Simpósio: Política Macroeconômica nos Oito Anos de Governo Lula

Volume especial boletim Economia & Tecnologia UFPR

Luciano Nakabashi

Caro leitor, seguindo uma sugestão do economista Irineu de Carvalho Filho (FMI), que me ajudou na escolha dos nomes e convite aos autores, resolvi organizar este simpósio sobre a política macroeconômica do governo Lula e suas consequências.

Depois de oito anos de governo Lula, em que presenciamos uma aparente aceleração do crescimento econômico (permanente ou transitória?), a expansão e consolidação de programas que aliviam a pobreza efetivamente, e uma surpreendente ausência de grandes reviravoltas e transformações em nosso quadro de política econômica, o momento é oportuno para convidar à mesa uma coleção diversa de economistas renomados para discutir o período e as perspectivas para o futuro.

Os trabalhos são apresentados em ordem alfabética do nome do primeiro autor do artigo.

No primeiro trabalho, os economistas da FEA-RP/USP Alex Luiz Ferreira, Sergio Naruhiko Sakurai e Rodolfo Oliveira abordam quais variáveis são relevantes na popularidade dos governos Lula e FHC. Eles encontram evidências de que a taxa de desemprego é a principal variável.

O economista Alexandre Schwartsman, do Banco Santander e diretor do Banco Central durante o primeiro mandato de Lula, analisa o desempenho do tripé da política monetária do governo Lula – câmbio flutuante, superávit primário e metas de inflação –, e mostra que ocorreu uma deterioração nessa base da política macroeconômica e que, desse modo, é preciso que se realizem algumas alterações, com especial ênfase aos gastos públicos.

No artigo intitulado “Ganhos sociais, inflexões na política econômica e restrição externa: novidades e continuidades no governo Lula”, os professores e pesquisadores Fernando Augusto Mansor de Mattos (UFF) e Frederico G. Jayme Jr. (Cedeplar/UFMG) discutem as principais diretrizes da política econômica durante o governo Lula, destacando em especial a mudança de orientação ocorrida a partir de 2006.

O pesquisador e professor da FGV-RJ, Fernando de Holanda Barbosa, faz uma avaliação do BACEN no Governo Lula, analisando a execução da política monetária, a formulação e execução da política de reservas internacionais, a execução da política de emprestador de última instância do sistema financeiro, além da regulamentação e supervisão do sistema financeiro.

Fernando Ferrari Filho (UFRGS) indica que os bons resultados apresentados no governo Lula não garantem estabilidade macroeconômica consistente por causa, principalmente, da deterioração do setor externo que deixa a economia mais vulnerável a ataques especulativos.

Os pesquisadores Helder Ferreira de Mendonça (UFF), Délio José Cordeiro Galvão (BACEN) e Renato Falci Villela Loures (UFF) focam no setor financeiro e na necessidade de medidas prudenciais para reduzir a alavancagem do sistema financeiro e reduzir a vulnerabilidade a crises.

Mansueto Almeida, economista e pesquisador do IPEA, foca sua análise na política fiscal e política industrial. O autor argumenta que, apesar da maior expansão dos gastos sociais, o padrão de crescimento do gasto público do governo federal no Brasil é determinado muito mais pela Constituição Federal de 1988 do que pela eleição de um governo de esquerda.

Finalmente, Marcelo Curado (UFPR) faz uma análise do crescimento econômico do governo Lula e até que ponto este se transformou em um processo de desenvolvimento econômico, com especial ênfase na estabilidade de preços, distribuição da renda, redução da miséria, conta corrente e pauta de exportações.

Na firme convicção de que esse volume especial do boletim Economia & Tecnologia será uma leitura agradável e útil a todos os interessados nos problemas da política econômica brasileira nos últimos anos, subscrevo atenciosamente,

Prof. Dr. Luciano Nakabashi

Coordenador Geral do Boletim Economia & Tecnologia

Boletim Economia & Tecnologia

Ano 7, Vol. Especial, 2011 (PDF – 4,29 MB)

ÍNDICE

EDITORIAL

SIMPÓSIO: POLÍTICA MACROECONÔMICA NOS 8 ANOS DE GOVERNO LULA

Oito anos construindo popularidade

Alex Luiz Ferreira
Sergio Naruhiko Sakurai
Rodolfo Oliveira

Não se mexe em time que está ganhando?

Alexandre Schwartsman

Ganhos sociais, inflexões na política econômica e restrição externa: novidades e continuidades no Governo Lula

Fernando Augusto Mansor de Mattos
Frederico G. Jayme Jr.

O Banco Central no Governo Lula

Fernando de Holanda Barbosa

Por que os resultados econômicos esperados para o final do governo Lula da Silva não nos asseguram uma estabilidade macroeconômica consistente?

Fernando Ferrari Filho

Exuberância e risco do mercado financeiro: herança do Governo Lula

Helder Ferreira de Mendonça
Délio José Cordeiro Galvão
Renato Falci Villela Loures

O Novo Estado Desenvolvimentista e o Governo Lula

Mansueto Almeida

Uma avaliação da economia brasileira no Governo Lula

Marcelo Curado

Você pode descarregar o arquivo em pdf, aqui:

26 thoughts on “Simpósio: Política Macroeconômica nos Oito Anos de Governo Lula

  1. Desculpem-me, sei que esse não é o post apropriado para comentar isso, mas…. pqp, olhem isso:

    O governo estuda elevar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) das compras no exterior com cartão de crédito de 0,38% para mais de 4%.

    Esse pessoal está mais perdido que cego em tiroteio.

  2. Fernando Ferrari Filho é um keynesiano de quermesse. Ainda bem que não fui aluno dele, mas tive o desprazer de assistir alguns seminários dele.

  3. "O governo estuda elevar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) das compras no exterior com cartão de crédito de 0,38% para mais de 4%."

    Nao eh esse mesmo governo que estava preocupado com os influxos de capitais? Que gangue de mentecaptos! Jumento eh pouco para descrever a bosta humana que auto-cagou uma ideia como essa.

  4. "O governo estuda elevar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) das compras no exterior com cartão de crédito de 0,38% para mais de 4%."

    III

    essa palhaçada merece um comentário mais elaborado do pessoal competente.

    pelo que li, a justificativa [das autoridades]é a preocupação com a alavancagem em dólar no cartão de crédito.

    ;^/

  5. Lembro de estar numa aula de macroeconomia do ferrari e ele comentar "câmbio flutuante??? AAhhh essa porcaria não serve pra nada… Só tem desvantagem…"
    ferrari=kermesseiro!

  6. Pra quem não acreditava, pisaram mesmo no freio . . . 7 bi de emendas parlamentares não foram sancionadas, concursos e contratações suspensas, previsão de 50 bi de cortes . . . que têm a dizer?

  7. "Nós não vamos, nós não vamos. Vou repetir três vezes: nós não vamos CONTINGENCIAR o PAC" (Dilma, 27/01/2011)

    Governo anuncia CORTE recorde de R$ 50 bilhões no orçamento de 2011 (09/02/2011)

    É? E vão cortar exatamente o que no orçamento?

    Elaine Marie, a garota com duas cabeças, saberá a resposta?

  8. Em resposta, Elaine Marie me reenviou o e-mail (elainemarie@thegirlwhit2heads.com) com esta esclarecedora mensagem que recebeu do ministro Mantega:

    "Não é o velho, tradicional ajuste fiscal que se fazia no passado, que derruba a economia, que leva pra recessão e derruba o emprego. Vamos garantir que o crescimento sustentável tenha continuidade"

    Ufa!

  9. O que se diz é que cortarão gastos de Custeio e não gastos de investimento, aliás isso é compatível com o discurso proferido por muitos keynesianos (ou pós como queiram) em época de campanha (seja do lado da Dilma ou do Serra)… Tanto a turma da 9 de julho falava nisso, quanto gente que já estava no governo . .

  10. "O"

    Acompanho o que vem escrevendo Mansueto Almeida a respeito que desde o final do ano passado, acho.

    Resumindo, não há como cortar a cifra de R$ 50 bilhões somente no custeio neste ano.

    Isso é conversa mole para boi dormir
    Para tim bum, bum, bum
    Para tim bum, bum, bum

    No post de hoje no blog do Mansueto [O Improvável Corte do Custeio em R$ 50 bilhões] ele destrincha a impossibilidade na parolagem de ontem. Além dos números, foi muito oportuna esta lembrança:

    "A propósito, em 2003, o primeiro ano do governo Lula, o ajuste fiscal foi feito em grande parte em cima do investimento público que foi cortado em 50%. Quem era o Ministro do Planejamento na época? Um economista chamado Guido Mantega, que agora ocupa a pasta da Fazenda e sabe que não se consegue cortar muito o custeio de um ano para outro."

  11. Caros,

    Sinceramente eu prefiro que cortem em investimento. O gasto em custeio, por pior que seja, é incapaz de gerar as distorções brutais causadas pelo investimento público.

    Suponha que o governo queira gastar 50 bi em uma região. Provavelmente ele vai contratar professores, médicos, policiais e burocratas em geral; na pior das hipóteses vai contratar cabos eleitorais e/ou parentes de políticos ou destinar a corrupção. No primeiro caso pode haver até ganho de bem estar no pior dos casos é transferencia de renda. Pode gerar distorções na escolha de carreiras (é melhor ser cabo eleitoral do que engenheiro e coisas assim), mas nada tão grave quando comparado ao gasto de investimento, vejamos.

    Suponha que o governo quer gastar os mesmos 50 em determinada região, desta vez em investimento. Claro que a região precisa de infra-estrutura, mas uma olhada nos jornais (ou no PPA, ou no PAC….) vemos que a maior parte dos recursos está indo para projetos como siderurgicas, refinarias, trem bala e etc. O problema é que tais empreendimentos muitas vezes só são viáveis com subsídios do governo. Não apenas para contrução ou nos primeiros anos, mas para a manutenção dos mesmos.

    Desta forma, uma vez criado o monstro origina-se uma série de distorções que, devido a formação de grupos de interesse ligados ao projeto, são quase impossíveis de acabar. Tome por exemplo uma siderurgica em uma região onde a mesma não seria viável sem o governo. A construção desta induzirá uma série de outros investimentos na região. A produtividade marginal do capital destes investimento será menor que a da economia como um todo, do contrário não seria necessário o subsídio. Desta forma o tal gasto em investimento gera um fluxo de desvio de capital de setores produtivos para setores de baixa produtividade. O argumento pode ser adaptado para mostrar uma queda na produtividade do trabalho e mesmo na PTF.

    No final do dia o tal gasto em investimento acaba por gerar uma redução na taxa de cresciemnto de longo prazo. Sem falar que os problemas de corrupção e transferência de renda presentes nos gastos correntes não apenas não são resolvidos como são ampliados no caso dos investimento públicos.

    Abraço,

    Roberto

  12. Com relação aos primeiros comentários, concordo com os anônimos acima. O Fernando Ferrari é, sem sombra de dúvida, um legítimo keynesiano de quermesse. Como também tive a oportunidade de assistir alguns dos seus seminários e de ler algumas das bobagens que tem escrito, tenho certeza que valeria um post exclusivo dedicado a ele neste espaço.

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