Nem sempre a novidade é avanço. Por Maria Helena RR de Sousa

NEM SEMPRE A NOVIDADE É AVANÇO

Por Maria Helena RR de Sousa

Quando a propaganda fala em novos formatos e novas embalagens, já me aproximo com imensa desconfiança. Nos remédios, a nova embalagem quase sempre significa aumento de preço…

 Artigo publicado originalmente no Blog Ricardo Noblat, 
Veja online, 24 de agosto de 2018

No meio da correspondência, entre cartas, informes, contas e anúncios que encontro toda vez que vou olhar minha caixa de correspondência aqui no prédio, veio uma tripa de papel, de mais ou menos 30 cm X 10 cm, que por pouco não rasgo e jogo na lixeira, pensando que fosse apenas um anúncio de delivery de pizzas, o mais comum entre os que encontro na caixinha.

Foi pura sorte meus olhos terem batido na palavra Light. Era, sim, a nova conta da Light em seu novo formato (e nova cor, passou do vermelho para o verde…). Esse papelinho nos é apresentado como mais praticidade, menos papel e maior transparência na leitura do nosso consumo de energia elétrica.

Entro em total desacordo com a Light. Para economizar papel, a Light teve que diminuir o tamanho das letras e números. O que, em vez de facilitar a leitura, faz é dificultar, pelo menos para quem não tem mais, digamos, quarenta anos. Para ler a nova conta e seu importantíssimo link que uso para o pagamento on line, tive que me valer dos óculos e de uma lupa!

Foi para o bem do consumidor de energia ou para o bem do bolso da pobre Light? O que é que você acha, leitor?

E quanto aos remédios? Quando a propaganda fala em novos formatos e novas embalagens, já me aproximo com imensa desconfiança. Nos remédios, a nova embalagem quase sempre significa aumento de preço. E o fato de que as caixas, uma vez abertas, não poderão mais ser bem fechadas, pois para abri-las temos que rasgar a tampa, não tem outro jeito.

… Tenho um amigo que sempre disse que o progresso industrial de uma nação pode ser medido pelas embalagens fabricadas no país. Eu achava isso engraçado. Já não acho…

Infelizmente, uso muitos remédios, dos mais variados laboratórios e uma vez aberta uma caixa de um determinado remédio só o que consigo é encostar a antiga tampa na caixinha. Fechar, nunca mais.

Isso só acontece com os remédios? Não, imagine, também com biscoitos, sucrilhos, farinhas, e muitas outras coisas. Tenho um amigo que sempre disse que o progresso industrial de uma nação pode ser medido pelas embalagens fabricadas no país. Eu achava isso engraçado. Já não acho…

Vamos torcer para que os eleitos nas eleições de outubro cumpram melhor a propaganda que os acompanha e que, bem acabados e mais resistentes que nossas embalagens, sejam novidades que sirvam ao Brasil durante um bom tempo…

 O fato é que ao comparar produtos feitos no exterior aos feitos aqui, mais uma vez confirmo que meu amigo está é muito certo. Tomo como exemplo os discos. As caixas de acrílico dos CDs ingleses, alemães ou americanos, mesmo que abertas e fechadas com muita regularidade, duram muitos anos.

Já as nossas, coitadinhas… se você ao abri-las não tiver muito cuidado, logo, logo, as tampas vão desmontar e a caixinha ficará inutilizada. O mesmo com os LPs. Tenho ingleses comprados em Londres na década de 60 do século passado que parece que foram comprados ontem o que, para quem ama seus discos, é um prazer que os fabricados aqui no Brasil não permitem.

Mas isso são objetos. Vamos torcer para que os eleitos nas eleições de outubro cumpram melhor a propaganda que os acompanha e que, bem acabados e mais resistentes que nossas embalagens, sejam novidades que sirvam ao Brasil durante um bom tempo e, de preferência, que não nos custem muito caro…

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Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa*
Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.

1 thought on “Nem sempre a novidade é avanço. Por Maria Helena RR de Sousa

  1. Humor
    ELEIÇÕES 2018

    1ª hipótese: Se fatos novos ocorrerem, sejam causados por inimagináveis escanda-los ou uma série de acidentes vitimando Bolsonaro, Alckmin, Marina, Ciro Gomes e Haddad, então – por indicação do Lula, o Guilherme Boulos será eleito para fazer o papel de dublê de Presidente da República a partir de 1º janeiro de 2.019.

    2ª hipótese: Se uma grande molecagem jurídica for posta em prática e a candidatura do Lula for liberada, ele será eleito já no primeiro turno.

    Enfim, depois que o cachaceiro passou por um processo de envelhecimento em meio a móveis de carvalho na sala xilindró de estado maior da Federal e, por mais que seja difícil entender e aceitar,

    Quando o povo quer,
    o povo toma e gosta, pede bis
    e não larga mais do vício.

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