Claudia Roth, ministra da Cutura e Mídia da Alemanha - Partido Verde

Ministra alemã provoca crise no Festival de Berlim. Por Rui Martins

Produtores e cineastas protestam: ministra alemã provocou crise no Festival de Berlim

Carlo Chatrian – diretor artístico do Festival de Berlim, Carlo Chatrian, levado à renúncia.

A ministra verde alemã da Cultura e Mídia, Claudia Roth, fez o que nenhum político deve fazer: provocou a demissão do diretor artístico do prestigioso Festival de Berlim, Carlo Chatrian.

A crise começou no fim-de-semana e agora já são mais de 300 produtores e realizadores manifestando seu descontentamento, pedindo a permanência de Carlo Chatrian.

Até agora a direção do Festival de Berlin tem sido dupla. Uma direção executiva com a alemã Mariette Rissenbeek, que já havia anunciado sua partida,  em fevereiro de 2024 ao término do próximo Festival de Berlim. E uma direção artística com o italiano Carlo Chatrian que, depois de conversações com a ministra Cláudia Roth, sentia-se confirmado nessa função, apesar das modificações por ela programadas.

Isso não ocorreu e teria sido oferecido a Carlo Chatrian um cargo irrelevante de consolação. Sentindo-se humilhado e ofendido, Chatrian, que já foi o diretor do Festival de Locarno, na Suíça, colocou no site da Berlinale sua demissão nos seguintes termos: “Nos últimos quatro anos na Berlinale, tive a sorte de trabalhar com pessoas extraordinárias, tão apaixonadas por cinema quanto eu, que estão totalmente dedicadas a revitalizar um dos maiores festivais de cinema do mundo. Juntos ajudamos muitos talentos e grandes histórias a serem revelados ao mundo. Sou grato a todas as pessoas que me apoiaram e acreditaram em mim. Pensei que a continuidade poderia ser facilitada se eu continuasse a fazer parte do festival, mas, na nova estrutura tal como foi apresentada, é bastante claro que já não existem condições para que eu continue como Diretor Artístico. A próxima edição do festival será, portanto, o fim desta jornada gratificante.”

Está circulando pela Internet a seguinte Carta Aberta em  apoio a Carlo Chatrian, diretor artístico da Berlinale, já com mais de 300 assinaturas:

“Nós, um grupo diversificado de cineastas de todo o mundo, que temos profundo respeito pelo Festival Internacional de Cinema de Berlim como um lugar para grandes filmes de todos os tipos, protestamos contra o comportamento prejudicial, pouco profissional e imoral da ministra de Estado Claudia Roth ao forçar o estimado diretor artístico Carlo Chatrian renunciar apesar das promessas de prolongar seu contrato.

Carlo Chatrian pode não ser um showman, mas com o seu jeito tranquilo, ele e a sua equipE escolheram um caminho curatorial aberto e artisticamente gratificante, mostrando novas direções no cinema mundial, desafiando estereótipos e ligando diferentes vertentes da produção cinematográfica.

Apesar das circunstâncias mais difíceis, todas fora do controle de Chatrian – a pandemia, as restrições financeiras e a deterioração do centro de festivais em torno da Potsdamer Platz – as edições anteriores sob sua orientação foram muito vivas, cheias de surpresas positivas e, apesar de um número menor de filmes exibidos , muito popular, a par dos tempos pré-pandemia.

Além disso, os filmes galardoados com os principais prêmios importantes do festival nos últimos quatro anos confirmam-se como filmes importantes, pois todos são aclamados pela crítica e exibidos em todo o mundo, quer em circuitos comerciais, quer em outros festivais importantes.”

Rui Martins, da Europa,  fez a cobertura do último Festival de Berlim.


  • Rui Martins também está em versão sonora no Youtube, em seu canal –

https://www.youtube.com/@rpertins

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Rui Martins – é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.

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