Os perigos que esperam Tite. Coluna Mário Marinho

Os perigos que esperam Tite

Coluna Mário Marinho

Excelente treinador, excelente gerente de pessoas e equipes, experiente no futebol, o técnico Tite sabe que irá enfrentar problemas pela frente. Muitos problemas.

Antes de mais nada, a CBF é uma entidade privada. Porém, a sua atuação é de interesse público como reconheceram recentemente desembargadores da 19ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, onde a CBF é sediada.

Como entidade privada, ela tem seu CNPJ, seu presidente, sua diretoria, suas leis internas e até um Tribunal de Justiça que não tem nada a ver com  justiça comum.

Não se tem notícia de que o poder da CBF passe de pai para filho, mas já passou de sogro para genro, no caso de João Havelange para Ricardo Teixeira.

Como não tem que dar satisfação ao público nem ao Estado Brasileiro, a CBF contrata quem quer e demite quem deseja ou quem não realiza os seus desejos.

Daí, o cargo de técnico da Seleção Brasileira, um dos mais importantes cargos do País, ser entregue, às vezes, a quem não tem competência para tal.

Não é o caso de Tite.

Mas o luxuoso edifício onde a CBF tem sede no Rio de Janeiro, não tem, em seus andares, corredores longos ou pequenos: tem vastos meandros e labirintos que podem fazer sumir pessoas e competência.

E outro grande perigo: a névoa da política.

Para aceitar o cargo, Tite fez uma série de exigências: quer comando total do futebol. Isso é ótimo. Nenhuma ingerência de dirigente ou patrocinadores ou qual quer outro tipo de interesse. Ótimo.

Por isso, não aceitou o ex-jogador Leonardo e preferiu levar Edu Gaspar, seu companheiro no Corinthians, para gerenciar as coisas do futebol e coordenar o trabalho de Seleções. Tarefa desenvolvida por Gilmar Rinaldi ao lado de Dunga.

Edu Gaspar, amigo e subordinado de Tite no Corinthians, passará a ter na CBF um cargo, teoricamente, acima de Tite. Claro, será seu fiel escudeiro sem a menor dúvida.

Outro perigo, e muito grande, são os jogadores.

Num tempo não muito distante, os jogadores esperavam ansiosos pelas convocações. Jogadores de fora do País, a maioria, tiravam dinheiro de seu bolso para pagar passagens de primeira classe (a CBF só paga passagem na classe executiva) e vinham com alegria.

Hoje, a ideia que nos passa, é que a reação de um jogador ao ser convocado é esta:

– Pô, que saco! Outra vez!

Assim, se eles se sentem fazendo um favor, sentem-se também poderosos.

O que mais contribuiu para a queda do Dunga foi seu mau relacionamento com os jogadores. O ambiente na seleção de Dunga não era nada amigável. Os jogadores faziam questão de ficar longe do comandante.

A falta de comunicação entre Dunga e os jogadores foi causando cada vez mais mal estar. Thiago Silva perdeu a faixa de capitão e depois não foi mais convocado. Os companheiros, que o consideram um dos melhores zagueiros do mundo, não gostaram da situação. O mesmo aconteceu com o lateral Marcelo que deixou de ser convocado sob a alegação de que estava contundido. Só que votou a jogar por seu clube, o Real Madri, antes mesmo de os jogadores se apresentarem.

Nesse caso, até o médico Rodrigo Lasmar foi envolvido. Dunga disse que  médico mostraria a conversa que teve por telefone com o jogador e que provaria que o lateral estava machucado. Mas Lasmar não confirmou as palavras de Dunga.

Os jogadores não gostam também do tratamento privilegiado dado a Neymar.

Mal estar entre os jogadores, ambiente ruim mais técnico fraco não poderia dar outro resultado: péssimas apresentações, fora da zona de classificação para a Copa de 2018, eliminação na Copa América e, claro, demissão.

São confusos, escorregadios, escuros e cheios de armadilhas os caminhos que o técnico tem que percorrer na Seleção.

Te cuida, Tite.

                                  Sede da CBF

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Palmeirenses

contra o Palmeiras

Há três semanas, vândalos palmeirenses atacaram os flamenguistas em jogo disputado em Brasília. O Palmeiras correu o risco de perder o mando de campo por 10 jogos, o que lhe traria prejuízo de alguns milhões. Acabou perdendo o mando de um só jogo. Mas é prejuízo.

Ontem, em Curitiba, o Verdão ganhava por 2 a 1 quando, aos 43 minutos do segundo tempo, os torcedores verdes resolveram acender sinalizadores, o que é proibido. O juiz imediatamente paralisou o jogo.

Ao ser reiniciado o jogo teve seis minutos de acréscimo. Tempo suficiente para o Coritiba empatar o jogo.

A torcida adversária agradece.

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo

A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO.

 

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