Filho(a) de rico também pode ser preso! Por Meraldo Zisman

Família disfuncional 

       Filho(a) de rico também pode ser preso!

 Meraldo Zisman

Devemos compreender que o jovem é normalmente violento. Essa violência faz parte do desenvolvimento natural de nossa espécie. Quer queiramos ou não, teremos que conviver com o atributo de rebeldia da juventude…

Defino ‘família disfuncional’ como sendo aquela que não funciona de acordo com a sua realidade e com os padrões sociais.

Tanto os comportamentos socialmente positivos quanto os negativos são absorvidos na vivência da dinâmica familiar, iniciada pelos avós, que passam para os pais e estes para seus filhos, dando origem ao Padrão Trigeracional (os sentimentos/ações acumulados durante as interações entre os membros de três gerações de uma família). Tal Padrão pode resultar num ciclo intergeracional de valores morais ou não (ação socialmente ruim).

A infância e a adolescência são períodos de moldagem da personalidade do adulto, por vezes tumultuadas por crianças e adolescentes difíceis, que extrapolam a simples rebeldia. Devemos compreender que o jovem é normalmente violento. Essa violência faz parte do desenvolvimento natural de nossa espécie. Quer queiramos ou não, teremos que conviver com o atributo de rebeldia da juventude.

A permissividade dos adultos que tentam ser pós-modernos ou qualquer outra designação assemelhada, leva o jovem a uma maior desorientação, sensação de abandono, aumento das dúvidas e insegurança.

Apesar de toda compreensão de que os mais velhos devem prover-se para enfrentar essas atitudes de ‘rebeldia da mocidade’, é mandatório estabelecer limites entre o apropriado e o marginal.

Tenho consciência de que os jovens representam, de certa forma, as forças que criam as transformações sociais. Não poucas vezes essa energia transpassa para o lado destrutivo. Cabe então ao adulto ser coerente, repudiando energicamente a selvageria, sob todas as suas formas – e com autoridade.

A permissividade dos adultos que tentam ser pós-modernos ou qualquer outra designação assemelhada, leva o jovem a uma maior desorientação, sensação de abandono, aumento das dúvidas e insegurança.

Os pais, temerosos de serem taxados de quadrados, arcaicos, atrasados, são, não poucas vezes, os principais geradores dos comportamentos criminosos (em maior ou menor grau) dos seus filhos e filhas.  As fronteiras entre acidentes, negligência e comportamento antissocial são tênues.

As famílias disfuncionais mais pobres e numericamente maiores são as que formarão os delinquentes juvenis, espancadores, criminosos, terroristas e também os presidiários das gerações seguintes, o que resulta em sucessivos ciclos de violência.

Será que a cor da pele é causadora de violência? Essa e tantas outras explosões opinativas e preconceituosas são apenas achismo.

Chega de discutir a importância do que empurrou um jovem a atitudes antissociais. Será muito mais construtivo e preventivo estudar de que maneira aumentar a sua capacidade de adaptação…

O que acontece, acredito, é que a maioria da nossa população é constituída por pobres. As estatísticas apontam para o alto percentual de famílias pobres – e números percentuais dependem dos absolutos.

Chega de discutir a importância do que empurrou um jovem a atitudes antissociais. Será muito mais construtivo e preventivo estudar de que maneira aumentar a sua capacidade de adaptação, fortalecendo os fatores de proteção às adversidades e reforçando os conceitos de como atravessar a vida de maneira sadia, como cidadão, seja habitante da cidade ou do campo, sem prejulgar pelo nome/importância da família da qual se origina.  

O assunto é urgente e não permite que se perca mais tempo com divagações, pesquisas e lamentações centradas exclusivamente nas adversidades socioeconômicas.

Um favelado não precisa tornar-se, obrigatoriamente, um presidiário, assim como um filho de um rico nem sempre quer ser um virtuoso na vida. Chega de diagnóstico de situação, vamos cuidar da prevenção.   Ou prevenimos ou ‘corrigimos’. Atenção: a prisão foi feita para pobre e também para os filhinhos e filhinhas do papai.

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23/02/2011. Credito: Cecilia de Sa Pereira/DP/D.A Press. Recife/PE. Vida Urbana. Materia sobre a visita do presidente nacional da Associacao dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, o brigadeiro Helio Goncalves a sede dos Diarios Associados PE. O brigadeiro esteve acompanhado pelos senhores Eudes Souza Leao e Meraldo Zisman (NA FOTO).

Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. Foi um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha)

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