Site que faz apologia do PCC é investigado por autoridades de SP

Por Claudio Tognolli

Publicado no site do autor, no Yahoo, https://br.noticias.yahoo.com/ - 30 de julho de 2017

Um site de apoio ao Primeiro Comando da Capital é investigado pelo Ministério Público de São Paulo.

Eis o link:

http://www.aconteceuemitu.org

Embora o dono do site, Rícard Wagner Rizzi, do interior Paulista, cidade de Itu, coloque como epigrama a chamada “Este site, seu autor, e seus colaboradores não possuem nenhuma vinculação com a facção Primeiro Comando da Capital”, os promotores e procuradores do MP, que investigam a facção, tiveram seus olhares alertados pelo conteúdo.

 Há frases filosoficamente enigmáticas no site, como: 

“O grito de guerra do Primeiro Comando da Capital é “Fé em Deus que Ele é justo. Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Precisamos de santos e pecadores, mas quem são os santos e quem são os pecadores afinal?”

 O site faz apologia ao PCC, segundo as autoridades, ao publicar o estatuto do grupo criminoso:

 http://www.aconteceuemitu.org/2012/01/o-estatuto-do-pcc-primeiro-comando-da.html

Lá você encontra também um dicionário do PCC, bem como o regimento disciplinar da facção:

 http://www.aconteceuemitu.org/2017/04/dicionario-regimento-disciplinar-pcc.html

Constam do site trechos curiosos:

“No entorno do CDP de Sorocaba centenas de pessoas, quase todas mulheres aguardam desde as primeiras horas do dia para poderem entrar e visitar seus filhos, maridos, ou pais. Ninguém está feliz de estar alí, mas a tristeza não é o que domina, afinal a vida é assim. 

Eu assim como muitos dos que lá estão não vão entrar, pelo menos não desta vez e talvez nem como visita, mas ficamos do lado de fora. Apenas observo com o respeito que o ambiente determina aquelas mulheres – as regras do 1533 são claras e a justiça é rápida.

Ali circulam as “irmãs”, “cunhadas”, “sogras”, “companheiras”, arlequinas, e algumas garotas que foram para cumprir alguma missão específica – as aspas estão aí pois o sentido familiar não é o tradicional, vale para a família 1533 e todos tem que respeitar”.

Outro trecho enigmático:

“Houve um tempo em que eu acreditava em um mundo ideal, onde a polícia defenderia com justiça as pessoas, mas esse tempo acabou. A pesquisadora Deborah Rio demonstrou que a elite pensante aposta mais na segurança e na tranquilidade que podem ser trazidos pelos disciplinas do Primeiro Comando do que pelas forças de segurança do poder público. 

Para vermos a realidade temos que abandonar nossas ilusões. Se por um lado é fato que os estados e as regiões onde há o domínio claro do Primeiro Comando da Capital o índice de homicídios e pequenos delitos diminui, por outro a “opressão do sistema” é substituído por uma força ainda mais negra, que não teme em mutilar e matar, talvez”.

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– Claudio Tognolli – é jornalista há 35 anos e já passou por “Veja”, “Jornal da Tarde”, “Caros Amigos”, “Joyce Pascowitch”, “Rolling Stone”, “Galileu”, “Consultor Jurídico”, rádios CBN, Eldorado e Jovem Pan e “Folha de S. Paulo”. Ganhou prêmios de jornalismo e literatura como Esso e Jabuti. É diretor-fundador da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e membro do ICIJ (International Consortium of Investigative Journalism). Professor da ECA-USP, escreveu 12 livros.
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/claudio-tognolli/