E quem disse que tamanho é documento? Coluna Mário Marinho

E quem disse quem tamanho é documento?

COLUNA MÁRIO MARINHO

O magro placar de 1 a 0 sobre o Independiente, em Buenos Aires, colocou o Corinthians em situação de liderança e de muita tranquilidade para se classificar em seu grupo da Libertadores. Com duas vitórias e um empate, em três jogos, o Timão soma 7 pontos, 4 a mais que o colombiano Milionários, que vem em segundo. O Independiente está em terceiro com 3, mesmo número de pontos do Lara, quarto colocado.

O Corinthians continua jogando sem a figura do centroavante fixo desde que o espigado Jô foi negociado para o futebol estrangeiro.

E são exatamente os baixinhos que estão dando conta do recado.

Seu artilheiro na temporada é Rodriguinho que, 1,77 metro de altura, está longe de ser um grandalhão como Jô.

E o gol de ontem foi marcado por Jadson, de cabeça, do alto de seu 1,68 metro de altura.

O jogo de ontem chamou a atenção também por outros dois detalhes.

– O Independiente teve um gol legítimo anulado pelo juiz, atendendo a marcação, e pelo bandeirinha, de um inexistente impedimento.

No momento do gol, três ouros jogadores argentinos estavam em posição de impedimento, o que não aconteceu com o atacante que marcou.

– O jogo se transcorreu em clima de amistoso. Não aconteceram aqueles empurra-empurras tão comuns em encontros de argentinos com brasileiros. A torcida argentina, pasmem!, também se comportou civilizadamente: nada de objetos jogados no gramado, nada de partir para a torcida adversária. Nem mesmo o gol mal anulado provocou a ira dos torcedores do Independiente.

Como os anti-corintianos costumam dizer que o Timão é protegido pela arbitragem brasileira, fica a dúvida: será que a proteção também se estende à arbitragem uruguaia, já que o juiz é do Uruguai? A toda América do Sul? Quiçá a todo o mundo?

Vai saber…

Veja os gols da quarta-feira:

https://youtu.be/d4zuUHRARW8

O fantasma
das contusões

A notícia sobre Neymar, no momento, é boa: ele tem previsão de se apresentar para os treinos no dia 17 de maio, a quase um mês antes da estreia brasileira na Copa do Mundo que será no dia 17 de junho, em Sochi, contra a Suíça.

Como estará Neymar?

Ninguém sabe.

Para muitos, ele estará fora de forma e sem ritmo de jogo. Talvez não seja o grande Neymar nos primeiros jogos.

Esse viés é altamente preocupante, pois a Copa é um tiro curto. Má estreia pode levar a apresentações ruins nos jogos seguintes. E más apresentações podem significar vexaminosa e precoce volta para casa, como se deu na Copa de 1990 com o infeliz time dirigido pelo não menos infeliz Sebastião Lazaroni.

Existe um outro lado.

Ficar 90 dias sem jogar, sem bater bola, sem correr, sem suar, sem ouvir aplausos ou até mesmo vaias da torcida é um tormento para o jogador.

Assim, ele pode estar contaminado de insaciável fome de bola. Será tamanha a fome que o fará superar a falta de entrosamento, o time certo da bola, o desgaste com movimentações excessivas, enfim, superar tudo.

Talvez, não dê para ele participar dos 90 minutos no primeiro jogo.

Mas, ele vai tentar. E vai entrar em campo com a motivação de quem está passando por um teste decisivo.

É um viés mais agradável de se pensar.

Tem, ainda, a terceira via. Se ele não se recuperar totalmente, a Seleção pode dar conta do recado. Talvez com mais sofrimento, talvez com menos brilho, mas mostrando bom futebol como tem sido nesses jogos sem o craque Neymar.

Só mesmo no dia 17 de junho, a partir das 15 horas, pelo horário de Brasília, que as dúvidas começarão a se dissipar.

A história mais recente do nosso futebol mostra que a Seleção já teve e superou muitos problemas de contusão.

Para ficar nos últimos cinquenta e poucos anos, vamos nos lembrar da Copa de 1962, no Chile.

Tínhamos Pelé recém lançado no mundo e já com ares de Rei. Pois, afinal, foi o Rei da Suécia que o entronizou após aquela monumental final de 1958, quando goleamos a seleção sueca por 5 a 2 e nos tornamos campeões do mundo.

Pois, em 1962, o mundo estava de olho no garoto com então 21 anos de idade.

Mas, Pelé fez apenas um jogo, contra o México. No segundo jogo, contra a forte Checoslováquia, o Rei se contundiu. Uma forte distensão na virilha o tirou do jogo e da Copa.

Aí, surgiu Amarildo que estava longe de ter o brilhantismo de Pelé, mas deu conta do recado: fomos bicampeões.

Em 1970, no México, tivemos importante baixa poucos dias antes da Seleção embarcar. Rogério, promissor e endiabrado ponta direita do Botafogo contundiu-se.

Foi cortado e, em seu lugar, o técnico Zagalo levou o jovem goleiro Leão que não jogou, mas contabilizou sua primeira Copa.

Em 1974, na Alemanha, o jovem volante Clodoaldo, de 24 anos, acompanhou a delegação mas estava machucado e não jogou.

Quatro anos depois, na Copa da Argentina, o lateral direito Zé Maria, do Corinthians, foi cortado e deu seu lugar a Nelinho, do Cruzeiro, com seu chute potente. E com esse chute, marcou belíssimo gol na vitória sobre a Itália, 2 a 1.

Telê Santana montou fantástica seleção para a copa de 1982, na Espanha,um time que encantou mundo e meio. Mas, seu centroavante titular, Careca, foi cortado às vésperas da Copa por contusão. Para seu lugar, foi convocado outro goleador, Roberto Dinamite. Mas, o titular durante todos os jogos foi Serginho Chulapa.

Em 1986, a Seleção levou dois craques em discutíveis condições físicas: Falcão e Zico. E teve duas baixas por contusão: o zagueiro Mozer e o volante Toninho Cerezo.

Na Itália, em 1990, não tivemos contusões, nem futebol. Sebastião Lazaroni tinha um monte de bons jogadores, mas, não conseguiu montar um time.

Na Copa dos Estados Unidos, em 1994,Ricardo Gomes jogou alguns amistosos preparatórios, mas se contundiu e deu lugar ao grandalhão Ronaldão.

O maior Baixinho do mundo, Romário, foi cortado na Copa de 1998, já na França, a poucos dias da estreia. Foi dramático, com o Baixinho chorando frente às câmaras. Ele sabia que era sua última Copa.

Acabou sendo substituído pelo volante Emerson – que nem era baixinho nem craque.

E Emerson foi novamente notícia na copa de 2002.

Aí então, foi notícia e vítima: 24 horas antes da estreia brasileira, Emerson, participando de um rachão com os companheiros, jogando no gol, contundiu o ombro e foi cortado.

Para o lugar dele foi o corintiano Ricardinho.

Edmilson, que foi nome importante em 2002, acabou sendo vítima quatro anos depois, na Copa da Alemanha, por um problema no joelho. Foi substituído por Mineiro, volante do São Paulo.

Assim, a história da Seleção Brasileira é também contada por suas contusões.

Queira Deus que Neymar não seja o próximo personagem.

_______________

FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
 (DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS 
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter