A Europa mais longe. E mais rica. Coluna Mário Marinho

A Europa mais longe. E mais rica.

COLUNA MÁRIO MARINHO

Foi dada a largada nesta quinta-feira para a disputa da primeira Liga das Nações da Uefa ou, simplesmente, Liga das Nações.

O torneio, que reunirá 55 seleções europeias e será disputado de dois em dois anos, utilizará as chamadas “Datas Fifa” ou seja as datas em que os torneios europeus sofrem interrupções para que as seleções nacionais possam realizar amistosos.

Há cerca de cinco anos os cartolas das federações europeias vêm procurando uma forma de fazer (mais) dinheiro com seu rico futebol. Eles chegaram à conclusão que os times estão ganhando muito com direito de televisão, enquanto as federações vinham sentindo emagrecer seu gordo dinheirinho – aliás, dinheirão.

Assim, as tais datas Fifa serão agora ocupadas com a Liga das Nações.

O que temos a ver com isso?

Simples: não teremos mais datas para que a nós, não-europeus, vejamos nossas seleções enfrentando os franceses campeões do mundo, os alemães, espanhóis, croatas, portugueses…

De agora em diante, nossos amistosos serão contra a Argentina, Paraguai, Uruguai, Estados Unidos, El Salvador…

As consequências são claramente desastrosas.

Primeiro, no plano técnico.

Ao não conseguirmos adversários do primeiro mundo futebolístico, nós os americanos do sul, do norte e do centro, os asiáticos, os africanos chegaremos a uma Copa do Mundo sem sabermos, realmente, quais nossas reais condições técnicas.

No plano financeiro, então, nem se fala.

Quanto vai faturar a Seleção Brasileira ao enfrentar a Argentina (bom faturamento), Uruguai (médio), Paraguai (um pouco abaixo da média), Equador, Peru, México, Costa Rica?…

Já lá na Europa, a história é outra completamente diferente.

A Liga das Nações será, como disse acima, disputado pelos 55 países europeus filiados à Uefa.

A Liga terá quatro divisões, com as seleções divididas de acordo com sua importância. A Série A terá Alemanha, Portugal, Bélgica, Espanha, França, Inglaterra, Suíça, Itália, Polônia, Islândia, Croácia e Holanda.

Ou seja: la creme de la creme, como diria o francês fazendo biquinho.

Essas Federações ganharão 1,5 milhão de euros por participar da fase de grupos. O classificado para a fase seguinte receberá mais 1,5 milhão (algo em torno de 6,5 milhões de reais).

Os prêmios vão se acumulando até somar cerca de 7,5 milhões de euros – algo que ultrapassa os 30 milhões de reais.

Essas são quantias que receberão da Uefa. Além delas, haverá ainda o pagamento por direito de televisão.

Enquanto isso, estaremos jogando contra a Seleção de Honduras, ou México, Guiana, Canadá, Equador…

A meritocracia

Às avessas

Na noite de quarta-feira, ontem, o Corinthians, derrotado pelo Ceará, demitiu seu técnico Osmar Loss.

Com a velocidade que os torcedores gostariam de ver nos atacantes, a diretoria levou poucas horas para contratar um novo técnico: Jair Ventura.

No mundo real, ao contratar um funcionário, uma empresa procura avaliar seu desempenho profissional.

O mesmo ocorre no caso de promoção: está trabalhando bem, sobe na vida.

Mas o mundo do futebol pouco tem de real.

Assim, não tem a menor importância que Jair Ventura venha de recente fracasso ao dirigir o Santos.

Faz pouquíssimo tempo que ele foi demitido.

Já está empregado.

Qual o critério adotado pelos dirigentes corintianos? Com certeza, não foi o da meritocracia.

Olha o Verdão aí,

minha gente.

Mas o futebol tem suas particularidades.

Tanto assim que o Palmeiras – e os palmeirenses – se esqueceram daqueles 7 a 1 inesquecíveis e foram buscar o Bravo Gaúcho para salvar a nau verde que estava fazendo água.

Capitaneada pela voz forte e rude de Felipão, nau verde singra mares nunca dantes navegados e está chegando ao topo do Brasileirão.

É agora o terceiro colocado.

Já o Tricolor Paulista, que sua torcida chama de Soberano, foi batido pelo Atlético lá em Minas, 1 a 0.

Jogou bem, mas perdeu.

Com a vitória do Inter sobre o Flamengo, em Porto Alegre, o time gaúcho assumiu a liderança do Brasileirão. Na verdade, está empatado com o São Paulo em número de pontos ganhos, mas perde a liderança no saldo de gols. Um golzinho apenas, mas, o suficiente para perder a liderança.

Que não perca a cabeça…

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FOTO SOFIA MARINHOMário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
 NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

 

2 thoughts on “A Europa mais longe. E mais rica. Coluna Mário Marinho

  1. Mário, caríssimo, na sua observação a respeito da impossibilidade de seleções como a do Brasil utilizarem as chamadas “Datas Fifa” existe uma pequena incorreção. Mesmo com a Nations League em ação haverá, sim, seleções europeias à disposição para cotejos de preparação. Dezessete dos grupos da NL contêm três equipes. Sempre sobrará uma para enfrentar o Brasil ou qualquer outra nação, inclusive da própria Europa. Exemplo simples: no grupo de Itália, Polônia e Portugal, na rodada deste dia 7, sobrou Portugal. No dia 10 não jogará a Polônia. E assim por diante. Como de hábito, trata-se de uma questão de organização e de se adaptação ao calendário do Velho Continente. Putabraços.
    Sílvio Lancelotti

  2. Sílvio Lancelotti, meu caro.
    Nada como ter entre os leitores, leitores muito importantes, atentos e generosos que não se importam de perder um pouco de seu tempo para ajudar os amigos.
    Coloquei seus esclarecimentos nos comentários da coluna.
    Abração, meu amigo.
    Mário Marinho

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