Em qual lugar do mundo?

Por Paulo Renato Coelho Netto

Onde mais podem acontecer excrescências assim?

Publicado originalmente no Portal Top Vitrine, edição de 14 de abril de 2016

Onde mais o povo convive diariamente com termos como vantagens ilícitas, associação criminosa, propina, formação de cartel, frustração à licitação, corrupção ativa e passiva, evasão fraudulenta de divisas, uso de documento falso, sonegação de tributos federais, lavagem de dinheiro, fuga, passaporte falso, caixa dois e pixuleco?

Em qual lugar do mundo o vice-presidente faz um discurso chegar aos ouvidos da população comemorando sua chegada ao poder, sem que o atual presidente sequer tenha sido afastado, seja por crime de responsabilidade ou corrupção?

Em qual lugar do mundo um cidadão comum se encastela em um hotel de luxo e passa, dali, a negociar pelo governo sem que um único fio da sua barba faça parte oficialmente do governo? Um cidadão que pode ser preso por diversos crimes de uma hora para a outra?

Onde mais podem acontecer excrescências assim?

Em qual lugar um parlamentar revela que estão oferecendo entre R$ 400 mil a R$ 2 milhões de reais para se ausentar ou votar contra o impeachment do presidente e a declaração não é investigada na mesma hora pela polícia?

Onde um cidadão precisa pagar por uma vacinada contra gripe porque o governo – que cobra dele os impostos mais caros do mundo – não tem vacina para todos e assim decide quem vive e quem morre?

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Em qual lugar do mundo um presidente não consegue nomear um ministro?

Onde um borra-botas qualquer declara, dentro do palácio do governo, que vai invadir, quebrar e queimar casas e fazendas, diante da própria presidente, em cerimônia oficial?

Onde mais o compadrio e a incompetência individual valem tanto ao ponto que quanto mais incompetente, bajulador e subserviente o inepto aumenta suas chances de receber uma boquinha?

Em qual lugar do mundo valem tão pouco ou quase nada o talento individual, o esforço, a criatividade, o estudo e a meritocracia?

…onde no mundo roubar descaradamente do povo ganha o poético nome de desvio de dinheiro público?…

Onde o nepotismo é tão arraigado ao ponto de o Estado ter que sustentar parentes, filhos, amantes, noras, genros, netos e ex-mulheres de pessoas que se acham importantes e que desconhecem o que é uma República?

Onde mais a Justiça precisa de controle externo?

Onde um ex-presidente já se gabou tanto de sua ignorância ao ponto de afirmar que estudar não é importante?

Entre investir em infraestrutura e redes de esgoto e construir estádios superfaturados, qual país do mundo opta sem pestanejar pela segunda opção?

Em qual lugar do mundo um ex-deputado, condenado a mais de sete anos na prisão por corrupção – tendo cumprido apenas 14 meses – sai do pátio da cadeia direto para as principais televisões e páginas dos jornais para voltar a falar com tanta propriedade sobre política e… corrupção?

20130317142029960_344046dwjvs6dyyuOnde mais no mundo um eleitor que não vota, que defende o voto em branco e nulo, reclama tanto da péssima qualidade dos políticos que ele não elege?

Onde mais condenados por roubar dinheiro público e quadrilheiros são agraciados com indulto de Natal e passam a ser, novamente, cidadãos limpos, leves e soltos?

Onde mais, em sessão oficial, parlamentares levam patinhos amarelos e joões-bobos para adornar a mesa durante os debates?

Em qual lugar do mundo existe um parlamentar que responde na Justiça a 111 processos – por corrupção passiva e lavagem de dinheiro – e ainda continua na vida pública e livre da cadeia?

Por fim, onde no mundo roubar descaradamente do povo ganha o poético nome de desvio de dinheiro público?

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Campo Grande (MS) está assim ou daí para muito pior
EM QUAL LUGAR DO MUNDO? Campo Grande (MS) está assim ou daí para muito pior

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renatoPaulo Renato Coelho Netto Criador do Portal Top Vitrine, Paulo Renato é jornalista com pós-graduação em Marketing pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), em Campo Grande (MS). É autor de nove livros, entre os quais “Mato Grosso do Sul”, obra em português e inglês e “Minha Vida Até os 40 – Uma biografia de João Leopoldo Samways Filho”. É coautor do livro “Campo Grande, Imagens de Um Século”, obra em português e francês. Foi roteirista dos filmes “Pantanal – Um Olhar sobre o Patrimônio da Humanidade”. Publicou seu primeiro livro aos 19 anos, “Ciência do Beijo”. Trabalhou como repórter no jornal Diário do Grande ABC, em Santo André (SP), e na sucursal em Campo Grande do jornal Gazeta Mercantil. Foi diretor e editor-chefe na TV Morena (Rede Globo) e TV Educativa de Campo Grande. Idealizou e implantou a TV UNAES – Centro Universitário de Campo Grande. Na mesma Instituição de Ensino Superior foi diretor da TV UNAES, responsável pelo site, pelo jornal O Centro e a Assessoria de Comunicação do Centro Universitário.

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