A falta de grana e o calendário do nosso futebol. Coluna Mário Marinho

A falta de grana e o calendário do nosso futebol

COLUNA MÁRIO MARINHO

O ano novo traz velhos problemas para o nosso futebol: o dinheiro – ou, a falta dele.

Este ano de 2019 traz uma preocupação maior pelo menos para 25 times de futebol e alguns outros esportes que no ano passado tiveram o patrocínio da Caixa.

O governo Bolsonaro decidiu que todos os contratos devem ser revistos.

Até aí, tudo bem.

Se há alguma dúvida, é necessário que ela seja esclarecida.

Não coloco aqui nenhuma dúvida quanto à lisura dos contratos assinados.

Mas, sim, na eficácia do retorno.

Aí, sim, cabe analisar contrato por contrato para saber se o dinheiro investido trouxe algum retorno para a Caixa, além da exposição de sua imagem.

Essa exposição é, por si só, um ganho. Mas, os homens do marketing e do dinheiro sabem como analisar efetivamente retorno do dinheiro investido.

No ano passado, a Caixa investiu cerca de 128 milhões de reais em patrocínio para 25 times de futebol.

Cada um com um valor diferente, condizente (é o que se espera) com a possibilidade de retorno.

Se o governo Bolsonaro estiver agindo assim, merece aplauso: está cuidando bem do dinheiro público. O que não pode acontecer é uma canetada geral em nome de uma economia que não se sabe qual é, e que fica com todas as características de demagogia.

Outros esportes também estão correndo risco:

Os Esportes Paralímpicos tiveram no ano passado cerca de 40 milhões em patrocínio. Esse tipo de patrocínio tem um viés social, de atendimento a um esporte que tem pouca visibilidade e muita necessidade de ajuda.

Seguiram-se outros esportes, alguns campeonatos de futebol e ligas de basquete.

O total investido foi de quase 220 milhões de reais.

Dito assim, isoladamente, é muito dinheiro.

Mas, como disse acima, é preciso analisar criteriosamente o retorno obtido pela Caixa.

256 times

no Brasileirão.

Você certamente se espanta com um número desses de times disputando o Campeonato Brasileiro.

Pois é exatamente essa a proposta de calendário que o Mestre Luis Felipe Chateaubriand preparou num extenso e detalhado estúdio para entregar às autoridades brasileiras do futebol.

Quem é ele?

Eis um resumidíssimo perfil profissional de Luís Felipe Chateaubriand:

Mestre em Administração Pública pela EBAP / FGV, MBA Executivo pelo COPPEAD / UFRJ, Pós Graduado em Comércio Exterior pela FEA / UFRJ, Graduado em Administração pela FEA / UFRJ. Professor Universitário de Administração e áreas afins, Analista Administrativo da DATAPREV, ex membro do Bom Senso Futebol Clube, ex membro do Grupo de Trabalho do Calendário da CBF.

Chateau considera que um calendário ideal para o nosso futebol deve satisfazer, em princípio, três aspectos principais: o técnico, o comercial e o sistêmico.

1 – Do ponto de vista técnico, a ideia central é que o calendário não deve comprometer a saúde dos jogadores, ou seja, os jogadores precisam de tempo para treinamentos e descanso para que, estando em perfeitas condições físicas, possam apresentar melhor desempenho nas partidas.

2 -Do ponto de vista comercial, bom calendário é o que possa garantir a cerca a 256 clubes profissionais brasileiros jogos oficiais durante cerca de oito a dez dos 12 meses de um ano.

3 – Do ponto de vista sistêmico, não temos um bom calendário, pois não temos nem o calendário do futebol brasileiro alinhado ao calendário do futebol europeu.

São estes os pilares do estudo do Mestre Chateau.

O minucioso estudo mostra que o futebol brasileiro tem mais de 600 times ditos profissionais. Porém, destes, apenas 256 têm, realmente, condições de disputar competições a nível profissional.

Basicamente, os 256 clubes devem ser oriundos de quatro eixos, cada um deles com 64 clubes, a saber:

  • Eixo São Paulo / Rio de Janeiro, com 36 clubes paulistas e 28 clubes fluminenses.

  • Eixo Região Sul / Minas Gerais, com 18 clubes mineiros, 18 clubes gaúchos, 14 clubes paranaenses e 14 clubes catarinenses.

  • Eixo Nordeste / Espírito Santo, com oito clubes pernambucanos, oito clubes baianos, seis clubes sergipanos, seis clubes alagoanos, seis clubes paraibanos, seis clubes potiguares, seis clubes cearenses, seis clubes piauienses, seis clubes maranhenses, seis clubes capixabas.

  • Eixo Verde (Norte / Centro Oeste), com oito clubes paraenses, oito clubes goianos, oito clubes mato-grossenses, seis clubes distritais federais, seis clubes sul mato-grossenses, seis clubes tocantinenses, seis clubes amazonenses, quatro clubes acreanos, quatro clubes rondonienses, quatro clubes roraimenses e quatro clubes amapaenses.

Os times seriam divididos em três Séries: A, B e C.

As duas primeiras teriam 32 times. Os outros 224 ficariam na Série C.

O detalhado e sério estudo traz até tabelas de jogos já prontas, envolvendo os 256 times.

Estão contempladas todas as competições: Brasileirão A, B e C; Copa do Brasil; campeonatos estaduais, copas regionais e até competições a serem criadas.

Mais do que isso: englobam-se também a Libertadores da América (que ele sugere se transforme em Libertadores das Américas, com a inclusão de times do México, Estados Unidos e América Central); e até o Mundial de Clubes que a Fifa quer que seja disputado a cada quatro anos.

O estudo é tecnicamente perfeito.

Em minha opinião, esbarra apenas em um pequeno detalhe para ser colocado em prática, além, é claro, da vontade política dos cartolas em executá-lo: a parte internacional do calendário.

Parto do princípio que se já é difícil mexer no calendário brasileiro, imagina se forem necessárias mexidas no calendário internacional.

Aí fica quase impossível.

De todo jeito, se você gosta e está preocupado com o nosso futebol, acho que vale ler o meticuloso, detalhista e pormenorizado trabalho do mestre Luís Felipe Cheateaubriand.

E para você conhecer o trabalho, envie um email para luisfilipechateaubriand@gmail.com, com o título “Requisição Livro Calendário do Futebol Brasileiro“. Na resposta, o Mestre promete enviar o PDF.

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FOTO SOFIA MARINHO

Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
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