Correndo atrás…

1 – O fato do setor financeiro ter pela frente uma regulação mais apertada poderá comprometer os atuais níveis de alavancagem, com impactos permanentes sobre o nível de crédito?

2 – A intervenção do Estado na gestão dos bancos afetará a alocação de recursos das instituições financeiras?

3 – Vc acha que o crescimento mundial dos últimos anos foi função da liberalização do comércio e das conta de capital dos países ou foi causado pela grande alavancagem dos bancos? (M.)

M:

1) Sim, os níveis de alvancagem que prevalecerão (mesmo depois de superada a crise) deverão ser menores do que os que prevaleciam antes. Eu não vejo isto como um desenvolvimento necessariamente ruim. A alavancagem que observamos nas instituições pré-crise é um problema. Como já mencionei em outros posts, uma alavancagem desta põe necessariamente o setor público na reta. Uma instituição alavancada 40x quebra com perda de 2,5% dos ativos e, se tiver potencial para risco sistêmico, vai ter conseqüências semelhantes às que temos observado.

2) Não. São ações preferenciais e acredito que as instituições de países desenvolvidos são suficientemente sérias para afetar muito a gestão das instituições.

3) Nem uma, nem outra. Como a economia mundial, ainda que de forma imperfeita, já é muito integrada, a liberalização adicional do comércio e das contas de capitais não devem ter efeitos grandes. Por exemplo, estima-se que a Rodada Doha possa trazer ganhos da ordem de grandeza de uma centena de bilhões. Mas o PIB global é algo da ordem de dezenas de trilhões.

Também não foi a alavancagem dos bancos. Ainda que possa ter impacto na demanda, seu efeito sobre a oferta (que, em última análise, governa o crescimento de longo prazo) é relativamente modesto.

É fato que as empresas que ficaram expostas ao câmbio, envolvidas com os já famosos derivativos exóticos dos últimos dias, estão comprando dólar no mercado à vista, como foi noticiado em algumas matérias ? Mesmo as exportadoras ? Se é verdade, por que seria ? Não é melhor operar contrato futuro na BMF ? (Marcelo)

Marcelo:

Até onde eu sei, estas empresas estão se zerando na BM&F, não no pronto. A liquidez é maior e não envolve desembolso imediato (tem margens, mas é menos do que a compra do pronto requer).

Nao entendi este pedaço, mesmo que estejao com mais capital os bancos por conta do dinheiro injetado pelos governos os bancos nao emprestam com medo um do outro, cortam linha de credito etc que vai resultar numa recessão. Mas por que isto irá proporcionar uma recuperação mais rapida? (Anônimo)

A recapitalização evita, em primeiro lugar, uma quebra simultânea de vários bancos. Em segundo lugar, uma vez superada a incerteza presente e restabelecido os níveis seguros de alavancagem, será este o capital que servirá de base para a expansão do crédito. Hoje o efeito é pequeno. Alguns trimestres (anos?) à frente, será de grande ajuda.

Será que teremos uma crise cambial?

Se isso acontecer, os heterodoxos de plantão vão rir de orelha a orelha.

Eu sei que essa pergunta não faz tanto sentido em um regime de câmbio “quase-flutuante”, mas parece que o BC não está deixando o dólar flutuar muito com medo ou de inflação, ou que as empresas quebrem… Bom, ainda tem mais de US$ 200 bilhões de reservas… (Adolpho)

Adolpho:

Não acredito. Até agora o BC, mesmo intervindo, não caiu no erro de tentar impor uma taxa de câmbio, mas sim de atacar problemas de falta de liquidez. A magnitude de intervenção no pronto é pequena e deverá continuar a sê-lo.

1) Como você compara as duas estratégias mais gerais pensadas para resolver o problema do congelamento do crédito: compra de ativos podres; e injeção de capital sob a forma de equity? Ainda neste assunto, o pacote do Paulson não lhe parece um tanto deslocado no momento, já que o mundo como um todo parece ter adotado a segunda estratégia como solução?

2) Pensando um pouco para frente, como pode se dar a estratégia de saída dos governos desses bancos, ou dos ativos podres? Digo, qual é na tua opinião a melhor forma de se fazer isso? (Felipe F.)

Felipe:

1) Mesmo no caso dos EUA a intervenção já está sendo no sentido de injeção de capital.

2) No caso das ações preferenciais, simplesmente vão vendê-las. Bem mais tranqüilo, porque não envolve controle. No caso americano, em “x” anos (não lembro quantos) o cupom das ações preferenciais será de 9% a.a.. Quer uma pref. a 9% a.a. do Citi?

Li seu (e da sua equipe) relatorio do dia 9, e sua opiniao é que o choque no cambio vindo da queda dos preços das commodities (crb) aumentará a inflação, o que implica numa necessidade de aumento dos juros. Minhas duvidas:

1) Tudo bem, concordo, mas vc não acha que a variação de bens importados, tambem dependentes em boa parte do crb (petroleo, graos, bens dependentes de commodities) vao cair de preço, ainda que no medio prazo (bens dependentes de commodities), de forma que num horizonte mais longo a inflação seria menor do que o numero que vc projetou?

2) Interessante sua observação sobre a pequena participação dos investimentos externos no credito interno. Seria então via comercio o maior impacto da crise no crescimento? Caso seu cenario se realize (aumento da selic), qual seria o pib de 2009? (ED)

ED:

1) Meu problema com inflação não era commodities antes da crise e continua não sendo depois. E todo o comércio em não-commodities?
2) Sim, é via comércio, mas não diretamente pelo canal da demanda. A redução da capacidade de importar (tanto pela queda do quantum exportado como pela deterioração dos termos de troca) requer que a demanda doméstica volte a se alinha com o crescimento do produto (hoje é 2% a.a. mais rápido). Se nosso cenário de Selic se materializar, nossa melhor estimativa para 2009 é 2,5%.

Em um dos seus últimos posts, vc quantificou o impacto da desvalorização do real na inflação entre 2-3%. Nessas circunstâncias:

– o BC deve buscar o centro da meta em 2009? Aceitar o teto ou um pouco mais?

– Em cada uma das alternativas, você arrisca uma previsão para o crescimento do PIB brasileiro em 2009? (Eduardo Perugier)

Eduardo:

1) Não dá tempo de atingir o centro da meta em 2009. Se reagir a contento consegue limitar o desvio a algo como 5,5%. Se acreditar que o mercado fará o ajuste por ele verá a inflação no topo da banda ou acima dela em 2009.

2) 2,5%

Vc acha que o BB pode ter um papel importante nesta crise, como provedor de liquidez com garantias do setor público?
Devemos notar que esta é a primeira grande crise enfrentada pelo Brasil na ausencia dos bancos estaduais, que, apesar de todos os problemas conhecidos, atingiam um público substancial mesmo nos momentos áridos. (LL)

LL:

Não. E também não é verdade que se trate da primeira crise sem os bancos estaduais. 19998, 1999, 2001 e 2002 ocorreram sem a presença dos bancos estaduais (ainda bem, senão seriam mais alguns bilhões do meu, do seu, do nosso dinheiro, nas palavras imortais de Armínio Fraga).

Andei lendo os balancos do Bradesco e do Itau’. Ambos aumentaram seus assets am muitos bilhoes de reais (113 e 88, respectivamente, entre o primeiro semestre de 2007 e 2008), mas esse aumento todo resultou em um aumento de lucro de 96 e 88 MIlhoes de reais, respectivamente. (Kleber S.)

Kleber:

Não vi estes números, mas me parecem meio altos. Volto depois.

Voltando ao Belluzzo, o que é aquilo??? Pelo amor de Deus!!! Tenho pena dos alunos dele, aquele blá blá blá não convence nem, ele deveria estar procurando uma nova parceria pro Palmeiras…

E quando ele começa a usar citações… Como dão ouvido para um cara desses?

Como tenho um senso de humor peculiar, não dormi, mas o que tinha de gente pescando na platéia não era brincadeira…

Não sei o que você acha acha do Lisboa, mas ele era o mais lúcido da turma…

Bem, foi melhor do que assistir A Grande Família… (Netto)

O Marcos é brilhante. Quanto ao Belluzzo, como bom palmeirense, é um arregão…

Alex depois que essa maré passar vai ser necessário aumentar a regulação ou supervisão?

Uma maior regulação que diminua os níveis de alavancagem dos bancos,entre outras coisas não levariam a um sistema bancário menos diversificado, potencialmente mais concentrado, de maior spread, cujo crédito sendo mais restrito traria maior prejuízo ao crescimento mundial?

Acredito que a falha principal foi uma maior supervisão das autoridades nesse mercado,ele era um mercado pouco claro o que dificultava que a regulação ,coisa que uma supervisão pode resolver.Com esse novo sistema financeiro nos EUA que estar surgindo ,poderia se tornar mais fácil uma supervisão do que uma regulação mais forte.

Alex o que você acha do Krugman nessa sua fala.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081018/not_imp262032,0.php

“Na política, está na moda falar contra os gastos do governo e exigir responsabilidade fiscal. Mas no momento, um aumento nos gastos do governo é exatamente o que o médico receitou e a preocupação com o déficit orçamentário deve ser adiada.”

Realmente um economista que defende deficit fiscal da forma que vigora há 6 anos nos EUA.Sinceramente não merecia ter ganho o Nobel. (Fernando Botler)

Fernando:

Não necessariamente. Não vejo nenhuma relação direta entre alavancagem e concorrência. E, concordo com você, a falha maior foi supervisão.

Quanto à política fiscal, a depender do tamanho da recessão e da (falta de) eficiência da política monetária, há bons motivos para crer que se trate da solução correta. Isto dito, é exatamente por este motivo que na fase positiva do ciclo o governo deve acumular superávits (i.e., reduzir a dívida). A este respeito ver o post “Lições do Bom Livro” (http://maovisivel.blogspot.com/2008/02/lies-do-bom-livro.html)

Abs

Alex

107 thoughts on “Correndo atrás…

  1. Alex eu discordo um pouco da sua visão quanto a política fiscal.Acredito que é fundamental você manter um superavit mesmo em tempos de crise.Você só deve cortar impostos se tiver condições mesmo se você reduzir o superavit.

    Nesse governo Bush agente viu uma política fiscal bastante irresponsável.Ele baixou imposto sem cortar gastos (que aumentaram) resultado é que a divida pública roda os 10 trilhões hoje.Inclusive Greenspan em seu livro faz duras críticas a política fiscal que o governo Bush teve.É fundamental para se manter um juros baixos você ter um superavit fiscal.Nesse momento não defendo o aumento de impostos pelo governo americano para fechar as contas públicas,mas sim um corte de gastos.

    Vale lembrar que deficit fiscal estimula a demanda agregada e exige um nível de juros maior.Parte da expansão dos gastos públicos americanos não poderia estar relacionado ao aumento no deficit das transações correntes?

    Acredito que os Neoclássicos tem uma posição diferente em relação a sua (Greenspan é um exemplo aonde ele comenta isso em seu livro).

    (Eu não sou nem Anti-Bush nem pro-Bush para deixar claro)

    ABS Fernando

  2. Grande Mestre Alexandre,
    Por favor, entendo que a coluna do Gaspari neste domingo merece uma bela duma resposta. Escrevi alguma coisa no meu blog, porém tenho certeza que você, com a competência de sempre, colocará alguns pontos nos iiisss.
    Abraçao,
    João Melo, direto da selva.

  3. Fernando, e’ tudo uma questao ideologica. O governo Buxi, particularmente no segundo mandato, foi um licho. Cortar impostos sem cortar gastos e’ um crime. Certo que no momento em que ele cortou impostos (primeiro mandato) ele nao poderia ter cortado gastos em funcao da recessao que comecava. Mas ele deveria te-lo feito depois. So’ que ai’ ele comecou a guerra. A coisa complicou.

    Em qualquer caso, todo caodidato que disser ao publico que ele vai cortar gastos, estara’ assinando sua sentenca de morte. Veja o caso do Brasil, por exemplo. Fernandao criou o bolsa-isso-bolsa-aquilo. O Marolinha englobou tudo numa so’ e deu aumento. Voce acha que alguem vai conseguir acabar com a festa distributiva em uma eleicao democratica? Claro que nao, ne’, Fernando. Agora vemos o Bobama e o Maquein prometendo mundos e fundos. Parece que tem ate’ campeonato pra prometer a maior besteira. O Bobama quer 90 dias de moratoria em foreclosures. Just to get the system all gummed-up. E nao vai resolver porra nenhuma. O Maquein quer dar 300 bilhoes de dolares para ajudar o pessoal que comprou casa sabendo que nao iria poder pagar. Um convite ‘a inadimplencia, pois quem esta’ em dia nao ganharia porra nenhuma. Viva a delinquencia, pois assim eu ganho algum!!!

    Desgracadamente a situacao requer um estadista. Que no mundo inteiro parece que temos que nos conformar com o Gordon Brown! PORCA MISERIA!

    O Bobama tem um potencial muito grande pra chutar o pau da barraca em direcao ao abismo. Se ele fizer valer sua ideologia protecionista, a repeticao de 1929 sera’ inevitavel.
    Enquanto isso o Marolinha e sua “equipe” ficam falando asneira para “acalmar” a situacao.

    Eu particularmente tenho duvidas mais crueis do que a necessidade (patente) de melhorar os marcos regulatorios. A maior delas agora, depois do episodio da falencia da Islandia, e’ sobre a internacionalizacao bancaria. E a pergunta – sobre a qual apreciaria muitissimo ter a opiniao do Tio – e’: qual e’ o tamanho que um banco deve ter em relacao ao BC do seu pais de origem?

    Eu nao tenho um puto em banco suico, mas se tivesse estaria puxando o carro agora. Em diferentes fontes os numeros dos dois maiores bancos suicos – UBS e CS – variam entre 2 e 2.5 TRilhoes de dolares, em total assets. Para um PIB suico de 400 BIlhoes. Qual o tamanho do balance sheet do BC da Suica? 50, talvez 100 bilhoes, esticando a corda ao maximo? Agora vieram com o bail-out do UBS com 60 a 70 BI, dependendo da fonte? Ou seja, pelo menos 15 pct do PIB daquele pais JA’ esta’ comprometido com o salvamento de UM unico banco! Putzgrila, Fernando! But what about the assets that will become rotten in the near future? A inadimplencia empresarial, em funcao da recessao feia que JA’ esta’ em andamento, certamente ira’ aumentar as perdas.

    Ate’ mesmo a tchurma do Alex resolveu adquirir os seus miquinhos amestrados: compraram o Sovereign Bank. Por uma bagatela, e’ verdade. No meu caminho de casa passo na frente de uma agencia do dito-cujo todos os dias. Normalmente tem-se uma media de 3 carros no estacionamento. Recentemente subiu para quatro. Pensei que fosse ataque terrorista. Parei o carro e fui averiguar. A moca do caixa, dubbing as recepcionist, chegou tocando castanholas: ” Senor, ahora nosotros somos Santander!”, disse ela com forte sotaque.

    “Great. Is everything alright here?”

    ” Ciertamente que si! Why not?”

    “E’ que eu notei um aumento brusco na frequencia ao estacionamento nos ultimos dias”.

    “No problem, sir. They are just our subprime customers.”

    “Paying their bills!”

    “Oh, no sir. They are returning their keys!”

    E ai’, qual e’ o BC que ira’ garantir as perdas eventuais? O americano? Talvez legalmente sim. Mas a equivalencia patrimonial reverte para a matriz. O que aconteceria para um banco que falisse num pais estrangeiro? Fatalmente levaria ‘a uma corrida nos outros paises estrangeiros de atuacao daquele banco. Entao a sobrevivencia da matriz esta’ associada ‘a das filiais. Mas a matriz nunca e’ mais forte do que seu BC, por definicao. E e’ justamente isso que a crise da Islandia nos ensinou.

    Um abracao de quebrar costela

    Kleber S.

    PS: Ja’ pensaram o que vai acontecer no dia em que um bando de anoes perceberem que all they have to do is to gang-up, shorting stocks of a certain bank and bust it up?

    Veriamos os fulanos em fila indiana, mao esquerda no ombro do imediatamente ‘a frente, cantando:

    ” Eu vou, eu vou, quebrar um banco eu vou, agora eu vou, eu vou, eu vou!”

    Mas va’ ser engracado assim no diabo que o carregue!

    Cheers

  4. Renato:

    Sim. Na USP (por um ano, como parte do programa de mestrado), na PUC-SP, no Ibmec-SP (pouco tempo), e fui Teaching Assistant (não professor, mais um monitor) em Berkeley.

    Abs

    Alex

  5. Renato:

    Sim. Na USP (por um ano, como parte do programa de mestrado), na PUC-SP, no Ibmec-SP (pouco tempo), e fui Teaching Assistant (não professor, mais um monitor) em Berkeley.

    Abs

    Alex

  6. Alex o BCB ano que vem esta compromissado em colocar a inflação no centro da meta?Porque com esse patamar de juros é bem possível que a inflação fique próxima do teto.

  7. Kleber mesmo em recessão se o governo quiser cortar impostos tem que cortar gastos.Você pode até reduzir o superavit em época recessão,mas nunca gerar deficit.Não vejo problema do governo cortar gastos em época de recessão.Gasto do governo nunca é bom,isso me lembra a política do “Lord Keynes”.Vale lembrar que os EUA passam por um grande problema fiscal a dívida pública quase explodiu nesse governo.

    Até Greenspan critica os cortes de impostos praticoados por Bush(porque ele não cortou gastos) vale lembrar também que em 2003 a economia americana ja tinha se recuperado da recessão passando por uma época de “bonança” até 2006.

  8. De fato é…. BC daqui deu umas bobiadas.Mas se a expectativa é que iremos ter uma desaceleração das commodities,que levara desvalorização do dólar.

    Vale lembrar que o governo vai aumentar seus gastos ano que vem.

  9. “PS: Ja’ pensaram o que vai acontecer no dia em que um bando de anoes perceberem que all they have to do is to gang-up, shorting stocks of a certain bank and bust it up?”

    Ótima essa. Kleber esclarece, por favor, esses pontos da regulação:

    1) Quando as ações da instituição caem abaixo de determinado nível é necessária chamada de capital?

    2) A marcação a mercado é apenas para os ativos? E a dívida (ativos para as contra-partes) mantém o valor de face no passivo do emissor?

    abs,

  10. Alex como você olha o deficit fiscal americano? Todo deficit fiscal é ruim na ótica dos neoclássicos, a qual eu sigo.Corte de impostos é bom ,mas temos que cortar gastos porque senão esse corte vai agravar a situação fiscal do governo.

    Nessa crise era fundamental o governo americano CORTAR GASTOS para diminuir o deficit.

    Só uma pergunta você segue a linha Neoclassica? Ou Keneysiana (nova) pra defender política fiscal de curto prazo?

  11. Alex,
    A política fiscal dos E.U.A é desastrosa mas tem uns poréns, na crise o titulo que todo mundo correu foi os do tesouro americano, ouvi que até foi pago taxas negativas em relação a inflação. As economias européias por serem bem menores que a americana e pagarem juros maiores. Alemanha vai desembolsar 650 bilhões de uma economia que gira em torno de 3 trilhões, nenhum governo não tem divida e algumas tem mais de 10O% do PIB. Minha única conclusão é que os outros esquecem que o bom de ser rico e que você tem margem para erro e depois corrigir tais erros.

  12. “PS: Ja’ pensaram o que vai acontecer no dia em que um bando de anoes perceberem que all they have to do is to gang-up, shorting stocks of a certain bank and bust it up?”

    Isso me lembra o Bin Laden fazendo short-selling de empresas de aviação e seguradoras em set/2001.

    Arlequim, como o Kleber ainda não respondeu eu vou tentar ajudar.

    1) Não, pois a queda de ações em mercado não afeta o patrimônio líquido dos bancos, a não ser que estas ações estejam em sua tesouraria

    2) Até onde sei é prática marcar apenas ativos a mercado, seguindo o princípio do conservadorismo.

    Se eu estiver errado, kleber ou alex ou professor “O” me corrijam.

    BobFields

  13. Alex,

    Você tem batido nesta tecla de que uma regulação mais apertada é necessária para prevenir as crises financeiras. Na entrevista à Época de 17/10, Guy Sorman diz algo que contesta a tese de Soros da grande responsabilidade da ausência de regulação pela crise atual:

    “ele diz que a ausência de regulação é a causa da crise. Isso é falso por dois motivos. Em primeiro lugar, países muito regulados, como a França, foram tão inundados por derivativos como países pouco regulados, como os Estados Unidos.”

    O que você tem a dizer sobre isso?

  14. Desculpe eu ter sumido por um dia. Viajei o dia todo ontem.

    O valor das acoes obviamente nao afeta o equity. Mas tem tido ligacao com o credito. O spread em CDSs tem andado de maos dadas com o preco das acoes. Dificil saber quem empurra quem, mas o fato e’ que a queda do preco das acoes torna as chamadas de capital mais diluidoras das outstanding shares. O que nao ajuda o credito nem um pouquinho. Uma das grandes bobagens que os grandes bancos daqui fizeram foi nao chamar capital early enough in the game.

    A marcacao a mercado vale para os bonds emitidos pelas firmas tambem. E’ um jeito perverso de melhorar o seu balance sheet. Os falecidos bancos de investimento de WS mitigaram substancialmente suas perdas by booking gains com a queda do valor de seus bonds.

    Mudando o assunto, agora ficou claro como muitas empresas brasileiras deram uma de Luzia atras da horta no negocio de hedging. A Coreia esta’ se entubando precisamente por causa disso. E’ o tal do kiko (knock-in knock-out, que seria melhor chamada caso o nome fosse kick-in knock-out). Curiosamente esse produto apareceu, ou se tornou popular, em 2006, e em paises de longa apreciacao de suas moedas. Enquanto o cambio se situa dentro da banda contratada, como a moeda local se aprecia de forma lenta e continua, o comprador do contrato acaba vendendo dolar por taxa acima do mercado. Parece ate’ um free lunch. Os bancos vendedores dos contratos pareciam ate’ instituicoes de caridade, doadores de dinheiro. So’ que quando o cambio SAI da faixa, o comprador tem de pagar a diferenca em dobro. Sera’ que os bancos inventaram esse instrumento desavisadamente, sem contar com a desvalorizacao brusca de moedas emergentes? Ho, Ho, HO, conta outra! Eles e’ que fizeram um hedging de seus lucros com a tigrada emergente. Pois eles sabiam quem estava financiando a galera: eram eles! Portanto as moedas so’ iriam para a cucuia caso ELES puxassem o carro. Como eles tinham estes instrumentos em maos, ao perderem o lucro dos emprestimos com o credit crunch, deram um ultimo aperto na laranja para tirar o resto do suco.

    Dai’ a minha sugestao para o novo nome: at first the banks kick-in the money, then the knock-out the customers.

    Um grande abraco aos amigos

    PS: Meu sonho e’ abrir um sopao no centro de Zurich. A grana que o governo emprestou ao UBS e’ equivalente a 15% do PIB! O balance sheet de UBS mais Credit Suisse e’ de 6 vezes o PIB suico! Fiquem de olho nos anoes!

  15. Alex tio Bernanke propôs um novo corte de Impostos, o que você acha?

    Daqui a pouco o deficit fiscal dos EUA pode atingir 7% do Pib ano que vem.Porque você defende um corte nos impostos em épocas de crise sem cortar gastos?Isso só aumenta a divida, os EUA deveriam cortar gastos em épocas de crise,isso não aumentaria a recessão.Gastos do governo sempre é ruim.

  16. Obrigado Bob e Kleber.

    Kleber, a Lehman não deixo de chamar capital antecipadamente na esperança de que fosse salva assim como a Bear?

    Outra coisa, esses anões além de ficarem short nas ações de UBS e CS não teriam também que socar os ativos que os suíços tem em carteira?

    Abç.

  17. Imaginemos a seguinte situacao. Amanha o Marolinha chama o Italiano e, entre um trago e outro dispara a ordem: “O deficit publico acaba amanha. Faz ai’ o que ce quiser pra ter um isperavit nominal de 2% do PIB. Quero acabar com essa porra de divida publica.”

    O Italiano sofre um principio de infarto, levam o bicho correndo pro hospital. La’ chegando ele se recupera, volta ao ministerio e comeca o trabalho.

    Quase vinte anos depois, durante o sexto mandato, ele volta ao palacio: “Missao cumprida, chefe! Matamos a tal da divida publica a pau!”

    Henricao, o bao, imediatamente ve o que acontecera’ no mes seguinte: deflacao, pois a patota do italiano continuara’ arrecadando mais do que o governo gasta. Espertamente ele poe a maquininha para rodar e imprime alguns trocados. A situacao esta’ salva.

    Esta’ inaugurado o “sistema marolistico de controle economico”. O governo arrecada mais do que gasta, e o BC compensa aumentando a massa monetaria, que volta para o governo na sua furia superavitaria, e so on and so forth!

    Ai um dia alguem teve a seguinte ideia: o governo zera seu superavit, assim a casa da Moeda economizaria papel! Ganhou o Premio (Velho) Barreiro de Economia.

    Um grande abraco aos amigos

    Kleber S.

  18. Alex, amanhã teremos um outro debate. Então, preparado para pegar o Nakano?

    Espero que seja melhor do que torcer contra o Palmeiras…

    Netto

  19. Alex,

    Um aspecto desta crise-quase-hecatombe que, parece-me, não recebe a devida atenção é a inundação de recursos que os bancos centrais/tesouros vêm injetando nas economias (o que tende a continuar). Agora o Bernanke ainda pede apoio fiscal para que a economia reaja.

    Gostaria de ler os teus comentários sobre as seguintes questões:

    1. Inflação nos EUA e Europa, por conta da liquidez acima citada.

    2. Política fiscal destes países: como financiarão toda esta ajuda que darão para a economia? Mais impostos? Emissão de mais títulos (e quem os compraria…)?

    3. Nos acostumamos a ler/ouvir trilhões de dólares/euros prá lá e prá cá, como se fosse ‘dinheiro de pinga’. Em linha com as dúvidas acima, são valores altos – em termos relativos – para criar desequilíbrios sérios nos EUA e Europa?

    Obrigado + grande abraço,
    Fernando Blanco
    PS: se você já tiver escrito sobre isso, apologies, me indique onde acho.

  20. Arlequim

    A chamada de capital deveria ter sido feita no ano passado. As acoes do LB estavam em torno de 60 dolares. Eles SABIAM da propria situacao. Entao era para ter feito um deleveraging via aumento do equity. Mas isso iria diluir o share holder value. Entao eles tentaram sair de fininho, via encolhimento do balance sheet. So’ que como a liquidez do lixo radioativo era baixa, acabaram nao tendo eficacia nenhuma. O Bear Stearns NAO foi salvo. No pacote original do Ben, as acoes foram valorizadas por 2 (dois!) dolares. Posteriormente, para evitar lawsuits, o JP concordou com 10, o que enfureceu a patota do Fed. Na verdade quem foi salvo na jogada do BS foram os debt-holders, assim como os counterparties, do falecido.

    Em primeiro de abril, no rally farsesco que mencionei anteriormente, Lehman e UBS ANUNCIARAM chamada de capital, a que o rally foi atribuido pelos “experts” do mercado. “This was saluted by the market as the end of the crisis”, disse um deles. Bom, hoje a gente sabe que nao foi bem assim.

    Os “anoes” nao teriam como agir no valor dos ativos do UBS. Mas eles podem agir comprando CDSs. ‘A medida em que ha’ uma corrida para seguro de credito de um fulano qualquer, o spread dos juros a serem pagos por esse fulano no mercado sobe. Num certo momento ele fica sem credito na praca. Nao sobra outra alternativa senao recorrer ao seu Banco Central. Mas se o balance sheet do banco e’ muito maior que o PIB do pais de origem, a velha pergunta volta ‘a tona: “Where in the hell is the fuck-ng money coming from?”

    A tchurma ta’ tirando o olho da bola. O problema todo desta crise e’ o CDS, nao os pobres dos subprimes. Eles foram so’ o estopim. CDSs sao chamados de “seguro de credito”, o que na verdade e’ uma falacia. Por que? Por duas razoes:

    1- Seguro so’ pode ser feito por seguradora, que tem regulamentacao sobre reserva de capital. Muito neguinho estaria fora desse mercado.

    2- Seguro so’ pode ser feito pela parte diretamente interessada, ou com autorizacao do terceiro. Ja’ pensou se a tchurma pudesse fazer seguro de vida sobre voce, sem sua autorizacao? Acho que ai’ ce taria morto, cumpadre, pois era so’ soltar uns trocados para um profissional do gatilho. De posse de seu atestado de obito, o contratante ficaria rico sem fazer forca, nao e’ mesmo? Isso NAO ocorre no caso dos CDSs. Eu posso fazer um “seguro” desse tipo SEM ter debito do objeto em carteira. Vai dai’ entao que CDSs sao mera APOSTAS feitas sobre um evento qualquer. Como num cassino, se eles percebem que todo mundo esta’ apostando nos Giants contra os Raiders o spread sobe, o mesmo ocorrendo no caso dos CDSs. Como esses contratos nao sao feito em bolsa ou clearing house, nao se tem controle sobre quem esta’ fazendo o que. Dai’ o meu “postulado”, de que bancos cujo balance sheet sao substancialmente maiores do que o seu backstop estao numa situacao periclitante. Veja so’ uns exemplos: Citibank 2 trilhoes em assets. Fed balance sheet, agora em 1.5 trilhao, PIB americano 14 trilhoes. UBS assets (estimativa) 1.3 trilhoes. PIB suico: 400 bilhoes. Nao tenho ideia do tamanho do balance sheet do BC suico, mas nao pode ser mais do que 100 bilhoes. Morou na jogada? Caso os “anoes” decidam que eles vao quebrar o UBS, o governo suico NAO TEM CACIFE pra guentar a parada. O Soros ficou famoso por jogar o pe’-de-ferro com o BC britanico e arrebentou com a libra ha’ anos atras.

    Por enquanto esta e’ so’ uma possibilidade teorica. Mas ela existe. O meu palpite no entanto e’ que os austriacos podem dancar primeiro, apesar de nao ter numeros sobre seus bancos. O Raiffeisen, que recentemente confessou ser feliz proprietario de mikkassons da Islandia, expandiu uma barbaridade em direcao ao Leste Europeu. Li um boato de que la’ ja’ ha’ inadimplencia pra dedeu. A Hungria abriu o biquinho, o BCE ta’ pingando uns 7 bilhoes de dolares pra equilibrar a situacao. A historia e’ a mesma de sempre: moeda supervalorizada, deficit em conta corrente, o credito externo sumiu, etc, etc. Fiquemos pois com um olho na Austria.

    Um grande abraco

    Kleber S.

  21. Alex Lucas tem um modelo a la Ciclos Econômicos Reais que chega à conclusão de que a política fiscal deve ser anti-cíclica.

    “In practice, this principle requires deficit spending during wars and
    depressions, balanced (in a present value sense) by surpluses in times of
    relative peace and prosperity. This is a principle the common sense of which
    has long been recognized. One of the attractions of Keynesian theory was that
    it appeared to give a respectable rationalization of this common sense view, as
    opposed to the view that budgets ought to be continuously balanced. The
    present, neoclassical principle implies similar fiscal policies over the cycle (at
    least qualitatively) but does so in a way that respects the budget constraint of
    governments and is thus also consistent with the common sense view that
    budgets must, in some sense or other, balance.”

    Robert E. Lucas, PRINCIPLES OF FISCAL AND MONETARY POLICY, JME, 1986

  22. Alex mesmo em épocas de crise deve-se adotar uma política fiscal anticilica ,não prociclica como você defende nesse caso dos EUA.

    Bernanke que adotar mais cortes de impostos sem cortes de gastos.Ano que vem o deficit dos EUA vai chegar a 1 trilhão de USD.

  23. Kleber S.

    Muito esclarecedor o seu comentário, ao menos pra mim. Mas acho que o problema com moral hazard como resultado do salvamento dos debt-holders e counterparties do Bear Sterns não é negligenciável. Aqui ainda vai o post de um blog que mostra bem como as empresas americanas estão tendo problemas sérios:

    The corporate bond market is a broken shattered vessel and a shoddy reminder of its once mighty and powerful self. It is beginning to resemble the statue of Ozymandias which Shelly described in the poem of that name as “a colossal wreck”.I wanted a dramatic opening as some benchmark corporate issuance today needed dramatically wide spreads to clear the market. Pepsico (an AA2 issuer) tapped the market for $2bilion 5 year notes and $1billion 10 year notes.

    The 5 year issue had been trading in the secondary market at around a 260 spread to the 5 year Treasury. The issue priced at T+ 4 3/8 percent.

    The 10 year issue had been trading at a spread of about 270 basis points to the 10 year Treasury. The issue priced at T+ 4 ¼ percent.

    Each issue required a gigantic concession to where outstanding paper was trading to successfully clear the market. So the 5 year priced nearly 180 basis points cheap to outstandings and the 10 year traded about 155 cheap to comparable paper.

    This is for the debt of a company which sells junk food and owns restaurants frequented by the ubiquitous Everyman. This is a company miles from the turmoil of the financial markets.

    So, the real story here is that while one can raise $3billion, the issuing entity pays a very steep price for doing so.

    Regular readers know that I have enjoyed chronicling the American Express 5 year note. It continues to sag. A dealer indicated a quote a few minutes ago at a new record wide of 820/770.

    The General Electric 10 year deal which I also observe is 445/425 and that is about as wide as I have seen that bond.

    Repair and rehabilitation may be occurring elsewhere in the credit markets, but it does not seem to have spilled into the corporate bond market.

    Abs

  24. É por estas e por outras que você está no doghouse, Caio. Você repete coisas sem saber do que fala.

    Política fiscal anti-cíclica é permitir déficits em períodos de baixa atividade, tendo como contrapartida superávits nos períodos de bonança. Se você entendesse o que o Lucas fala neste trecho que você copiou teria percebido isto.

    Aliás, o ponto central (e correto) do texto não é a questão da política fiscal ser anti-cíclica (como disseo próprio Lucas: “This is a principle the common sense of which has long been recognized”), mas sim que a restrição orçamentária intertemporal tem que ser respeitada, i.e., valores presentes de déficits e superávits têm que se cancelar.

    Talvez não devesse adicionar, mas política fiscal anti-cíclica NÃO quer dizer cortar tributos e gastos simultaneamente. Isto é só boa gestão de política fiscal em geral.

  25. Todo gasto do governo é rum,tem que ser cortado gasto para se cortar impostos.No caso dos EUA o deficit deles irão atingir 7% do PIB ano que vem.Pra que aumentar mais o deficit.

    EUA precisam de mais cortes de gastos.

  26. Adolpho

    Voce tem toda a razao sobre o moral hazard. Mas dado o desespero da situacao, ele teve de ser sacrificado no altar da sobrevivencia. (Po, eu to retorico hoje).

    Seguindo a dica do Doutrinador, dei uma espiada na nova garfada argentina. Meu, os governantes de la’ nao brincam em servico! Nao ha’ nenhum escrupulo! Numa penada a dona Kiki surrupiou todo o sistema de aposentadoria! O loco, meu! Vai cancelar bilhoes de dolares em divida publica, pois como 55 pct dos ativos dos fundos sao titulos do tesouro, a garfada permite o cancelamento. Com isso ela se financiara’ por mais algum tempo, compensando desta forma a perda de receitas com a exportacao de commodities. Isso torna ainda mais engracada a decisao do Marolinha em eliminar o dolar como moeda de troca entre os paises. Quero ver o que os bancos brasileiros farao com os pesos do saldo comercial, que antes da desvalorizacao do real era de 4 bilhoes de dolares por ano. Sera’ que o Bacen comprara’ “los miquitos”? O Marolinha vai utiliza-los como papel-de-parede em edificios publicos? Ou a eles destinara’ um fim menos nobre, nos banheiros de Brasilia?

    De qualquer maneira isso encerra mais uma discussao economica idiotica, entre os discipulos do Tio Alex e a quermesse, se a politica economica brasileira nao deveria ter seguido a argentina. Eu tenho a impressao que o ministerio do Exercito deveria preventivamente realocar umas tropinhas para a fronteira sul, so’ para impedir a onda de refugiados que esta’ para vir.

    Um grande abraco

    Kleber S.

  27. “Todo gasto do governo é rum”

    Não sei, dfeve ter tequila também…

    Vamos lá Caio:

    Você não quer polícia (só milícia para quem puder pagar). Cortes de justiça, nem pensar? E para quê cuidar da defesa nacional mesmo, não?

    Caio, se você quer ter o direito de ter sua opinião respeitada aqui precisa parar de papaguear coisas sem ter refletido a respeito. Isto não é liberalismo: é burrice e do mesmo nível que os quermesseiros. É Sicsú com sinal trocado.

  28. Kléber:

    Supostamente, em troca desta “garfada” los hermanos agora terão direito à aposentadoria paga pelo governo.

    Obviamente, quando chegar a hora, vão ser tungados de novo. Não é à toa que argentino não guarda seu dinheiro na Argentina.

    Acho que se guardar em casa a polícia vai lá e leva embora!

    Abs

    Alex

  29. Kléber:

    Supostamente, em troca desta “garfada” los hermanos agora terão direito à aposentadoria paga pelo governo.

    Obviamente, quando chegar a hora, vão ser tungados de novo. Não é à toa que argentino não guarda seu dinheiro na Argentina.

    Acho que se guardar em casa a polícia vai lá e leva embora!

    Abs

    Alex

  30. Alguns meses atras eu estava discutindo com um amigo argentino sobre a proxima forma de confisco que o governo argentino inventaria.

    Pensamos em varias alternativas, mas confesso que nao fomos criativos o suficiente para imaginar que eles roubariam as contas de aposentadorias privadas. Acho que subestimei a falta de vergonha da classe politica argentina.

    Mas eu acho que os Kirchner foram longe demais. Se a classe media argentina nao for para rua e ficar na rua ateh derrubarem esse governo nas proximas semanas, eles ganham o titulo de classe media mais “bundona” do mundo.

    (Proximas atracoes: Imposto sobre propriedades de luxo)

    “O”

  31. Mas nao tem duvida, Alex. Eu nunca vi um povo ser tao sacaneado como o argentino. Mas parece que eles gostam, pois vivem elegendo gente desse naipe. Alias, espero que eles equilibrem a situacao ate’ o ano que vem. To sem tempo pra ir pra Argentina ate’ meados de 2009. Porque essa quebra eu quero assistir “in loco”. Parte das ferias de dezembro eu vou passar na Hungria. A outra parte na Austria. Vou trabalhar no Projeto do Sopao. To aceitando socios. O negocio e’ o seguinte:

    -Nome: Pensei inicialmente em Kleber Suppen, mas como kleber em alemao quer dizer “cola”, nao acho que iria fazer muito sucesso. Ai’ decidi por BEI MAROLINHA, escrito em letras garrafais, com “alles suppen” embaixo.

    -Decoracao: pintado todo de verde, com balcoes amarelos, onde o pessoal comeria ‘a moda “steht”. Pra que sentar, certo? Ninguem vai na porra de um Sopao pra jogar cunversa fora, nao e’ mesmo? Uma catraca na entrada onde o fulano iria inserir a moeda de acesso. No centro um caldeirao de 200 litros onde o cozinheiro, um negao barrigudo, com bituca de cigarro na canto da boca, de camiseta regatas, chapeu de cook, e avental sujo, cuidaria do grude. Nas paredes, retratos e frases famosas do Marolinha em portugues, com traducao para o alemao.

    – O Cardapio

    segunda-feira: sopa de nabos. Preparada com nabos marinados em azeite de dende, em encruzilhada, pra tirar mau olhado. Eu sei que os suicos nao acreditam nisso, AINDA. Mas vai mudar.

    terca-feira: sopa de pepinos. Pepinos em profusao, de todos os tamanhos, cozidos em agua sem sal, senao a rapaziada e’ capaz de gostar.

    quarta-feira: sopa de mandioquinha. Preludio para a de quinta.

    quinta-feira: sopa de mandiocona. Dentro do tema, dara’ um tom bem brasileiro ao pedaco.

    sexta-feira: sopa de cara’. Em parceria com a de sabado, o cliente recebera’ um cupom de desconto de 50% para a sopa do dia seguinte.

    sabado: sopa de alho. Em complementacao ‘a de cara’.

    domingo: consomee da Luzia. Um maco de couve diretamente da horta (entao tematica) da companheira, cozido no caldeirao do negao ate’ que todas as folhas se dissolvam, sobrando so’ o talinho. Cada prato tera’ direito a um naquinho de talo.

    Preco: 2 francos-novos.

    Extras: fatia de pao (amanhecido) e um copo de Tubaina, por 1 franco-novo. Quem apresentar carteirinha do falecido (UBS) paga so’ 50 centavos.

    Um abracao de quebrar costela

    Kleber S.

  32. Kleber, arrebentou! Os exemplos e a linguagem não poderiam ser mais adequados. Muito obrigado!

    Alex, este espaço está excelente. Já não bastassem as elucidativas discussões sobre temas econômicos, tanto práticos como acadêmicos, agora ainda conta com a generosidade de um especialista em finanças.

    Com todo respeito que o Krugman merece, pelo nível de informação que se encontra aqui, o paralelo que eu faço é com os blogs do Rodrik e do Mankiw (ainda que neste último não haja espaço para debates), que são muito mais esclarecedores que o do recente laureado.

    Abs,

  33. Alex,

    Com está na moda o keynesianismo “autêntico”, com defesas passionais do aumento dos gastos do governo como forma de evitar o desemprego e garantir a demanda, bla, bla, bla…Será interessante observar a reação dos agentes econômicos frente a elevação dos déficits governamentais. Caso estes entendam que a elevação dos gastos hoje representa mais tributos amanhã, seus projetos de investimento deveriam ser menos promissores, da mesma forma os consumidores podem imaginar que sua renda futura estará comprometida, o que terá impacto sobre a decisão presente de consumir. Quem sabe esta crise não vem para matar de vez com os quermesseiros…

    Abç.

    M.

  34. Alex,

    você acha possível a Argentina fazer reformas do tipo que o Brasil fez em 1999? (Metas de inflação + cambio flutuante + responsabilidade fiscal)
    Se não fizer isto, eles vão continuar caindo nesta sinuca de bico. Dá até pena dos hermanos

    abs

  35. Alex nesse momento não seria melhor adotar cambio fixo? Brasil nunca teve uma inflação de 2% com o regime de cambio flutuante.

    Mesmo com a Selic mais alta (50%) ela garantia uma inflação mais baixa.

  36. Recomendo a todos a análise do Stiglitz feita em 2002 sobre o risco da Fannie Mae e Freddie Mac entrarem em default.

    http://www.sbgo.com/Papers/fmp-v1i2.pdf

    “the probability of the stress test scenario is conservatively one in 500,000 and may be smaller than one in three million. As a result, they find that the risk of a default by these companies, if they hold sufficient capital to meet the stress test, is effectively zero.”

  37. a.:

    Não vejo a menor possibilidade destas reformas na Argentina.

    Marcos:

    A meta não é 2%; é 4,5%. Se o BC entregasse 2% estaria no limite inferior da banda. Podemos continuar trabalhando com câmbio flutuante e, garanto, não precisaremos de 50% de Selic para manter a inflação ao redor da meta (mesmo se baixarem a meta).

    Abs

    Alex

  38. Parece que a presidenta Kiki e eu temos uma coisa em comum: ambos queremos que a Argentina se dane! Hoje o governo fez grande intervencao na bolsa tambem, fazendo com que o indice Merdal recuperasse 7% das perdas em poucos minutos. Interessantemente, como as ANJP detem mais ou menos um quarto das acoes negociadas na bolsa, a estatizacao tambem coloca o governo como principal stakeholder do mercado. Isso dara’ um resultado maravilhoso. Para o governo melhorar seu balance sheet, so’ o que ele tem a fazer e’ despejar dinheiro na bolsa. Ai’ as acoes sobem, e o governo contabiliza ganhos. No mes seguinte, mais do mesmo, certo? Ate’ o dia em que ele acabe precisando de uma graninha viva, quando entao a bolsa portenha sera’ destruida para sempre.

    Agora a grande pergunta: seria a MP 443, com sua autorizacao ao Bacen para fazer currency swaps com outros BCs, uma medida pra beneficiar a Argeh? Eu nao vejo grande interesse para o Fed, nem para o BCE em ter reais no caixa. Muito menos o BoJ. Ja’ nao seria o mesmo caso para os “hermanos”, nao e’ mesmo cumpadres?

    O presidente Xavito deve estar um pouco meio muito nervoso. Enquanto o preco do petroleo cai por deleveraging da especulacao financeira, machuca mas nao mata. Mas a hora em que o preco cai por causa de queda no consumo, a coisa pega. Porque o oleo venezuelano e’ um dos piores do mundo! Ai’ pode ser que a reducao de compras se de mais acentuadamente na Venezuela, uma vez que os outros oleos sao mais baratos de refinar. A conferir.

    Estou criando a minha propria agencia de credit rating. Apreciaria muito o input dos amigos com opinioes e informacao.

    Esta agencia emitiria periodicamente o Indice Ze’ do Caixao. Cada P no rating indica um prego adicional no caixao do referido pais.

    Vamos la’:

    1- PPP+ – paises que ja’ morreram e nao sabem.

    Argentina

    2- PPP – paises com dois pes na cova.

    Islandia
    Belarus

    3- PP+ – paises com um pe e meio na cova.

    Hungria

    4- PP – paises com um pe na cova.

    Turquia

    5- P+ – paises cavando o buraco.

    Indonesia
    Filipinas
    Russia
    Korea
    Brasil

    6- P – paises sob observacao.

    Austria
    Suica

    Contando com voces, do sempre teu

    Kleber S.

    PS: valeu, Arlequim

  39. “O” tio tem algumas palavras a dizer sobre a Argentina.

    O plano que foi apresentado pela Cristina K ontem eh completamente ultrajante e pos-me a pensar sobre o que levou-os a propor confiscar as contas de aposentadoria privadas.

    A logica eh bem simples para quem quer ver a luz… A medida vai para o Congresso e pelos motivos obvios, vai ser rejeitada. No momento que a medida for rejeitada, Cristina renuncia e se recolhe para a Patagonia, deixando o rabo de foguete para algum infeliz que vai ter que correr de pires na mao em Washington, Beijing, Brasilia etc e passar medidas de austeridade para evitar mais um calote.

    Portanto, minha aposta: Na noite de natal desse ano, Cristina K nao vai mais ser presidente da Argentina.

  40. Kléber:

    Eu estou devendo comentários às suas observações inteligentes e engraçadas, mas não esqueci.

    “O”:

    Há pouco meses uma história parecida pode ter rolado na esteira da derrota sobre as retenciones. O que você falou faz sentido.

    Abs

    ALex

  41. Tio “O”, voce acabou com a minha alegria…Que bruta de uma sacanagem a dona Kiki largar o trabalho pela metade!

    Valeu, Alex.

    Abracao

    Kleber S.

  42. Alex,

    A Hungria hoje apertou 300 bp.

    Aparentemente, tal aperto acalmou seu mercado cambial e o florim foi a unica moeda daquela regiao que nao depreciou frente o dolar hoje. Acho que isso vai virar moda… Em cada um daqueles paises existe um gigantesco descasamento cambial no balance sheet das familias (mortgages em euro ou francos suicos).

    Se chegarmos na reuniao do COPOM com risco significativo de um overshooting na depreciacao e o cambio acima de uns 2.20, acho que caberia tomar uma medida mais drastica que um aperto simbolico de 25 bp (nao precisamos de 300 bp), — o que vc acha?

    “O”

  43. Alex esse pacote dos EUA vai funcionar? o Federal Reserve já criou inúmeros mecanismos para facilitar a liquidez nos mercados: Term Auction Facility; Discount Window; Primary Dealer Credit Facility; Asset Backed Commercial Paper Money Market Fund Liquidity Facility; Emergency Loans; Maiden Lane LLC (Bear Stearns Fed Facility); Foreign Term Auction Facility; e Open Market Operations Collateral. Além disso, o Fed reduziu a taxa básica de juros e passou a remunerar as reservas dos bancos em seu poder.O Fed inundou o mercado de liquidez, num total que já ultrapassa US$ 1 trilhão.

    Pra que um pacote de salvamento se a intervenção do governo se mostrou ineficiente?

  44. Tio “O”, o medico do interior navegou bem em mar de almirante. Ele e’ parte do problema atual. Assim como eu nao confiaria no Alex para fazer uma cirurgia, eu tambem acho que economia e’ pra gente do ramo, como o Malan, por exemplo. Voce tem toda a razao quando diz que esta’ na hora de botar profissionais no comando. E’ muita carga pro Henricao guentar sozinho.

    Acho que a Hungria tomou a decisao desesperada de sempre. O passado nao mostra sucesso no medio prazo para medidas como essa. Continua no rating PP+. Entram com rating PP os seguintes paises:

    – Balticos
    – Sudeste Europeu (Croacia, Servia, Romenia, Bulgaria, Bosnia)
    – Ucrania

    Continuamos com forte apoio ao Aleconomics: ta’ na hora de apertar os juros, sim. Senao a situacao pode sair de controle. Alias deveriamos iniciar uma campanha extra-blog: Alex na Economia! No entanto, se o efeito Orloff com a Coreia continuar, o BC devera’ abaixar as taxas.

    A Austria continua causando “concern”. O Tio “O” retratou bem a situacao do Leste Europeu. Vao ai’ alguns numeros pra rapaziada se divertir:

    Deficit em conta-corrente (% do PIB):

    Czech Rep – 3.4
    Hungria – 4.4
    Polonia – 5.4
    Paises Balticos – 11
    Bulgaria – 23
    Outros do Sudeste Europeu – entre Balticos e Bulgaria.

    Numeros sobre os bancos austriacos (em bilhoes de euros), Raiffeisen (terceiro maior) e Bank Austria (maior):

    Ativos: R – 159
    BA – 228

    Equity: R – 8.9
    BA – 15

    PIB austriaco: 250

    Complicometros:

    1- O R tem 1.3 bi de seus ativos como “intangibles”. Que na hora do vamos ver nao compraria um prato de sopa no Bei Marolinha.

    2- O BA anunciou seus mikkassons. Pouca coisa. O R declinou comentar a quantidade, so’ confirmando a posse. Cheira maaaaaaal, cheira muuuiiiiito mal.

    3- Diferentemente do UBS e CS, que tem atuacao global, os bancos austriacos sao de enorme concentracao regional. Aonde? Ora, em todos esses paises “joia” que mencionamos acima.

    4- As acoes do Raiffeisen International, holding das filiais do leste europeu, que perfaz 60% do valor do grupo, cairam 60% nos ultimos 30 dias.

    5- Seria razoavel supor que o segundo maior banco se situe entre os dois, 190 bi de ativos, 12 de equity. Teriamos entao 3 bancos com 570 bi em ativos e 36 bi de equity, operando numa area que esta’ caindo aos pedacos, sediados em um pais de 250 bi de PIB.

    Por isso, anuncio aos amigos do Tio Alex que o Indice Ze’ do Caixao da Austria continua P, mas agora com vies negativo.

    Um abraco de quebrar costelas

    Kleber S.

    PS: Valeu, G. Howe

  45. Greenzinho, o velho safado, veio a publico hoje fazer um mea-culpa muito meia-boca. Ele declarou-se “partially wrong” na crenca da auto-regulacao dos mercados. E’ o equivalente a “ligeiramente gravida”.

    O olho ta’ fora da bola, Greenzinho! Se nao fossem os subprimes, teria sido alguma outra coisa, como o default de paises do Leste Europeu. O fato e’ o seguinte, como descrito no “mito dos adolescentes com cerveja na geladeira”, aqui postado semanas atras.(Po, eu to platonico hoje).

    Tudo ocorreu em funcao do segundo “postulado” de Kleber S.

    “O distanciamento continuado entre a renda financeira e a renda do trabalho leva ‘a ruptura sistemica”.

    Vejamos como “sua excelencia o fato” demonstra a assertiva acima.

    Nos ultimos 10 anos o salario real dos trabalhadores cresceu entre nada (US) e muito pouco nos outros paises. No entanto, a ENORME LIQUIDEZ posta no sistema inicialmente por Greenzinho, e posteriormente por toda a galera dos BCs ao redor do mundo, girada pela classe rentista, levou a uma tremenda inflacao de ativos. Acoes, casas, commodities, you name it. A uma certa altura do campeonato, o pessoal da base da piramide, que e’ a vasta maioria da populacao em qualquer sociedade, passou a nao ter poder aquisitivo para comprar ou pagar por parte dos ativos inflados. O financiamento facil e abundante esticou essa corda ate’ a ruptura. E como dizia o grande filosofo do seculo I, Nero Cesar: “Cordorum ladum mais fracum semper arrebentatus est”.

    Agora o que se assiste a nivel mundial e’ a deflacao desses ativos, uma vez que o pessoal “da base” abriu o bico e o financiamento de seu consumo evaporou. Da mesma maneira que a bolsa sobe, ela cai: o preco da acao que valoriza toda uma companhia e’ o do ultimo lote vendido no ultimo minuto do pregao. O mesmo e’ valido para uma commodity qualquer. Ou para um predio de apartamentos. Por conseguinte, o mesmo mecanismo que cria “paper money” o destroi atraves do trading de uma fracao milesimal da disponibilidade do tal ativo.

    Pessoal, financas e’ diferente da fisica. Em fisica tudo o que sobe, desce. Em financas tudo o que NAO sobe, desce. Porque ai’ o dinheiro vai imediatamente atras de outra coisa.

    Por consequencia, quando o excesso de liquidez permite que os ativos consumidos pela populacao subam alem do limite da affordability, ele esta’ simplesmente plantando a deflacao subsequente. Como parcela consideravel desse consumo nos estagios finais da bolha e’ financiado por emprestimos, nada mais natural que o estouro dessa bolha cause indimplencia a dar com pau. (Uau, agora fiquei hegeliano!)

    Tenho a impressao de que isso e’ nao so’ simulavel, como tambem modelavel. Por falar nisso, se o Krug tivesse se dedicado a esse tipo de pesquisa, talvez tivessemos evitado o desastre. Mas nao foi o caso, nao e’ mesmo? Caso ele tivesse assistido ao “Dama do lotacao” ele teria aprendido logo ali que rico transa com rico. Quando transa com pobre, da’ merda. Nao precisaria de anos de pesquisa pra concluir a mesma coisa.

    Um grande abraco aos amigos

    Kleber S.

  46. Kleber,
    Poucas vezes eu vi uma análise tão clara. Depois da explicação tudo parece óbvio, mas como diria Nelson Rodrigues, só os genios têm acesso ao óbvio.
    Alexandre, parabéns pelo excelente blog e pelo nível de seus leitores. A primeira coisa que faço aqui em Angola ao acordar é ler o seu blog e o Reinaldo Azevedo.

    Mão Visível, lido até na Africa.

    abs, BobFields

  47. Meninos eu vi! As noticias da Asia, no ovenight. Parei pra chorar varias vezes.

    Agora sao 1:40 da manha aqui na Costa Oeste, e eu to sem sono. To cum pressentimento que esta sexta-feira vai ser um furacao de josta. Alias a coisa na Europa ja’ abriu preta. A situacao da Korea piorou um bocadinho. Seu indice Ze do Caixao continua P+, mas com outlook negativo. Tambem demovida foi a Ucrania, agora com PP+ e Pakistao, aaaah, Pakistaaao, que estreia no rating com PP+ as well.

    Apesar de o forint hungaro estar despencando nessas primeiras horas da manha europeia, isso ainda nao e’ o que eu considero outlook de medio prazo.

    Pra dar mais azia nos europofilos, eu gostaria de informar a rapaziada que cerca de 22 (VINTE E DOIS) porcento do PIB de EU+UK foi emprestado por seus bancos para…TCHARAAAN: AQUELES PAISES “JOIA” DA EUROPA ORIENTAL. Imaginem so’ Bradesco, Itau e Unibanco atolados ate’ o pescoco em emprestimos da ordem de 280 BILHOES de dolares para os nossos paises-social-maravilhas como Cuba, Bolivia e Paraguai. Algum dos cumpadres poderia me dizer se ele ainda manteria acoes dos pre-falecidos em seu portfolio de investimentos? Naaaaaao, nao e’ mesmo? Nem mesmo se o cumpadre for um quermesseiro perdido por aqui.

    Pode ser que hoje tenhamos um dia inesquecivel. Ou nao, como diria Caetano.

    Um otimo dia pra toda a cambada

    Kleber S.

  48. Kleber S.

    O problema dos paises do leste europeu eh que eles emprestaram em euros (e tambem francos suicos), portanto seus balance sheet sao vulneraveis a uma desvalorizacao.

    Entretanto, existem alguns pontos positivos. A maioria desses paises nao tem divida publica, seus bancos sao estrangeiros e suas economias sao importadoras de commodities, cujos precos despencaram um bocado e “O” tio acha que vao despencar um bocado mais.

    Se eu fosse um eurocrata, existe uma solucao semi-obvia para essa crise: acelerar a adocao do euro.

    “O”

  49. “Bradesco, Itau e Unibanco atolados ate’ o pescoco em emprestimos da ordem de 280 BILHOES de dolares para os nossos paises-social-maravilhas como Cuba, Bolivia e Paraguai.”

    Nao dah nem para comparar. Paises como Hungria, Polonia, Eslovaquia e Republica Checa tem industria de verdade, mao-de-obra educada e disciplinada, infra-estrutura decente e o trem chega na hora certa. O problema do leste europeu eh descasamento cambial e excesso de endividamento das familias. O problema de nossos paises-social-maravilhas eh que nao existe nem estacao para o trem chegar.

    “O”

  50. Alex,

    Quanto ao Brasil, eu estou comecando a ficar assustado.

    A turma de Brasilia tem que entender que nao estamos sob risco de uma recessao keynesiana, aquela com demanda caindo e que necessitaria mais gasto de governo.

    Estamos em uma situacao de aumento de custo do credito externo e queda de precos de nossas exportacoes. Eh claramente um choque de oferta.

    Eh 1981 de novo. E pelo sabor das noticias que eu consigo filtrar aqui em minha caverna, dah para imaginar um deficit nominal de uns 5 por cento ou mais ano que vem. Alias, arrisco dizer que vai ser bem dificil essa turma gerar um resultado fiscal melhor que um deficit de 5 por cento do PIB em 2009 — pode escrever.

  51. parabéns a todos !! o blog alem de informativo esta hilariante!! muito bom p/ uma sexta que promete muita chuva em SP.
    pena que rimos e depois poderemos chorar, poderemos estar na pior classificação no índice zé do caixão logo …logo…

    [ ]’s a todos

    ps: onde esta alex (o ocupado) ??

    joão carlos

  52. Alex,
    esquecendo os problemas atuais do Brasil. Qual é a sua opinião sobre restrições ao capital de curto prazo, quarentena etc.
    Na minha opinião os benefícios, são bem maiores do que os custos.
    Claro que agora seria a pior hora de ser propor uma medida dessas, mas acho que vale a pena se pensar no futuro.
    Eu entendo se você não puder comentar, já que o seu empregador é certamente contra.

    abraços

  53. Eu não sei se meu empregador é contra e, se for a favor, também não me interessa.

    Eu sou contra por um motivo simples: não funciona. O melhor argumento que vi a favor foi o do Rodrik, na linha de second-best, caso não se consiga fazer uma boa regulação prudencial sobre os bancos. Segundo ele, se não for possível uma regulação perfeita dos bancos,aí controles de capital fariam sentido.

    Só que ele supõe autoridades imbecis para regular bancos e geniais para controlar capitais, o que não me parece razoável.

    Tratei deste assunto aqui:
    http://maovisivel.blogspot.com/2008/03/o-ed-me-mandou-o-link-para-o-blogo-do.html

    Abs

    Alex

  54. Kleber S.

    Tenho que discordar sobre o ponto em que você afirma que há

    “O distanciamento continuado entre a renda financeira e a renda do trabalho leva ‘a ruptura sistemica”.

    Eu realmente não sei se isso é verdade, pois apesar de ser repetido mil vezes por aí, a renda dos trabalhadores americanos não estagnou (http://papers.nber.org/papers/w13953

    http://www.heritage.org/Research/Labor/wm1943.cfm

    http://www.minneapolisfed.org/pubs/region/07-09/wages.cfm)

    Você podia fazer um blog hein!

    Abs

  55. Alex o pior controle de capitais que existe é o BC intervir no mercado de cambio.Cambio é flutuante,o BC deveria ser proibido de intervir tanto vendendo dólar como comprando.

    Se o BC não intervisse no mercado comprando tantos dólares o dólar não se desvalorizaria tanto.Vale lembrar que os dólares que o BC comprou estavam embutidos no preço do cambio.

  56. Dei uma olhada lá.
    Não sou macro-economista, portanto posso tá falando besteira.
    1. Repetindo o ponto dele: Deve ser analisado se a regulamentação da entrada de capitais pode ser mais fácil do que expandir a do sistema bancário. Talvez uma Tobin Tax fosse suficiente.

    2. Menos volatilidade no câmbio.

    3. Aumenta o custo de capital no tempo das vacas gordas, mas não melhora no tempo das vacas magras?
    O canal que eu to pensando seria através da menor volatilidade, que diminuiria a incerteza no mercado nos tempos de crise.

    4. Comentário meio heterodoxo: Outro efeito positivo seria a menor valorização do cambio nos períodos de crescimento. O Rodrik tem uns papers sobre o efeito de txa de cambio real sobre o crescimento de países em desenvolvimento. A história vem da diferença entre o mercado de tradeables e non-tradeables.
    5. Menor custo para o governo que não tem que ao esterilizar a entrada dos capitais não tem que pagar juros bem mais altos do que o rendimento que ganha nas reservas.

    Você conhece algum paper decente que analisa o caso do Chile?

  57. “1. Repetindo o ponto dele: Deve ser analisado se a regulamentação da entrada de capitais pode ser mais fácil do que expandir a do sistema bancário. Talvez uma Tobin Tax fosse suficiente.”

    Se fosse tão simples não teria fracassado em todos os lugares onde se implantou controle de câmbio. O Chile (não lembro de cabeça nenhum paper, mas o BC chileno é capaz de ter algum trabalho) abandonou a quarentena porque não funciona. Na Rússia em 1996 estrangeiro simplesmente NÃO PODIA ter papéis domésticos (coisa que os russos, gentilmente, permitiram vendendo notas para os gringos, cobrando um pequeno pedágio).

    “2. Menos volatilidade no câmbio.”

    Says who? Só se for efetivo, coisa que não parece verdadeira.

    “3. Aumenta o custo de capital no tempo das vacas gordas, mas não melhora no tempo das vacas magras?
    O canal que eu to pensando seria através da menor volatilidade, que diminuiria a incerteza no mercado nos tempos de crise.”

    Só se fosse efetivo para diminuir volatilidade. Mas o teste do pudim é ver se os controles são mantidos nos tempos de vacas magras. São?

    “4. Comentário meio heterodoxo: Outro efeito positivo seria a menor valorização do cambio nos períodos de crescimento. O Rodrik tem uns papers sobre o efeito de txa de cambio real sobre o crescimento de países em desenvolvimento. A história vem da diferença entre o mercado de tradeables e non-tradeables.”

    Argumento furado: o Samuel Pessoa notou que o resultado do Rodrick se apóia num parâmetro que captura… poupança doméstica! Mostrou para o Rodrick, que concordou…

    “5. Menor custo para o governo que não tem que ao esterilizar a entrada dos capitais não tem que pagar juros bem mais altos do que o rendimento que ganha nas reservas.”

    De novo, só se for efetivo.

    Abs

    Alex

  58. “Quanto ao Brasil, eu estou comecando a ficar assustado.

    A turma de Brasilia tem que entender que nao estamos sob risco de uma recessao keynesiana, aquela com demanda caindo e que necessitaria mais gasto de governo.”

    Somos dois.

    Estamos contemplando uma tremenda deterioração de termos de troca (o CRB voltou a níveis do começo de 2007 e não vai parar aí) conjugada com queda do volume exportado e a Fazenda discute aumentar a demanda doméstica. As conversas em torno da manjedoura devem ser impressionantes.

    Abs

    Alex

  59. Adolpho

    Eu continuo sustentando meu “postulado”. Lendo-se o webmemo #1943, de autoria de James Sherk, no website da Heritage Foundation, ha’ um grafico mostrando a evolucao do “household income”. Praticamente flat. Ja’ a participacao no PIB dos ganhos bancarios entre 97 e 06 subiu de 0.75% para 2.1%. Por favor nao confunda “income” com “compensation”. Uma coisa que tem inflado muito o compensation por aqui e’ o custo de health care. Como ele esta’ numa espiral totalmente fora de controle, o custo de “workers compensation” para a empresa sobe consideravelmente, mas o trabalhador nao melhora sua renda, e consequentemente padrao de vida, com isso porque essa grana ele nao leva pra casa.

    Tio “O”, eu concordo com tudo o que voce escreveu. Todas as diferencas listadas por voce entre os paises “joia” do leste europeu e os nossos paises-social-maravilhas sao reais. Mas ha’ uma semelhanca que nao foi observada em seus posts, na qual eu tenho posto meu foco. A semelhanca e’ que nem os sociais-maravilhas, nem os “joia” tem GRANA para satisfazer a divida seja ela milionaria, seja ela trilhonaria. Nesse particular vale o ditado” “Onde NAO comem dois, NAO comem tres”. Como consequencia, do lado credor, ha’ tambem uma grande semelhanca e uma grande diferenca. A semelhanca e’ que nenhum credor de qualquer desses dois grupos vai receber porra nenhuma. A diferenca e’ que, por uma questao de volume, o credor dos “joia” estara’ MUITO mais fod_do.

    Como side comment, as industrias que visitei na area dos EEC nao me impressionaram nem um bocadinho.

    Mais uma vez, vinte e dois porcento do PIB europeu equivale a 3.3 TRILHOES de dolares, Tio. Sabe quando os joias vao ter grana pra pagar essa bolada? No dia em que o suino da avenida Antarctica for tri-campeao mundial. Ou quando a Argentina tiver um governo honesto. Ou quando o inferno congelar.

    A conferir.

    Um grande abraco aos amigos

    PS: Alex, sobre controlar entrada de capitais ou nao, eu nao me meto a discutir pois seu conhecimento no assunto e’ indubitavelmente extenso. Eu so’ garanto uma coisa: caso o Brasil nao ache um mecanismo de evitar a super-apreciacao cambial em momento de alta liquidez internacional, a galinha vai continuar voando.

  60. “Se tivéssemos padrão ouro essa crise nem teria acontecido.”

    Essa crise não; outra muito pior. Um dos motivos da profundidade da crise de 29 (como bem lembrado pelo Saschida no seminário no Ibmec) foi exatamente a insistência no padrão-ouro.

  61. O FED emitiu moeda sem lastro.Basta ver o o balanço dele que antes da crise era de 1,8 trilhões e hj é 800 bi.Padrão ouro não teríamos moeda sendo emitida sem lastro.Leia Hayek.

  62. Marcos, pegando um gancho na resposta do Alex, o negocio em 29 foi o seguinte.

    New York City, ja’ na epoca, era uma cidade semi-falida. Os grandes credores eram europeus, e a moeda internacional era a libra. Caso os europeus puxassem o carro, eles nao levariam dolares de volta, mas ouro. Como a lei garantia a troca de papel moeda por seu equivalente em ouro, a uma taxa fixa, a perda de reservas em ouro, dependendo de sua extensao, poderia levar a uma hiperinflacao. Entao o Fed decidiu nao reflacionar e deu no que deu. Roosevelt acabou com esse cambio garantido por moedas, declarou a posse de moedas de ouro ilegal, fundiu tudo e botou em lingotes. Criou entao o que chamou de padrao ouro-bullion, que posteriormente foi enterrado por Nixon.

    O Tio Alex esta’ portanto mais uma vez certo em dizer que o padrao-ouro aprofundou a dimensao daquela crise. Mas se eu estivesse no lugar dos Fed(elhos) de entao, eu teria feito a mesma coisa. Nao porque eu concorde com o padrao-ouro, mas porque o ele era o status-quo vigente. Devemos sempre lembrar que Weimar era uma crise contemporanea para aqueles caras, num dava pra arriscar.

    Billy the Ben, nosso bandidinho favorito, agiu diferente. Porque ele sabia nao so’ da historia, como tambem que a enorme maioria das reservas dos BCs pelo mundo afora atualmente sao em dolar. Trazendo o pico historico do ouro (1980) em valor atual, da’ uns 2000 dolares por onca. Por que ele caiu abaixo de 300 ha’ nao muito tempo atras? Ora, porque BCs do mundo todo, Brasil incluido, decidiram vender a grande parte de suas reservas no vil metal, substituindo-a por dollar-denominated assets. Portanto reflacionar em dolar dana com todo mundo, uma vez que nenhuma moeda pode ser mais forte do que o ativo que a garante. O resultado foi brilhante: o dolar perdeu certo valor inicialmente, mas posteriormente recuperou everything and then some. O valor medio do dolar em relacao ao euro, medido em marcos alemaes pela decada de 90, era de aproximadamente 1.24. Esta’ quase de volta la’.

    Mas va’ ser malandro assim no raio que o parta!

    Abracao

    Kleber S.

    PS: Um bom dia ao amigo BF em Angola. Ta’ voando muito por ai’, cumpadre?

  63. Kleber S.

    Acho que esse trecho do paper do Feldstein esclarece as coisas (o paper completo tem ainda mais dados esclarecedores). Ok, eu assumo que não sou mestre no assunto, mas o Feldstein é, e ele confunde os dois conceitos (porque ambos se traduzem sim em benefícios para os trabalhadores). Por outro lado, mesmo que a renda do trabalho não tenha estagnado, a renda financeira pode muito bem ter crescido absurdamente mais.

    “The relation between wages and productivity is important because it is a key determinant of the standard of living of the employed population as well as of the distribution of income between labor and capital. If wages rise at the same pace as productivity, labor’s share of national income remains essentially unchanged.
    This paper presents specific evidence that this has happened: the share of national income going to employees is at approximately the same level now as it was in 1970.”

    Não sei se esse é o seu ponto (mas me parece ser), mas o fato de que os salários dos trabalhadores (renda monetária) ficaram realmente estagnados e até que ponto isso contribuiu para a inadimplência, uma vez que os benefícios com saúde não podem ser convertidos em dinheiro (e outras formas de labor compensation que não sejam cash), aí faz sentido. Mas acho que não é tão intuitivo assim.

    Como aumento de gastos com health care não melhora o padrão de vida?

    Parece que uma recessão braba se avizinha, teremos um repeteco da década de 30? Será que os neonazistas vão chegar ao poder? Teremos um guerra mundial? O PT vai estatizar bancos contrutoras e tudo o mais?

    Medo.

    Abs

  64. “O FED emitiu moeda sem lastro.Basta ver o o balanço dele que antes da crise era de 1,8 trilhões e hj é 800 bi.Padrão ouro não teríamos moeda sendo emitida sem lastro.Leia Hayek.”

    E não teríamos também um sistema financeiro. Eu poderia trocar ferramentas de osso por uma garrafa de água (não muito) potável. E seria difícil ler Hayek à luz de tochas.

  65. Kléber:

    Nesta linha, a tese de doutorado do Simão Silber (da USP) mostrava que foi o abandono do padrão-ouro pelo Brasil em 193x (faz tempo que eu li, me dá um desconto) foi mais importante para a recuperação econômica nos anos seguintes do que o programa de compra de café.

    Obviamente com o benefício do retrospecto… Na hora, sei lá quem tem os cojones de tentar uma coisa destas se não for posto contra a parede. Basta lembrar quanto os hermanos lutaram para evitar a catástrofe anunciada.

    Abs

    Alex

  66. Kléber:

    Nesta linha, a tese de doutorado do Simão Silber (da USP) mostrava que foi o abandono do padrão-ouro pelo Brasil em 193x (faz tempo que eu li, me dá um desconto) foi mais importante para a recuperação econômica nos anos seguintes do que o programa de compra de café.

    Obviamente com o benefício do retrospecto… Na hora, sei lá quem tem os cojones de tentar uma coisa destas se não for posto contra a parede. Basta lembrar quanto os hermanos lutaram para evitar a catástrofe anunciada.

    Abs

    Alex

  67. “Marcos disse…
    o Japão injetou mais de 2 trilhões de ienes na economia.
    E o crescimento econômico foi deu uma parada.”

    Marcos:

    Se você quer fazer análise econômica tem que ser mais cuidadoso. Em economia você NUNCA pode avaliar uma medida de política econômica pelo que ocorreu depois que ela foi implementada, isto é, você NÃO pode fazer a comparação:

    Situação antes da medida X Situação depois da medida

    e SIM:

    Situação depois da medida x
    Situação que ocorreria caso a medida não tivesse sido adotada.

    Parece meio complicado? E é, mas deixe eu ajudar com um exemplo do meu dia-a-dia.

    Todo dia tenho que escolher entre vir direto pela Marginal Pinheiros, ou fazer a volta por trás da Hebraica. O primeiro é uma pista expressa (mais rápida, mas sujeita a congestionamento) e o segundo por ruas com semáforos, msa que (quase) nunca congestionam.

    Quando a Marginal está congestionada, escolho ir por trás da Hebraica. Obviamente demoro mais do que demoraria se fosse pela Marginal sem congestionamento, mas menos do que irei demorar com a Marginal travada.

    O desafio que lanço é você usar os conceitos recém-aprendidos para refazer suas afirmações sobre EUA e Japão.

    Você consegue, ou ler muito Haiek destruiu suas chances de ser um economista de verdade?

  68. Alex,

    Gostaria se possível que você me indicasse algum estudo a respeito de dois temas:

    1)Impactos dos termos de troca no câmbio;
    2)Impactos da demanda e do câmbio sobre a inflação.

    Obrigado

    Rodrigo

  69. Realmente é um luxo ter alguem com um conhecimento tao profundo da economia como o Alex (e algum outro leitor) postando comentários num blog e respondendo a quase todas as perguntas. Espero que nao você nao fique aborrecido nunca disso. Tô aprendendo bastante desde que o achei por acaso.
    O que tenho que fazer para estar na doghouse? eu gosto dessa espressao (mesmo que saiba o que significa)
    Acabei de comprar o segundo livro do Harford, The Logic of Life. Vc o leu, né? É tao bom quanto o primeiro?
    Alejandro

  70. Da última vez que vi o balanço do Fed estava na casa dos US$1.7 t. No começo desta crise estava na casa dos US$800 bi.

    De onde veio esse dinheiro todo?

    Base monetária em agosto de 2007:

    821.968 (em milhões)

    Base monetária em 22 de outubro de 2008:

    1.143.873 (em milhões)

    Um aumentozinho de 39%!!!

    Mas tá tudo lastreado…

    O interessante é que com as “intervenção” do FED no mercado a inflação so aumentou e a crise só piorou.

  71. Eu estudo economia no Ibmec-SP problema é que eles focam muito em estatistica e econometria.As estatísticas, por mais complexas que sejam, tratam de eventos passados. Elas não podem descrever precisamente eventos não ocorridos ainda.

    Eles focam muito na matemática e esquecem da ação humana.

    ABS Marcos

  72. Alex,

    Quando falo em 5% de deficit nominal ano que vem nao eh terrorismo, nao!

    Para 2009, voce pode esquecer qualquer dividendo da Petrobras e pode esperar receita perdendo gas. Temos uma montanha de divida de curto prazo que pode ficar mais dificil de rolar. Temos tambem um ministro manteguinha que acha que aumento de salario do funcionalismo eh politica keynesiana (suprema idiotice, politica keynesiana deveria ser gasto transitorio, nao gasto permanente).

    Poe tudo isso no caldeirao e adiciona todo esse impulso a economia que os druidas estao engendrando via expansao dos ativos dos bancos estatais. Quanto voce acha que vai custar quando a CEF, BNDES ou Banco do Brasil quebrarem? (Se eh que o BNDES nao quebrou jah…) Duvido que custe menos que 50 bilhoes de reais e minha outra aposta eh que vai acontecer antes de 2010.

    Eu compraria seguro contra inflacao, ontem. Se o COPOM nao decidir por 50bp na proxima reuniao, o real vai tomar outra pancada.

    “O”

  73. Adolpho

    O que realmente importa e’ a concordancia que temos entre a razao dos crescimentos de renda do trabalho e renda financeira.

    No entanto, ‘a guisa de esclarecimento, eu gostaria de adicionar que esta discussao sobre a renda do trabalho aqui nos US e’ profundamente ideologizada. A esquerda concorda comigo (mas que barbaridade, justo eu!) e a direita com voce.

    Por que eu decidi ficar em tao ma’ companhia? Porque esse aumento no health care benefit e’ apenas e tao somente inflacionario. Eu nao tenho nenhum novo beneficio hoje do que eu tinha ha’ 10 anos atras. Mas o CUSTO do mesmo programa – pago pela empresa – hoje e’ MUITO maior. Estou vivendo melhor por causa disso? NAO. E a GRANDE pergunta, que seria a mais importante para o raciocinio que desenvolvi no post anterior: “Meu poder de compra aumentou por causa disso?” A resposta e’ OUTRO sonoro NAO. Entao a affordability dos bens discutidos acima nao evoluiu de acordo com a variacao de seus precos, variacao essa provocada principalmente pela especulacao financeira.

    Um grande abraco

    PS: Grutaqui caiu! Eu nunca na vida pensei que fosse concordar com a esquerda em qualquer coisa que fosse!

  74. Alex precisa aumentar a carga horaria de calculo nos cursos de mestrado de economia?

    Eu peguei o livro Microeconomic Theory do Andreu Mas-Colell ele exige bastante conhecimento de analise real.

  75. “O”:

    Assino embaixo. Mas as pessoas me olham como se eu fosse um completo alucinado. Se bobearem, só vão pegar a inflação de novo no final de 2009 (ainda assim se fizerem tudo certo lá na frente).

    E vamos preparar a Emgea-2 para absorver a prejoba dos bancos oficiais…

    Marcos:

    Primeiro aprenda a linguagem. Depois a use para discutir o conteúdo. Não foi assim que funcionou antes?

  76. Caros cumpadres. Se este post tivesse titulo, ele seria “Bostejando sobre a crise”. Mas ja’ que ele nao tem, vamos prosseguir assim mesmo.

    Parece que a nacao brasileira esta’ acordando do torpor marolistico a que lhe foi imbosta, digo, imposta, pelo governo (?) de plantao. Perguntas comecaram a abundar aqui no blog sobre o porvir na terra brasilis (Po, to me sentindo um autentico Mane’ Bandera). Passemos entao a alguns factoides (?) economicos do fim da semana (aparentemente infindavel) passada.

    1- O RBS (Royal Bank of Scotland) reuniu o seu Board para decidir sobre uma chamadinha de capital de 12 bilhoes de LIBRAS (que por enquanto ainda esta’ bem mais alta nominalmente que o dolar) em acoes ordinarias e 5 bi em preferenciais (que nao tem nada a ver com a “ordinaria” PP da Bovespa). Estao se antecipando ‘as perdas monstruosas a serem anunciadas em subprime-related issues. O board tambem votou sobre a mudanca do nome do banco para Real Bull Shit, which by still keeping the RBS acronym, would NOT require a change in stationary.

    2- A Russia, cuja capital e’ uma das cidades mais caras do mundo, e cujo salario medio e’ de 700 dolares/mes (olha o “segundo postulado” ai’, o galera!), esta’ tendo um pobreminha (para usar lingagem ptelha).

    Depois da invasao da Georgia, cujo “champagne” eu recomendo fortemente, a bolsa (quem sabe agora apenas um “saquinho”) de Moscou so’ nao caiu mais por falta de espaco. Como seus oligarcas e minigarcas estao alavancados up to the wazoo, e essa alavancagem foi feita tendo acoes como garantia, a Russia tem o seguinte leque de opcoes ‘a sua frente: bail them out com o Fundo Soberano, o que potencialmente renderia uma grana preta para os decision-makers, ou estatiza the whole damned thing.

    3- Gostaria muito que alguem lesse para o Marolinha o relatorio daquela firminha sueca que fabrica umas porras de uns caminhoezinhos, uma tal de VOLVO. Esta empresa liberou dados muito pouco usuais de seu orders intake from last quarter. Em comparacao com o mesmo periodo do ano passado, caiu de 41.970 para 155. E’ isso mesmo, cumpadres, nao tem erro de digitacao nao! E confirmei a noticia em every possible way. Alex, sera’ que nao tem mesmo ninguem do governo que leia o seu blog, mesmo como um espiao, que possa levar ao Marolinha a seguinte mensagem: “Iih, presidente, sujou mesmo, viu? Nao e’ nem “pequenininha gripe” nem “marolinha”. IT IS A FUCK-NG DAMNED THING THAT MAY LEVEL THE LAND!”

    Mas quem sabe o Marolinha ja’ saiba, e apenas use suas declaracoes estapafurdias (quem sabe um dia a historia as julgue como criminosas) para atingir objetivos – quem sabe – inconfessaveis. Cumpadres, voces ja’ viram qualquer governo de qualquer pais do mundo (cruzive a Uganda de Idi Amin), investir dinheiro publico em CONSTRUTORA? Me RECUSO a acreditar que ninguem esta’ levando nada nessa historia! Marolinha e sua entourage estao cometendo um equivoco fatal: o publico a quem vossas excelencias (ho, ho, ho) estao se dirigindo NAO e’ o publico que os elegeu. Ao pessoal anestesiado pelas bolsas, os senhores podem falar qualquer bobagem, porque tudo o que eles querem dos senhores e’ uma esmolinha mesmo. Porem, eles, ‘a semelhanca de seu Guia, nao leem porra nenhuma! Nao vao saber o que as Bestais do governo estao bostejando aos microfones midiaticos. Mas o mercado sim, marolenses.

    Voces “enganaram” esse mercado enquanto eles estavam no “me engane que eu gosto”. Mas agora que a puta ficou velha e ta’ pra morrer, nao tenham ilusoes de que algum dos clientes vai querer segurar alguma alca do caixao!

    E’ a pior coisa desde 29 e ninguem SABE se vai ser menos ruim. Pode acabar sendo muito pior. Fernando Blanco fez uns comentarios muito pertinentes, na linha do “po, tao falando de trilhoes como se fosse trocado”. E’ isso ai’ amigao. Todo mundo ta’ muito preocupado em dizer como vai fazer pro dinheiro entrar no mercado, mas NINGUEM estabaleceu regras sobre o como TIRAR esse dinheiro de la’. Um erro de pilotagem e estaremos todos WEIMARIZADOS! COLETIVAMENTE. A NIVEL MUNDIAL! MAS VA’ SER GLOBALIZADO ASSIM NA PIRITUBA!

    Um abraco de espremer o pulmao, do sempre teu

    Kleber S.

  77. Alex, o seu ultimo comentario tem quase um erro de logica, seguindo sua propria linha de raciocinio em post anterior: por que um imbecil de agora iria nao errar em mais nada ate’ o fim de 2009?

    Abracao

    Kleber S., pelo aumento da taxa de juros JA’!

  78. Kleber,

    estou aqui tentando beber um pouco da sabedoria de voces para voar menos nos assuntos.
    Embrenhado no meio da savana numa prospecção de diamantes e com nenhuma opção de lazer. O melhor a fazer é estudar e ler enquanto a galera aqui enche a cara.
    Fiz minha graduação numa boate lá de Ipanema (Fac. Candido Mendes) e só no MBA do IBMEC eu fui aprender um pouco de economia.
    Estou aproveitando para rever meus conceitos, eu que achava Hayek o máximo e desdenhava do Lord Keynes.
    Keep up the good work.

    abs, BobFields

  79. Alex,

    Pelo menos uma boa noticia eh que depois dessas eleicoes municipais, o Lula claramente vira um pato manco — tenho alguma esperanca que o Congresso diga nao para as piores manteguices ou dilmices. Com o prospecto do PT sair do poder em 2010, o risco de nassificacao de nossa politica economica fica limitado.

    Outra boa noticia eh que nao vamos mais sofrer de “resource curse” devido ao pre-sal.

    “O”

    P.S. Mais tarde eu lhe envio a coluna classica do bresser tecendo loas a politica economica argentina, acho que merece ser postada no dia que a Cristina cair/renunciar ou der o calote.

    P.S.2 Outra coluna boa eh do Paulo Bombinha aconselhando o Bacen a diversificar as reservas comprando mais euro quando o euro estava 1.60 pro dolar.

  80. “O”:

    Pode mandar. Eu tenho um bestiário onde guardo os grandes momentos da quermesse, mas estes dois eu não tenho.

    Kléber:

    Eu vou reunir alguns dos seus comentários e publicar como post. OK?

    Abs

    Alex

  81. Sugestão ao Marcos…

    O livro “O Caminho da Servidão” do Hayek é uma genial explicaçao de como o Nazismo subiu ao poder (e ajuda a explicar fenômenos como Hugo Chávez, Evo Morales, etc..), o livro do Mises “Socialism” tem excelentes críticas principalmente ao comunismo, mas, atualmente, a economia deles é mais ultrapassada que o Rubens Barrichello na F1.
    As criticas, sobretudo do Mises, à econometria, são totalmente inválidas no contexto atual (talvez fizessem sentido na década de 20, quando ele escreveu aquele calhamaço chamado “Ação Humana”). Se ele tivesse escrito nos dias de hoje aquele capítulo em que fala mal dos métodos econométricos, talvez fosse direto para um “Testando os Limits da Cretinice”.

    Sério, Marcos, você está estudando agora no IBMEC-SP. Tendo aula de economia de verdade. Esqueça a economia austríaca, ao menos evite usar o “Ação Humana” como os esquerdinhas usam “O Capital”. Senão, você corre um sério risco de se tornar um Sicsú de sinal trocado, como tio Alex falou bem. Os austríacos trouxeram muitas contribuições, mas sair repetindo chavões de acordo com o que Mises ou Hayek escreveram ou tratá-los como profetas da verdade não vai te fazer um bom economista. No máximo, um maluco que pode ser útil como contraponto aos insanos da Unicamp.

    Edson F.

  82. Um comentario rapido… Essa visao pessimista da economia brasileira, que se preocupa com a possibilidade de uma crise na rolagem de nossa divida parece loucura para muitos de nos que trabalhamos em SP e andamos tomando o Ki-Suco… Mas colegas meus de outros paises latino-americanos (Argentina, Uruguai, Mexico) sao bem ceticos com relacao aa possibilidade da economia brasileira “weather” uma crise mais seria devido ao problema da maturidade curta da divida publica.

    “O”

  83. Agora para falar de um assunto mais feliz, que cacetada que o Palmeiras levou no Rio, hem? Acho que os porquinhos podem ficar fora ate da Libertadores ano que vem.

  84. Alex uma queda das commodities não barate-a os produtos importados em geral? Com os commodities em baixa tende a tornar mais baratos os importados pois reduz os custos com matéria prima tende a se reduzir.

    Essa desvalorização cambial não poderia ser compeçada pelo barateamento dos produtos em dólares?

  85. FALANDO SERIO! (But not that much!)

    Os queridos primos que usam parte do seu tempo para ler as mal tracadas linhas dos meus comentarios em portugues chulo, podem ter depreendido que o meu Bazofionomics tem um forte embasamento dialetico. Parte dele vindo dos filosofos naturistas (nao gosto muito de usar o termo “platonico”, para nao ser confundido com amor de broxa), parte hegeliano. Esta segunda vertente e’ perigosa como uma navalha, como debateremos um dia no blog, uma vez que a antitese seja mal estabelecida, o resultado e’ fatalmente catastrofico. Marx, o gorduxo xarlatao que o diga.
    Platao escreveu uma obra monumental, A Republica, onde ele frequentemente recorre ‘a utilizacao de exemplos “graficos”, chamados de “mitos”. O “Mito da Caverna” e’ particularmente interessante. Eu ja’ recorri ‘a mesma tecnica no “mito dos adolescentes e a cerveja na geladeira”. Hoje, seguindo a mesma linha, criarei outro “mito”, mas com mais tempo para desenvolver o raciocinio juntamente com a cambada. Se interromper antes do final, e’ porque a bateria dessa porra desse Blackberry esta’ acabando.

    Entao vamos la’, mocada. Tratemos pois da construcao do “mito da piscina de josta”.

    Um dia Zeus (a suprema divindade grega) botou um urubu para bicar o figado do Prometeu, acorrentado. O que a midia da epoca nao cobriu, e’ que tambem os mortais pagaram sua parte do pato.

    Zeus mandou construir uma piscina de uns 2.5 metros de altura, e botou uns 200 neguinhos em seu interior. Cada neguinho simbolizava um pais, e sua altura era do tamanho da economia do pais representado. Tinhamos entao uma porcao de anoezinhos de 90 centimetros de altura, como tambem um negao de 2 metros e 20. Puto da vida como ele estava, ele chamou Hades, o deus do inferno, para aprontar uma sacanagemzinha com a tigrada, que era encher a piscina de josta. Hades chegou com uma betoneira, cheia de um sludge merdolento, que comecou a despejar na tal piscina. Inicialmente a tigrada ficou incomodada com o cheiro. 10 cm, 20, cm, 50 cm. Ai’ ja’ tava ate’ que meio tranquilo, pois todo mundo ja’ estava se acomodando ao fedor.

    Quando o nivel chegou a 80 cm, o pessoalzinho miudo, paralizado de pavor, comecou a gritar em unissono, um canto triste e macabro:

    “Num faz oooonda, num faz oooonda!”

    Ouvindo o apelo dos neguinhos, Hades teve uma ideia genial: botou um dispositivo para enchimento/esvaziamento rapido no fundo da piscina e uma “paddle” enorme em uma das extremidades. Com isso ele poderia nao so’ variar o nivel da josta, como tambem criar ondas ou marolas so’ para aumentar o tumulto.

    O “primo” leitor deve estar se perguntando: “OK, Kleber S. Muito engracado. Mas quicatsu que isso tem a ver com economia?”

    Vamos la’ mermao. Isso tem a ver com o fator “volatilidade”. Imagine voce, que analisou tudo direitinho sobre a macroeconomia brasileira e mundial, e decidiu acertadamente que a Bovespa iria despencar, portanto fazendo o shorting de uma pa’ de acoes. Mas eis que nao mais que de repente, um bando de retardados vai ‘as compras e promove um rally farsesco como o do dia 13. Apesar de estar 100 pct certo, no dia 14 voce poderia acordar na sarjeta, certo?

    O mesmo se passa entre paises. Fulanos fazendo a tal “licao de casa” perfeitamente, poderiam ser “wiped-out” numa onda na “piscina de Hades”. Ele pode acabar com uma mao na frente, outra atras. Tipo a Islandia.

    Isto posto, para enriquecer o nosso Indice Ze’ do Caixao, estaremos tambem emitindo o indice de volatilidade. Eu sei que ja’ existe o Indice VIX para isso. Mas como esse indice nao aborda a condicao macroeconomica das nacoes, em homenagem ao “mito da piscina de josta”, estaremos emitindo o indice JIX. Este indice tera’ dois numeros: um para a profundidade, outro para a amplitude de sua oscilacao, tipo:

    “JIX, Nov 1st 08:

    Height: 90 cm

    Amplitude: 10 cm”

    E um abraco de quebrar costela para todos os sobrinhos do Tio Alex.

    Kleber S.

  86. “O”:

    Impressionante como os caras ainda não aprenderam. Neste aspecto, ter vivido 2002 ajuda muito: enquanto a maioria dos países faz testes de estresse no computador, a gente passou por um de verdade.

    Não que eu queira fazer pouco da crise, mas a dívida pública passou por coisas piores e sobreviveu. Obviamente vale hoje o mesmo alerta que escrevi em 2002: o sistema bancário não pode ir pro saco. Como não acredito que isto vá acontecer, o que poderemos ver de pior é a reversão de parte do progresso de alongamento da dívida.

    A lembrar que, ao contrário de 2002, estamos ativos em dólares e a relação dívida PIB só faz cair.

    Abs

    Alex

  87. Acabei de ler todos os comentários em uma tacada. Vou demorar um tempo pra digerir/entender o que foi dito e os comentários do Kleber são muitos bons.

    No BEI MAROLINHA, faltou uma sopa de feijão para ajudar contra a ressaca.

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