”. Desconhecente vernacular, ele não foi questionado, posto em dúvida, desafiado a discutir, foi perguntado, viste?
Na capa! Pelo jeito, acabou o tempo em que a capa ficava nas melhores mãos: “Antes de morrer em troca de tiros com policiais, ele ateou fogo no templo.”. Ele ateou à Gramática… No texto está certo. É tropeço em cima de tropeço: “Sean Lennon cuidou da parte musical do filme e isso o fez encarar de frente os registros dos dois shows no Madison Square Garden.”. Escriba, ensina a gente como se encara de costas, ensina?
Outro “outro” lá mesmo: “A postura do aposentado contrasta com a de outros juízes e procuradores que tentam justificar o recebimento de cifras milionárias acima do teto”. Outros por quê, desconhecente, se ele é promotor e os “outros” são juízes e procuradores?
No “Estadãozinho” a avaliação é que – ou a de que – não sabem a diferença: “A avaliação é de que ele deve evitar novo aceno radical após causar desconfiança em setores econômicos com sua postura.”.
Ih, será que vai dar “CORREÇÕES”? “(…), foi acompanhada e reportada por Júlio Mesquita Filho, da família fundadora de O Estado de S.Paulo e,”. Olhem só como está o nome dele no expediente: Julio de Mesquita Filho. Nenhum dos Julios da família recebe o acento com que os escribas de lá brindam o Sergio, de Moro… E a turma que adora usar “de” onde não deve tirou de onde tem de estar. Turminha complicada.
Eita, o tracinho dando neles várias vezes:“(…), ele também era herói de guerra, próximo do Príncipe de Gales e um bem sucedido homem de negócios.”. Ele era bem-sucedido, malsucedido escriba. “Ele foi encaminhado ao Instituto Médico Legal para exame de dosagem alcóolica.”. Pra ficar legal tem de ser Médico-Legal, errôneo.
Mais um colaborador errativo:“A OMS (Organização Mundial de Saúde) rejeitou a ideia de vínculo causal entre Tylenol e vacinas e o autismo.”. Da, viste?
Mas, aleluia, a coluna de Alice Ferraz livrou a cara, mais uma vez, do jornal de errar todas as vezes: “A ‘química’ entre Lula e Donald Trump na Assembleia Geral da ONU também teve um empurrão especial que durou mais de 39 segundos”. Viva!!!
Em compensação, na página anterior… “Nos dias 3 e 4, Roberto Minczuk conduz o programa no Teatro Municipal de São Paulo, enquanto Gabriel Rhein-Schirato e Felipe Prazeres fazem o mesmo, respectivamente, no dia 8, no Teatro Guaíra, em Curitiba, e no dia 11, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.”. Faltaram os devidos agás em SP e no RJ…
Está é boa: “3. Manter a manutenção em dia vale muito a pena.”. É mais ou menos como encher o enchimento…
Erro cometido em todas as publicações, o pessoal vive com a cabeça nas nuvens e não nota o que acontece aqui em baixo: “Gol anuncia desistência do processo de fusão com a Azul”. Caras-pálidas, “Gol” é aquilo que anda atrapalhando o Coringão, o que voa é a GOL! Entrem na página da empresa e, quem sabe, descobrirão.
Terá o g1 aderido ao “possessivismo” do “Estadãozinho”? “A tentativa de assalto ocorreu na Rua Padre de Carvalho.”. Não, escriba, o padre é de carne e osso e a rua é Padre Carvalho, viste?
Também nele: “Dois adolescentes morreram e outros três ficaram feridos.”. Tem certeza de que foram outros os feridos e não os que morreram, glorioso digitador?
“PIX fora do ar: usuários relatam problemas com o sistema de pagamentos em diferentes bancos”. Mas este problema é exclusivo do g1! É Pix, cara-pálida.
“Botão de contestação do Pix já está disponível; veja como vai funcionar”. Será que funcionará pra contestar os geúnicos quando escrevem PIX?
Uau, está no g1, é declaração: “Uma vez que houveram bebidas sem procedência,”. Como não corrigiram nem ornaram com um [sic] dá pra considerar que acharam certo… Ou é muita maldade? A barbaridez segue: “Na segunda-feira (29), foi realizada uma força-tarefa em bares na capital e Grande São Paulo”. Como se realiza uma força-tarefa, escriba? Foi realizada a ação, foi montada uma força-tarefa, claudicante geúnico.
Não, um dos geunvários maltratadores do vernáculo: “Medida busca baratear o custo do documento.”. É diminuir! Custo não é produto. é preço. Que dó tenho da santa padroeira, a Inhorância, desses escribas. Está exausta.
UOL, uol, uol, uol, uol! Socuerro, que desastre! “Ataque repercute na imprensa dos EUA: ‘Grave e intolerável’”. Estranha tal reação na terra em que isso acontece ao menos uma vez por semana, não? O título deve-se a uma estranheza maior ainda. O artista reproduziu um trecho da fala do governador do Ceará, onde aconteceu o crime, e, muito sagaz, não notou que do jeito que escreveu parece que a crítica foi feita pela imprensa de lá. Barrabás, tá feia a situação.
Segue o desastre:“O UOL acompanhou quatro viagens entre 9h e 13h.”. . Caramba, duraram esse tempo todo? Que cansativo? Ah, é horário? Então faltam as e as, cara-pálida.
Tá aqui uma que embanana todo mundo: “Justiça barra doutorado de R$ 183 mil às custas da prefeitura de Salvador”. Nem à custa de muitos avisos de que às custas é quando se trata de despesas judiciais a turma aprende.
As dificuldades tico-tequianas no Grupo Grobo são gerais, esta é em uma tela global para não deixar aquele brogue passar vergonha sozinho:

A turma não sabe a diferença entre agremiação, jogador e torcedor. Flamengo: Rubro-Negro; jogador e torcedor: rubro-negro. Corinthians: Alvinegro; jogador e torcedor: alvinegro. Portela: Azul e Branco; Mangueira, Verde e Rosa! Caramba, acordem Tico e Teco pra eles aproveitarem o Carná!
Vexame! O erro está no “Jornal da USP”: “O evento é uma resposta aos ataques promovidos por grupos de extrema-direita,”. Barrabás, o tracinho dando neles também! É sem, caramba, com é posição nos Esportes.
Segue uma coletânea de erração no triste brogue cuja legenda vai abaixo. É de autor anônimo com impressão digital da mistake: “a partir das 9h30m,”. “Hão” duas coisas que não entendo, como é possível que ela seja editora e que não saiba que m é símbolo de metro e o de minuto é min, e ela comete o erro faz tempo toda vez que cita um horário que não seja cheio, e como Ancelmo, el jefe, aceita o que acontece, impassível. E a turma do Grupo Globo também.
Os de sempre: “– NACA, UERJ,”. Naca, Uerj, caixistas. “no Centro do Recife.”. No Rio é em alta, lá, não; “com o sonho de um dia virar promotora pública um dia”. Que gente atualizada… de Justiça desde 1988!. “De volta ao horário nobre em ‘Três graças’”. Que falta de graça: “entre as gravações de “Três Graças”,” . Caixas são um problema para eles. Todos.
Jefe, tem certeza? “TJRJ também conquistou a paridade de gênero com 49% de magistradas mulheres e 51% de homens”. Verifica bem, não serão magistradas homens? Foi pouco? Não, aforamente a repetição várias vezes no texto, veio mais uma pérola: “que revelou que o percentual de mulheres juízas no 1º grau é de 52,8% contra 47,2 juízes homens.”.
Barrabás, jefe: “A pedido do próprio Marceu Vieira, antes de morrer, o velório amanhã, dia 1º de outubro,”. Depois só se fosse em algum episódio esotérico, né? Faz falta “pouco antes de” ou “por escrito” ou “em conversa com amigos”, viste?
Ué: “o casal teria solicitado R$ 500 mil “in cash” (em dinheiro, no português)”. Mudaram de ideia? “lança novo single:”. Por que não “em português” também? Outroramente era “o caramba!”.
Eles sofrem da “Síndrome dos Pronomes Demonstrativos”: “Sabe esta operação policial deflagrada na manhã desta segunda-feira, na Cidade de Deus e na Gardênia Azul, no Rio de Janeiro,”. Pra quê? Sabe a operação na manhã de hoje (29) não serve? E, por milagre, não usaram essa e dessa…
Dá nele, PSOL: “disse o deputado federal Chico Alencar (Psol)”. Apesar da leitura direta, o PSOL há 21 anos escolheu ser PSOL, antenado cara-pálida.
Hein? “O processo foi protocolado na Justiça Federal do Rio no último dia 19 de setembro”. E em que dia o Rio foi transformado em país ou voltou a ser DF para ter JF? JF no Rio, errador. Errado no texto também.
MrC em ação. No título: “Trajetória nos EUA e protagonismo brasileiro: os detalhes de ‘Vida de rodeio’, nova série documental da Globo”. No texto: “”Vida de rodeio”, nova série documental da Globo que estreia no dia 7 de outubro,”; “Em oito episódios, ‘Vida de Rodeio’ mergulha no universo da montaria profissional de touros”. Um ás…
(CACALO KFOURI)
