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Contra o progresso do Brasil. Por Edmilson Siqueira

… o Brasil poderá dar grande passo para trás, acabando com o que os economistas de lá chamam de “uberização” da força de trabalho, sem perceber que sem ela, milhares ou milhões serão desempregados e voltarão a depender das migalhas dos programas sociais do governo… 

Contra o progresso do Brasil

Alguém já disse por aí que se o Instituto de Economia da Unicamp fechasse, o PIB do Brasil subiria uns dois pontos. A piada revela a “contribuição” dos economistas de esquerda ao Brasil nas últimas décadas.

Muita gente ainda se lembra da economista Maria da Conceição Tavares chorando de felicidade em rede nacional de tevê por conta do Plano Cruzado, do governo Sarney, que tabelou todos os produtos como se estivéssemos na Coreia do Norte ou em Cuba. O plano deu no que deu: os produtos sumiram, a inflação ficou represada e explodiu logo depois, com a volta dos produtos aos seus preços de mercado. Mas Conceição tinha chorado de alegria com a solução dos seus sonhos. Faltou, claro, transformar o governo Sarney numa ditadura de esquerda para que o plano continuasse e, obviamente, acabasse com o Brasil de vez.

Alguns anos depois, mais precisamente em 1994, poucos dias após o lançamento do Plano Real, a mesma Conceição, desta vez em cumplicidade com Aloísio Mercadante (pós-graduação na Economia da Unicamp) e um outro economista do qual não me recordo o nome, assinaram um longo artigo mostrando que, na visão deles, claro, o plano era apenas uma enganação dos “neoliberais”, feito para eleger Fernando Henrique Cardoso e que, assim que o resultado das urnas fosse proclamado, a inflação voltaria galopante.

Em 2023, o Plano Real vai completar 29 anos e talvez seja o mais longevo da história do Brasil, com uma moeda ainda, apesar dos pesares, se mantendo num nível que não chega nem perto das que passavam pelo Brasil hiperinflacionário de Sarney com o apoio das esquerdas. A moeda brasileira, um dia antes do Plano Real ser lançado, era cotada à base de 2.750 unidades para comprar um dólar.

Outro filho da Economia da Unicamp, ex-candidato a prefeito de Campinas, Marcio Pochmann, escreveu um artigo, após o impeachment de Dilma Rousseff, afirmando que ela foi cassada (“vítima de um golpe”, claro) porque estava no caminho certo para resolver os problemas econômicos do Brasil.

Pois agora, depois desse pequeno desfile de aberrações econômicas oriundas do IE (há muitas outras), eis que o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp também vai interferir na economia brasileira, para auxiliar o PT e Lula a acabarem com mais uma herança bendita que ajudou milhões de brasileiros a arranjarem um emprego e a viverem melhor do que viviam antes.

É o que IFCH vai participar, segundo reportagem do Jornal da Unicamp, de um “projeto pioneiro do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cujo objetivo é traçar um diagnóstico inédito sobre o trabalho feito a partir de plataformas digitais no Brasil. Um termo de cooperação foi assinado entre as instituições para a criação de um módulo na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) sobre Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) relacionado exclusivamente ao trabalho em plataformas  digitais, como Uber, iFood e Rappi, entre outras.”

Esse início técnico da notícia descamba, nas entrevistas dos participantes da Unicamp, para uma total ojeriza ao trabalho oriundo das tecnologias dos aplicativos que mantêm uma relação diferenciada e longe das amarras do Estado entre empregadores e empregados.

Aliás, o título da reportagem já diz tudo: “Qual o tamanho do mundo sem direitos?” Só que os direitos que são relacionados na reportagem e, obviamente, farão parte do “diagnóstico”, são exatamente aqueles que encarecem violentamente a folha de pagamentos e que afugentam milhares de empresários de investir no Brasil. Sem contar a interferência sindical que, sob o PT, vai voltar a ameaçar empresas e empresários, com suas greves, suas reivindicações descabidas e seu conluio com a Justiça do Trabalho, que aliás, poderá ter de volta a legislação reacionário e retardatária que foi banida no governo de Michel Temer.

Assim, com a inestimável contribuição da Unicamp, o Brasil poderá dar grande passo para trás, acabando com o que os economistas de lá chamam de “uberização” da força de trabalho, sem perceber que sem ela, milhares ou milhões serão desempregados e voltarão a depender das migalhas dos programas sociais do governo.

Pensando bem, como esses dependentes dos bolsas famílias da vida geralmente votam no PT e seus satélites, talvez seja isso mesmo que eles querem. Não duvidem.

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Edmilson Siqueira é  jornalista há mais de 40 anos. Já passou por jornais, revistas emissoras de rádios e TV. Foi responsável pela coluna Xeque Mate do Correio Popular por 8 anos. Apesar de atuar em outras áreas do Jornalismo, a maior parte de sua carreira foi dedicada à política. Atualmente, na Rádio e TV Bandeirantes de Campinas. Colaborador semanal do Blog da Rose.

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