AMIGOS

Os amigos do presidente. Coluna Carlos Brickmann

OS AMIGOS DO PRESIDENTE

COLUNA CARLOS BRICKMANN

AMIGOS

EDIÇÃO DOS JORNAIS DE DOMINGO, 23 DE AGOSTO DE 2020

Na época da ditadura que dizem que não houve, contava-se esta piada: quem denunciasse um comunista ganharia um Fusca; quem denunciasse dois comunistas ganharia um Fusca e um apartamento; quem denunciasse três comunistas iria em cana, porque conhecia comunistas demais.

E como a família Bolsonaro conhece gente que tem problemas, digamos, éticos! É o Queiroz, são aqueles milicianos que têm foto com alguém da família, é aquela tropa de gente empregada em seus gabinetes parlamentares e que mora a horas e horas de distância, tendo ainda de ocupar parte de seu tempo em outros trabalhos remunerados! E esse tipo de amigos e conhecidos agora se internacionalizou: Steve Bannon, guru de Olavo de Carvalho, talvez o maior ideólogo do bolsonarismo, foi preso nos Estados Unidos. Problema político? Não: a acusação é mesmo a de ter enfiado a mão no pudim.

Bannon sentou-se ao lado de Bolsonaro no jantar da Embaixada brasileira em Washington (do outro lado, Olavo de Carvalho). Ali estavam sete ministros, inclusive o Imposto Ipiranga Paulo Guedes, mas Bannon era o astro. Já ídolo e amigo de Eduardo Bolsonaro, defendeu publicamente sua nomeação para embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Eduardo o chamou de ícone da luta contra o marxismo cultural. Bannon o escolheu como seu representante no Brasil, chefiando a seção brasileira do Movimento, grupo empenhado em lutar internacionalmente contra o comunismo.

Bannon foi guru de Trump, que o demitiu: nem ele o aguentou.

 Deixa comigo

Bannon foi um dos criadores da ideia de separar Estados Unidos e México por um grande muro. Para ajudar a pagá-lo, promoveu grande campanha de doações; foi preso pela acusação de desviar boa parte das doações. Quanto? Não se sabe: mas, pelo tamanho da fiança que tem de pagar para defender-se em liberdade, dá para imaginar. São cinco milhões de dólares. Ele topou.

 Diminuir aumenta

Lembra-se do compromisso de Paulo Guedes de privatizar rapidamente quatro grandes empresas? Pois é: para privatizar a Eletrobras, o Governo reserva, no Orçamento de 2021, R$ 4 bilhões para criar uma nova estatal, que ficaria com parte da operação da empresa a ser vendida. Algo, digamos, como jogar fora os documentos velhos para poupar espaço, mas não sem antes copiá-los para guardar. Quais as operações que não seriam vendidas com a Eletrobras (isso se a Eletrobrás for mesmo vendida)? As três usinas nucleares de Angra dos Reis (a terceira não foi concluída e está parada desde 2015) e a parte brasileira em Itaipu. Usinas nucleares da Europa e EUA são privadas. Mas Itaipu não tem jeito: não sendo estatal, como nomear gente com salário mensal de uns R$ 30 mil para ir a seis reuniões por ano?

 A probabilidade e o risco

O Governo queria dar R$ 200,00 mensais para quem tivesse perdido sua fonte de renda na pandemia. O Congresso, para criar-lhe dificuldades, votou R$ 600,00. O objetivo era derrotá-lo, mas quem ganhou foi Bolsonaro, cuja popularidade voltou a crescer. A promessa do presidente, de manter a ajuda até o fim do ano, tem tudo para ser cumprida, e o dinheiro vai surgir.

Só há um risco: Paulo Guedes prometeu enviar ao Congresso, na terça, o projeto da Renda Brasil, uma Bolsa Família ampliada e melhorada. Promessa de Guedes para depois de amanhã sabe-se lá quando chega. E, claro, se chegar.

 Boa notícia

Em julho, foram criados no Brasil 131 mil empregos formais, daqueles de carteira assinada e tudo. Sim, é pouco. Mas não houve estagnação nem queda. E se interrompe uma terrível série de quatro meses em que só houve redução do número de empregos formais. Pode ser – vamos torcer – o início da retomada do nível de emprego, indicando alguma recuperação econômica.

 Os censores

O ministro da Justiça, André Mendonça, pediu que seja aberto processo pela Lei de Segurança Nacional contra o jornalista Hélio Schwartsman, da Folha de S.Paulo, por ter dito, quando o presidente Bolsonaro foi contaminado pelo coronavírus, que torcia para que ele morresse.

Detalhe: o jornalista não pediu a ninguém que o matasse, nem tomou qualquer medida para que isso ocorresse. Apenas manifestou sua opinião de que, morrendo o presidente, o Brasil ficaria melhor. Mendonça pediu o processo com base no artigo 26 da Lei de Segurança Nacional, que prevê pena de reclusão a quem caluniar ou difamar o presidente da República, do Senado, da Câmara ou do Supremo, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação. E em que momento Schwartsman caluniou ou difamou quem quer que seja? Não concordo com Schwartsman, acho impiedoso desejar a morte de alguém, mas ele tem direito a expressar sua opinião.

Acho que Mendonça não deveria ser ministro, acho também que não deveria ser nomeado para o Supremo Tribunal Federal. Questão de opinião. Opinião é crime?

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2 thoughts on “Os amigos do presidente. Coluna Carlos Brickmann

  1. Quanto à quantidade de gente enrolada que priva da conpanhia da famîlia presidencial, volto à sabedoria de minha avó: “Dize-me com quem andas, e eu te direi quem és…”

    1. EM TEMPO. Espero que o senhor presidente da República Federativa do Brasil Jair Messias Bolsonaro, e seus asseclas, acessem o chumbogordo.com.br quando querEM ficar por dentro do que o povo comenta a respeito de seu desgoverno e sua total ausência de empatia com os modos civilizados, mormente quando espuma de raiva ao ouvir perguntas de jornalistas o sobre assuntos que lhe incomodam. Aproveitando o ensejo e a ampla difusão do chumbogordo.com.br para reiterar, assim como MAIS DE UM MILHÃO de outros leitores já o fizeram, a pergunta que o repórter lhe fez diante da catedral em Brasília: ” PRESIDENTE, PORQUE SUA ESPOSA MICHELLE RECEBEU R$89 MIL DO FABRÍCIO QUEIROZ?”

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