Porre de fim de ano. Por Silvia Zaclis

…Porre político, porre pelo desaparecimento de tanta gente bacana, porre pela falta de perspectivas no mundo, porre de covid, porre de pagar contas, porre de uma guerra estúpida, porre de “ver triunfar as nulidades”, porre de sentir que mais um ano se passou sem trazer brilho ou luz…

pore de fim de ano

A pior coisa, para mim, é sentir os efeitos de uma colossal ressaca de fim de ano sem ter a contrapartida de algum prazer etílico.

Eu não bebo uísque, nem cerveja, nem pinga, nem mesmo vinho – às vezes consigo tomar meio copo, e olhe lá.

Viram o absurdo da coisa?

Porre político, porre pelo desaparecimento de tanta gente bacana, porre pela falta de perspectivas no mundo, porre de covid, porre de pagar contas, porre de uma guerra estúpida, porre de “ver triunfar as nulidades”, porre de sentir que mais um ano se passou sem trazer brilho ou luz.

A ressaca, espero que ela só dure até o réveillon. Dia primeiro dou aquela respirada e fico na torcida por um belo dia de sol. Tiro o pó da esperança, tão inútil nos últimos anos, e a lanço para o alto. Que cresça e chova sobre nós.

Eterna otimista que sou (mas agora meu copo tem só um terço de água, e olhe lá), procuro a pedra fundamental que sustente o ano de  2023.

Encontro algumas pessoas, a resiliência desse povo, a perspectiva pessoal de continuar trabalhando com o que gosto, o desenvolvimento de vacinas, de novas técnicas médicas.

Encontro ainda aqueles que doam hospitais, que trabalham em projetos sociais, que se dedicam ao bem comum. Novos escritores, cineastas geniais. Eu ia acrescentar mais um “…e olhe lá…” mas até que essa lista apresenta algumas perspectivas.

A verdade é que, faz tempo, parei de criar listas. A ruptura se deu aconteceu quando num dezembro desses dei um Control C – Control V na lista de desejos do ano anterior.

Lembro, que da extensa enumeração dos pedidos de então, só um acabou se realizando, e olhe que foi preciso esperar até novembro deste ano; uma dolorosa espera. Mas o fato é realidade e merece ser acrescentado à minha pedra fundamental.

Se der sorte, essa mudança pode funcionar como uma espécie de licença para que eu possa torcer por aquele dia de Sol, mesmo que entre nuvens, com a mesma esperança recém espanada.

E olhe lá.

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SILVIA ZACLISÉ JORNALISTA

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