Incertas certezas. Coluna Mário Marinho

Incertas certezas

COLUNA MARIO MARINHO

Fui ao Itaquerão ontem à noite (05-04-2017) para assistir a Corinthians e Universidad do Chile, pela Copa Sul-Americana.

Fomos eu, meu filho Cássio, a Primeira Dama desta coluna, Vera Marinho, e o neto Vinicius que teria participação especial na noite.

Tem se como certo que o povo chileno é o mais educado, culto e pacífico da América do Sul.

Portanto, com toda a segurança do belo estádio do Corinthians e a educação dos visitantes, com certeza não teríamos problemas.

Incerta certeza.

Há tempos não vejo selvageria tão grande e gratuita como a proporcionada pela torcida do Universidad.

Antes de o jogo começar, os chilenos se dedicaram a quebrar as cadeiras do local reservado para eles e atirá-las nos corintianos que estavam separados por uma “zona desmilitarizada” de mais ou menos um 30 metros de largura.

Um absurdo.

A polícia tentava, de modo brando, conter a ação dos chilenos.

Começou o jogo e calma reinou.

No intervalo do jogo, os chilenos voltaram a atacar com força ainda maior. O policiamento que estava no local precisou reforço. Os chilenos não se intimidaram e os pedaços de cadeiras que estavam sendo arremessados contra os corintianos mudaram de alvo e passaram a ser jogados contra a PM.

Em um determinado momento, os PMs tiveram que recuar, esperar mais reforços e, aí sim, a partir para cima dos torcedores que foram acuados e contidos em um espaço menor. Claro que essa ação se deu na base da truculência – não havia outra forma de “dialogar” com aquele grupo.

Os jogadores já estavam em campo para começar o segundo tempo, mas não havia clima. Os jogadores chilenos, certamente preocupados com seus patrícios, acompanhavam a batalha.

Com muito esforço, os PMs conseguiram conter os vândalos.

Alguns foram presos, outros simplesmente foram colocados para fora do estádio.

Soube, depois, que aqueles que foram colocados para fora promoveram tumultos e baderna por onde passaram, inclusive quebrando a bilheteria que atende ao setor dos visitantes, além de banheiros e outras instalações.

Segundo o noticiário de hoje, duas dezenas de chilenos ficaram presos.

Realmente, um absurdo de violência.

Quanto ao jogo, cheguei com uma certeza: me preparei para ver um jogo meia boca.

Afinal, nem Corinthians nem Universidad estão com essa bola toda.

Foi certa essa certeza.

O primeiro tempo corintiano foi horroroso. Parecia que os donos da casa eram os chilenos que obrigaram o goleirão Cássio a fazer pelo menos duas defesas importantes.

Do lado corintiano, somente aos 30 minutos aconteceu o primeiro ataque que obrigou o goleiro adversário a trabalhar. Mesmo assim, sem muito perigo.

Rodriguinho e Jadson, os dois principais jogadores corintianos, não acertavam. Na frente, Jô mostrava toda a sua incapacidade e inabilidade com a bola. Tratam-se como inimigos de infância.

Aos 40 minutos, num bate rebate, Rodriguinho fez o primeiro gol do Corinthians.

Com o placar a seu favor, o Timão voltou mais seguro para o segundo tempo. Jadson fez o segundo gol e o ataque alvinegro construiu pelo menos mais duas ou três boas chances.

Infelizmente, acertei: não foi um grande jogo.

Veja os gols.

https://youtu.be/hYQNiM235yA

Outra certeza que levei para o Itaquerão, ontem: Vinicius, o meu neto, iria entrar em campo com o time do Corinthians, realizando esperado sonho.

Por que da certeza?

Simples. Nesta semana, comemoramos o aniversário do Vinicius. Para dar esse presente a ele, liguei para o Diretor de Futebol do Corinthians, o jornalista e meu amigo Flávio Adauto.

Prontamente o Flávio Adauto providenciou tudo.

E lá fomos nós – eu, a Primeira Dama, como orgulhosos e babosos avós, mais o pai, Cássio, também orgulhoso e feliz por ver o filho realizar o sonho.

Estava tudo certo.

Só que nos esquecemos, eu e o Flávio, de um detalhe: o jogo é da “progressista” Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) que proíbe a entrada de pessoas alheias ao espetáculo ao gramado – mesmo que aconteça muito antes do espetáculo começar.

Assim, o que era certeza, virou triste incerteza.

Não só o Vinicius, mas outras 30 crianças que lá estavam, saíram frustradas por não poder entrar em campo ao lado de seus ídolos.

O Futebol é realmente um grande produto. Se assim não fosse, com o péssimo tratamento que recebe de seus dirigentes, já teria sumido do mapa.

Essas crianças são os torcedores que frequentarão os estádios no futuro.

Até mesmo na Copa do Mundo e outros eventos da Fifa, não só se permite como até é incentivada a entrada de crianças com as seleções.

Mas, aqui na América do Sul, não se permite.

Apesar disso, o saldo foi positivo.

Conhecemos instalações da Arena do Corinthians que poucos conhecem; tivemos excelente recepção com direito a restaurante vip. Se o jogo de futebol, em si, não foi lá essas coisas, o passeio valeu a pena.

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“Fomos eu, meu filho Cássio, a Primeira Dama desta coluna, Vera Marinho, e o neto Vinicius que teria participação especial na noite..”

Quanto ao meu neto, coitado, ouviu a determinação do Flávio Adauto:

– É, Vinicius, Você vai ter que voltar.

Pobre coitado, vai fazer o sacrifício.

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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