( DA GAZETA DO POVO )

Chega de Bolsonaro! Por Edmilson Siqueira

CHEGA DE BOLSONARO!

EDMILSON SIQUEIRA

…As pesquisas indicam que Bolsonaro está se isolando cada vez mais, falando menos para o Brasil e mais para sua claque de zumbis que o aplaudem até quando ele tosse, engasgado pelo poder que não lhe cabe no corpo…

O presidente Jair Bolsonaro, por sua única e exclusiva culpa, chegou a um ponto em que não há mais retorno. Ou ele estraçalha o Brasil impondo seus desejos (planos? Nem pensar!) de transformar isso aqui numa ditadura tropical ou as instituições tomam uma providência para afastá-lo do cargo enquanto é tempo. Para tanto, elas, as instituições – STF, Congresso, MPF – precisam deixar de ser covardes diante do poder. Os abusos de Lula e Dilma, que só foram contidos tarde demais, desembocaram na maior crise econômica que o Brasil já passou, com três anos de recessão e mais de 12 milhões de desempregados. Foi tão grande que, nos quase quatro anos seguintes, o Brasil primeiro patinou com crescimentos pífios, e agora volta a andar para trás, por conta da crise anterior e da atual – não a da Covid-19, mas a provocada por um presidente psicopata.

Alguns jornais já bradam em editoriais e colunas que chegou a hora de o Brasil passar por mais uma quadra de sufoco institucional impedindo o prosseguimento do mandato de um presidente eleito, para que o país não quebre de vez, tanto na área econômica, quanto na saúde pública e nas instituições em geral. Pedidos de impeachment brotam a todo momento, inclusive por causas diferente, já que os devaneios presidenciais invadem vários campos do comportamento político institucional, esgarçando todos eles, pisando em leis, abusando de um autoritarismo próprio de tiranetes que tentam se aproveitar de uma democracia ainda em construção.

Alguns ministros seguem a insanidade presidencial jogando gasolina na fogueira das besteiras que assolam o país. Subordinados defecam sobre a cabeça de seus chefes que nada fazem contra o “protegido” (caso da coitada da velhinha Regina Duarte, que talvez não ainda não tenha percebido a fria em que entrou). Outros são queimados em praça pública, como já aconteceu com alguns que saíram depois de mentiras espalhadas nas redes pelo gabinete do ódio (e nas quais o presidente acreditou!) enquanto os que se mantêm no poder sofrem dia sim, dia não, ataques dos mais diversos. O cúmulo dos cúmulos foi um plano econômico, que de plano não tinha nada – era apenas um rascunho de estudante do primeiro ano de economia para mostrar alguma coisa pro Centrão ávido de verbas oficiais – apresentado à revelia do ministro da Economia e contra todos os seus princípios econômicos. Paulo Guedes continua no governo, mas não se sabe até quando suportará a farsa a que está se submetendo.

As pesquisas indicam que Bolsonaro está se isolando cada vez mais, falando menos para o Brasil e mais para sua claque de zumbis que o aplaudem até quando ele tosse, engasgado pelo poder que não lhe cabe no corpo.

A saída de Sérgio Moro do governo foi uma espécie de gota d’água que dividiu definitivamente o Brasil. Foi o fim de uma promessa de combate à corrupção e ao crime organizado que estava se mostrando positiva, por conta do excelente trabalho do ex-juiz à frente do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Mas bastou a família e alguns amigos do presidente virarem alvo em potencial da atuação da Justiça e Bolsonaro começou fritar Moro na churrascaria do condomínio na Barra de Tijuca. Deu no que deu: Moro saiu atirando, acusou as tentativas de interferência do presidente na atuação da Polícia Federal – tentativas essas que o próprio Bolsonaro confirmou no seu confuso discurso de resposta a Moro.

Entre as muitas piadas que circulam nas redes sociais, uma delas traz uma terrível verdade. Sobre a foto de Sigmund Freud, duas linhas definem o ponto a que chegamos. Dizem elas: “Pra que impeachment? Basta um psicotécnico!”.

E, no exato momento em que traço essas linhas, chega a notícia que o ministro do STF, Alexandre de Moraes, suspendeu a posse do novo diretor da PF, um amigão da família Bolsonaro, que ia para o cargo assim como ia para a piscina do Alvorada, cujo aquecimento, é sempre bom lembrar, está desligado por ordem presidencial. Impedida a posse, revela-se, aos olhos da Justiça, a tentativa oficial de aparelhamento de um órgão de investigação que tem na independência de sua atuação um dos segredos do seu sucesso.

Pode ser um bom começo do fim de um governo que tem em seu condutor um insano que cria uma crise por dia, e faz desse mister seu modus operandi, fazendo o país andar em círculos, discutindo abobrinhas enquanto seus filhos morrem pela falta de combate a uma pandemia que está assolando o mundo, falta essa incentiva da pelo próprio presidente.

O outro processo nas mãos do STF, a cargo do decano Celso de Mello, pode afastar o presidente do cargo temporariamente, para que se investigue corretamente todas as suas intenções de interferência nos órgãos de Estado. É o que se espera. O Brasil não pode continuar vivendo à mercê dos espasmos de um biruta de aeroporto que pouco se importa com as mortes de brasileiros infectados pelo novo coronavírus, que demite ministros porque são bons no que fazem, que protege criminosos, que mantém uma equipe para espalhar mentiras sobre adversários reais e imaginários e que inaugura uma teoria de conspiração por dia para se manter no poder como vítima de tudo e de todos.

Bolsonaro só cumpriu uma missão a contento: impediu a continuidade no poder de uma esquerda que levaria o Brasil ao fundo do poço para dominá-lo total e autoritariamente. Agora tem de sair, antes que seja tarde demais. E, talvez, nem seja preciso muita coisa para nos livrarmos desse tiranete. Entre as muitas piadas que circulam nas redes sociais, uma delas traz uma terrível verdade. Sobre a foto de Sigmund Freud, duas linhas definem o ponto a que chegamos. Dizem elas: “Pra que impeachment? Basta um psicotécnico!”.

______________________________________

Edmilson Siqueira é jornalista

 

1 thought on “Chega de Bolsonaro! Por Edmilson Siqueira

  1. Muito bom, mas veja só:
    Em 1932 elegeram em um reino distante um sujeito para barrar o comunismo, a resposta iniciada em 33 causou sofrimentos em todo o mundo; não que o reino próximo tenha a mesma capacidade de espalhar o mal, mas apenas por falta de capacidade e não de vontade como demonstra as últimas medidas “diplomáticas” tomadas.
    Tivéssemos um único político com verdadeiro espírito público, não seria necessária solução tão idiótica. Tenho 61 anos e nunca, nunca mesmo, deixei espaço vazio em nenhuma das cédulas, papel ou eletrônica; o fiz na primeira vez em minha vida na última eleição, porque já antevia o que viria. Alberto Campêlo, meu professor de história do ginásio, ensinou-me não história, mas a importância de lembrá-la e entendê-la para evitar que tropeçássemos na mesma pedra de novo, pois até as pedras rolam (dizem aqueles músicos americanos).
    Agora, coloque-se na seguinte posição: levou reprimenda de trump e correção de dilma, o que fazer? Cuidado, pense com distanciamento, porque quase tomei a única medida que resta nesta situação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter