tanto faz

Tanto faz como tanto fez. Edmilson Siqueira

… por serem paliativas, as medidas duram pouco e a economia volta a piorar com mais força ainda. Temo que o Brasil esteja na iminência de eleger ou reeleger alguém que só vai piorar o que temos hoje…

tanto faz
[ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO BLOG DA ROSE -
https://blogdarose.band.uol.com.br/ -  GRUPO BANDEIRANTES -
edição de 20 de outubro de 2022]

Não, eu não sou economista e, portanto, não saberia dizer como resolver a crise em que o Brasil está metido: PIB baixo e até negativo em agosto, previsão de 1% de crescimento em 2023 (o que não resolve nada); inflação caindo lentamente e juros altíssimos fazendo o governo taxas enormes pelo dinheiro que precisa para rolar a dívida anterior e tocar a máquina. Tudo, claro, está interligado: juros altos fazem a inflação cair, mas não fazem o PIB crescer. Sem um PIB pelo menos razoável, não tem desenvolvimento e sem desemvolvimento não tem criação de emprego. Sem emprego o governo precisa gastar mais com benfícios sociais, se endividando mais e pagando caro pelos juros… Essa é a encrenca que o próximo presidente vai enfrentar e que precisa solucionar.

Se for Bolsonaro, a receita continua mais ou menos a mesma, com algumas mudanças que Paulo Guedes está estudando para conseguir mais recursos. Uma delas, infelizmente, não é boa para uma enorme parte da população que ganha salário mínimo ou para aposentados que vivem dos benefícios da Previdência. Guedes quer simplesmente passar a indexar o aumento tanto do mínimo quanto dos benefícios pela expectativa da inflação futura e não pela inflação passada como é hoje. Só para se ter uma ideia, se essa regra já existisse na última reposição, salário mínimo e benefícios previdenciários seriam reajustados em 3,5% e não em 10,16% como foram, baseados na inflação oficial de 2021. Esse plano existe, conforme revelou a Folha de S. Paulo.

E se Lula for eleito, a expectativa é que o teto de gastos desapareça e o governo, também populista, gaste muito mais do que arrecada e faça o país mergulhar numa espiral inflacionária que vai retirar, principalmente do pobre, qualquer ganho extra, seja de aumento salarial ou de benefícios sociais, tenham eles o nome que tiverem.

Com Lula, a intervenção na economia, como ele tem dito, vai ser grande e com isso boa parte do mercado não concorda. Sem acordo com o mercado, capitais internacionais podem procurar outros portos para amarrarem seu fardos de dólares. Para que eles não fujam, aumentam-se os juros e aí o PIB não cresce…

Em qualquer dos casos, há uma forte possibilidade de que a inflação não arrefeça, pelo contrário. Essa história nós já vimos no governo Sarney: em março de 1990 a inflação alcançou o recorde 84,23% ao mês e um índice acumulado nos doze meses anteriores de 4.853,90%.

A saída para isso tudo é amarga, demora alguns anos e o populismo, de esquerda ou de direita, não aguenta o povo protestando por melhores condições de vida e adota medidas paliativas para acalmar a ira popular. E por serem paliativas, as medidas duram pouco e a economia volta a piorar com mais força ainda.

Temo que o Brasil esteja na iminência de eleger ou reeleger alguém que só vai piorar o que temos hoje.

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Edmilson Siqueira é jornalista. Atualmente, na Rádio e TV Bandeirantes de Campinas. Colaborador semanal do Blog da Rose

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*Artigo publicado originalmente no Blog da Rosehttps://blogdarose.band.uol.com.br/

2 thoughts on “Tanto faz como tanto fez. Edmilson Siqueira

  1. Estamos provando as consequências de todas as nossas escolhas anteriores, antigas e recentes.
    Agora chegamos a um ponto que escolher entre ficar e correr praticamente dará na mesma.
    A verdade é que o país não é o único a passar por isso, mas tal constatação não nos traz consolo.
    Há um caminho menos pior?
    Quem é de direita diz que sim.
    Quem é de esquerda idem.
    E quem, como eu, vê equivalência em ambos os lados nem gritando ou descabelando adiantará – a não ser ficar rouca e careca.

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