Ah!, os pênaltis!!! Coluna Mário Marinho – Ed. Extra

Ah!, os pênaltis!!!

Coluna Mário Marinho

E lá fomos nós mais uma vez em cobranças de pênaltis.

Há quem diga que pênalti é loteria e pode dar qualquer resultado.

Eu não concordo.

Antes de mais nada, eu acho que pênalti se cobra é com a cabeça: quem estiver melhor de cabeça, com certeza, vai converter o pênalti.

Além disso, existem regras básicas que os treinadores deveriam passar para os cobradores.

Vamos lá:

– Distância da bola. Quanto mais distante o cobrador estiver da bola, mas dúvidas ele coloca na cabeça do goleiro. Será que o cara vai dar uma porrada? Vai encher o pé? O que será? Se o cobrador não toma distância, é claro que não chutará com violência, pois não tem espaço para isso. Foi assim que a Cristiane perdeu o pênalti hoje no Maracanã, foi assim que Sócrates perdeu o pênalti na Copa do Mundo de 1986, no México.

– É preciso chutar com determinação, sem medo. Se o goleiro pegar, Você terá feito o seu papel de dificultar ao máximo. Por isso, muitas vezes o jogador clássico perde pênalti pelo simples fato de não querer dar chutão, querer colocar a bola com classe. E aí perde, como foi Marta contra a Austrália e, por pouco, não perdeu outra vez contra a Suécia.

– Uma regra de ouro: tudo o que o goleiro quer numa cobrança de pênalti é uma bola chutada à meia altura. É até uma questão de física: a bola rasteira obriga o goleiro a mergulhar; a bola alta o leva a voar. Se a bola vem à meia altura, é o movimento mais natural que ele tem que fazer.

O célebre técnico Gentil Cardoso (1906-1970) ensinava, com bom humor, o seguinte:

– Não se cobra pênalti alto por uma simples razão: se o vento soprar de repente, bola pode subir, subir e ir para lá na lua. Se for cobrado rasteiro, não haverá força no mundo capaz de fazê-la entrar para debaixo da terra.

A Seleção Brasileira até que jogou bem, mas faltou quem chutasse a gol, quem concluísse as jogadas. As meninas não souberam vencer a muralha defensiva armada pela suecas.

A Seleção da Suécia entrou em campo para buscar o empate e resolver nos pênaltis. Qualquer que fosse o resultado, elas voltariam para seu país como heroínas. As brasileiras entraram em campo sob o peso de quem tem que vencer.

Não é fácil, não foi fácil.

Perdemos outras medalhas em outros esportes.

Assim são as competições esportivas.

Uma coisa não me entra na cabeça. Na seleção feminina, quem cobra os escanteios é a Marta; na seleção masculina, quem cobra é o Neymar.

Quem cobra um escanteio, joga a bola para a área e ficar fora da jogada.

Então, veja só: o melhor jogador do time fica isolado enquanto a bola está ali na área, no conflito, próxima do gol. Tem cabimento?

Marta, entre as meninas, Neymar, entre os meninos, têm que ficar dentro da área para preocupar os adversários e não isolados num canto do campo.

Não dá para entender.

No link abaixo, Você verá as cobranças de pênaltis. Reparem que a Cristiane não toma distância e cobra à meia altura;  a jovem Andressinha também cobra à meia altura. Do jeito que os goleiros querem.

https://youtu.be/4PomkO203fE

 

João

Havelange

Morreu hoje, aos cem anos, João Havelange.

Não se pode simplesmente registrar a morte dele em uma frase.

Havelange foi atleta nas Olimpíadas de 1936 e 1952. Primeiro como jogador de futebol e depois como jogador polo aquático.

Até recentemente cultivou o hábito de nadar todas as manhãs.

Assumiu o comando do futebol brasileiro em 1956.

Na preparação da nossa desacreditada e pobre financeiramente seleção para a Copa de 1958, convenceu o então presidente da República Juscelino Kubitschek a autorizar a Casa da Moeda a emitir 200 moedas de ouro que foram vendidas a empresários para garantir as despesas da Seleção.

Fomos campeões mundiais.

Havelange foi eleito presidente da Fifa em 1974. Para conseguir tal feito, fez campanha junto aos países africanos prometendo ajuda para o futebol local. Aos europeus, prometeu uma nova sede da Fifa que, na época, funcionava num pequeno escritório, e prometeu administração profissional.

Cumpriu tudo o que prometeu.

O problema é que a Fifa se tornou uma empresa grande e milionária. O futebol virou um grande negócio. O dinheiro passou a correr solto.

E com ele veio a corrupção. Como um polvo de muitos tentáculos, a corrupção foi abraçando cartolas em todo o mundo – João Havelange inclusive.

Já aos 90 anos de idade, perdeu o cargo de Presidente de Honra da entidade, assim como Membro do Conselho do Comitê Olímpico Internacional.

Triste fim.

Mas é preciso lembrar João Havelange – para o bem ou para o mal.

__________________________________________

FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo

A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO.

(E SEMPRE QUE TIVER NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR. )

1 thought on “Ah!, os pênaltis!!! Coluna Mário Marinho – Ed. Extra

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter