do inferno ao céu

Do inferno ao céu. Blog Mário Marinho

do inferno ao céu

Nelson Falcão Rodrigues foi um escritor, jornalista, romancista, teatrólogo, contista e cronista de costumes e de futebol brasileiros.

Foi um frasista criativo, espetacular.

Disse, certa vez, que a distância entre a fossa e a euforia para o brasileiro era milimétrica.

E o disse com soberana razão, pelo menos quando se aplica ao futebol.

Há uma semana, depois de uma derrota para o Santos, o então técnico que dirigia o time, disse com ares de tragédia rodriguiana: “Agora, não se trata de pensar no título. Trata-se, é fugir do rebaixamento. ”

Bastaram duas vitórias – contra a Portuguesa e, ontem, contra o Botafogo em Ribeirão Preto – para que o corintiano sorrisse e se encantasse, como o perdido e sedento no deserto vê a miragem de um oásis.

O Corinthians marcou o primeiro gol logo aos cinco minutos de jogo. Foi o bastante para que o jornalista corintiano Alberto Chamas, publicasse em seu blog: “O campeão voltou! ”

Claro, entendi a ironia do Chamas que, mesmo jornalista e corintiano, mantém os pés no chão.

E o Corinthians cerrou as cortinas dessa empavonada peça com 4 a 1, números nem de longe imagináveis pelos corintianos há uma semana.

O técnico António Oliveira mudou o time em uma semana?

Não, de jeito nenhum. Milagres assim tão rápidos só se tem notícia na multiplicação dos pães e dos peixes.

O português promoveu, sim, algumas modificações. Mexeu na zaga, tornou o ataque mais efetivo mas, na origem, o time corintiano ainda padece de um mal de raiz: o time é fraco.

E é possível encontrar força na fraqueza?

Claro. Está demonstrado.

A fraqueza maior do Corinthians, além da técnica, chamava-se Mano Menezes.

À enfadonha repetição de esquema tático e escalações somou-se a incapacidade de se comunicar com os jogadores.

Quando o técnico, um líder, muitas vezes visto como um pai chama seu jogador de burro, como ele fez com Yuri Alberto, ele perde a empatia, a simpatia do grupo e até um mínimo de respeito.

Desenha-se um quadro em que se torna impossível comandar um grupo, seja qual for ele. Ainda mais se for time de futebol com sua torcida movida a imensurável paixão. Ainda mais se essa torcida for corintiana.

Estancada a sangria desatada, os jogadores sentem-se leves e, mesmo se não são craques, são capazes de momentos de craques.

Como foi o guerreiro Romero ontem à noite, autor de dois gols. Ou Yuri Alberto que, alvíssaras, voltou a marcar.

Está pronto o Corinthians para a temporada 2024?

Claro que não.

Mas, uma grande e pesadíssima pedra foi retirada dos ombros desses esforçados jogadores.

Cabe continuar com os pés no chão até porque o próximo adversário é o Palmeiras, imponente, forte, vencedor, mas, não imbatível.

Veja os gols da vitória do Corinthians:

https://youtu.be/vMDyAn0SP5U?si=va_Ov5d4jWaOTjn6

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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi FOTO SOFIA MARINHOdurante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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