se o telefone bater

…Na extrema esquerda, aparece o ajudante de ordens, o então major Mauro Cid, hoje na prisão. Marquei com flecha os três telefones celulares que se adivinham na imagem: um na mão direita do assessor, mais um em cada bolso da calça dele…

se o telefone bater

Pra enxergar melhor, amplie a imagem estampada acima.

O instantâneo foi batido em maio de 2020, no auge da primeira onda de Covid.

O então presidente aparece no centro da imagem. Ao redor, um batalhão de seguranças, reconhecíveis pelos óculos escuros estilo anos 60 e pelo fone de ouvido.

Um personagem de óculos pendurados na camiseta carrega uma pasta preta. Dado que não parecem dirigir-se a nenhuma reunião de trabalho, pode-se supor que a pasta pertença ao presidente. Talvez contenha alguma importante minuta, se é que me faço entender.

O presidente pela mão leva a criança, sua filha.

Na extrema esquerda, aparece o ajudante de ordens, o então major Mauro Cid, hoje na prisão. Marquei com flecha os três telefones celulares que se adivinham na imagem: um na mão direita do assessor, mais um em cada bolso da calça dele.

O presidente não parece levar nenhum telefone, fato inabitual em pessoa sabidamente ligada a esse meio de comunicação.

Esse fato invulgar nos leva a desconfiar que um dos aparelhos que o ajudante de ordens leva no bolso pertença ao chefe. Talvez até os dois celulares.

É possível que essa promiscuidade telefônica tenha despertado a curiosidade da PF que, acertadamente, confiscou os aparelhos de cada um dos dois, chefe e assessor, ao mesmo tempo.

Parece que o aparelho de Bolsonaro estava mudo, tudo apagado e nada mais. Mas o(s) do faz-tudo do chefe estava(m) recheado(s) de informações importantes, que vão pingando aos poucos.

Espremendo bem, inda vai acabar saindo o rascunho da minuta do golpe.

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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos,  dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.

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3 thoughts on “Se o telefone bater. Por José Horta Manzano

  1. Caro Manzano,
    Esqueceu a bandeira dos USA desfraldada ao vento, como bem gostam os que atacam o “Império do Mal”.
    Estar em terras americanas – do Norte – é o que muita gente quer, vide as enormes multidões que para lá se dirigem, de forma ilegal ou legal.
    Eu, particularmente – a exceção de músicas e músicos – nunca tive grande atração por aquela parte do mundo.
    Fico a pensar qual o sentido de uma pessoa mover tanto empenho para se instalar em outro país – no caso nosso enigmático ex-presidente – por algum tempo; grosso modo, parece a coluna Prestes, que de repente se recolheu na Bolívia e, “puff” se acabou.
    Em tempos modernos, o Jair levou sua coluna para os USA.
    Como considero Carlos Prestes um inútil para nosso país, faço a comparação.
    A grandiosidade de um líder é ver sua obra acabada, não a deixar incompleta.
    Para o bem ou para o mal, quem se dispõe a liderar um pais ou uma tese, tem que encerrar o ciclo.
    Tem que dar a cara, não fingir ser revolucionário, se escondendo atrás de outros, como é o caso.
    Triste país que vive de falsos lideres, sem noção do estrago que causa aos do andar de baixo.

    Um abraço.

    Inté!

    SP 06/05/2023

  2. Têm razão os dois. É no mínimo curioso que um passeio oficial do PR seja ornado pela bandeira de dois estados estrangeiros. É sem dúvida uma demonstração da amálgama que o clã Bolsonaro faz entre governo e Estado. Eles acreditam que os dois conceitos se equivalem, que são a mesma coisa. Não é assim.

    Na verdade, a presença daquelas bandeiras significa identificação do GOVERNO brasileiro de então com o GOVERNO dos EUA e de Israel de então. Dado que governos passam e o Estado fica, profissões de fé como essa se tornam anacrônicas rapidamente. De fato, a extrema-direita não é política permanente de nenhum desses três Estados.

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